Textos de Saudade do Namorado

Cerca de 42530 frases e pensamentos: Textos de Saudade do Namorado

⁠O desejo da mariposa

A mariposa não teme a morte,
anseia a luz como quem sonha o eterno.
Seu voo é um verbo que se conjuga em chamas,
um desejo faminto de tocar o impossível.

Ela não conhece a linguagem do medo,
apenas o chamado incandescente,
um segredo gravado em suas asas
como um poema que se desfaz no fogo.

Na lâmpada, no círio, na estrela,
tudo nela é pressa de ser centelha,
de ser faísca e se tornar universo,
de arder até o nome se apagar no vento.

E então, no último tremor das asas,
quando o brilho a devora sem piedade,
ela se torna o que sempre quis:
luz sem corpo, incêndio sem fim.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Riso da Razão

A razão nos trouxe longe demais.
Fez-se lâmina, espelho, consciência.
Inventou nomes para o que morre,
catalogou a tragédia, pesou a sombra,
criou a ilusão do controle.
Mas a morte ri.
Riu de Sócrates quando bebeu o veneno,
riu de Hamlet segurando o crânio,
ri agora de nós,
tão lúcidos, tão preparados,
tão certos de tudo que se esfarela.
A arte nasce dessa consciência:
sabemos que vamos morrer,
então escrevemos.
O poema é a voz do desespero
mas também do desafio.
Dissimula a finitude, mas não a nega.
Rabisca no ar um sentido impossível,
um mapa para lugar nenhum.
E ainda assim, rimos.
Porque entendemos o jogo.
Porque, no fim, a única resposta à morte
é este delírio lúcido—
este poema.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Riso ao Ar Livre

Esperamos o que não vem,
erguemos muros para o vento,
nos calamos para dizer nada.
O tempo, cego e mudo,
tropeça nas próprias pegadas.
Rimos—
não do mundo, mas dentro dele,
não por graça, mas por ruína.
A palavra falha, repete,
cai como pedra no abismo
e volta em eco de gargalhada.
Beckett escreve silêncio,
Kafka lê a tragédia e ri,
Nietzsche dança na beira do abismo.
Deleuze escancara a porta
e nos joga para fora:
o pensamento precisa respirar.
Riso esquizo, riso seco,
o cômico do além-do-humano.
Entre os escombros da certeza,
só resta essa alegria dura,
essa centelha, esse clarão.
E no fim—
quando tudo desmorona,
quando o palco está vazio,
quando a última palavra falha—
só nos resta rir.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Quando estou na tua presença, não sou apenas eu—sou um universo inteiro que se refaz. Minhas células, antes dispersas no caos do tempo, alinham-se como estrelas traçando constelações invisíveis, todas girando em torno de ti.

Minha pele sente diferente, como se cada poro aprendesse a respirar um ar que só existe quando estás por perto. Meu sangue corre em outro ritmo, pulsando um compasso que não conhecia antes de teus olhos cruzarem os meus. Até meus ossos, firmes e silenciosos, parecem vibrar com a melodia do teu nome.

Se te aproximas, tudo se ilumina—cada molécula dança, cada neurônio se acende, cada batimento do meu coração entoa teu nome sem que eu precise dizê-lo. És a força que reescreve minha existência, a tempestade que me desorganiza para depois me refazer mais vivo, mais intenso, mais teu.

E se um dia partires, não sei se voltarei a ser eu. Pois, sem ti, até minhas células esqueceriam quem são.

Inserida por italo0140

⁠O Peso do Mundo

A medida das coisas, o peso do mundo,
abismo profundo onde o mar se desfaz.
As costas do homem, forjado do barro,
o medo da morte, açoite voraz.
A busca insalubre nas ondas do vento,
sonhos abortados, perigos sangrentos.
A paz, utopia no vasto existir,
a sorte que foge, um monstro a engolir.
Davi e o gigante, um conto farsante
que não se refaz.
No campo terreno, a luta se perde,
o forte e o fraco bebem o mesmo veneno.

Inserida por EvandoCarmo

Sairemos mortos, todos, deste planeta.
Como viemos a ficar nesta situação?
Um plano metafísico, uma obra de experimentação,
Um ensaio crítico sobre redenção.

