Um Poema para as Maes Drummond

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⁠Ah, se eu pudesse voltar!

Cair e rolar no chão
sem medo de se sujar,
correr no meio da rua,
não ter conta pra pagar.
Como era bom ser criança.
Ah, se eu pudesse voltar!

Comer goiaba no pé,
soltar pipa, pedalar,
jogar bola no campinho,
ir pra escola estudar.
Como era bom ser criança.
Ah, se eu pudesse voltar!

Ir pra casa da vovó
pra comer e engordar.
Ser sincero e verdadeiro
falando o que quer falar.
Como era bom ser criança.
Ah, se eu pudesse voltar!

Ser o futuro do mundo
e nem se preocupar,
brigar com um amiguinho
e ligeiro perdoar.
Como era bom ser criança.
Ah, se eu pudesse voltar!

Ter amor em seu sorriso
e bondade em seu olhar,
sonhar e ter a certeza
de que vai realizar.
Como era bom ser criança.
Ah, se eu pudesse voltar!

Querer que o relógio corra
fazendo o tempo passar
pra ser grande, ser adulto
e, quando a hora chegar,
dizer repetidamente:
Ah, se eu pudesse voltar!

Bráulio Bessa
Um carinho na alma. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

⁠Tudo rede social

Livro feito de papel
Rarefeito
Sem efeito...
Tudo rede social

O falado fica por dito
Tudo escrito no digital
Faz download
Faz upload
De imagem escrita
De livros quanto quiser
Sem contar que é de graça

Podia alguém imaginar
Isso acontecendo?
Livraria fechando
Sem um livro físico
Pois, ninguém tá comprando

O povo pouco lê
Consome o que vê
Acredita na TV,
Na rede social
E jornal de canavial

Livro físico virou coisa banal
Fútil, sem serventia
Porque nem se folheia
Um revista de papel
Tudo rede social

⁠Quando estou a olhar para telas por exemplo, o relógio parece marcar seus ponteiros calmamente.
Mas quando estou frente ao prisma dos teus olhos, não vejo o tempo, mas sem espera ele caminha rapidamente.
Por através deles eu pude ver nossas almas em uma valsa suave, juntas, a dançar perenemente.

⁠Estava triste por ter perdido
Mas me toquei
Como eu poderia
Ter perdido
Algo que
Nunca tive?

⁠Eu já conheci muitos lugares incríveis que me deixaram encantado, mas quem diria que foi no seu sorriso que eu fiquei mais arrepiado.
Quem diz que o Sol é o que torna o dia mais belo, é porque não conheceu este seu sorriso tão lindo e singelo.
Sim, eu me perco no seu sorriso, mas logo me encontro no teu olhar, já sua alma me acolhe e seu jeitinho doce me faz sonhar.
Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci na minha vida, tão maravilhosa que eu fico triste a cada despedida.

⁠Eu venho fingindo ,eu venho tentando decifrar todo esse sentimento.
Ontem eu te quis tanto comigo,hoje as dúvidas está me rondando.
Eu tento enxergar uma luz no final do túnel,
mas tudo que vejo são dias mais cinzentos.
Só que que quando volto no tempo e lembro do seu sorriso,quando lembro do brilho no olhar,algo me diz que devo tentar,devo ficar aqui, aqui com você.
Mas o medo me pega de uma forma tão profunda,ninguém esteve tão longe e tão perto ao mesmo tempo.
Mesmo distante você consegue me ler
e isso me deixa perplexa e ao mesmo tempo com raiva.
Ninguém se aproximou tão perto da minha verdadeira essência,e isso me assusta.
Eu sei que demonstro muita confusão e incertezas, mas ainda consigo nos enxergar no futuro.

⁠Muitas fugiam ao me ver…

Muitas fugiam ao me ver
Pensando que eu não percebia
Outras pediam pra ler
Os versos que eu escrevia

Era papel que eu catava
Para custear o meu viver
E no lixo eu encontrava livros para ler
Quantas coisas eu quiz fazer
Fui tolhida pelo preconceito
Se eu extinguir quero renascer
Num país que predomina o preto

Adeus! Adeus, eu vou morrer!
E deixo esses versos ao meu país
Se é que temos o direito de renascer
Quero um lugar, onde o preto é feliz.

