Vencemos mais uma

Quem pede a mão de uma mulher, o que realmente deseja é o resto do corpo.

Não é possível que exista uma moral científica; mas também não é possível que haja uma ciência imoral.

A solidão é uma doença, eis o que ela é; tornamo-nos sozinhos da mesma maneira que ficamos impotentes.

Toda a generalização é uma hipótese.

A democracia é um instrumento com o qual uma minoria bem organizada governa uma maioria organizada.

Uma esposa acredita de bom grado na inocência do marido.

No decorrer dos séculos, a História dos povos não passa de uma lição de mútua tolerância, e assim, o sonho último será envolvê-los todos numa ternura comum para os salvar o mais possível da dor comum. No nosso tempo detestar-se e ferir-se porque não se tem o crânio construído exatamente da mesma maneira, começa a tornar-se a mais monstruosa das loucuras.

O assunto de uma obra é ao que se reduz uma obra ruim.

Toda a gente forceja por criar uma atmosfera que a arranque à vida e à morte. O sonho e a dor revestem-se de pedra, a vida consciente é grotesca, a outra está assolapada. Remoem hoje, amanhã, sempre, as mesmas palavras vulgares, para não pronunciarem as palavras definitivas. E, como a existência é monótona, o tempo chega para tudo, o tempo dura séculos.

Os jornais excitam sempre a curiosidade. Ninguém larga nenhum jornal sem uma sensação de desapontamento.

Uma cai -
Duas caem -
Ah, camélias!

É uma estranha empresa, essa de fazer rir as pessoas de bem.

Há homens, há uma mulher.

A quantidade não é uma ideia. Mas que ela comeu esta, é.

Uma mulher que se casa com uma jovem por dinheiro rebaixa a si mesma a categoria de concubina.

A miséria também é uma herança.

A fé que não age será uma fé sincera.

Reino das saúvas:
num palácio escuro
mora uma rainha.

O pensamento, apesar de tudo, é uma esterilização. Não há perigo de que ele venha, algum dia, a triunfar sobre a natureza, que é a vida.

A banalidade é uma obra terrível dos nossos olhos.