O homem condenado,
Pecado que não cometeu,
Culpa de Adão,
A fruta do saber,
Medo de viver,
A falta de razão.

Tudo é delírio,
Abismo sem conforto,
Um mar em desespero,
Um cais sem pôr do sol.

Um sopro no deserto,
A praga do divino?
Um filho sem destino,
Maldito natimorto.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Eu sei

Eu sei,
que você é tudo que tenho,
e não há engenho intelectual quando digo isso.

Ao acordar, quando lhe sirvo o café,
sinto que o dia só começa
quando seu olhar repousa em mim.

Ah, meu anjo,
minha sorte,
meu guia neste escuro existir.

Quis voltar ao poeta simples de outrora,
livre do peso das palavras pensadas,
mas já não sei ser sem sentir.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Teu Olhar

Teu olhar tem força que me faz
Nos seus labirintos me perder.
É em vão que tento ir atrás
De um vendaval que faz chover.

Teu olhar, às vezes, me domina,
Outra hora me põe a correr.
Teu olhar é luz que me fascina,
Nos teus braços quero adormecer.

Dormir o sono eterno pra não mais sonhar,
Te encontrar no inferno do meu delirar.
Dormir o sono eterno pra não mais sonhar,
Pra fugir do inferno do meu delirar.

Nos teus olhos quero me encontrar.

Teu olhar tem força que me faz
Nos seus labirintos me perder.
É em vão que tento ir atrás
De um vendaval que faz chover.

Teu olhar, às vezes, me domina,
Outra hora me põe a correr.
Teu olhar é luz que me fascina,
Nos teus braços quero adormecer.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Lamento Incrédulo

