Um Poema para as Maes Drummond

Não sei se ela entendeu. Isabel já não me entendia, nem eu a ela: era um mistério para mim. Eu não sabia se ela havia mudado, ou se eu é que ia me tornando outro homem.

A minha vida é um todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns aos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda humanidade.

Vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off.

É garçom, não entendeu errado não. Um amor sem gelo, copo triplo, bem misturado, mas sem gelo! Certas coisas prefiro quentes, o amor é uma delas.

Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações.

Viver um dia de cada vez, fazer valer a pena existir. Não é à toa que estou aqui.

Falar sozinho é um ato de generosidade, antes de tudo. Vá saber o estrago que causaríamos se falássemos pra valer, olho no olho, tudo aquilo que mantemos guardado, todo o palavreado da raiva, do rancor e do desassossego que fica confinado dentro. Melhor soltar as frases ao vento.

Um milhão vezes zero é zero. Ou seja: não coloque sua intensidade onde não tem nada

"Eu era muito jovem para ter um carro. Então transava com as moças no banco de trás de minha bicicleta".

Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.

A face de um homem e sua propria biografia. A face de uma mulher e seu trabalho de ficcao.

Deixa eu te dizer, antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado (...)

Beleza não é nada se você tiver uma atitude podre. É como um livro com uma boa capa, mas com a história sem sentido.

Eu ainda não sei controlar meu ódio mas já sei que meu ódio é um amor irrealizado, meu ódio, é uma vida ainda nunca vivida. Pois vivi tudo – menos a vida. E é isso o que não perdoo em mim, e como não suporto não me perdoar, então não perdoo aos outros. A este ponto cheguei: como não consegui a vida, quero matá-la. A minha cólera – que é ela senão reivindicação? – a minha cólera, eu sei, eu tenho que saber neste minuto raro de escolha, a minha cólera é o reverso de meu amor; se eu quiser escolher finalmente me entregar sem orgulho à doçura do mundo, então chamarei minha ira de amor.

Não dá para viver sem um truque. Eu me declarei morto. É uma sensação tranquila essa da gente se saber morto. Clandestino morto. Insuspeitado morto. Na tripulação do mundo já não me sinto comprometido com nada, mas continuo como testemunha do espetáculo. Não mais como cúmplice e nem vítima. Este é o meu truque.

Porque eu sozinho não consigo: a solidão, a mesma que existe em cada um, me faz inventar.

Quanto mais se aumenta a memória de um computador mais se expande sua complexidade; Quanto mais se aumenta a capacidade de amar de um ser humano, mais se aumenta sua simplicidade.''

Dessa vida não se leva absolutamente nada, mas eu tenho um medo desgraçado daquilo que um dia ela levará de mim.

Misture um pouco de loucura com a sua prudência: é bom ser bobo no momento certo.

Gosto de coisas “clichê”. Como assistir um filme agarradinhos, em baixo da coberta, comendo chocolate. Como, um beijo na testa e na ponta do nariz. Como uma declaração de amor inesperada, sem data especial. O “clichê” me encanta, pois são coisas simples, que têm um grande significado e fazem uma grande diferença.