Textos sobre Jovens Carlos Drummond
O QUE JOÃO ME CONTOU
João pescador assim me falou:
A maior boniteza que tem pra vê,
É quando a onda bate no mar e beija a pedra na areia.
É como se aquela beleza toda fosse pra avisar,
Que a onda nasce da água e pra ela vai voltar.
Mas também tem outra coisa, que mais formosa não há.
Até me fogem as palavras de tanto admirar.
É quando no mar, eu vejo os olhos de uma moça,
Feitio de estrela que não cessa de piscar.
Então eu fico confuso, sempre a imaginar.
Pro sinhô que gosta de estórias, eu lhe posso contar.
Já pensei em ajuntar a onda, com os olhos do amar.
Fiz até uma promessa, que vivo a suplicar.
Quando minha hora chegar,
Esperem a noite alta e me joguem inteiro no mar.
Vou virar mistura de lama, coberto de calcário, envolto de sal,
Para nascer como pedra, estendido a beira mar.
Então, nem queira saber, que alegria será,
Eu me vivendo banhado de ondas, a relembrar,
Toda a vida que viceja, quando se descobre um olhar.
Carlos Daniel Dojja
- Em homenagem a João que já virou Pedra no Mar do S
Recolhimento
Percebi que estavas recolhida,
Mansamente com teu corpo, entregue as vestes brancas,
As mãos deixadas entrecruzadas,
Entre uma fresta de raio adentrado na janela.
Tudo se mostrava tão extenso, agregado,
Que nesse instante, dentro do teu silêncio,
Era como se uma profundidade entre nós se cingia.
Então, coloquei-me a teu lado, respirando-te.
Permanecemos emudecidos, por dentro acolhidos,
Guardando infinitos abraços em nossas almas.
Carlos Daniel Dojja
Palavra Nua
Uma palavra nua foi vista na rua.
Chamaram as autoridades.
Que despudor permitido,
Deixar palavras sem nome,
Se expondo desvalidas.
Uma moça de poucas vestes sugeriu cobri-lhas.
O cirurgião queria por já cortá-las.
O alfandegário, indagava-lhe a origem.
Porque não lhe põem algemas, questionou um transeunte.
Podem lhe dar açoite, para recuperar o respeito, profetizou o Vigário.
E a palavra nua, destemidamente aguardava,
Que surgissem gentes que pudessem encantá-la.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Os vários amigos
Nos momentos de desgraças os milhares de amigos desaparecem e fingem demência sobre o que você está passando. No máximo vão te especularem e fingirem estarem preocupados, no entanto, não irão mover uma palha para te ajudar. Nesse cenário, você aprende a importância da sua família e de alguns raros amigos que ficam mesmo que você esteja no fundo do poço. Ah, e quando você sair do poço e te verem levantar mais forte irão fingir que se preocupavam com o seu sumiço.
Na bonança se tem muitos amigos/companheiros. Estão prontos pra tudo; pra te servirem e puxarem o seu saco. É tipo irmandade até a morte. Ah, mas nem ouse deixar o seu status cair e nem deixe o seu dinheiro acabar, pois se isso acontecer você será apenas mais um do qual eles irão falar mal pelas costas. Lembre-se, um companheiro melhor do que você irá surgir e você já não será alguém tão importante. Na verdade você não tinha muitos amigos, você estava apenas em um ninho de cobras.
Na caminhada para o sucesso você irá se surpreender. Muitos dos amigos que você esperava e queria que vibrassem junto contigo vão apenas te dar os parabéns, mas a expressão da face delas irão te revelar tudo o que você precisava saber sobre os seus reais amigos. Lhe será perceptível e vai ser uma grande decepção. Mas, a parte boa dessa fase e que vai te surpreender será o descobrimento de pessoas das quais você nem imaginava e nem esperava que vão ficar mega felizes por você. Verás uma alegria verdadeira nisso e também lhe será perceptível.
Na concretização do sucesso surgem os puxas sacos que fingem ter torcido por você a vida toda, mas não se enganem, a sua amizade será apenas por conveniência para elas. Ah, se você der uma festa todos irão comemorar, entretanto, verás que a diversão não terá o condão de apagar a infelicidade de muitos ao assistirem o seu crescimento.
