Tristeza e Morte
A ti, abutre.
Sinto falta do passado,
Tudo que me dói,
Tudo que a mim corrói,
Remete ao obliquo renegado.
A esta minha sina equivocada
Sou o karma desta minh'alma amaldiçoada.
Trago entre os dentes um cigarro
Nos lábios, meu batom borrado
Na cabeça, a coroa do passado
Cá estou, prestes a destruir outro carro.
Nunca mereceste um pingo de piedade
Meu miocárdio ainda grita a traiçao
Não convém conceder-te perdão
Tua vida desconhece o valor da lealdade.
Amaldiçoada seja a tua existência
Se nada fui ou signifiquei,
Se nada importa, nem a dor que suportei
Nada existe! Nem tua essência.
Quero teu sangue escorrendo por meu corpo,
Quero seus gritos agonizando em sufoco,
Quero que implores como louco.
Ei de ver-te com o medo tranparecendo à epiderme.
Chore, meu bem.
Deixe suas lágrimas orvalharem,
Permita ver elas te entregarem,
És agora meu refém.
De ti, nada menos que um metro de distância
Na minha taça, nada além de teu sangue ou suor
Em meus fones, nada mais que teus gritos de dor
Talvez permaneças ainda com a mesma nula relevância.
Se sento a mesa, alimento-me de vingança
Me deleito com o que me nutre
Fomento a ti, abutre!
O lado negro venceu na balança.
Segure minha mão,
Juro-te ser desleal
Seguir a ti, Judas sem ponto final,
Anseio ouvir teu "Não"!
Anseio te ver implorar,
Ofereço tua vida a quem quiser!
Que se faça dela o que vier!
Mas vais ingerir todas as borboletas que me fez regurgitar!
Por longos tempos fui luz.
Tornaste-me escuridão.
Mergulhei tão fundo nessa imensidão
Que agora vais comigo ver que nem sempre é ouro, tudo aquilo que reluz.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Sou nós)
E então as cores se foram
Partiram em mil pedaços
E tudo ficou cinza
O dia não amanheceu
Paralisou naquele instante
Onde não havia mais o seu sorriso
Nem suas palavras
Ou o seu respirar
Lágrimas secavam em meu rosto
Enquanto novas surgiam
E eu simplesmente não conseguia
faze-las parar
Dizem que o choro alivia
Então quis chorar o tempo todo
Mas a dor não cessou
E os dias jamais amanheceram
Foram sempre escuridão
Tudo sempre cinza
E sem os seus sorrisos...
Hora de partir.
Você fala em desapego
Mas se apega a aparência.
Você refuta o aconchego
Mas insiste na permanência.
Você critica o que convém
Mas logo tu que não se mantém.
Se te falo em entrega
Me dizes que assim não erra
Que tenho idéias antiquadas
Que sou por deveras equivocada.
Que sou sopro de apego
Que dispenso as aparências
Que busco teu aconchego
Rezo por tua permanência
Eu que velei tua alma
Que dispensei as amarras
Enquanto te vi partir.
Eu que mantive a calma
Conheci tua outra amada
Enquanto via meu mundo ruir.
É você mais sal que açucar
És de todo ruim
Inválida foi minha luta
Tens agora o meu sim.
Você diz que é do sol,
mas molha o que ele enxuga
Você diz amar a noite
Mas não é pra ela que se arruma
Você diz querer o mar
Mas não se entrega nem mergulha
Diz também ser furacão,
A este sim, se equipara na destruição,
Fostes minha perdição.
Mas fui,
Eu fui!
Antes tarde do que nunca.
Thaylla Ferreira Cavalcante {Mais uma deste ex amor}
►Há Demônios Em Minha Mente
Minha mente está inquieta
Escuto vozes que não reconheço
Dizendo para eu matar minhas palavras prediletas
E, cada vez mais eu me enlouqueço
Não consigo mais distinguir a escolha certa
Em um calabouço de más ideias eu me perco
Já não me lembro de nenhuma meta
Essas vozes estão me corroendo
Não há escapatória, não há janelas
Meus pensamentos humanos estão se dissolvendo
Estou me destruindo, peça por peça.
Ódio, dor, sem amor próprio
Raiva sem motivo, nada mais é relativo
Uma ferida no peito é um remédio ótimo.
No escuro as vozes querem que eu odeie todo mundo
Na solidão não há necessidade de calor em meu coração
Saudade e felicidade estão morrendo em minha memória
Meu anjo da guarda tirou uma eternidade de folga
Estou desfiando em fios a minha sorte
Querem que eu destrua meus líricos como esporte
Sem mencionar minha saúde, que se contorce
Minha diretriz está em total desordem
Meus pensamentos querem a minha morte.