Carolina Maria de Jesus
Antologia pessoal. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

⁠Sou negra,
Sou negra beleza pura,
Como é bom ser negra!
Para toda esta beleza
Meu tipo não é europeu.
Venho da África, meu irmão,
Sou negra sem os 68 cm de cintura.
Como é bom ser negra
Do nariz largo, dos lábios grossos,
Dos olhos grandes, atentos a tudo.
Dos meus seios redondos já não sai
Mais leite para os teus filhos
Mas sim para os filhos que eu quiser!
Sou negra dos quadris invejáveis para
O repouso do homem que eu quiser ter.
Eu sei o segredo do caminhar e te envolver –
Cuidado, seu moço!
Não sou peça de prostituição!
Não sou mais do teu fogão!
Sou negra do pixaim que exibo com prazer!
Sou negra pro meu nego me chamar de pretinha!
Sou negra não pro samba de Sargentelli da vida,
Mas para o batuque do meu povo guerreiro:
No morro, na favela, no terreiro!
Minha mãe não é Nossa Senhora,
Mas sim Nana Buruku.
Meu herói não é Princesa Isabel,
Mas sim o grande Zumbi.
Como é bom ser negra!
Sou negra e sou Miss da Negritude;
Sou negra e sou Rainha do Congo, na Angola,
Na Nigéria ou no Brasil.
Sou negra apesar de você me denominar de moreninha,
Mulata, jambo ou outro matiz.
Sou negra e não reforçar o sistema que está aí
Sou negra apesar de você não admitir,
Eu sei o jongo de capoeira
Eu sei o jongo do afoxé,
O segredo do candomblé
Eu sei dar o tempero certo para o vatapá
Que eu quero comer.
Como é bom ser negra!
Negra para toda essa negritude!
Sei que sou o veneno, a pimenta
Com meu sorriso aberto, meus pés grandes
e firmes
Sou negra
Sou gostosamente negra!
Extasiantemente negra!
Conscientemente negra!

⁠⁠Bom dia flor do dia!
Hoje o Sol nasceu pensando em brilhar intensamente, mas ele não se compara ao brilho do teu olhar e do teu sorriso radiante que não saem da minha mente.
Que o seu dia seja tão incrível como você minha linda!

⁠O que seria de nós sem o amor?
O amor faz da gente uma pessoa sorridente
Tem pessoas que precisam do amor
Mas ficam indecisas e escolhem a dor
Amor demais faz a gente se enojar
Para não o magoar é preciso ficar
Amar não é só dizer que ama
E sim cuidar de quem está ao seu lado
Às vezes o amor pode machucar
Mas vem outro no lugar para curar
O que custa se esforçar?
Para amar é preciso lutar
Para de se dizer que não o ama
O seu coração sabe quem manda
Não ama a quem não merece o seu amor
Ame aquele que não te traz dor

⁠Fêmea – fênix

Navego-me eu–mulher e não temo,
sei da falsa maciez das águas
e quando o receio
me busca, não temo o medo,
sei que posso me deslizar
nas pedras e me sair ilesa,
com o corpo marcado pelo olor
da lama.

Abraso-me eu-mulher e não temo,
sei do inebriante calor da queima
e, quando o temor
me visita, não temo o receio,
sei que posso me lançar ao fogo
e da fogueira me sair inunda,
com o corpo ameigado pelo odor
da chama.

Deserto-me eu-mulher e não temo,
sei do cativante vazio da miragem,
e quando o pavor
em mim aloja, não temo o medo,
sei que posso me fundir ao só,
e em solo ressurgir inteira
com o corpo banhado pelo suor
da faina.

Vivifico-me eu-mulher e teimo,
na vital carícia de meu cio,
na cálida coragem de meu corpo,
no infindo laço da vida,
que jaz em mim
e renasce flor fecunda.
Vivifico-me eu-mulher.
Fêmea. Fênix. Eu fecundo.

Conceição Evaristo
Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.

⁠O que é amor?

Você pergunta o que é amor?
Fique em silencio, ouça uma canção
Ouça o vento, o coração!
Pergunte ao beija flor?
Que voa tão longe, por amor!

Amor, é voar sem sair do chão
Nas asas de uma paixão.
É sorrir, chorar, viver só para amar!
Ver jardim em todo universo.
Aprender cantar, fazer versos!

