Versos de Amor Autor Desconhecido

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A ponte é um pássaro
de certeiro vôo: sua sombra
perdura na lembrança.

Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?

o mar urrava
como um fauno
após o coito

Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?

Asa quebrada
da triste gaivota
sonho de voar!

Contemplação

Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...

Que é o Mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...

E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentindo...

Que verdades conhecia o morto?
Quem estrangulou
sua palavra?

Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.

Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.

Sonho Oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Antero de Quental
Os Sonetos Completos de Antero de Quental

Noite. Um silvo no ar.
Ninguém na estação. E o trem
passa sem parar.

Leve escorre e agita.
A areia. Enfim, na bateia
fica uma pepita.

O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.

Como versos livres
- ao toque dos tico-ticos -
as flores que caem...

corda de versos,
janela da prisão:
foge o poeta!

Se você ama alguém, deixe este alguém livre, a liberdade dirá a verdade;
Se humildemente ele voltar é porque te ama mesmo;
Se te deixar, é porque nunca foi seu.

O Berço e o Terremoto

Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.
Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar - mas para abalar.
Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Camela Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto.

O tempo, que fortalece as amizades, enfraquece o amor.

O amor é um egoísmo a dois.

O amor é um poema essencialmente pessoal.