Não possuo mais o controle
Minha salvação está fora de alcance
Sem receber ligações ao telefone
Sozinho ficarei totalmente louco
Logo darei meu último sopro
Logo não aguentarei o peso de meus ombros.
Ás vezes, anseio partir...
Eu queria poder viajar
para longe deste lugar (aqui),
onde os amores nos deixam
e os amigos se afastam...
ir para além das realidades
que am mim se encrostam,
como se fossem
criaturas minhas.
Eu li as suas palavras
E sei que você se esvaeceu
É estranho, pois não choro
E muito menos me doeu.
Nunca me veio à cabeça
Que você fosse encenar até esse ponto;
Que bela peça de drama!
Parabéns pelo seu esforço.
Você já sabia - há muito tempo
Que a gente iria perecer
Porque um homem precisa daquele amor
Para sobreviver.
Eu até teria ido à praça
Íamos terminar de qualquer jeito
Vamos… não vá me culpar
Ela chegou antes em minha casa
E pediu para - na cama - amar.
Eu devia pegar de volta
As rosas que havia te dado
Ou talvez pegar emprestado
As flores de seu túmulo lapidado?
Nunca tive sentimentos por você
Foi tudo um simples querer
Nem me importava com o que você sentia
Estava bom só por te ter.
Só me faltou humanidade
Para te falar tudo isso
Antes de você morrer…
Queimo sua carta agora
Tola garota…
Arrependimentos não irei ter.
►Nunca Mais
Não quero mais sentir essa dor
Essa dor doí de mais
Quero que alguém diga que ela vai passar
Uma lágrima caí a cada sopro
Sinto que estou me tornando um encosto.
Não quero mais sentir
Quero deixar de existir
Perdi a conta das vezes que me feri
Não quero mais viver aqui
Que as chamas me consumam e me destruam
Minha lágrimas ardem meus olhos
Essa dor não quer ir embora.
Meu sangue está envenenado
Meus lábios perderam aquele tom avermelhado
Minhas pupilas se dilataram
E, minha pele está morta como um fantasma
Minhas mãos está fracas,
A visão tornou-se embaçada
Como se fosse um lembrete,
Me lembrando que estou chegando no fim da estrada.
Nunca pensei que poderia morrer sozinho
Que alegria, ninguém me verá assim
Sempre fui só, morrer assim é bem melhor,
O fogo transformará meus ossos em pó
Matei todas as lembranças de falsas esperanças,
Falsos amores, falsas amizades, que murcharam flores
Me alegro em morrer em paz,
Sem estar rodeado de abutres só esperando para me comer.
Mais dia menos dia, somos surpreendidos pela impotência de sermos quem somos.
Acordamos do sonho de ter uma vida duradoura, estável.
Batemos de frente com o muro da realidade, e o muro desmorona.
Não queremos ser espectadores de violência, nem muito menos coadjuvantes ou protagonistas, mas infelizmente fazemos parte das estatísticas.
Há momentos assim que são de muitas perguntas e nenhuma resposta.
Somos reféns da liberdade alheia, do livre arbítrio criminoso, onde quem escolhe ser protagonista da violência, transforma em vítima quem não pagou o ingresso para participar da barbárie.
Chama de consolo
Sentei-me à beira da cama
Um cigarro em meus lábios
O frio retraindo meus vasos
A me aquecer só o fumo e sua chama.
E como um grito no vazio, suplico
Universo, querido, por que comigo?
Bem sabes que sou fraco
Sabes que não tenho abrigo
E que deste mundo amargo, infelizmente sou mero inquilino
Por que entregas a mim este amor inimigo?
Dentre tantos pensamentos onde poderia estar
Vejo tornar-se inferno o que um dia me foi riso
Agora colmado de conformidade
Meu destino não resume-se a um altar
Se meu calor interno já não basta
Se sinto a vida deixando-me ir
Se o que acrescenta também maltrata
Ainda assim não consigo deixar partir.
Thaylla Ferreira (Sou nós)
Desabrochar da vida
Envelhecer também é uma forma de fazer poesia;
Envelhecer é a descobrir o mundo que nos rodeia;
Envelhecer é conhecer a nós mesmos de forma completa;
Envelhecer é aprender a amar verdadeiramente pois o tempo de meios amores já se foram;
Envelhecer é conhecer a dor da perda por isso valoriza cada pessoa ao teu lado;
Envelhecer é conhecer o valor do tempo, por isso aproveita todos os instantes de forma intensa;
Envelhecer é simplesmente a poesia da vida.
