Um Poema para as Maes Drummond
Poema Bipolar
Hoje eu reconheço:
nem todo mundo fica,
nem todo mundo quer.
E talvez seja melhor assim.
Nessa dança de idas e silêncios,
eu não corto ninguém com as minhas arestas,ninguém me corta com a lâmina da ausência.
Entre o alívio e a solidão,
eu me divido.
Metade é paz.
Metade é vazio.
E sigo,com esse estranho consolo:
ser livre do que não me escolhe,e prisioneira do que ainda sinto.
Poema da Tarde
Sou pertinaz em falar das tardes.
Ora, o que há de mais ocioso? A noite?
Pobre noite... dama
que corre de mão em mão.
O efervescer ardente é denso
aos meus olhos molhados de suor.
E a tarde vai... voa como
meus funestos versos fracos.
Tarde! Pra quê serve a tarde?
Extenso descanso dos glutãos,
carrasca dos sertões...
Dona insana do meu labor.
Poema do encantamento
Essa paixão sem tamanho
é só o coração que inventa.
Ele é meu azul guardado,
minha esquina de silêncio e de canto.
O sol me atravessa,
me deixa leve, meio tonto.
Esse amor que não cabe no peito
não tem regra, nem medida.
O vento traz canções que escrevi
num rascunho qualquer de madrugada.
Cada verso procura por ele,
cada verso é endereço sem mapa.
A poesia fez festa em mim,
me deixou mais vivo que antes.
Até a saudade ficou bonita,
melhor que a solidão dos bancos da praça.
Teu sorriso carrega o verão,
teu abraço é sol de janeiro.
És flor, és perfume, és destino:
na beleza que é amor, respiro.
Quero a vida sempre assim:
com ele perto,
até a última chama da vela.
Eu, que descri de tudo,
descobri em seus olhos
a tal felicidade.
Mas o medo cortou o caminho:
faltou coragem em mim,
faltou coragem em ti.
E o amor ficou escondido do mundo.
Não foi justo.
🌿 Poema 🌿
Não te chamo só de avó,
porque foste casa antes de eu saber
o que era abrigo.
Tuas mãos — costura do tempo —
eram mapas que ensinavam caminhos
mesmo quando o chão parecia sumir.
O silêncio da tua ausência
tem um peso de lençol dobrado,
daqueles que ainda guardam
o cheiro do sabão caseiro.
Às vezes, passo por uma rua
e juro ouvir teu chamado,
um eco que não se cansa
de procurar meu nome no vento.
Se a vida fosse justa,
terias ficado para ver
as flores que plantei do teu jeito:
enterrando a semente
como quem faz oração.
Mas agora as rego sozinha,
e cada gota que cai
é lágrima disfarçada de chuva.
Avó-mãe,
és raiz que não morre.
Tua falta não é vazio,
é presença espalhada —
no café que esfria devagar,
na cadeira que range sem peso,
no abraço que invento
quando fecho os olhos.
E se a eternidade existe,
sei que está nas tuas histórias
que se recusam a acabar.
Poema:
O Dom, o Aprendizado e a Sabedoria
Há dons que nascem no silêncio,
brilham no olhar de quem busca,
não pedem palco nem aplausos,
apenas o espaço da alma justa.
O dom é semente divina,
plantada no tempo da fé,
cresce em meio às dúvidas,
floresce em quem não desiste de ser quem é.
Mas o dom sozinho não basta,
precisa do chão do aprendizado,
da queda que ensina o passo,
do erro que forja o resultado.
Aprender é servir ao propósito,
é lapidar o talento com dor,
é entender que o caminho mais duro
é o que mais revela o valor.
E quando o dom encontra o saber,
nasce a sabedoria serena,
que não grita, apenas ilumina,
que não impõe, apenas ensina.
A sabedoria é o fruto maduro
de quem viveu com humildade,
e entendeu que o maior mestre
é a própria vontade.
JR TEIXEIRA
Poema para Miguel
Aromas marinhos,
o ar do mar,
Miguel Marinho.
No som das ondas
sentidos despertos...
Nos convida a viver o pleno
Miguel Lemos.
Se o poema te agrada/ele não é mais meu:
é teu.
Pois o verso é a porta de entrada
da poesia que te escolheu.
POEMA AO MEU PAI
Eu não lembro da minha infância inteira.
Ela correu.
Passou por mim como vento,
como pipa que sobe e some,
como carretel que rola ladeira abaixo
e não volta mais.
Um morro virou campo,
o campo virou casas,
e eu virei homem
sem perceber o instante.
Um dia apareci no seu trabalho,
e o senhor me levou ao restaurante do português.
A sopa era ruim,
mas com você tudo tinha sabor.
O refrigerante era grande,
a mesa simples,
a vida imensa por causa da tua presença.
Depois te contei do amor que encontrei.
Você ouviu, aconselhou,
e me ajudou
por uma vida inteira.
Me trouxe para uma terra que eu não imaginava viver,
onde meus filhos nasceram,
onde o pão chegava com o seu chamado de manhã.
Hoje sou eu quem leva o pão,
e a lembrança do seu grito
ainda abre a porta dentro de mim.