Sentir uma felicidade plena
Ler para quem ama, todo belo poema.
O que é o amor?
É o olhar com ternura, esquecer que é criatura
Pensar que é criador.
É viver só para falar de amor!

⁠Carta rasgada

Lembro perfeitamente desse dia.
O dia que destruiu o meu coração.
Rasgando aquela carta e os pedaços no chão.
Poderia ter dito não.

Mas preferiu fazer aquela humilhação.
Me xingou, encarou.
E o meu mundo derrubou.
Sentir aqueles olhares de julgamento, de questionamento, era a pior sensação.

Perguntei a mim mesmo.
O que eu faço aqui?
Devo sair?
Deixe-me voltar, para o meu devido lugar.

Se eu voltar, levarei essa carta rasgada para de ti lembrar.
Porque lá no fundo eu ainda gosto de você, mais ninguém precisa saber.

⁠Socorro

O mundo está adoecendo, gente morrendo, pessoas sofrendo.
E pergunto o que esta acontecendo?

O perigo mora em todo local.
Sim vamos nos preocupar e não normalizar.
Pais levam seus filhos com medo de não voltar.
Crianças tem medo de estudar e algo ruim acontecer.
Professores não sabe o que enfrentará amanhã.

Cidadãos pedem socorro, na esperança que acabe.
Como podemos fazer isso terminar e a angústia parar?
Será que o dinheiro a segurança pode comprar?
Os problemas vão encerrar?
Estamos seguros em qualquer lugar?

⁠MORTIFICADO

Por que senhor, por que me fizestes tão quebradiço ? Quando essa sequência de derrota há de acabar ? Mesmo não crendo em ti, sei que tua maldade não seria tão grande com teu filho. Há tempos que não vejo lágrimas descendo sobre meu rosto, a solidão que antes me afligia e me dava medo, hoje já não me assusta.

Nem o remédio mais forte, a cirurgia mais precisa ou a terapia mais intensa tirariam os pensamentos lastimosos que venho tendo. Eu não queria refletir com tal profundidade, mas agora é tarde demais, o demônio da dúvida se sentou no meu ombro, e agora papeia comigo sobre tudo.

Já não reconheço semblante estampado em meu rosto, já não me sinto mais o mesmo, já não tenho mais a sede de viver. Acho que a fonte da vida, um dia seca para todos.

⁠Estou mortalmente exausto;
Corrupção perpassava em meu coração,
tomando conta de mim;
O abismo em meus sentimentos,
faz-me desistir de tudo o que fui antes;
Tornei-me aquilo que desprezava e odiava,
transformando-me em um arauto do caos,
e por fim, minha vida tornou-se um pesadelo,
um pesadelo sem saída, sem esperança.
Factus sum insanus

⁠Para amar eternamente
não diga "sempre" ou "jamais"
vá deixando, simplesmente,
um gosto de "quero mais"

⁠A velhice não me assusta
quando aumenta a minha idade
porque nela se degusta
o bom vinho da saudade

O AMOR DE MÃE

Somente o amor de mãe é comparado
Ao grande amor de Deus entre os mortais;
Nenhum outro amor humano é capaz
De lembrar o seu amor imensurado!
Pois somente o amor de mãe é apurado
Co’os mais belos sentimentos divinais;
Quis Deus nos sentimentos maternais
Transluzir seu amor, humanizado.
O grande amor de mãe é coisa santa,
Ela cansada, enferma, ainda canta!
Cheia de afeto, de amor e de carinho...
Sacrifício ela não põe na sua conta,
Dedicada prossegue sempre pronta,
Pra cuidar muito mais de seu filhinho!

⁠O Corvo e a Rosa Negra

O corvo e a rosa negra
Eram duas almas perdidas
Uma no céu, a outra na terra
Mas suas vidas estavam unidas.

O corvo era negro como a noite
Mas seus olhos brilhavam intensos
A rosa era negra pela ausência de paixão
E seus espinhos tornavam ambos iguais, sentiam as mesmas feridas

O corvo era solitário
Pousava em ramos secos
Sonhando com um cenário
De amor, paz e afetos

A rosa, por sua vez
Era bela, mas sozinha
Desejava alguém de vez
Que a fizesse se sentir rainha

Um dia, cruzaram caminhos
eles se olharam intensamente
O corvo, com seus carinhos
A rosa, com seu perfume envolvente.

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