Diante disso, percebi que amigos de verdades são íntegros; te respeitam, tem educação, tem princípios e ficam felizes por você sem te perguntarem os caminhos dos quais você percorreu. Apenas vão sorrir de maneira radiante e dizerem: Cara, graças a Deus pela sua vida e pelos seus projetos, estou muito feliz por você! Você merece! Você vai longe! Parabéns! Ah, e cuidado com os especuladores e os piadistas, a maldade e a inveja soa de várias maneiras.
Desconfie dos amigos sem princípios, que maldosamente vivem falando mal da vida dos outros, que vivem fazendo chacota da vida do próximo e que não tem perspectivas de vida. Desconfie dos amigos que querem sempre te apontar defeitos, o colocando pra baixo para que você se iguale a vida da qual eles estão levando. Desconfie dos amigos que relembram todo mundo das suas mancadas e dos seus defeitos para que eles se sintam confortáveis emocionalmente. Desconfie dos amigos competidores que querem sempre te vencer.
Nesse universo das amizades, nunca se sinta mal quando descobrir que são poucos e raros os amigos verdadeiros. Nunca fique desapontado por descobrir os seus falsos amigos. Apenas agradeça a Deus e afaste-se de pessoas com atitudes demoníacas.
Amigos verdadeiros ficam radiantes pela sua vida, mesmo que você esteja na verdadeira desgraça. Amigos de verdade te tiram da pior e não permitem que você fique no poço, eles te levantarão. Amigos de verdade te ajudam a ser alguém melhor. Amigos de verdade vão te defender e não vão deixar ninguém falar mal de você. Amigos de verdade suportam as suas alegrias e oram por você. Amigos de verdade simplesmente torcem e ficam felizes por você existir.
Preste atenção nos comportamentos de suas amizades e não deixe que o contexto do seu momento o faça ficar anestesiado com os encantos dos “vários amigos”.
FASES DAS AMIZADES
Nos momentos de desgraças os milhares de amigos desaparecem e fingem demência sobre o que você está passando. No máximo vão te especularem e fingirem estarem preocupados, no entanto, não irão mover uma palha para te ajudar. Nesse cenário, você aprende a importância da sua família e de alguns raros amigos que ficam mesmo que você esteja no fundo do poço. Ah, e quando você sair do poço e te verem levantar mais forte irão fingir que se preocupavam com o seu sumiço.
Na bonança se tem muitos amigos/companheiros. Estão prontos pra tudo; pra te servirem e puxarem o seu saco. É tipo irmandade até a morte. Ah, mas nem ouse deixar o seu status cair e nem deixe o seu dinheiro acabar, pois se isso acontecer você será apenas mais um do qual eles irão falar mal pelas costas. Lembre-se, um companheiro melhor do que você irá surgir e você já não será alguém tão importante. Na verdade você não tinha muitos amigos, você estava apenas em um ninho de cobras.
Na caminhada para o sucesso você irá se surpreender. Muitos dos amigos que você esperava e queria que vibrassem junto contigo vão apenas te dar os parabéns, mas a expressão da face delas irão te revelar tudo o que você precisava saber sobre os seus reais amigos. Lhe será perceptível e vai ser uma grande decepção. Mas, a parte boa dessa fase e que vai te surpreender será o descobrimento de pessoas das quais você nem imaginava e nem esperava que vão ficar mega felizes por você. Verás uma alegria verdadeira nisso e também lhe será perceptível.
Na concretização do sucesso surgem os puxas sacos que fingem ter torcido por você a vida toda, mas não se enganem, a sua amizade será apenas por conveniência para elas. Ah, se você der uma festa todos irão comemorar, entretanto, verás que a diversão não terá o condão de apagar a infelicidade de muitos ao assistirem o seu crescimento.
AMIGOS DE VERDADE
Amigos de verdade são íntegros; te respeitam, tem educação, tem princípios e ficam felizes por você sem te perguntarem os caminhos dos quais você percorreu. Apenas vão sorrir de maneira radiante e dizerem: Cara, graças a Deus pela sua vida e pelos seus projetos, estou muito feliz por você! Você merece! Você vai longe! Parabéns! Ah, e cuidado com os especuladores e os piadistas, a maldade e a inveja soa de várias maneiras.
