Textos inteligentes
Se vivemos próximos demais a uma pessoa, é como se repetidamente tocássemos uma boa gravura com os dedos nus: um dia teremos nas mãos um sujo pedaço de papel, e nada além disso. Também a alma de uma pessoa, ao ser continuamente tocada, acaba se desgastando; ao menos assim ela nos parece afinal — nós nunca mais vemos seu desenho e sua beleza originais. — Sempre se perde no relacionamento íntimo demais como mulheres e amigos; às vezes se perde a pérola de sua própria vida.
Toda arte, toda filosofia pode ser vista como remédio e socorro da vida em crescimento ou em declínio: elas pressupõem sempre sofrimento e sofredores. Mas existem dois tipos de sofredores, os que sofrem de superabundância de vida, que querem uma arte dionisíaca, e desse modo uma perspectiva trágica da vida – e depois os que sofrem de empobrecimento de vida, que requerem da arte e da filosofia silêncio, quietude, mar liso, ou embriaguez entorpecimento, convulsão. Vingança sobre a vida mesma – a mais voluptuosa espécie de embriaguez para aqueles assim empobrecidos!
E sabeis… o que é pra mim o mundo?… Este mundo: uma monstruosidade de força, sem princípio, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força… uma economia sem despesas e perdas, mas também sem acréscimos, ou rendimento,… mas antes como força ao mesmo tempo um e múltiplo,… eternamente mudando, eternamente recorrentes… partindo do mais simples ao mais múltiplo, do quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo, e depois outra vez… esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-próprio, sem alvo, sem vontade… Esse mundo é a vontade de potência — e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência — e nada além disso!
Assim, foi o primeiro filósofo a olhar impulsos e sentimentos a partir de dentro, e pelo resto da vida escreveu muito sobre as preocupações interiores: sexo, amor, morte, sonhos, sofrimento, religião, suicídio, relações com os outros, vaidade, auto-estima. Mais que qualquer outro filósofo, ele tratou daqueles impulsos sombrios que ficam lá no fundo, que não suportamos encarar e por isso precisamos reprimir.
Quer dizer anular completamente a vontade. Aceitar que nossa natureza mais íntima é uma luta implacável, que esse sofrimento está em nós desde o começo, e que somos condenados por nossa própria na tureza. Quer dizer que precisamos primeiro entender o nada essencial desse mundo de ilusão e depois procurar uma forma de negar a vontade. Schopenhauer fez evitando o mundo do desejo.
..E quem adivinha ao menos em parte as consequências de toda profunda suspeita, os calafrios e angustias do isolamento, a que toda incondicional diferença do olhar condena quem dela sofre, compreenderá também com frequência, para me recuperar de mim, como para esquecer-me temporariamente, procurei abrigo em algum lugar - em alguma adoração, alguma inimizade, leviandade, cientificidade ou estupidez; e também por que, onde não encontrei o que precisava, tive que obtê-lo à força de artifício, de falsificá-lo e criá-lo poeticamente para mim.
Não poucos, talvez a maioria dos homens, têm a necessidade de rebaixar e diminuir na sua imaginação todos os homens que conhecem, para manter sua auto-estima e uma certa competência no agir. E, como as naturezas mesquinhas são em número superior, e é muito importante elas terem essa competência.
Os reis deixam aqui suas coroas e cetros, os heróis abandonam suas armas, […] mas os grandes gênios que estiveram submetidos a eles, que orgulhosamente apenas contemplaram com um olhar casual, os grandes pensadores que não se importavam com as coisas externas, levaram consigo sua grandeza para o além, foram eles que levaram consigo tudo o que tinham.
Há momentos em que pensamos na morte de forma tão nítida e com uma aparência tão assustadora que não conseguimos compreender como, com tal perspectiva à nossa frente, se possa ter um só minuto de sossego e não fiquem todos se lamentando a vida inteira pela sua inexorável aproximação. Em outros momentos, pensamos na morte como uma alegria tranquila e até mesmo ansiamos por ela. Em ambos os casos, temos plena razão.
A cada vez que respiramos, estamos rechaçando a morte, mas nem por isso ela deixa de retornar; de tal modo que temos de lutar com ela a cada segundo; em extensões temporais mais amplas, lutamos com a morte a cada refeição que nos renova, e cada momento de sono que nos descansa, a cada vez que nos aquecemos contra a frialdade e assim por diante. Contudo desde o dia de nosso nascimento fomos votados a ela sem remissão e nossa vida inteira não é senão um adiamento da morte.
Dois rostos bastavam para ele: um voltado para dentro de si mesmo e o outro contemplando o mundo exterior; o interior se afundava no coração das coisas, enquanto o exterior contemplava ceticamente a maneira como essas coisas transcorriam materialmente enquanto girava o mundo e a forma como poderiam estraçalhar seu próprio ser, caso se deixasse levar por elas.
