Um Depoimento Pro meu Irmao q Amo muito

Solitário

Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
– Velho caixão a carregar destroços –

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário.

Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é... A morte termina. Isso... Pode continuar para sempre.

A mulher perfeita
Nasrudin conversava com um amigo:

– Então, Mullah, nunca pensaste em casamento?

– Muito. – respondeu Nasrudin – Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, estive em Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde, finalmente, jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.

– E por que não casaste com ela?

– Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

Se as pessoas pensassem um pouco mais na morte, não deixariam jamais de dar o telefonema que está faltando. E seriam um pouco mais loucas.

A alma é uma borboleta... Há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose...

Lápide 1
Epitáfio para o corpo

Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.

Um soberano jamais deve colocar em ação um exército motivado pela raiva; um líder jamais deve iniciar uma guerra motivado pela ira.

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.

Tudo aquilo que sou, ou pretendo ser, devo a um anjo, minha mãe.

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.

Ainda pior do que a desilusão de um não ou a incerteza de um talvez, é a desilusão de um quase.

Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir.

A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram.

Sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos, um céu sem estrelas, um oceano sem ondas, uma vida sem aventura, uma existência sem sentido.

A gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer daquele de quem o faz.

Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno.

O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir?
Tudo existe, é um dos extremos.
Nada existe é o outro extremo.
Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos,
e seguir o Caminho do Meio.

Eu continuo sendo apenas um palhaço, o que já me coloca em nível bem mais alto do que o de qualquer político.

Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo.