Vai Ficar na Memoria
Há nuvens que passam e nem percebemos.
Mas há nuvens que ficam congeladas na nossa memória como o retrato de um tempo que nunca queremos esquecer...
Não podemos parar as horas e viver para sempre um momento, mas podemos guardá-lo na memória, longe da efemeridade do tempo e revisitá-lo nas lembranças que inevitavelmente chegarão junto com a saudade.
A educação que adestra a memória e esquece a alma é apenas um adorno para o ego.Instruir sem despertar é como acender uma vela sob um balde virado. O saber que não conduz à liberdade é apenas outra forma de cativeiro com diploma.
"Sombras da Memória"
A sombra da lembrança
estende-se como o passo de quem caminha,
molda-se ao contorno do ser,
e, por mais que tentemos fugir, ela nos segue.
A cada curva da estrada da vida,
a lembrança repousa sobre os ombros,
como o peso de um abraço distante,
como se o tempo fosse um relógio sem ponteiros,
onde a memória marca o compasso.
Caminho por trilhas já marcadas,
onde a poeira da saudade se levanta,
misturando-se à brisa quente da tarde.
As lembranças não têm forma,
mas ocupam o espaço da alma
com o delicado toque de quem não se vai,
mesmo quando os rostos se perdem
no horizonte da ausência.
Zé Fortuna, com sua melodia,
afirmou que a mão do tempo é firme,
mas a memória, ah, a memória,
é uma canção que nunca se apaga,
que ecoa nas montanhas do coração,
que dança nas sombras da gente,
nos caminhos infinitos do sentir.
E assim, sigo,
onde o tempo não apaga a história,
onde as sombras se tornam luz,
e onde as lembranças, como flores silvestres,
desabrocham no silêncio do vento.
O que somos, senão o som daquilo que já foi,
a sombra do que ainda vive em nós?
Não é que o tempo diminua a saudade, o que ele faz é diluir a memória.
"O problema de muitas igrejas hoje não é a falta de memória psicológica, mas a ausência de memória viva,lembram de Deus apenas como conceito antigo, não como presença atual. Pregam uma nostalgia emocional, não uma fé firmada na fidelidade eterna".
A dor de ser esquecido reside não em desaparecer da memória alheia, mas em sentir que nunca se fez morada em seus corações.
"Mesmo quando a memória falha, o amor encontra caminhos para permanecer inteiro — entre gestos, silêncios e sorrisos que só o coração entende."
DIA DAS MÃES: A MEMÓRIA QUE CONSTRÓI VÍNCULOS
Por Dom Frei Lucas Macieira
"Mãe é todo dia." Sim, é verdade. Não há dia em que o amor, o cuidado e a dedicação de uma mãe sejam ausentes da história de uma família. Porém, afirmar isso como desculpa para não celebrar o Dia das Mães é um erro espiritual, afetivo e humano. Este dia não é apenas uma data comercial. É um ritual de memória e reconexão, necessário para fortalecer vínculos e reafirmar o valor da maternidade.
A você, mãe, que parou tudo: deixou de trabalhar, cancelou compromissos, organizou a casa, fez um almoço com amor — mesmo sem troca de presentes, saiba: o maior presente é a presença e a memória que se cria neste encontro. Rir juntos, conversar, recordar histórias — isso é o que molda a alma dos filhos e fortalece a sua identidade materna. O coração humano é tecido por memórias, e o amor se nutre daquilo que se celebra.
"Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra" (Êxodo 20,12).
Celebrar o Dia das Mães é obedecer este mandamento. Não é apenas sobre gratidão: é sobre justiça.
Mas a você que preferiu trabalhar no domingo, dizendo que as contas são muitas e o tempo é pouco, quero deixar uma palavra de alerta. É verdade que o mundo exige produtividade, mas ele não devolve amor. Se você morrer hoje, amanhã já haverá alguém no seu lugar de trabalho. Já em casa, a saudade ocupará um espaço que ninguém mais preencherá.
"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente" (Romanos 12,2).
Trabalhar é importante, mas priorizar a família é essencial. A memória não se impõe — ela se constrói. E se hoje você escolhe não construir memórias, amanhã lamentará a ausência delas.
Alguns dizem: “Meus filhos não prestam, não se importam comigo.” Cuidado. Essas palavras são como sentenças malditas, que criam distância em vez de aproximar. Segundo Carl Gustav Jung, “aquilo que você resiste, persiste”. Se você semeia mágoas, colhe solidão. Mas se semeia perdão, compaixão e acolhimento, a reconciliação pode florescer.
"O amor é paciente, o amor é bondoso. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Coríntios 13,4.7).
Sim, filhos erram. Mães também. Mas a mãe tem a missão de ser melhor — de guiar, curar, levantar. Reconstruir é mais difícil que construir, mas é possível. Faça a sua parte, mesmo que o outro lado ainda esteja distante.
Concluo com uma frase de Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente dos campos de concentração:
“Entre o estímulo e a resposta, há um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher nossa resposta. E, em nossa resposta, está o nosso crescimento e nossa liberdade.”
Use este espaço para dizer: eu amo você. Use este tempo para criar memórias. Celebre o Dia das Mães — não por obrigação, mas por sabedoria. Porque no final, o que nos resta são as memórias vividas e os laços que cultivamos.
Feliz Dia das Mães!
"Eu sou o silêncio entre o trovão e a flor. A memória da estrela e o útero do futuro."
Essa poesia de 2 linhas, nasceu da combinação poética-filosófica com minhas reflexões.
Carreguei-à de metáforas fortes:
"Silêncio entre o trovão e a flor" sugere o equilíbrio entre força e delicadeza — entre caos e beleza.
"Memória da estrela" evoca a origem cósmica da Terra, feita do pó de estrelas.
"Útero do futuro" simboliza a Terra como o ventre da vida, onde tudo nasce e renasce.
Assim, não vou esquecer o que pensei quando à ela dei a luz.
De certa forma nós seremos esquecidos seremos lembrados por um pouco de tempo depois a nossa memória será apagada...
Assim como a Terra guarda em suas camadas geológicas a memória de eras passadas, os velhos carregam nas rugas a história do mundo que ajudaram a moldar.
