Texto Sobre Silêncio
O Silêncio que Fala
Há um silêncio que não é ausência, mas presença.
Ele não grita, não exige, não se impõe.
Apenas está — como o vento que passa e deixa o cheiro da terra molhada.
Nesse silêncio mora Deus.
Não o Deus das fórmulas, dos dogmas, das vestes pesadas.
Mas o Deus que sussurra no coração inquieto,
que se revela na lágrima que cai sem explicação,
e na esperança que insiste em nascer mesmo em solo árido.
A vida não é feita de respostas prontas.
Ela é feita de perguntas que nos moldam,
de encontros que nos desconstroem,
de fé que não cabe em palavras,
mas pulsa em gestos, em olhares, em escolhas silenciosas.
Não é preciso entender tudo.
É preciso sentir — e permitir que o sentir nos transforme.
Porque às vezes, o maior milagre não é a cura,
mas a coragem de continuar mesmo sem ela.
Que o silêncio grite…
Pois quem ama não cala…
Que o cheiro da saudade…
Nao se demore a passar…
Que o amanhã seja sempre…
Motivo de festejar a presença…
Que a solidão não faça morada…
Escolher e ser escolhido é o propósito do amar…
Que o tempo não se gaste…
Sem a presença do outro em nosso abraço…
Patricia Feijo
Há bênçãos que chegam em silêncio;
sem trombetas, sem anúncios,
mas com um toque suave no coração.
São aquelas que Deus envia
quando a gente já nem sabe o que pedir,
mas Ele, que conhece os vazios da alma,
decide preencher de leveza.
Nem sempre vêm do jeito que esperávamos,
às vezes chegam disfarçadas de espera,
de perda, de recomeço.
Mas, quando o tempo passa,
a gente entende:
foi cuidado.
Porque Deus abençoa até quando parece que não.
Abençoa quando tira, quando adia,
quando muda o rumo;
e, sobretudo, quando ensina a confiar.
— Edna de Andrade
Fones no ouvido, silêncio absoluto no quarto, olho para o teto branco, as batidas do meu coração, o som da minha respiração e gritos internos.
Dou play no tocador, fecho os olhos, sinto meu coração se juntar a melodia. Tudo parece tão simples, tão fácil.
Escrevo e escrevo e nada faz sentido, nada nunca faz sentido, mas eu sei, ela também sabe.
Eu sinto saudades de 2015, sinto falta dela também, das conversas e de como tudo se mostrava tão leve.
Penso em muitas palavras das quais não posso pôr no papel, como parte disso, guardar num potinho que parece casa, enterrar a chave e mudar de bairro.
Passei na frente algumas vezes, gostava de olhar a imensa e linda árvore que tinha na frente da casa, colhia algumas rosas do jardim, bem, outras já estavam mortas, e eu nunca mais plantei nada, não podia, o que eu colheria? Espinhos.
Faz um tempo que não passo em frente aquela casa, não sei se a árvore morreu, se o jardim foi coberto por folhas secas e sem vida, se a tinta da parede ja perdeu a cor, não sei. As vezes sinto vontade de ir lá, mas já não mora mais ninguém que eu conheça naquela casinha. Guardo uma foto, uma única foto de quando tudo era lindo, feliz e colorido. Prefiro essa lembrança as que tenho agora...
Abro os olhos, dou uma leve risada, coloco os fones ao lado da cama e adormeço. Mas meu coração nunca dorme, ele sente saudades de ir naquela casinha. Ele sente saudades dela.
Vem, meu anjo. Eu chamo no silêncio que me veste,
Não com a voz, mas com a dor que me consome.
Sou um naufrágio à espera da maré celeste,
E em cada lágrima, sussurro o teu nome.
O amor que arde em mim não é brasa, é ruína;
Um fogo que devora, mas não aquece.
Se és a salvação, por que a sorte é tão mesquinha
E me oferece o céu apenas quando anoitece?
Eu te construí no altar da minha insônia,
Um relicário de promessas e prantos,
E agora, sem teu toque, sou só a autonomia
De um coração quebrado em mil recantos.