DESCONFIE DE ALGUNS AMIGOS
Desconfie dos amigos sem princípios, que maldosamente vivem falando mal da vida dos outros, que vivem fazendo chacota da vida do próximo e que não tem perspectivas de vida. Desconfie dos amigos que querem sempre te apontar defeitos, o colocando pra baixo para que você se iguale a vida da qual eles estão levando. Desconfie dos amigos que relembram todo mundo das suas mancadas e dos seus defeitos para que eles se sintam confortáveis emocionalmente. Desconfie dos amigos competidores que querem sempre te vencer.
AMIGOS VERDADEIROS
Amigos verdadeiros ficam radiantes pela sua vida, mesmo que você esteja na verdadeira desgraça. Amigos de verdade te tiram da pior e não permitem que você fique no poço, eles te levantarão. Amigos de verdade te ajudam a ser alguém melhor. Amigos de verdade vão te defender e não vão deixar ninguém falar mal de você. Amigos de verdade suportam as suas alegrias e oram por você. Amigos de verdade simplesmente torcem e ficam felizes por você existir.
“ Uma certa noite um VAGALUME sobrevoava a mata e de repente foi puxado e agarrado por uma cobra gigante, daí o vagalume falou pra cobra: “que isso cobra? Pq você me pegou ? Eu não faço parte da sua cadeia alimentar !” A cobra respondeu: “sua luz própria me incomoda!”
Moral da história: A inveja nem sempre vem de pessoas fracas , mas vem de pessoas que podem ter tudo e bem mais que você , menos a sua luz!
COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
"Ah, quer saber se Deus está perto ou longe de você? Aproxime-se das crianças e as observe!
Estão alegres, felizes, sorridentes? Deus está perto de você!
Estão tristes, infelizes, chorosas? Deus está longe de você!
Pois, se há prova maior da presença Dele que o sorriso de uma criança, preciso conhecer!"
Das Grandezas
Gosto do tamanho de algumas coisas.
O voo de uma borboleta ao entardecer.
O pouso do pássaro num raio de sol.
Teus pequenos passos dançando na terra.
Uma gota despindo-se numa flor.
Aquela brisa que umedeceu teu beijo.
O olhar que perpetrou a sombra.
A última cantiga deixada na noite.
Em não me querendo modesto, a deslumbrar dimensões,
Não faço apologia da métrica ínfima.
Meço-me pelo sentir desterrado.
O que me segue, cabe em meu sonhar a andar.
Minha sensação de grandeza se emaranha de singelezas.
Como a memória da água, por entre rios, a retornar a nascente.
Como quando nos sabemos finitos, refazendo-nos começos.
E se é tão grande, como os olhos que se traduzem no peito.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Da casa
Morei numa casa,
Feita de cal, madeira e planta.
Tinha facho de velas,
E raios numa porta debruçados.
Minha mãe nos ensinava,
A fazer um pão chamado sonho.
Por vezes tínhamos que fermentar com mais vigor.
Mas por fervor ou insistência, crescia.
Nessa casa se contavam estórias.
Como a luz que ficou presa na sombra,
Até que o vento a libertasse.
Ou da lagoa que desaguava no mar,
Porque ele por ela estava encantado.
Tinha uma que ninguém entendia.
Revelar-se-ia mais tarde na travessia.
Era de uma voz que somente se ouvia,
No agudo silenciar, tomado na profundeza.
A casa inda lá continua.
Minha mãe ajuntou-se noutro tempo.
Só agora, enxertado de silenciamentos, aquela voz ecoa.
Abre-se na boca do menino que se avizinhou da saudade.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
A menina que dançava
Falaram-me de uma menina,
Que enquanto descobria seu ritmo,
Pensava-se menos leve,
Que o ar que a circundava.
Seu corpo feitio de brisa,
Se deslizando compenetrado,
Já mostrava que havia canto,
Mesmo quando não escutavam.
Parece-me que seu cabelo,
Poderia ser azul esverdeado,
Como se fosse coreografia de raios,
Se estendendo em sua face.