Morre se um pedacinho a mais por vez toda vez que nos sentimos esquecidos, diferentes e isolados. A tristeza não é uma doença e sim uma licita inspiração mas a solidão que nos corroí de mansinho é o mais antigo, amargo e lento, veneno.
IDA DESISTIDA
Em um domingo, quase fomos.
Choveu.
Ida desistida
em vários outros domingos.
Não fomos.
Fomos desistindo, desistindo...
Agora não há mais
Domingos"
Registro de um momento de tristeza...
Esse texto "brotou" dia 06 de abril. Estava me lembrando de um dia que estavámos eu e minha ame indo para a Igreja do bomfim e ela desistiu, com medo da chuva.
Quinze dias depois, ela faleceu.
Comece a rezar.
Bem aventurados sejam aqueles que te ignoram
Amaldiçoados sejam aqueles que por ti choram.
E se do pó viestes, ao pó não voltará
Tua imoralidade, toda bondade ceifará.
Quero que morras triste e solitário
Sentindo dor e frio
Quero que você sofra um inferno agonizante
Até a decomposição de tua carne.
Quero ver-te sozinho, chorando,
No vazio, e por piedade implorando.
E no velório de tu'alma, assistirei a esta matança,
A supremacia da divindade, aqui não alcança
Teu sangue petrificará.
Pois tenho em minhas mãos o poder,
Agora é ver pra crer
Crer que nada acabou,
Que teu sofrimento continuou, e por longas datas há de continuar.
Meu consolo é saber que não há nada que possa te consolar.
Quando os cavaleiros subirem o monte,
A pedra mais alta irá cair,
E eu estarei a aplaudir,
Será teu coração a desmoronar
O coração que achei que tu não tivesse,
Mas deus há de atender minha prece,
Terei poder tão logo e não distante.
O inferno, à terra vai subir,
Iremos nos encontrar.
Como fogo e água,
Mar e luar,
Pontos opostos da velha diretriz.
Sou a lua sobre a escuridão,
Sou fogo, clarão,
E tu, apenas algo a sucumbir.
Prometo ser piedosa!
Doses longe do brutal.
O perdão é para poucos,
Para os loucos,
E para alguns moribundos como ti.
Fui pouco,
Hoje sou muito,
Tanto que nem me caibo
Por isso me guardo em mim,
Aprendi contigo, é certo dizer
Não sei mais sentir
Sou vazia de mim, pelo vazio de você.
Em meio a meus 12 "eus",
O mais amado foi me trair.
O que fazer?
O que sentir?
Deixar doer ou ver partir?
Continuo a ouvir o doce som da podridão de teu corpo,
De teus ossos se preparando para uma iminente implosão,
Da ruína que está se tornando teu coração.
Adentrando uma terra deserta,
Colmada de vingança e ódio sem perdão.
Mas o alívio final será meu,
E enquanto paga teus pecados, o inferno será teu.
O mesmo inferno que me prometeu, cômico, não?!
Não tens amigos,
Não tens família,
O lado bom da armadilha é que tu próprio se prendeu,
Perdeu-se em meio aos detalhes.
E por minha pura tirania, admito, doeu um pouco
Mas por fim, não sou eu quem está a ficar louco.
Não sou eu quem está sem pão,
Sem amor ou perdão
Não sou eu quem está abandonado,
E pela simbólica escuridão,
entrego-te esse recado:
Pense em teu pecado.
Não tente manter-me perto,
Fiquei melhor com tua pior escolha
E agora viva nesta bolha
Como um mero condenado.
O mal está em tudo,
Infiltrado nas melhores relações,
Nas piores proposições,
E até no maior amor do mundo.
Lava esse rosto,
Mostre-me o que tanto tentou esconder,
Há tanta lágrima espalhada
Chega a dar desgosto.
Acordou de cara marcada,
A noite deve ter sido mal encarada.
A bebida vai virar sangue,
Hoje teu anjo da guarda desde de gangue,
A escuridão tomou conta
A tentação venceu-te de ponta a ponta.
Teu sorriso agora ausente comprova,
Vamos para a santa inquisição,
Perguntas feitas e não respondidas,
Vidas interrompidas,
Malditas,
Sem perdão...
Como a tua traição.
Thaylla Ferreira Cavalcante (relicário de vocábulos vazios.)
►Faça Dela Teu Anjo
Eu te amo de mais, meu amor, não solte minha mão
Por favor, não siga a luz, não solte minha mão
Fica comigo, vamos superar tudo isso, não solte minha mão
Prometemos descobrir juntos o mundo, não me deixe na depressão.
Meu Deus, por que deixas minha amada sofrer?
