Trauma
Por vezes me pego pensando sobre a vida, sobre cada luta que a gente enfrenta desde o primeiro respirar. Sobre o que cada um carrega em si... E quem poderia imaginar quais dores e trajetos que constroem esse ser mais forte, mais seguro e capaz?
Lembro bem de, ainda pequenininha, carregar um desejo latente: "um dia quero ser assim, um dia quero viver tal coisa". E, "de repente" - depois de muitos trancos e barrancos, essa frase saiu de um futuro lúdico e veio parar no presente da forma mais bela possível: a forma vivenciada.
Oh céus, como me sinto grata por tudo! Por cada caminho, cada escolha, cada passo descalço, obrigada.
E este momento, tão querido e esperado, intitulo Realização.
Só você sabe dos seus porquês.
As escolhas e vivências que te trouxeram até seu atual estado emocional é de seu conhecimento. Não permita que ninguém te julgue, se não viveu na sua pele.
Os problemas são como memórias tatuadas no cérebro. Ela te aprisionam no passado. Limpe essas imagens com RMDZ. Reprogramar e conectar no agora.
Feche suas contas com o passado e liberte-se desse prego que te prende a madeira do que não existe mais hoje.
O criador de todas as coisas renasce conosco no hoje.
Vida viva hoje.
A mudança de situações vai impactar a sua vida.
Trabalhe, para que seja uma mudança benéfica, pois o contrário também te marcará de maneira perfurocortante na alma.
Se for a segunda opção, reprograme sua mente e siga adiante.
Algumas pessoas tem comportamento venenoso, nocivo e tóxico, mas agem como se não soubessem disso. Hipócritas e frias, desprovidas de amor e cheias de rancor. Para seus problemas, sempre haverá um bode expiatório, pois não admitem erros e são incapazes de perdoar ou pedir desculpas. Sua língua é mais afiada que uma espada e suas palavras penetram como lâminas afiadas. De seu beijo emana traição e falsidade, mas sua saliva é veneno para o qual não existe antídoto.
Nós criamos os nossos próprios monstros e os alimentamos diariamente, quando nos danos conta, eles parecem gigantescos e insuperáveis. Um dia, deixamos de alimentá-los e, com o tempo, descobrimos que eles não passavam de sombras, projetadas dos nossos próprios medos.
A VITRINE DO SILÊNCIO
Na vitrine do Fatal, suas curvas perfeitas ofuscam sua real natureza.
Olhos curiosos a espiam, desejos silenciosos a consomem.
Um sorriso falso, máscara de seda velando a dor que a consome.
Lágrimas amargas, atrás do rímel, invisíveis aos olhares mundanos.
A beleza, um cárcere privado; a mercadoria exposta, a carne em oferta, a alma em leilão.
Um preço a pagar, um sorriso forçado, a dignidade em estilhaços.
O Fatal sorri, a sociedade cúmplice, enquanto ela se desfaz em silêncio.
A cada transação financeira, a cada olhar lascivo, a cada toque frio, a realidade se impõe: ela está presa em um sistema que a define, que a explora, que a condiciona.
Com o "EU" fragmentado, sonhos desfeitos, futuro incerto, um vazio profundo.
Mas o Fatal não se limita àquela vitrine. Sua sombra se estende por toda parte, transformando cada um de nós em mercadoria. O Fatal, a vitrine, um reflexo distorcido da sociedade. Vendemos sorrisos forçados em reuniões; nosso corpo e mente, em jornadas exaustivas; nossos sonhos, em troca de migalhas de reconhecimento. A alma, uma mercadoria barata, negociada em contratos e relações tóxicas. A liberdade? Um luxo perdido a cada hora extra, a cada compromisso assumido por obrigação, a cada "sim" que significa "não". A prostituição, em suas múltiplas facetas, se infiltra em cada canto da vida, espreitando nas relações interpessoais, nas pressões sociais, nas demandas do trabalho, nas expectativas da sociedade. A hipocrisia se espreita em cada julgamento, em cada crítica, em cada olhar que condena, mas que se alimenta do mesmo sistema que explora. A busca por validação, por reconhecimento, por segurança, nos reduz a estilhaços, vítimas e cúmplices dessa grande farsa. A mulher na vitrine, um símbolo dessa realidade, um reflexo de nós mesmos. Ela vende seu corpo; nós vendemos nosso tempo, nossa energia, nossa dignidade. A moeda de troca é diferente, mas a essência da transação é a mesma: a alienação, a exploração, a busca desesperada por sobrevivência em um sistema que nos reduz a mercadorias.
