Um Poema para as Maes Drummond
Zen
Prática budista que faz falta a governantes e políticos:
exige meditação profunda.
(In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Voz
Cala-te, mas que não seja demasiado,
para não perderes o uso da voz.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Autógrafo
Pedir autógrafo a autor lisonjeia sua vaidade
sem melhorar a qualidade da obra.
Automóvel
Veículo que desperta o desejo de ir a
alguma parte já superlotada por veículos idênticos.
Bem
Há boas ações que se praticam porque
não foi possível deixar de praticá-las.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Cão
O fato do cão ser fiel ao homem não quer dizer
que ele aprove as ações do dono.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Cão
Rendo homenagem ao cão; ele late melhor do que eu.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Banqueiro
O banqueiro ignora que tem dinheiro suficiente
para fechar o banco e começar vida nova.
Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã.
(extraído do livro em PDF: JOSE (trecho de “O LUTADOR”)
__ Seu pensamento te diz uma coisa e o seu sentimento outra?
__ Exatamente isso. Disse ela. E em seguida, como uma criança pergunta quando o Papai Noel chegará, ela pergunta esperançosa: _ A terapia vai transformar o meu sentimento em pensamento? Ou o meu pensamento em sentimento? Aff...Sou confusa até para perguntar.
__ A questão não é transformar o sentimento em pensamento ou vice-versa. A terapia pode te ajudar a fazer com que os dois caminhem juntos, na mesma direção e quiçá, velocidade. Um complementando o outro.
FAVELÁRIO NACIONAL
Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.
Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
museu da inconfidência
São palavras no chão
e memória nos autos.
As casas inda restam,
os amores, mais não.
E restam poucas roupas,
sobrepeliz de pároco,
a vara de um juiz,
anjos, púrpuras, ecos.
Macia flor de olvido,
sem aroma governas
o tempo ingovernável.
Muros pranteiam. Só.
Toda história é remorso.
Balanço
A pobreza do eu
a opulência do mundo.
A opulência do eu
A pobreza do mundo.
A pobreza de tudo
a opulência de tudo.
A incerteza de tudo
na certeza de nada.
NASCER DE NOVO
Nascer: findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora,
na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,
o nervo exposto dos problemas.
Sondamos, inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta, deste lado,
à placidez do outro?
É tudo guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?
Eis que um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura.
Amor, este é o seu nome.
Amor, a descoberta
de sentido no absurdo de existir.
O real veste nova realidade,
a linguagem encontra seu motivo
até mesmo nos lances de silêncio.
A explicação rompe das nuvens, das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou eu, sou o Outro
que em mim procurava seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.
Se procurar bem, você acaba encontrando,
não a explicação (duvidosa) da vida. Mas a
poesia (inexplicável) da vida.____________
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INOCENTES DO LEBLON
Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe emigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
Pouco importa o objeto da ambição; ela vale por si, independente do alvo.
Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos.
Todas as ambições se parecem, mesmo que se contradigam; só a desambição não tem similar.
O animal não aprende nossas virtudes, se as tivermos, porém adquire nossos vícios.
O animal costuma compreender mais e melhor a nossa linguagem do que nós a deles.
Não se sabe por que os irracionais falam tão pouco, e os racionais tanto.
Precisamos descobrir o Brasill!
Escondidos atrás das florestas,
com água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
As mães da terra nunca abandonam os seus filhos. Teus braços se abrem quando é preciso um abraço, teu coração sabe compreender quando é preciso uma amiga, e teus filhos são guiados por tua força, tua coragem e teu amor pela vida. E se preciso for, darão asas a seus filhos para que possam voar.
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