Diga o motivo para ela merecer
Ela já não possui forças para me abraçar,
Como se ela passasse a morar em cima da cama
Ela já não mais anda,
E com dificuldades ela suspira que me ama
Meu Deus, ela está frágil como as pétalas de uma linda rosa
Com lágrimas descendo sua pele clara, eu me desmonto
Eu lhe imploro, não a tire da minha vida, senhor
Foi ela quem fez de mim quem eu sou
Sem ela, eu não irei viver como este sonhador.
A respiração tornou-se uma preciosidade
E em seus lábios, hoje só saem dores
Ela já não mais enxerga as lindas cores da cidade
Eu fico de manhã até a noite ao lado dela,
Mas, por dentro eu derramo em tristeza, por saber que vou perdê-la
Senhor, faça dela o teu anjo,
Pois ela não sabe mais em que ano estamos
Senhor, cesse o sangue que surge regularmente em suas vestes
O lindo vestido que lhe presenteie, hoje vermelho se parece
Senhor, se for tira-la de mim, tire
Mas não deixe que ela continue a sofrer, escute minhas preces.
Me lembro quando a escrevia poesias,
Ela me pedia para escrever para ela a cada dia
Hoje eu me sentei ao lado da cama, e recitei
Chorei quando reparei que seus lábios estavam avermelhados,
E seus olhos me falaram quanto tempo eles haviam chorados
Meus sentimentos permaneceram os mesmos,
Amo-a como amava nos velhos tempos
Mas, mesmo que me machuque dizer,
Quero que ela não sinta mais esse sofrimento,
Pois eu mesmo estou sofrendo
Salve-a, passe pela janela e a leve para o paraíso,
Pois minha vida acabou no momento que ela disse que sempre me amou
Essa foi a frase de despedida
Oh meu Deus, minha vida era ela, minha querida Cinderela,
Flor mais bela, que hoje a pele gela,
Avisando-me que o fim a espera.
És tão linda quando consegues descansar,
E eu fico a imaginar se ela reaprendeu a sonhar
Faz tanto tempo que estou acordado,
Que meus pés já adormeceram, mas eu estou com ciúmes
Pois Deus levará de mim a luz,
E eu ficarei no escuro.
Oh meu Deus, nós tínhamos planejado o nosso futuro
Eu cochilei, amor, sinto muito,
Você se foi enquanto sonhava
O que estava pensando quando fora levada?
Quando você se foi, meu amor, o tempo parou,
Hoje nos céus, Deus guarda minha amada.
Dor
Caos
Escuridão...
Seria esse o prefácio do fim?
Loucura
Devaneio
Pesadelos...
Existiria um purgatório antes de lançar-me ao vácuo?
Preocupações
Amores
Dessabores...
Monstros me perseguem enquanto durmo e quando acordo, torço para que apareçam e me sinta viva.
Sinto mãos me tocarem a noite... Mãos inexistentes. Sei que precisarei me decidir uma hora, mas falta-me algo.
Não me atormentam enquanto estou acordada e isso me mata aos poucos. Por que esse silêncio ronda-me como nunca?
Teriam eles cumprido seu propósito e agora só esperam minha decisão?
Mãos quentes apertam-me o peito e estrangulam-me aos poucos me deixando agonizar esperando ansiosamente algo que não sei o que é
Segue-me a todo o momento
Sinto feridas se abrirem e nem sei como elas vieram, apenas sinto brotarem de mim e se derramarem pelo meu ser... Feridas visíveis e invisíveis
O silêncio cresce
Os amores desaparecem
As feridas aumentam
Tudo parece escorrer entre meus dedos.
Luzes de um farol alto que ofuscam a visão.
São como gotas de orvalho expostas ao sol.
Minhas viagens são sempre voltas à infância, aos lugares onde vivi um dia. Uma procura, pai, mãe, avós, tios, amigos mortos. Volto atrás e procuro no verde, na luz, no céu. Em vão. O que perdi não terei mais, porém, mesmo assim volto sempre. A esperança de que algum dia encontrarei aquilo que procuro incansavelmente. Quem sabe na morte, única paisagem que por enquanto me é vedada.
►Beijos Fantasmas
Junto a minha tia eu fui a capela, por que ela queria
Talvez fora o destino, mas de longe vi uma menina
Linda, a pele branca como as nuvens do dia
Estava distante, estava sozinha
Eu fiquei fascinado pela sua beleza
Deixei minha companhia e parti,
Ao encontro da pequena sereia
Ela me disse que morava nas redondezas
Perguntei se não tinha medo do cemitério,
Ela respondeu dizendo que era bobeira,
Muitos de seus parentes descansavam lá
Quando percebi, o tempo havia passado,
Eu acabei por ficar enfeitiçado pelo seu charme
Minha tia já estava terminando,
E por aquela garota eu estava me apaixonando
Ao término, perguntei se poderia vê-la novamente
Eu conhecia aquela rua, e em concordar, fui embora contente.
