Textos de Rita Lee
Refúgio
E quando a noite vem,
tudo fica mais latente.
No vagar das horas insones,
pensamento tem destino permanente.
Encontro a paz perene
nas lembranças indeléveis.
Almejando voltar no tempo,
e fazer tudo diferente.
Só a alma voa longe...
Te buscando em outro espaço
Neste sonho adormeço,
abrigando os meus cansaços.
Meu céu
As palavras de nada servem para traduzir sentimentos
Nem mesmos os sentidos são eficazes, constantemente
Chegam mais perto, um olhar , um toque,
tantos sentires
Mas ditar o que vai na alma, é efluir.
Hoje não vou me apegar nas palavras do sentir
deixa-as soltas no espaço-tempo do pensamento
Apenas permito você ficar
No meu silêncio.
Aconchegado no lugar reservado a ti
De onde ninguém,
nem mesmo você, pode tirar de mim...
Perdão
mas não o deixo partir
pois você é o 'meu céu'
Aqui!
Correnteza
Ainda não estou pronta para ser dreno
Ainda posso alcançar a outra margem
Deixei para traz muitas paragens,
tantas paisagens...
Prossigo o meu curso sem alarde.
Deságuo em tantos lugares
Posso ser foz
Posso ser lago
Posso ser riacho
E levo comigo tantos cenários...
Contornando os obstáculos
Enfrentando meus percalços
Seguindo em frente...
Sou remanso
Sou intensidade
Sou profundidade
Até alcançar o meu Mar !
Transbordamento
Transbordo inteira
quando você chega
desprendendo palavras cálidas
que gotejam pela pele
me fazendo ensandecer.
Transbordo inteira
na ânsia do seu querer
atiçando os meus sentidos
deixando úmida a carne
despertando o meu viver.
Transbordo inteira
quando fecho a pauta do dia
e uma lágrima retida
não tem espaço para correr.
Raio X
Minha contemplação tem seu nome
Na fresta da luz que me desperta
a obra Divina em mim realiza
a vontade de viver.
Meu silêncio tem seu nome
O lugar onde respiro macio
e encontro repouso a paz
para todos meus desvarios.
Minha respiração tem seu nome
onde cada partícula do meu ser vibra,
na frequência da tua vida na minha.
Friagem
Vim te buscar nas lembranças que ainda restam
Uma friagem alardeava a manhã sombria
e o vazio precisava de abrigo.
Revi fotografias, reli conversas
palavras tão calorosamente ditas...
Numa suave despedida.
O frio passou...
Abriguei todos os resquícios de nós dois
nos "meus porões",
na gaveta onde guardo as memórias mais queridas.
Só volto lá;
se a saudade me chamar
Outro dia!
“Vi flores nascerem em pedras
quando não mais descia a rua,
levitando na sombra das nuvens,
muito tempo após
rodopiar entre borboletas.
Outra vez me vejo atenta…
sinto cheiro de terra molhada,
ouço a melodia da chuva
quando de encontro
ao parapeito e à janela.
Medito… no transparente voal,
fronteira insegura dos sentidos,
que frágil, balançando na brisa,
revela ao meu olhar o horizonte…”
O homem que se dispõe as ser como um rio flui com tranquilidade.
Contorna obstáculos, despenca sem medo em cachoeiras, segue mar a dentro para imensa vastidão a ser contemplada pelos outros homens que se dispõe a ser poças e lagoas...
Seja como um rio para fluir com calma e força, com ousadia e serenidade..
Crônica off/on
Acordei decidida, hoje começaria uma prova de abstinência social, deixar tudo no vácuo, no silêncio desaparecer por dias, semanas, meses se possível. Desconectar todas as redes sociais do celular, e abandonar a vida virtual sem previsão de retorno. Pensava em fazer faxina nos armários, ler todos os livros iniciados, e comprar mais alguns, faria caminhadas longas sem pressa, usaria meus dias e noites exclusivamente para atividades práticas, concretas e realizáveis muito longe de teclados e touchs... minha rotina ficaria mais movimentada.
Oh! Doce e curta ilusão! Ninguém inserido nesse mundo virtual consegue viver depois de ter aplicativos de banco, de transporte, de notícias, contas sincronizadas de e-mail, negócios on-line, clientes via rede social, e toda a parafernália que carregamos em pequenos ícones que brilham na telinha realizando nossos desejos e facilitando nossa vida, ou seja, a vida on-line já virou necessidade, mais que um vício. Seja como for abster-se é sentir-se em outro mundo, num universo paralelo onde existe tantas atividades boas, urgentes, úteis e acima de tudo: vida! E para desfrutar dessa vida antiga empoeirada e saudosa é preciso desconectar geral, desligar o Wi-Fi, os dados móveis e até se for o caso comprar um celular daqueles de tecladinho sem nenhum recurso além de realizar e receber chamadas. Quem ousa hoje romper essa relação de amor e ódio com o mundo das comunicações sem barreiras? É preciso nunca a ter conhecido, para que não se precise abandonar...Tentei, tentarei, e acho que só vou tirar "férias" quando meu destino for o campo, o longínquo e amado campo onde não há sinal..lá deixarei de dar sinal de que vivo (on-line) e viverei!! em off...