Vem, meu anjo, venha me salvar da queda
Que me separa do calor do teu abraço.
Sou o drama vivo, a tela despedida,
Que implora pelo brilho do teu traço.
Chega de manso e rasga esta mortalha de saudade.
Pois sem o teu olhar, sou apenas sombra fria;
A melancolia veste o manto da verdade:
Viver é te esperar em eterna agonia.
Às vezes, o cuidado de Deus vem em silêncio, como quem ajeita o caminho sem que a gente perceba.
Ele usa as horas difíceis para ampliar nossos passos, afinar a nossa escuta e fortalecer o que ainda está em construção.
Há lugares dentro de nós que só se revelam quando o chão balança, quando a rota se confunde, quando o coração precisa respirar mais fundo.
E, pouco a pouco, vamos entendendo: cada desvio também ensina.
Cada curva também guia.
Cada dor, quando atravessada com fé, abre um horizonte novo.
Porque antes de descobrir o destino, Ele nos ensina, com paciência e luz, a caminhar com mais verdade.
- Edna de Andrade
Silêncio, não de paz, é o grito da morte.
Vazio, ausência absoluta de vida.
Escuro, sem luz estou agora pois, para onde me esforço a observar, me pego na dúvida eterna se fechados estão minhas pálpebras ou aberto estão meus olhos sem brilho da luz que um dia jurou me guiar.
A perda se torna intensamente triste, quando se tem a presença constante do medo dela.
A alegria esta sempre ocupada, enquanto a tristeza disponível sempre esteve, sentirá que a presença da tristeza deixará tu e todos para baixo.
Já no topo, grudado com a alegria, ocupado demais para lembrar da tristeza, esquecerá que foi a tristeza que te fez subir, foi a disponibilidade da tristeza que te levou a ocupação da alegria
Tristeza, o lado oculto da alegria onde dizem citar por aí que, que há de haver um fardo dez vezes mais pesado que a tristeza humana.
Alegria, ocupado demais para explicar
- Poema feliz, de uma pessoa não tão feliz assim. De Leonardo Cestari Silva
Uma mentira rasgou o céu,
e entre o som do trovão e o silêncio dos deuses,
a distância entre o divino e o humano aumentou.
A mentira, filha da cobiça e irmã da vaidade,
ergueu muralhas onde antes havia pontes,
e transformou o diálogo em ruído,
a confiança em cinza.
Por uma mentira, o homem empunhou a espada,
feriu seu irmão e justificou sua dor com falsos ideais.
Por uma mentira, destruiu-se o amor,
e o que era puro se manchou de desconfiança.
A mentira não fala, ela sussurra.
Não aparece, ela se disfarça.
Entra pelos ouvidos,
cega os olhos,
endurece o coração.
E o homem, ignorante de si mesmo,
passa a venerar o engano como virtude,
e a verdade como ameaça.
Rende culto ao disfarce,
e chama de esperteza o que é apenas ruína.
Mas o que é o sábio senão aquele
que aprende com a própria frustração?
Aquele que, cansado de esperar virtude nos outros,
decide manter a sua própria,
mesmo que o mundo inteiro se perca em mentiras.
Pois quem mente destrói o outro uma vez,
mas quem se deixa corromper pela mentira
se destrói a cada amanhecer.
E assim compreendo:
não é errado esperar a verdade
errado é desistir dela.
No meio da multidão,
meu silêncio grita mais alto
Rostos passam, vozes se misturam,
mas nenhum olhar me alcança
É estranho...
o coração apertado
caminha cercado de passos,
e ainda assim tropeça no vazio
O riso alheio ecoa,
mas não encontra eco em mim
Sou ilha em um mar de gente,
sou sombra que dança sem par
E nessa solidão barulhenta,
aprendo a me escutar
mesmo que doa,
mesmo que a saudade seja só
daquilo que nunca chegou.
Quando o Ser se Torna Silêncio
Chega um ponto em que o barulho do mundo já não faz sentido.
Tudo começa a soar igual, pesado, distante.
