Textos sobre Nascimento
Para meus leitores imaginários, sim, eu sou hipócrita, como não seria sendo gente? Feliz ou infelizmente, as pessoas acabam por se contradizerem, mudarem de caminho, como muitos dizem "o mundo da volta" ou "a ocasião forma o ladrão". Mas, claro que eu sou hipócrita com limites, são hipocrisias sutis, eu diria, como mandar indiretas, julgo muito quem o faz, mas também o prático.
No mundo pós-industrialização, muito se fala na padronização das empresas, nos produtos, meios de produção e afins para aumento de "performance". Entretanto, pouco se fala no movimento para padronizar as pessoas, cada vez mais pessoas são limitadas a um rótulo e o pior, aceitam esses limites impostos pela sociedade com total normalidade, de forma tão simples abandonam sua autenticidade pelo senso de segurança passado por ser rotulado. Assim, cada vez mais pessoas se amarguram por não serem elas mesmas, mas serem o rotulo que lhe foi dado, como os produtos que consomem.
Família biológica é uma grande provação de amor, pois você se vê em uma espécia de dever de amar e respeitar pessoas que não foram escolhidas por você e que conviveram com você por grande parte da vida. O que torna isto uma provação ainda maior é a ideia de que você precisa aprender a amar o que não compreende, pois em suma amamos pessoas que compreendemos, que vemos nelas uma parte nossa, seja uma meta de personalidade, algo que não tivemos na infância ou qualquer outro, sempre escolhemos o que compreendemos, mas a família não, é grotescamente incompreensível na maioria dos momentos e só podemos aceitar, respeitar e assim amar.
Nós ultimos tempos me confrontaram com a afirmação "Você tem sangue de barata", nunca havia ouvido algo assim e sem precisar entender com exatidão senti que não era um elogio e claramente retruquei e discuti. Entretanto, agora venho buscar me iluminar do assunto, o que isso significa para vocês meus queridos leitores? Para mim, após uma sútil e breve analise séria, o caso de uma pessoa que não se impota em abandonar seus valores e quem se importa para sobreviver, como baratas que sobrevivem ao impensável, aceitando tudo que lhe for imposto. Assim, partindo dessa premissa, não me sinto enquadrado, eu realmente lido com certa frieza as situações engolindo os sapos, mas não aceito essa realidade, apenas permito aquilo que não fira meus princípios e que eu possa segurar até que não precise, por exemplo, ofensas no trabalho, eu conseguiria guardar para mim, pois eu preciso do emprego e que com muita convicção abriria um processo após ter me estabilizado em outra empresa ou em situações que não adianta gastar saliva, não será frutífero em nem um aspecto então é preferível guardar minha visão para mim mesmo.
No começo não me importava muito com o meu vaso, mas quando comecei a analisar o vaso dos outros comecei a desgostar do meu e assim esperava pelo dia que se quebre, porém após certo ponto de leitura aprendi a amar e aperfeiçoar meu vaso agora temendo que quebre antes de terminar o livro. Temo que já esteja rachando, seja por estar cheio demais ou pelo livro.
Como um caloroso nascer do sol me veio a resposta a minha triste questão, advinda do meio mais adverso, um panfleto religioso, Deus realmente surge das formas mais adversas. A resposta para minha questão é ao fechar o livro ele se encerra e vem uma continuação da história, com um enredo que não me vêem a visão, mas que tem a premissa de superar o anterior. Então posso ler com calma, aproveitando a jornada e sem temer o fim do primeiro livro.
Muito se fala na criação de expectativas dos pais em seus filhos ou de relações familiares tóxicas, mas pouco se fala na simbolização dos pais, na qual o filho vislumbra seus pais não como humanos, mas como símbolos e assim acabam por os exigir em demasia ou por não ver suas falhas como deve, beirando o fanatismo. Não há pior vida que aquela à base de ilusões.
Às vezes, a convivência nos leva a crer que conhecemos o outro o suficiente para o entender, algo que é verdadeiro até certo ponto, podendo às vezes conhecermos o outro melhor que ele mesmo e que nós mesmos. Porém, a arrogância humana nos leva a crer que conhecemos o outro totalmente e assim tomamos decisões erradas com base em nossos delírios sobre o outro. Mas claro que existem os ignorantes que, antes mesmo de conviver, acreditam conhecer o outro como a palma da mão.
Por que o silêncio, deixar passar, gentileza, perdão, empatia e integridade são vistos como posturas covardes? Não conheço uma pessoa que seja forte o suficiente para se controlar, entender o outro, manter sua postura, ser paciente, saber quando deve lutar e evitar briga, mas conheço muitas que fraquejam e fazem o oposto, porém sem se contentar ainda impõe sua conduta nos demais exercendo pressão social e apelidando quem tem essa força de fraco, como se fossem baratas.
Já faz muito tempo que não escrevo aqui, muito mudou, diria que achei mais paz em ser eu mesmo, meu respeito a Deus aumentou, mas sigo lutando contra o relógio. Se eu tivesse uma frase para usar seria saiba como e quando se portar, às vezes evitar o conflito te leva a um conflito quando não se porta devidamente.
As crenças apesar de sua importância por reunir suas ovelhas em torno de um objetivo que é a salvação, não são a primeira coisa a ser olhada. Mas o coração, esse sim, como se comporta nos momentos de fartura ou escassez, de amor e ódio, se sou rei ou plebeu. E aí, nesse recôndito lugar que mora a verdade de cada um.
Podemos encontrar ajuda no meio do caminho, às vezes se distrair durante percurso, caí, levantar e continuar seguindo em frente, mas no final das contas a responsabilidade de conduzir a sua vida é somente sua. Então, como falou um dia uma sábia professora: “Olhe para frente, porque a sua prova é individual."
Eu não me deslumbro com elogios; as críticas, dependendo de onde vem, de qual contexto se aplica e da veracidade que as geraram, ainda é um desafio para mim. Porém as que tem como finalidade chamar-me a atenção para aquilo que passa desapercebido, equivocado e que precisa ser ajustado são bem vindas.
Nunca percamos de vista a criança irrequieta e travessa... o adolescente sonhador e apaixonado que um dia fomos e que, no fundo, inconfessada e secretamente ainda somos, porque enquanto tivermos jovialidade, enquanto soubermos transigir e compreender, amar e perdoar; aquela criança, aquele adolescente continuarão iluminando nossa alma de fé e de esperança; continuarão vivendo, continuarão vibrando dentro de nossos corações