No dia seguinte, lá estava ela, no mesmo lugar
Comecei a pensar que ela talvez gostasse mesmo de rezar
Eu não iria critica-la, cada vez mais eu estava a me maravilhar
Conversávamos sobre tudo, sobre as flores, sobre o mundo
Me lembro que ela me perguntou uma vez,
Se eu sabia quantos túmulos havia depois do muro
Eu não fazia ideia, ainda disse que sentia muito.
Nossos encontros se tornaram diários
Meus professores da escola se espantavam,
Com a rapidez que eu entregava os trabalhos
Apenas para subir aquela rua de pedra,
E me encontrar com a linda donzela.
Depois de algum tempo, sobre o olhar da Lua,
Nossos lábios finalmente se encontraram
Me senti como se pudesse iluminar aquela noite escura
Eu a segurava em meus braços,
Sentia toda a sua ternura,
E tentava aquecê-la, pois era fria a sua pele
Os beijos seguintes foram leves, mas nada breves
E estavam carregados com sentimentos esbeltos
Eu queria que aquele momento fosse eterno,
Mas para sempre ele estará vivo, escrito neste caderno.
Ao nascer do dia seguinte, não a vi
A capela ainda permanecia, mas ela não estava mais ali
Eu voltei nos dias futuros,
Meu coração começará a ficar inseguro, sentia sua falta,
E eu sempre chorava quando voltava para casa
Eu sentia uma grande saudade
Ela havia criado em mim uma fragilidade.
Alguns meses depois fui, junto a minha tia, ao cemitério
Era o aniversário de minha vó
Eu estava um pouco imerso, com pensamentos no deserto
Enquanto nos retirávamos, eu notei, lá de longe,
Um senhor de idade, ajoelhado, diante de um túmulo belo
Ao nos aproximar,
Indaguei aos meus olhos se eles estavam cegos
Não aguentei e simplesmente despenquei
Aquela a quem me beijará, jaz a mais de uma década naquele túmulo
O meu amor fora ou não real? Eu ainda era puro?
O tempo me obrigou a superar
Às vezes eu acordava e me lembrava
E com ela eu sonhava, nunca consegui acreditar
Até que a velhice veio me falar,
Que meu tempo haveria de chegar.
Me apaixonei por outra pessoa,
E junto a ela, tive uma vida duradoura
Nossos filhos deram, aos filhos, os nossos nomes
Eu sempre amei minha esposa,
Mas nunca quis esquecer daquela minha juventude,
Da garota especial, de quando estávamos juntos
Nunca se foi da lembrança seu beijo, apesar de tudo
Sessenta anos se apoiaram em meus ombros
E, lá no fundo, continuei amando ela, talvez esperando,
O dia em que eu fosse encontra-la, assim como antes.
Eu voltei a ser aquele mesmo rapaz,
Quando Deus finalmente me deu a eterna paz,
Fui descansar no fim da rua de pedras
Quando abri meus olhos, eu vi ela
Permanecia a mesma, e eu perdi uns setenta anos
Éramos novamente dois jovens se abraçando.
Ela esticou sua mão para mim, e partimos
Pelas ruas caminhávamos sorrindo
Me despedi pela última vez de minha esposa e filhos,
E subi, em direção aos céus, com aquela mesma garota,
Que conheci na capela, e que hoje comigo voa.
Ave Maria
Quando tu vai,
a saudade chega e aperta,
mais do que aperta em saber que tu tá longe.
Quando tu vai,
meu coração se fecha
Até que chamo,
Mas ele nem responde.
E pra abrandar teu sumiço,
Rezo pro meu padrinho padre Ciço,
Pra afastar essa tua falta.
E quando tu chega,
faço dos teus braços, meus,
Do teu abraço,
o meu deus,
A ele entrego minha devoção.
Nessa vida de nordestina bruta,
Nem Maria Bonita atura,
Tem dias em que sou o cão.
E ainda assim tu me aguenta,
Foguenta.
Aproveita e fermenta essa nossa paixão.
Porque no teu carinho me vejo inteira,
Da tua vida eu sou prisioneira,
A quem interessar digo,
Não me alforrei não!
E se for castigo,
Tu têm sido meu pecado e minha perdição.
Mas me prenda em teus braços
Que eu digo ao delegado,
Seu doutor,
Não quero libertação!
Thaylla Ferreira Cavalcante
