Um Cavalo Morto e um Animal sem Vida
Sou de um mundo que as pessoas não têm mais suas próprias identidades. São poucos que são o que querem, e muitos são o que a TV quer.
Acredito que eu seja um dos poucos.
Chorei na cama por mais de cinco horas e levantei quase um dia depois. Mas aí, depois de tudo isso, eu só tinha a agradecer. Por ter sido menos burro comigo mesmo e não ter adiado nem por um segundo o que não tinha futuro. Por ter criado vontade de cuidar melhor de mim, de continuar me esforçando para me tornar uma pessoa melhor para os outros, mais confiante. Por querer continuar vivendo, ter tido coragem de me reinventar. De não me cobrar tanto e, principalmente, por não guardar mágoa, só boas lembranças dele. Eu fiquei novinho em folha.
Sério, não me apresente. Eu sou um tanto confuso, tenho umas lembranças meio embaralhadas, uns gostos estranhos. Eu sou uma bagunça. Ninguém vai se interessar.
Não pedi pra nascer e não pedi pra morrer um dia, o que realmente pedi eu tenho que lutar pra conseguir: Liberdade.
E depois senti um vento maior do que todos os ventos contrários passar entre meus cabelos. Tive certeza que havia chegado a hora de mudar pra um caminho reto, que não me desse dor de cabeça e nem deixasse mágoas.
Eu moro no quarto andar e ele no terceiro. Eu tenho quase um mês nesse prédio e ele parece ter nascido aqui. Eu vou ao banco, ao supermercado, volto do cinema e faço uns trabalhos da faculdade na casa da Fê. Ele loca uns filmes, aos sábados, na vídeo-locadora do seu Geraldo; lava o carro do pai na frente do prédio e sai com uns amigos da Zona Sul e tal. Mas a gente nunca se encontra e nunca se fala e nunca se olha e nem nada. Pra falar a verdade, ele nunca reparou em mim. E eu torço, assim, pra que do nada, a gente se esbarre na escada ou fique preso no elevador. Eu sei o nome dele. Quer dizer, eu ouvi a dona Luíza, a sindica do prédio, reclamar da última festa que ele deu e o chamou de Bernardo. Ele tem cara de festa e tem cara de Bernardo. Voltei pra casa nesse dia e fiquei pensando no nome dele antes de dormir e na cara de festa dele pra não dormir. E fiquei pensando como a mãe dele deve gritar o nome dele e como os outros meninos com cara de festa devem pronunciar o nome dele e como eu possivelmente falaria o nome dele, assim, num encontro repentino no metrô, numa tarde em uma confeitaria, numa despedida qualquer ou até mesmo pra reclamar da saudade. E fiquei pensando muito em como o nome da gente se combina e como a inicial do nome dele me lembra beijo e como isso e como aquilo. Mas aí depois eu lembrei que ele nunca reparou em mim. Nunca reparou que eu finjo falar ao celular só pra chamar atenção dele. Nunca reparou que eu o olho, pela canto dos olhos, enquanto ele está distraído no elevador. Nunca reparou que atrás das cortinas da janela do meu quarto tem uma sombra, que sou eu quem perde o sono pra vê-lo tocar violão nas madrugadas. Nunca percebeu que eu só apago as luzes do meu quarto quando ele apaga as do quarto dele também. Nunca deve ter sentido eu apertar o travesseiro e ouvido desejar boa noite. E ele não sabe que eu sei, mas eu conheço a marca da roupa que ele usa. Sei de cor o perfume, as cores e os endereços que frequenta. E sei que ele adora o All Star verde, mas aos domingos prefere calçar as Havaianas 42. E eu conheço tudo, tanto nele, tudo nele, sem nem conhecer. Porque ele não é só um cara do meu prédio, não é só um cara do terceiro andar, não é só um cara que calça Havaianas 42. Ele é aquela sensação de que pela primeira vez na vida alguma coisa pode dar certo. Ele é aquela sensação de friozinho na barriga que causa ansiedade. Ele é tudo o que eu quero hoje e até onde o pra sempre der.
Não é nada com ninguém, ou quase nada. Acho que é um problema de existência comigo mesmo. Daí eu preciso de novo ficar um pouco só.
É muito fácil criticar sem conhecer, falar sem saber, relatar um fato sem conviver, É muito fácil tirar conclusões superficiais das pessoas, mais de conclusões superficiais tó saindo fora...
Imagine um rio sem àgua,noite sem estrelas,papel em branco,garrafa vazia,na verdade è assim como sinto-me quando näo recebo teu "oi".
Nunca deixarei de ter pensamentos opostos a vosso, mesmo que um dia venham tirar-me o direito de falar
Me pediram para resumir o que é um ser teórico...
Respondi:
-"É aquele que descreve mapas sem nunca ter percorrido estradas".
"As vezes você carrega dentro de si, virtudes que incomodam as pessoas.
Cada um tem um jeito!
Quer ser? Que seja! Mas, você mesmo!
Perder tempo se incomodando com os outros é perder tempo de conhecer o melhor de si, também".
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