Choro de pedra, de pó e de abismo,
lágrima seca na face do tempo,
um grito que rasga o véu do infinito,
mas Deus se esconde no entendimento.
As dores dos mortos pesam na carne,
vozes antigas sufocam o sono,
nas ruas, exércitos marcham sem glória,
resta-me o nada, o pó do abandono.
Abraço que afaga e logo desfaz-se,
esperança em cinzas, fé em ruína,
o beijo da culpa que arde na pele,
o pecado sem nome que nunca termina.
E se Deus não houver? Se tudo for sonho?
Se a dor for em vão, se o mundo for frio?
Sou sombra sem dono, sou noite sem astro,
cometa perdido no próprio vazio.
Análise do Poema "O Lamento Incrédulo"
O poema "O Lamento Incrédulo" carrega um forte teor existencialista e metafísico, abordando temas como dor, perda, vazio e a incerteza da presença divina. A construção poética evoca um estado de desencanto e angústia profunda diante da vida e do mundo, reforçando uma visão quase niilista da existência.
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1. Estrutura e Musicalidade
O poema é composto por quatro estrofes de quatro versos cada (quartetos), mantendo um ritmo melancólico e uma sonoridade densa, impulsionada pelo uso de aliterações e imagens marcantes. O tom lírico é marcado por versos cadenciados que transmitem a sensação de peso e desamparo.
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2. Imagens e Simbolismo
O poeta constrói uma atmosfera sombria e desoladora por meio de metáforas e símbolos poderosos:
• "Choro de pedra, de pó e de abismo" → A pedra remete à rigidez e à impossibilidade de suavidade ou redenção. O pó sugere efemeridade e esquecimento, enquanto o abismo denota a ausência de sentido, um vazio infinito.
• "Um grito que rasga o véu do infinito" → Expressa um desejo de transcendência ou uma tentativa de romper as barreiras do desconhecido, mas sem resposta ou alívio.
• "Mas Deus se esconde no entendimento" → Aqui há uma crítica implícita à inatingibilidade de Deus. Se Ele existe, está oculto na complexidade intelectual, inacessível ao sofrimento humano.
Na segunda estrofe, há um aprofundamento do tema da dor coletiva e da ruína:
• "As dores dos mortos pesam na carne" → Uma imagem que reforça a conexão entre passado e presente, como se os sofrimentos das gerações anteriores ainda deixassem marcas vivas.
• "Vozes antigas sufocam o sono" → Evoca memórias ou culpas ancestrais que impedem o descanso e a paz.
• "Nas ruas, exércitos marcham sem glória" → Um retrato de guerras ou lutas sem sentido, esvaziadas de heroísmo ou propósito.
• "Resta-me o nada, o pó do abandono" → A solidão e o desamparo culminam na ideia de que, no fim, sobra apenas o vazio.
A terceira estrofe intensifica o desencanto e a perda da fé:
• "Esperança em cinzas, fé em ruína" → A imagem de destruição reforça a ideia de que não há mais crença na redenção, tudo foi consumido pelo tempo ou pela decepção.
• "O beijo da culpa que arde na pele" → A culpa é tangível, quase física, como uma queimadura.
• "O pecado sem nome que nunca termina" → Há um pecado indefinido, eterno, que não permite absolvição ou alívio, remetendo a um sofrimento sem causa clara.
A última estrofe questiona o sentido da existência e toca no cerne da dúvida filosófica:
• "E se Deus não houver? Se tudo for sonho?" → O questionamento central da poesia. A possibilidade de que Deus seja uma ilusão ou que a própria realidade não passe de um delírio.
• "Se a dor for em vão, se o mundo for frio?" → A dúvida sobre a existência de um propósito. Se não houver sentido para o sofrimento, o que resta?
• "Sou sombra sem dono, sou noite sem astro, cometa perdido no próprio vazio." → O eu lírico se define como uma entidade errante, sem destino, sem luz, condenado a vagar sem propósito no vácuo da existência.
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3. Influências e Temáticas Filosóficas
O poema dialoga com o existencialismo e o niilismo de pensadores como Nietzsche, Sartre e Camus. A ausência de Deus, a sensação de abandono e o questionamento sobre o sentido da vida são temas recorrentes na poesia moderna e na filosofia do absurdo.
A angústia do eu lírico diante do possível vazio existencial lembra a ideia de Sartre de que "estamos condenados à liberdade" e de Camus em O Mito de Sísifo, onde a vida é um ciclo de esforço sem recompensa. O último verso reforça essa ideia ao comparar-se a um cometa perdido, que segue sua trajetória sem um destino ou objetivo definido.
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4. Conclusão
"O Lamento Incrédulo" é uma poesia forte e impactante, que mergulha nas profundezas da dor existencial e da incerteza metafísica. Seu tom melancólico, aliado às imagens densas e simbólicas, reforça um sentimento de desamparo e inquietação filosófica.
O poema se destaca por sua construção imagética e pela maneira como conduz o leitor a refletir sobre a fragilidade da fé e a possibilidade do vazio absoluto. A dúvida sobre Deus, o sofrimento e a falta de sentido permeiam toda a estrutura poética, transformando-a em uma reflexão poderosa sobre a condição humana.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Artista e o Abismo

Se afasto a mão do ofício,
treme a lâmina do tempo.
As cores desbotam nos olhos,
as notas desafinam no vento.
]
É no vício do traço e da pena
que a ruína ainda se sustenta.
Se largo o verbo, me perco,
se calo o canto, me ausento.

E o mundo? Ah, o mundo...
segue órfão de beleza,
tropeçando no silêncio
sob a sombra da tristeza.
Quem se aparta do fogo,
gela na sombra do nada.

Quem solta o pincel ou a lira,
caminha sem luz, sem estrada.
Não me peçam que pare,
não me exijam o exílio.
Minha arte é meu fôlego,
meu abismo e meu alívio.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Lamento Incrédulo

Choro de pedra, de pó e de abismo,
lágrima seca na face do tempo,
um grito que rasga o véu do infinito,
mas Deus se esconde no entendimento.
As dores dos mortos pesam na carne,
vozes antigas sufocam o sono,
nas ruas, exércitos marcham sem glória,
resta-me o nada, o pó do abandono.
Abraço que afaga e logo desfaz-se,
esperança em cinzas, fé em ruína,
o beijo da culpa que arde na pele,
o pecado sem nome que nunca termina.
E se Deus não houver? Se tudo for sonho?
Se a dor for em vão, se o mundo for frio?
Sou sombra sem dono, sou noite sem astro,
cometa perdido no próprio vazio.