Cuidei do senhor como quem segura o próprio passado pela mão.
Troquei carros,
troquei rotinas,
troquei o que fosse preciso
para te levar onde precisava.
E ainda assim,
quando você partiu,
eu estava longe —
longe do instante do adeus,
mas perto da dor que nunca se afasta.
Daquele dia em diante,
eu tive que dizer ao mundo:
“Agora eu sou homem.”
Sem pai, sem chão,
mas com a herança
do que você me ensinou a ser.
Hoje faço o que não gosto,
caminho onde não queria,
mas sigo firme
porque carrego o teu nome,
tua memória,
tua voz que, aos poucos,
volta a me encontrar.
Amo minha mãe,
amo minha esposa,
amo meus filhos —
porque você me ensinou a amar assim:
com força,
com verdade,
com sacrifício.
Pai,
obrigado.
Obrigado por tudo o que fui contigo
e pelo que virei depois de você.
Prometo ir mais longe
do que você um dia sonhou para mim.
Prometo viver,
ainda que doa,
porque viver é a última forma
que me resta de te honrar.
Um beijo.
Um abraço.
E um eco teu que nunca morre,
mesmo quando o resto do mundo
fica silencioso.
Escrevo
Para me comunicar com as almas,
porque me chamo poema,
par não ser devorado pela omissão.
Garça branca, noite escura,
mas noturna a solidão,
tudo foi literatura.
🌿 Poeminha Fresco
Bolo de chocolate no dedo,
levo à boca em segredo,
ouvindo o poema sobre
a cadela da Priscila.
Risos ao redor, conversas em paralelo.
Onde estou?
Buscando palavras
para descrever o que vivo esta noite.
Os grilos cantam, os pés do José balançam,
pessoas aplaudem timidamente
o poema de Rubem Alves.
Afinal, não era sobre
a cadela da Priscila.
A Márcia conta como foi
o primeiro dia em que recebeu Serena —
que tem nome e sobrenome de gente!
A música... o mar serenou na areia,
começou a ser entoada,
e Clara Nunes lembrada.
Barbatuque em Maringá,
e a Márcia querendo trazê-los pra cá.
O FETACAM está chegando,
e todos já ansiando.
Assuntos diversos compõem,
com músicas e poesias,
uma linda noite de sarau.
_KM_
Karina Megiato
22h32 • 11/10/25
O sorriso é poema
Falado sem recital
É canção silenciosa
Sem o som instrumental
É a chave do portão
De acesso ao coração
É a alma em carnaval
O AVESSO DO POEMA
*JUVENIL GONÇALVES *
O avesso do poema
é o que sobra quando o verso cai,
quando a rima escapa,
e a palavra — nua —
fica olhando o poeta de frente.
É o silêncio que não coube no poema,
a rascunhada dor que não virou metáfora,
o eco do que não se disse
mas insiste em arder na ponta do lápis.
O avesso da poesia
é o poema quando termina —
ou quando nunca começou.
Juvenil Gonçalves
POEMA DA NOIVA (2021)
Véu branco;
era branco.
Vermelho está!
Embalado está;
com a morta está;
para sempre estará.
Ruflando às letras o poema
exibe suas palavras
a ideia pesca na água
da rima o ponto
que narra / agarra
mexe a mente à isca
na água...
mente clara / mergulha
o poema ao ponto
narra / agarra
(Leonardo Mesquita)
Como peixes correm na água
palavras correm num poema
pensamento acima
ocorrem versos livres na rede
correm pra cena
Entrelaçando pensamentos uma poesia
constrói seu poema
Seguro nas palavras ela bota seu ritmo
Gerando o olhar que se agrada com
o eclodir de frases elaboradaspra provocar pensamento que não
se solte desse jeito
A poesia cuida do olhar com versos viciosos
No poema no alto das palavras
ele olha...
A abundância de jeito...
com que palavras
empolgam...
Não sabia colocar palavras num poema
até que leão rugiu balançando as letras
numa cena de caça da linguagem; e o Léo escreveu, ah rapaz, essa poesia e
muito mais!
Conseguir palavras pro poema contendo
a imagem de engrenagem e o calor da imaginação gastando inspiração seguindo
tranquilo sabendo que palavras chegam ao destino que quer a linguagem e que o poeta
é alguém que ganha, da linguagem, o mesmo que ganha o apaixonado de carteirinha pela arte de pensar a vida juntando o que não se gasta, mas se memoriza aumentando
o efeito espanto que causa o aquecimento
da criatividade, pelo consumo de ideias saudáveis, da exploração consciente da linguagem palavras voltem às mesas das famílias e a arte volte a ser arte.
Leonardo Mesquita
Letras são formiguinhas elas carregam palavras pro poema armazenando uma cena, elas cortam pra atenção pra poesia pra força que tem uma palavra
garregando todo um contexto.
Essas operárias levam o olhar curioso
palavras adentro na imaginação do sujeito num poema profundo desse jeito
todo isso ocorrendo na galáxia da voz atenta e o peso da cena leve leve
tais operárias tiram de letra.
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