PESSOAS
Pessoas, eu as tiro da minha vida, em questão de segundos, num piscar de olhos, num estalar de dedos, num súbito sacudir de ombros. Eu as tiro como quem tira o que lhe incomoda ou o que não lhe faz bem ou não lhe satisfaz. Tiro-as, rapidamente como um delirar espontâneo, uma brisa passageira ou um temporal de verão.
Pessoas, eu as deixo na minha vida, em questão de milésimo de segundo. Deixo-as quando valem apena. Quando demonstram gratidão, respeito e emoção. Eu as deixo quando o meu peito sorri, a alma agradece e o momento se torna inesquecível. Quando a sua chegada, é como o sol que aponta nos braços do horizonte. É quando o céu inteiro sorri, mesmo quando não há um astro se quer visível. É quando o mar deslisa na areia e beija os pés de quem passa por ele.
Tudo depende das circunstâncias, dos acasos, das limitações, das ilimitações, dos trajetos. Tudo depende de uma série de interferências ou não.
Pessoas, são dádivas. Por isto, preservo, cuido, aconchego, alimento, embalo, abraço, como se fossem um tesouro muito valioso. Portanto, ao se aproximar, olhe, observe, pense, analise, fique atento. Não iluda e nem deixe o descaso entrar. Seja simplesmente mágico, como a vida.
Recebemos da vida aquilo que somos, aquilo que damos, aquilo que preservamos e aquilo que nos importamos. Se quisermos receber, temos que dar, doar e se empenhar o melhor que podemos ser. A vida é um espelho, o seu reflexo é o que emitimos.
A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE SOBRE O INDIVÍDUO
Embora a sociedade tenha uma grande influência sobre o pensamento e o comportamento do ser humano, a consciência sobre os fatos do “certo ou do errado” ainda nos mostra o quanto estamos cientes de toda a situação. O indivíduo que se deixa levar por influências, está dando margens para que toda sua vida seja controlada e dirigida por outras pessoas e não por ele.
Thiago de Mello, Doutor em Ciências Sociais diz que: a visão dicotômica entre indivíduo e sociedade surgiu em um crescente processo de industrialização no início do século XVIII em diante e levou a surgimento de sérios problemas sociais. Essas transformações aconteceram pela transição de um ambiente rural, para um ambiente urbano e industrializado.
Estamos vivendo um período em que a maioria dos indivíduos estão sendo arrastados por uma onda gigantesca e não conseguimos ainda digerir toda essa situação. A mente humana está enfraquecida e não estamos conseguindo elevar a nossa consciência. A era das máquinas está no auge e no controle da nossa vida. Não conseguimos mais sobreviver sem que não nos apoiemos em alguém ou em alguma coisa. Viramos indivíduos deficientes. Usamos uma bengala invisível e nem nos demos conta ainda da situação.
O universo tenta nos ensinar a lição de casa todos os dias, porém, estamos alheios aos acontecimentos. Com isto, seremos uma civilização extinta do planeta sem ao menos deixarmos nenhum vestígio. Apenas a destruição do próprio ser humano e do planeta.
Escrever é uma Profissão
Minha mãe sempre me pergunta:
- Quando vais terminar de escrever?
- Nunca. Respondo
A escrita fez de mim morada. Se eu não conseguir colocar para fora, morrerei. Escrevo porque preciso. Escrevo porque é o meu alimento. Escrevo porque tenho necessidades urgentes. Escrevo porque ser escritor também é uma profissão.
Outras pessoas me perguntam também:
- Não estás aposentada?
- Sim. Respondo. Mas, tenho o outro trabalho que é o de escrever.
Mesmo que muitas pessoas não levem a sério a escrita, eu considero um trabalho. O meu trabalho. A minha profissão. O meu refúgio. A minha casa. A minha fuga. O meu remédio. A minha cura. É nas entrelinhas que coloco pra fora todas as minhas angústias, meus medos, minhas loucuras e meus devaneios e as minhas necessidades.
Mesmo que eu não tenha que cumprir horários como uma empresa. Mesmo que eu esteja em casa. Não tenho hora para escrever. É como se eu estivesse de plantão 24 horas por dia. Quando a inspiração vem tenho que estar preparada para recebê-la. Então, ser escritor é uma profissão sim e não adianta dizer o contrário.
Agradeço a Deus todos os dias pelo presente que ele me deu. Se a escrita não existisse na minha vida eu estaria morta. Então, vivo porque para eu poder existir preciso urgentemente escrever.