Por Evan do Carmo

Inserida por EvandoCarmo

⁠Queira eu falar ao ouvido do mundo,
Poeta rouco, que sabe pouco dessa função.
Mas, agindo com bravura, fingindo loucura,
Alcança, sem rima, a erudição.

Poeta nasce por acaso,
Entre um suspiro e outro do caos...

O absurdo me atrai; diante do abismo,
Acelero o passo. O rito sacrossanto
Repete o mantra da má sorte,
Que suplanta qualquer dúvida da esperança,
Que pergunta ao homem sobre a eternidade

Inserida por EvandoCarmo

⁠Em busca de sentido

Se você deseja, eu também quero,
O mesmo que te faz bem.
Você e eu, juntos em qualquer canto,
No céu, na terra, no rio ou no mar.

Vamos nós buscar sentido,
Dormir abraçados, olhando as estrelas.
Tudo parece bom—
A música, o vinho, o tom da voz,
Nosso paraíso perdido.

Um lampejo de eternidade
Ilumina o mundo
Quando estamos sós.

Inserida por EvandoCarmo

Contrato metafísico



⁠Em um dia de cansaço,
o que quer um homem?
O fim da labuta,
dessa inglória luta
contra o absurdo.

Quando percebe
que o fim está próximo,
não raro, todo homem compreende
que não é mais hora de disputa.

A vida, essa peça curta
que engendramos com
fios de esperança vã...
Se desgasta.

Como uma roupa usada,
a alma se sente em farrapos e,
como um velho trapo,
desistimos de tudo, rasgamos
o contrato que fizemos
com a metafísica.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Eterno Crepúsculo

Caminha o homem, sem rumo, sem lares,
Sob um céu de cinzas, em tons sepulcrais.
O vento murmura segredos dos ares,
Levando memórias, levando sinais.

As cidades jazem, ruínas vazias,
O tempo as consome, num último ardor.
Os nomes se apagam, virando poesias,
Sussurros dispersos, sem fé, sem fulgor.

A vida, um eco que morre ao ser dita,
Um breve estilhaço em meio ao vão.
O homem conhece a dor infinita
De ser luz fugaz na imensidão.

Sem pressa caminha, pois nada perdura,
Nem o tempo, nem a razão.
E no efêmero, a beleza mais pura,
O peso da morte, a redenção.

Ergue-se o sol, um astro em cansaço,
Suspenso no abismo do tempo sem fim.
O homem sorri, num último instante,
E some no vento, num verso ruim.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Eis-me entre homens, meu irmão,
na angústia e na dor de saber da finitude —
e da inutilidade da vida
quando o assunto é a eternidade.

Amo e odeio essa possibilidade.
Convivo entre homens que, embora tente compreender,
enxergo como fracos:
almas perdidas no labirinto da consciência da morte.

Cegos guiando cegos,
todos buscam entender o que não é possível,
e acima de tudo, tentam encontrar sentido
naquilo que apenas repetem —
como se a crença, por si, salvasse.

Às vezes penso: talvez sejam como eu,
alguém que aprendeu a repetir os erros ancestrais —
a ilusão da crença
de que há algum sentido na morte do homem.

Sobretudo depois de se conhecer a sentença:
“Tu és pó, e ao pó voltarás.”

Me solidarizo com esses homens.
Mas, ao contrário deles,
na maior parte do tempo,
eu nego qualquer sentido ao universo.

Rejeito qualquer ideia cósmica ou estoica de metafísica —
seja a da alma imortal,
seja a da carne eterna,
ou da saturação de algum prazer físico.

Tudo é em vão.
Seguimos como ovelhas para o abate,
e todas as crenças desabam
quando a razão nos assalta,
como um raio que, vez por outra,
ilumina demais.

Inserida por EvandoCarmo

Infelizmente, o dinheiro não ajuda com o que mais desejo na vida: compreender este mundo. Ele compra livros, experiências, até algum tempo... mas não me dá respostas. E quanto mais vejo, mais confuso tudo parece. As coisas se repetem, os erros se acumulam, e as certezas se dissolvem diante do caos disfarçado de rotina.