Como a desconheço, dar-lhe-ei o nome Eduarda,
Aquela que guardou nos pés,
A dança como abrigo,
E se foi envolvendo de ritmos,
Pungidos de existência.
Assim lhe surgiram os duetos,
Com seus deleites sonoros,
E também o estrondar de tambores,
Sucedendo sinfonias.
A esperança lhe chegou,
Como um bale compassado,
Mantendo firmes os braços,
Olhando para o alto, a seguir na direção.
As vezes até parece,
Que nem sequer percebia,
Que viver também se aprende de dança,
Que o tempo faz emergir.
Dança-se no silêncio da alegria.
Na tristeza acalentada.
Descobrem-se em distintos momentos,
Cenários convertidos de linguagens.
Na há movimento sem emoção,
Pulsar alheio, sem sonoridade.
Se dança com pó no rosto,
Com o brilho de enfeites costurados.
Mal sabe essa menina, que um dia lhe contarão,
Que estava a dançar com dor e graça,
Feita melodia de passos,
A poesia dançante da vida.
Carlos Daniel Dojja
In Poema para Crianças Crescidas
Chá com os Poetas e a Moça Bonita
Quando ainda não vinha a noite,
Camões adentrou sobressaltado.
Tinha visto na Caravela,
O mar inteiro lamuriar-se.
Deixavam, pois, como aferira,
restos de tudo a enturvar as águas.
Logo em frente estava Quintana,
vindo de longe no vagão de um trem,
a confabular com uma andorinha,
que em frase pausada silabava:
- No ar há tanta fumaça,
que nem se pode mais voar sozinha.
Enquanto se aguardava o Mia
a descrever Um Rio Chamado Tempo,
perceberam Shakespeare acomodar-se,
frente ao sol que já não se via,
proclamando sem muito assombro:
- Falta humano no divino, mais virtude no humano.
O saber não deve destruir a vida,
feito punhal a ferir o coração dos homens.
Escutaram-se ruídos vários, ao ouvir-se o abrir de portas.
Era Pessoa com Ricardo junto com os demais heterônimos.
Todos apóstolos frente ao pão, resolveram recitar Drummond,
que bem se diga, já havia previamente antecipado:
- Saí cedo de Itabira, vou embora para Pasárgada.
Quem sabe acho Bandeira, coberto num trono de palavras.
Neste instante chegou Vinícius e sua elegante diplomacia.
Asseverou solenemente. Trouxe-lhes taças e o vinho.
Não lhes privei do chá inglês, mas devem considerar com atenção.
Melhor é sorver o sentir com um espumante entre as mãos.
Já não se sabia mais as horas. O ar estava em cantoria.
A moça junto à janela que as primeiras letras fazia,
das palavras guardava afeto para se doar em cada livro.
Foi dela a sugestão que cada um deixasse de si, apenas um verso transcrito.
Eu, mero assistente, por obra de atrevimento, também fiz provocação.
Por que não escrever os poemas em simples folhas de pipas.
Soltaríamos as Pandorgas em cada um dos cantos do mundo.
E poderiam as mesmas se irem a procurar um novo dia.
Prontamente Camões assinalou:
"...Da alma e de quanto tiver,
quero que me despojeis,
contanto que me deixeis,
os olhos para vos ver.."
Em seguida chegou-se Mia a sentenciar num repente:
"... Deixo a paciência dos rios,
mas não levo,
mapa nem bússola,
porque andei sempre,
sobre meus pés,
e doeu-me às vezes viver.
Hei de inventar,
um verso que vos faça justiça".
Quintana com seu sotaque ergueu-se com voz doce e macia, a reverberar clarividente:
" ... Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia,
para nos dar a eternidade inteira..."
Vinicius após servir o vinho, pediu um aparte.
Moça com perfume de flor, por favor, escreva para mim:
"... A coisa mais bonita,
que há no mundo,
é viver cada segundo,
como se não fosse o fim..."
Alberto, ao lado de Pessoa, também se pronunciou:
"...Mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena,
sei que a vida vale a pena,
quando a alma não é pequena.."
Já se adentrava a noite alta e as pandorgas versos partiam.
Foi quando fitei a moça que de olhos gris se vestia.
Então clamei a ela, antes que também se retirasse:
Agora que a lua cheia chegou,
como teus olhos em ternura,
borda-me entre o céu e a tua boca,
numa indelével tecitura.
A moça nada me disse, repousou na minha face.
Por ali ficamos embebidos de poetamento,
como se por um breve instante,
tivéssemos tocado o infinito.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas Para Crianças Crescidas
Carta para Mia Couto
Prezado Mia Couto,
recebi uma mensagem de Shakespeare,
dizendo que o amor é pouco,
contrapondo-se a Pessoa
para quem o amor pode ser vário.
Decidi falar com Einstein que como sempre relativizou,
disse que o amor é uma órbita, que gira em torno de nós.
Quando estava te escrevendo Vinicius me chegou,
disse olha, a vida tem jeito, só se morre e nasce de amor.
Então em Moçambique, se a carta o Atlântico cruzar,
diga ao Carlos como se fala, o amor não deve tardar.
Se estiver ocupado, tratando algum assunto com Camões,
peça-lhe que envie transcrito em poucas e simples linhas,
- O amor é um contentamento descontente,
é dor que a gente se sente, que se desatina sem doer.
Quando eu receber a resposta, prontamente lhe confirmo,
atestando a Drummond, que o amor é um estar em ser,
num ser mais que profundo.
Eu ficarei orgulhoso de receber a explicação,
já que me vivo a Quintanar de amar,
o amor em sua extensão.
Até resgatei um modesto conceito,
desses que se declara numa ciranda de amigos,
- o amor, é tão somente, o infindo sopro, se fazendo vida.
Carlos Daniel Dojja
Poema Nascimentos
Lembro-me do último dia em que nasci,
e de outros nascimentos.
Talvez tenha sido servo de Nefertiti,
Cônsul dileto da Imperatriz.
Togado professor no Kansas.
Eremita numa caverna desabitada no Sul.
Quantas vezes me viveu, este jeito de existir?
Fui conselheiro de Napoleão.
Astrônomo inglês a velejar no céu.
Ou será que sou apenas,
quem te encontrou vestida de ramos,
numa manjedoura em Belém.
Não me sei bem as idades.
Vivo de sentir memória.
Vivo de viver no que cabe.
Lembro quando corrias atrás do Tiranossauro.
Quando pisaram na Lua e viram teu rosto estampado.
Assim nos fundamos de uns outros em nós.
Nos cingimos de tantas vozes que coabitam.
Como não ter me impregnando daquilo que pressenti,
Quando lia o livro da vida que um dia passou por mim.
Carlos Daniel Dojja
MULHER
Há muito me disseram.
Havia o infinito sem o verbo,
O tempo sem escala, o vapor das estrelas se esvaindo.
A água sem memória tocando a pedra no silêncio.
Então o criador dos seres percebeu,
Que era preciso pés para infiltrar a terra,
Olhos para criar mundos do sentir ver,
Ventres para parir humanidade.
Foi quando o vento rugiu na criação,
Tocando a beleza inominada das coisas.
Um eco em sua profundidade retumbou,
E tudo então se tornou partilha,
Na celebração humana de cada voz.
Contam que desde então nasceu a mulher:
Para restaurar afetos,
Semear liberdade,
Pulsar igualdade.
Dúvida do ar
Duvido do ar,
que não circula,
por entre paredes.
O ar calmo, passivo,
não se tornará brisa,
tão pouco vento em rotação.
O ar reprimido,
deixará as paredes ruírem,
tornarem-se velhas casas,
com ervas crescidas no jardim.
Tenho receio deste ar,
que nos mantem sobrevividos,
mas que não nos permite,
experimentar a existência.
"....Fiz até uma promessa, que vivo a suplicar.
Quando minha hora chegar,
Esperem a noite alta e me joguem inteiro no mar.
Vou virar mistura de lama, coberto de calcário, envolto de sal,
Para nascer como pedra, estendido a beira mar.
Então, nem queira saber, que alegria será,
Eu me vivendo banhado de ondas, a relembrar,
Toda a vida que viceja, quando se descobre um olhar...."
Fragmento Poema O QUE JOÃO ME CONTOU
- Em homenagem a João que já virou Pedra no Mar do Sul
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