Textos de Gabriel Chalita

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BATALHA CONTRA AS DROGAS

No filme O invasor (Brasil, 2001), o jovem diretor Beto Brant constrói, graças à sua sensibilidade aguçada, uma história densa, impactante, repleta de crimes e castigos. Na tela, nuances dostoievskianas explodem em arrependimentos, culpas, assassinatos, ausência de escrúpulos, síndromes de perseguição. A cidade de São Paulo, com sua atmosfera concreta e complexa, é o cenário perfeito para o drama urbano dirigido por Brant, que trafega com destreza por temas áridos como ambição, corrupção, marginalidade e drogas. A escolha do elenco é, ainda, outro elemento que tornou a narrativa bem sucedida, crível, próxima do real. Muito já se falou sobre a premiada atuação de Paulo Miklos, que interpreta o "invasor" perverso, perfeito em sua caracterização. Mas há que se observar, também, a performance convincente da atriz Mariana Ximenes. É ela quem dá vida à adolescente Marina, que sofre a perda abrupta dos pais e, no transcorrer da trama, experimenta uma incursão vertiginosa pelo mundo das drogas. O resultado não poderia mesmo ser outro: uma série de atitudes irresponsáveis que a conduzem a uma vida desregrada, perigosa, sempre por um fio. Com seu visual diferente e sua postura transgressora, a personagem expõe muito da rebeldia e da impetuosidade juvenil. Seu perfil contribui para que ela se deixe envolver, mesmo sem se dar conta, com o criminoso interpretado por Miklos, que é, entre outras coisas desabonadoras, o assassino dos pais de Marina. Fora da ficção, entretanto, as drogas é que parecem ser, cada vez mais, as verdadeiras "invasoras" que se infiltram na vida de milhares de pessoas. Muitas delas, ressalte-se, são jovens que, como a personagem de Brant, passam a viver no submundo da criminalidade e da violência, destruindo suas existências promissoras com voracidade. É dever da sociedade atentar para esse modo "invasivo" com que as drogas lícitas e ilícitas seduzem um número cada vez maior de adolescentes. Um modo que arrebata sua energia, sua vitalidade, seus sonhos. Cabe às instituições sociais - família, escola, empresas, associações e ONG's - unirem esforços no sentido de pôr a baixo esse verdadeiro império que se sustenta pela dependência química, pelo crime organizado e pela degradação de valores essenciais à vida em sociedade. Nesse contexto, pensando numa forma de expandir a prevenção e as informações relativas às drogas, o governador Geraldo Alckmin, por meio da Secretaria de Estado da Educação, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, lançou, este mês, o programa Tá na roda: uma conversa sobre drogas, que irá beneficiar cerca de um milhão de alunos da rede estadual de ensino. A proposta do programa é ampliar as ações e reflexões relativas ao tema entre educadores e educandos. Todas as 89 Diretorias de Ensino do Estado vão participar do projeto, com início agendado para março. Mais uma vez, ficção e realidade irão se mesclar, na medida em que, nesta primeira etapa, o programa tem, dentre seus instrumentos de aplicabilidade, mil kits contendo livros, CD ROM e vídeos, que trazem - além de depoimentos, entrevistas e orientações do psiquiatra Jairo Bauer - trechos de capítulos levados ao ar na telenovela O Clone. Escrita por Glória Perez, a história comoveu todo o Brasil abordando a temática das drogas com realismo e contundência. A capacitação dos educadores será realizada, inicialmente, para 356 profissionais de todas as Diretorias de Ensino que, regionalmente, trabalharão com diretores e professores de suas escolas. Um site para o projeto também será criado, facilitando a pesquisa e a consulta sobre o assunto. Os professores envolvidos serão capacitados através de aulas presenciais e a distância, ampliando o rol de acesso dos educadores às informações e conteúdos didáticos indispensáveis às atividades em classe. É nosso dever compor o roteiro que tornará possível ampliar as ações de educação preventiva contra as drogas, que já vêm sendo desenvolvidas em todas as escolas da rede, por intermédio do Programa Prevenção também se ensina, criado em 1.996, com o objetivo de instrumentalizar os educadores de Ensino Fundamental e Ensino Médio a trabalhar a prevenção ao uso de drogas e às doenças sexualmente transmissíveis com a comunidade escolar. Essas iniciativas, a nosso ver, fortalecem o conceito de uma escola democrática, dinâmica, que impulsiona debates e reflexões a respeito de temas relevantes. Uma escola que, diferentemente das obras de ficção, do cinema e da TV, esteja livre de "invasores" do mal, personagens cruéis e vilões de qualquer espécie. Até porque escola é centro de luz e, como tal, deve propagar felicidade, harmonia, paz, prosperidade. É esse o nosso compromisso. É esse o final feliz que desejamos ajudar a escrever para os seis milhões de alunos da rede e também para as suas famílias.


Publicado no Diário de S. Paulo

Inserida por fraseschalita

[...]parece-me que não é possível não ter medo da morte. Por mais intensa e significativa que seja a nossa fé, por maior que seja nossa intimidade com Deus, esse mistério incomoda profundamente. Por que não nos foi revelado em momento algum o que viria depois? Não seria menos doloroso? Não viveríamos com mais serenidade? Porque essa espera?

A história de Damon e Pítias revela que a amizade agrega em seu bojo uma série de valores, sentimentos e ações de natureza nobre, como altruísmo, solidariedade, ética, confiança mútua, tolerância, respeito, coragem, amor, afeto e dedicação extremada. Sem essas virtudes, a amizade simplesmente deixa de existir.

Inserida por EmOutrasPalavras

Quem não tem amigos abre espaço para uma existência vazia que, freqüentemente, pode levar a estados psicológicos negativos, como a depressão, a angústia, a ansiedade e a tristeza originadas da solidão extremada. Estados que são conseqüência de almas que se vêem relegadas ao desespero de uma vida pautada por valores construídos sobre alicerces impróprios para sustentar as edificações da felicidade.

Inserida por EmOutrasPalavras

Em pleno século XXI, milhões de pessoas (...) têm sua vida interior comprometida. São vítimas da incompreensão, da intolerância generalizada e das dificuldades de relacionamento que, paradoxalmente, caracterizam a assim chamada Era da Informação e do Conhecimento. As pessoas se escondem, se refugiam em lares semelhantes a uma prisão, erguem grades que as separam dos vizinhos mais próximos, vivem amedrontadas pela violência, pela superficialidade das relações, pela ausência de ética e pelo excesso de egoísmo, de mentiras e ambições que ainda configuram as estratégias do jogo social.

Gabriel Chalita
in Pedagogia do Amor
Inserida por EmOutrasPalavras