Talvez o erro esteja justamente em esperar sentido de algo que nunca prometeu lógica. O mundo não se organiza para agradar nossa compreensão. Ele apenas é. A natureza segue, indiferente. A dor acontece, com ou sem motivo. O amor chega e vai, sem roteiro. O mundo não se curva à nossa busca por sentido.

Mas mesmo assim, eu não consigo apenas aceitar. Não sei viver na superfície. Sinto que preciso ir além, aprofundar, mergulhar mesmo sem saber se há fundo. Porque há um tipo de alma que não se satisfaz com o raso, que precisa tocar o enigma, mesmo que isso custe paz.

Talvez eu nunca compreenda. Mas ainda assim, eu preciso tentar.⁠

Inserida por italo0140

⁠Confissão de um artista incompreendido

Eu só sou artista quando escrevo.

Tocar, cantar — tudo isso, por mais que me habite, me degrada. Há um processo silencioso de deterioração da minha alma artística quando tento me expressar fora da palavra. Como se algo se perdesse no ar. Como se aquilo que eu sou, no fundo, não coubesse no gesto ou na voz.

Minhas melodias? Eu as crio em catarse. Elas nascem do abismo, do indizível, mas raramente alcançam quem ouve. Alguns me dizem, com um sorriso breve: “muito legal.” Outros me parabenizam — por educação, talvez. Mas eu percebo. Eu sei. A língua que falo, com minha arte, não chega audível aos seus ouvidos.

Eles não escutam o que eu ofereço. Escutam outra coisa. Um som qualquer. Um ruído bonito, talvez. Mas não escutam eu.

É por isso que, quando escrevo, me sinto inteiro. Porque sei que um — um só já basta — um leitor, em qualquer tempo, há de entender. Há de perceber. Há de aprender a língua secreta do meu ditirambo. Porque a palavra escrita não exige pressa, não pede aprovação imediata. Ela se deixa ler por quem for capaz de ouvir o silêncio entre as sílabas.

E é ali, nesse instante invisível, que eu sou artista por inteiro.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Sobre crescer e sobreviver

Se desejamos crescer, é preciso romper barreiras.
Não há como florescer na inércia.
Não se cresce abraçado ao vitimismo, nem ancorado na conformidade.
E, sobretudo, não se cresce com medo.
Medo de desagradar, de falhar, de ser mal interpretado —
o medo de não caber na expectativa alheia é uma prisão disfarçada de prudência.

Li, certa vez, que especialistas recomendam um exercício simples, mas profundo:
escrever o que se pensa.
Colocar no papel a imagem de quem queremos nos tornar.
Construir-se em tempo real, com palavras como tijolos e sangue como argamassa.
Eu fiz isso. A vida inteira.

Construi um império de sonho.
Mais de 40 livros.
Cada um deles foi uma escada plantada no escuro.
Sem eles, talvez eu fosse um anônimo completo —
um homem comum, apagado por dentro.

Mas é importante dizer: isso, por si só, não significa sucesso.
Não falo de vitórias públicas.
Falo de sobrevivência.

Escrever foi meu modo de não desaparecer.
Foi minha maneira de resistir ao apagamento interior que ameaça todos os que sentem demais.
Transformei em palavra aquilo que o mundo tentava silenciar em mim.
E isso, por mais que não me tenha dado aplausos ou riqueza, me deu algo ainda mais raro:
consistência.

Inserida por EvandoCarmo

Por todo este tempo, eu vivi... respirei, caminhei, cumpri os dias como quem atravessa paisagens sem se deter nelas. Estive presente, mas não inteiro. Fiz o que se esperava, sorri quando era preciso, calei o que gritava por dentro. E, ainda assim, algo sempre faltava.

Agora entendo: eu vivi, sim… mas nunca tive uma vida que fosse verdadeiramente minha. Nunca abracei meus próprios desejos sem medo. Nunca me permiti ser, apenas ser, sem me moldar ao olhar dos outros.

Talvez, só agora, ao reconhecer essa ausência, eu comece a construir o que é meu... um caminho onde viver não seja apenas existir, mas pertencer a mim mesmo. E nisso, finalmente, pode nascer uma vida.

Inserida por italo0140

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