Nossa Missão
Enquanto vamos criando expectativas, deixamos de lado a nossa guerra contra os malefícios. Estamos sempre na correria e não percebemos que a nossa vida depende apenas da nossa luta. Que andar de mãos dadas com a nossa ilusão nada colheremos de concreto. Que a vida não espera para que cruzamos a esquina e corremos para encontrar os sonhos imaginados. Tentar entender o processo todo não está no nosso dicionário, mas na nossa missão.
Nossas Fases
Somos fases. Cada qual com seu alinhamento. Suas inconstantes. Seus reflexos. Iluminamos quando encaramos nosso sol interno e refletimos além da nossa intensidade. Só assim conseguimos observar nosso planeta. Criamos nosso momento enquanto crescemos ou precisamos nos encolher. São as fases da vida. Todas com o seu momento sanfona.
Quando renovamos passamos a ser invisíveis aos olhos observadores. Enquanto estamos no nosso momento de transição, continuamos o nosso movimento em torno de nosso planeta. Quando estamos plenos conseguimos nos ver por completo. Nosso momento se torna intenso e quando alinhadas, acontecem os eclipses.
Quando minguamos nos tornamos intermediários. Diminuímos gradativamente e nem por isto deixamos de lado nosso lado apogeu.
Nossos movimentos se transformam e se alinham em torno do nosso próprio eixo.
Desfolhar-se
É preciso desfolhar-se. Deixar que o vento leve para bem longe todas as folhas, ficando apenas os galhos. É preciso outonar para depois do rigoroso inverno as primeiras folhas primaveris comecem a brotar. Assim como elas caem silenciosamente, retornam mais fortes e vibrantes. É preciso aceitar os processos naturais para que a magia aconteça sem fazer alardes.
A Cor do Oceano
Quando essa cor do oceano crava nas minhas pupilas amendoadas, o luar que habita em mim, faz de minha morada uma luminosidade difusa. Uma brisa suave passa por mim, mas em seguida vira tempestade. Da tempestade, furacão. É como se a vastidão do mar estivesse dentro desse olhar profundo e cheio de intensões.
A Felicidade
A felicidade está no jeito simples de se viver. No riso torto, mas que consegue dizer tudo. Na primavera com sua elegância. Na simplicidade das flores coloridas e perfumadas. No abraço de alguém que gostamos. Naquela saudade apertada, mas que não machuca.
O tempo passa rápido e se não aproveitarmos aquilo que ela nos oferece, deixamos a felicidade ir embora. E nesses caminhos traçados, a felicidade não para. Ela segue sem olhar para trás. Estamos sempre buscando e não percebemos que ela está do nosso lado diariamente.
Promessas Vazias
Preciso entrar nesse teu mundo de cabeça para tentar entender o que realmente está se passando. Nada até agora foi esclarecido. Tudo teve um significado sem muita importância. Uma onda que começou turbulenta e foi se desfazendo naturalmente. Por assim ser, nada ficou definido. Nada. Foi uma sucessão de palavras ao vento. Apenas palavras e nada mais. Não teve uma ação qualquer que levasse adiante essas promessas vazias. Só o tempo poderá me dar as respostas que espero. Só o tempo. Ninguém mais.
Sinal do Universo
Pedi ao Universo um sinal. Apenas um sinal. Um só. Mesmo que fosse fraquinho. Pequeno. Nebuloso. Um resquício de poeira. Seria apenas um único sinal, mas o único emitido foi o silêncio. Um silêncio sepulcral. Como se a morte tivesse passado e levado para o submundo todas as palavras. Foi tão intenso e tão triste, que senti como se um raio tivesse atravessado o meu peito e rasgado a minha única esperança. A única saída foi me encolher.
Abracei a saudade tão apertado, tão apertado, que quase sufoquei-a. Caminhamos em direção ao nada e percebi a esperança me esperando do outro lado da ponte. Atravessei-a calmamente sem tirar os olhos dela. Ao nos encontrarmos, nos abraçamos e percebi que tínhamos muita coisa em comum. Ela pegou na minha mão e seguimos caladas sem pretensão de chegar em algum lugar. Queríamos sentir apenas o frescor do vento daquela manhã de fim de verão.
Durante nossa caminhada silenciosa entendi que a esperança vem do substantivo “esperar”. Esperar o tempo certo. Esperar que as coisas se alinhem. Esperar que dará tudo certo. Esperar que a conexão se encaixe e se torne uma só. Esperar que a vida se encarregue de fazer acontecer no momento que tiver que acontecer.
Sonhos
Estamos sempre caminhando na direção que achamos ser a correta. Quando nos deparamos com alguma situação inusitada nos apavoramos. Isto acontece porque vivemos com a ideia de que encontraremos lá na frente aquilo que sonhávamos. Que nosso sonho estaria logo ali. Caminhamos, caminhamos, caminhamos e chega um determinado momento em que nos vemos sem saída. Vemo-nos numa encruzilhada. Que aqueles sonhos que achávamos que poríamos a mão, não existe. Sonhos são o nosso hoje. O nosso caminhar. O nosso momento. Sonhos são momentos vividos intensamente no presente e não no futuro.
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