"Queria que o tempo parasse... queria que as ondas se acalmassem... Queria que o vento parasse... Queria que a poesia da tua voz me cercasse... Queria eu te ver, te tocar... queria eu poder te apreciar... Assim como Lua olha o mar, queria eu poder te levar... Levar pra onde? Pra de baixo da ponte? Morar na rua e beber água da ponte? (Rsrs) Te levar pra nosso céu, nem que seja em avião de papel, beber nosso amor, pois ele nos enche de calor... Calor pra viver, calor pra sonhar, apenas em teus abraços aprendi descansar"
Todas as coisas que duram muito tempo de tal modo se impregnam aos poucos da razão que a origem que tiram da desrazão se torna inverossímil. A história exata de uma origem não é quase sempre sentida como paradoxal e sacrílega? O bom historiador não está, no fundo, incessantemente em contradição com o seu meio?
... e a sociedade dos vivos receava durante todo o dia ser obrigada a ceder o passo à sociedade dos mortos. Era a evidência. Bem entendido, era sempre possível esforçar-se por não a ver, fechar os olhos e recusá-la, mas a evidência tem uma força terrível que acaba sempre por vencer. Qual o meio, por exemplo, de recusar os enterros no dia em que aqueles que amamos têm necessidade de ser enterrados?
Assim como disseram Heráclito, Nietzsche também consideram que tudo é devir. não há ser nem essência permanentes, nem Deus, nem Satanás. a única realidade objectiva é o mundo material e sensível, e o cerne dessa realidade é o devir perpétuo, o eterno retorno, a embriaguez dionisíaca, a vontade de poder.
Apenas de que o auge da capacidade intelectual se dá por volta dos 35 anos, a velhice tem suas compensações. É apenas nesse momento que a experiência e a erudição se tornam de fato ricas: teve-se tempo e oportunidade para considerar e refletir as coisas sob todos os aspectos, comparando-as entre si e descobrindo os seus ponto de contato e membros conectivos; por conseguinte, apenas nesse momento as compreendemos bem em toda a sua concatenação. Tudo foi esclarecido; por isso, conhece-se mais profundamente até mesmo aquilo que já sabíamos na juventude, visto que há muito mais provas para cada conceito. Aquilo que nos anos de juventude só acreditávamos saber, sabe-se de fato na velhice, e muito mais, porque possuímos conhecimentos meditados em todas as direções e, portanto, inteiramente coerentes, enquanto na juventude nosso conhecimento é sempre lacunar e fragmentário. Apenas quem envelhece adquirir uma ideia completa e pertinente da vida, pois tem uma visão geral do seu conjunto e do seu curso natural, e sem especial, porque não a ve como os outros, ou seja, apenas a partir do ponto de entrada, mas tamb[em a partir do ponto de saída, reconhecendo, assim, toda a sua nulidade, enquanto os outros sempre se encontram na ilusão de que o que é realmente bom ainda ocorrerá.
Passa frente às escadarias dos ricos senhores, aos seus átrios suspensos como terraços: se lá puseres os pés será como estares à beira de uma escarpa, e de uma escarpa prestes a ruir. Dirige antes os teus passos na via da sapiência, procura os teus domínios cheios de tranquilidade, mas também de horizontes ilimitados. Tudo quanto entre os homens é tomado como coise eminente, muito embora de valor reduzido e só notável em comparação com as coisas mais rasteiras, mesmo assim só é acessível através de difíceis e duros atalhos. A via que conduz ao cume da dignidade é extremamente árdua; mas se te dispuseres a trepar até estas alturas sobre as quais a fortuna não tem poder, então poderás ver a teus pés tudo quanto a opinião vulgar considera eminentíssimo, e desse ponto em diante o teu caminho será plano até ao supremo bem.
O mundo esta à mudar, mas não como todos querem, pois mesmo que estamos interessados a fazer à diferencia, ela não acontecerá, se não colocarmos-a em pratica e ter a participação de todos independentemente de sua raça, religião, classe social, porque primeiro temos de aceitar a diferença do seu igual.
E como o prazer é o primeiro e inato bem, é igualmente por este motivo que não escolhemos qualquer prazer; antes, pomos de lado muitos prazeres quando, como resultado deles, sofremos maiores pesares; e igualmente preferimos muitas dores aos prazeres quando, depois de longamente havermos suportado as dores, gozamos de prazeres maiores. Por conseguinte, cada um dos prazeres possui por natureza um bem próprio, mas não deve escolher-se cada um deles; do mesmo modo, cada dor é um mal, mas nem sempre se deve evitá-las. Convém, então, valorizar todas as coisas de acordo com a medida e o critério dos benefícios e dos prejuízos, pois que, segundo as ocasiões, o bem nos produz o mal e, em troca, o mal, o bem.
Lembramo-nos melhor dos primeiros anos de vida do que dos subsequentes. Quanto mais vivemos, tanto menos os acontecimentos nos parecem importantes, ou suficientemente significativos para serem depois ruminados; todavia, este é o único meio para fixá-los na memória, caso contrário, serão esquecidos logo que passarem.
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