Na vitrine ou na rotina, a alienação é a mesma; a exploração, sistêmica; e a luta pela dignidade, uma constante e necessária revolta contra a hipocrisia que nos cerca...
(a.c) -
21/02/2025
[...] isso fez com que eu percebesse algo:
Nunca vou conseguir voltar ao normal,
Me arrastei para tão fundo nestas masmorras que, mesmo que saia daqui, ainda carregarei sequelas excruciantes.
A escuridão não deixa sobreviventes.
Quando a dor vira rotina, o sofrimento parece se transformar em motivo de risada, mas é apenas um escudo para nos proteger de tudo que não podemos mudar.
Guarda cada farpa que lhe lançaram, para que enquanto durar o percurso, tenha material suficiente para tricotar um belo suéter de verdades.
Carrega na pasta um dossiê tão robusto que até as paredes do ambiente começariam a corar de vergonha se soubessem ler.
Guarda cada palavra como quem coleciona recibos de um teatro mal ensaiado — um dia, a bilheteria vai fechar.
PAIS DE IMIGRANTES
Lá vem de novo esta mão, esta tinta e esta pena.
Me fazendo escrever poema, que ora anima ora a mim mesmo condena.
Pois as letras que aqui escrevo, são oriundas de dores reais.
O assunto que aqui incejo, conseguiu me tirar a paz.
Pessoas reais são mesmo assim, ora racionais ora emocionais.
São sempre revestido de dons especiais, mas sempre voltados aos pais.
Eles que deram a força e seguravam firme a nossa mão.
E depois que nós crescemos e pegamos o avião.
Descobrimos outro povo, outra cultura, outra nação.
E os mesmos que um dia disseram: não tenha medo do trovão.
Tem medo de vir aqui, na casa do filho que foi campeão.
Com a desculpa de dizer, que já é velho, é um ancião.
A pergunta que se faz, quando se está em terra estranha.
Vale a pena deixar tudo e viver essa façanha ?
Fui a caça, conquistei, estruturei e fiz estudos.
Mas o convite que enviei, foi ignorado e ficou mudo.
Minha intenção era mostrar a minha casa e a vossa netinha.
Dizer que embora eu tenha vencido, essa honra não é só minha.
Continuo aqui no labor e minha memória de elefante.
Não encontro outra referência, não que eu seja ignorante.
Eles sempre serão meu porto seguro, ainda que estejam distantes.
Preciso aprender a curar a saudade, pois sou um filho imigrante.
A Pele Entre Sombras
Em passos hesitantes, um novo caminho trilho,
Desvendando em mim desejos, rompendo o lençol.
Com garotas, a troca de um toque macio,
E no abraço trans, um novo arrepio.
A fé antiga, um laço que já não prende,
Em liberdade, a alma busca e se entende.
O dogma outrora forte, um nó desfeito, a verdade emerge em mim,
Um ser em descoberta, enfim.
Sombras da infância, memórias em recuo,
A sede de vida luta contra um fluxo escuro.
Em cada carícia, a lembrança a ferir,
Um corpo renascendo, aprendendo a sentir... a dor persistir.
A descoberta pulsa, um ritmo crescente,
Em cada toque, um saber que me presenteia.
Aceito quem sou, sem véu ou disfarce,
Na dança da vida, meu corpo é a minha arte.
(a.c) -> 30/04/2025
Entre o medo de errar e a obsessão de parecer perfeito, o silêncio se torna o refúgio perpétuo que aprisiona os verdadeiros.
"O porta-voz de desventuras sempre é nomeado por isso. Além do estigma, perde pra sempre o vínculo com a pessoa que alertou.
Ninguém se relaciona com a causa de seu trauma."
Sinceramente, eu odeio o fato de que eu demoro muito pra deixar de gostar de alguém até mesmo quando essa pessoa é de certo modo tóxico comigo.
Mas quando eu realmente deixo de gostar
Até a voz vira um trauma.