Então vem o cansaço, e junto dele a vontade de parar, respirar e simplesmente existir por um instante sem ter que provar nada.
É nessa pausa que algo em nós desperta.
Não é um pensamento novo, é uma lembrança antiga — a de que estar vivo é, antes de tudo, sentir.
Quando o som lá fora se apaga, a gente começa a ouvir o que sempre esteve dentro.
Sem pressa, sem pressão, as coisas se ajeitam.
A vida mostra que o que realmente importa nunca esteve perdido, só coberto pelo ruído das urgências que criamos.
O poder que ignora limites termina por destruir quem o usa.
O saber que se recusa a duvidar acaba se fechando em si mesmo.
E o amor que quer prender o outro se transforma em controle.
Nada que nasce do medo dura.
O que é leve atravessa o tempo, o que é sincero permanece.
A sabedoria não chega por esforço, ela aparece quando paramos de lutar contra a vida.
Ela vem no silêncio, quando o coração entende o que a razão não alcança.
Não é algo que se aprende, é algo que se reconhece — um saber que já estava ali, esperando calma para se revelar.
Às vezes, tudo desaba.
E a gente acha que acabou.
Mas não acabou.
Foi só o jeito da vida mostrar que há outro caminho.
O caos não vem punir, vem mudar o rumo.
A queda não é derrota, é movimento.
A gente vive entre o sentir e o compreender.
Entre o que o mundo mostra e o que o coração traduz.
Quando o olhar se acalma, o mundo muda de cor.
Quando o gesto é honesto, o tempo parece mais gentil.
Ser forte não é resistir a tudo, é saber entender quando é hora de soltar.
E quem continua bom mesmo depois de se ferir já entendeu o que é amar de verdade.
Não é preciso prometer nada nem planejar demais.
O agora basta.
Quem está inteiro no presente não teme o que vem.
Porque tudo o que muda, muda para ensinar.
O futuro não depende de crença, depende de consciência.
De gente que saiba ouvir antes de reagir, sentir antes de julgar, viver antes de explicar.
Quando o ser se torna simples, o mundo fica mais claro.
Nada precisa ser vencido quando é compreendido.
Tudo o que buscavas sempre esteve aí,
esperando o momento em que parasses de correr.
A sabedoria não é conquista, é retorno.
E o silêncio — esse mesmo que agora te abraça —
é o lugar de onde nunca saíste.
Tínhamos planos traçados no vento,
risadas que enchiam o silêncio,
porque estar contigo já bastava.
Dividíamos sonhos, quase tudo,
a casa, a rotina, a alma cansada.
Era simples, era bonito
era o tipo de amor que a vida raramente dá.
Mas um dia o som da tua voz calou,
o abraço virou lembrança,
e a saudade fez morada
nas horas em que o mundo pesa demais.
Será que você também sente falta?
Das fotos, das bobagens, das conversas que curavam?
ou será que o "nunca mais"
foi mesmo pra sempre?
A dor vem mansa, de madrugada,
quando lembro da tua risada.
E eu me pergunto, baixinho, pra não acordar o coração:
se eu fui tão pouco pra você,
por que ainda dói tanto em mim?
Cinzas do Céu — O Renascimento da Fênix
Por Marcos, escritor da literatura
Entre o silêncio do céu e a vastidão da terra,
uma Fênix dormia nas cinzas do infinito.
Seu peito carregava o fogo da eternidade,
e cada batida era poema que ninguém podia apagar.
Quando o mundo fechava portas,
ela acendia sua alma com a força de mil sóis,
e o brilho atravessava montanhas, oceanos e o tempo,
tocando corações que ainda não sabiam que podiam sentir.
As cinzas se erguiam como pilares de luz,
e cada partícula era memória de batalhas e vitórias,
uma dança entre a vida e o impossível,
uma ode àqueles que ousam existir sem medo.
A Fênix renasce no silêncio de quem não vê,
nos olhos do paralítico, no coração do surdo,
no peito de quem sente que o mundo não compreende,
mas ainda assim insiste em brilhar.
Seu fogo incomoda os cegos de alma,
mas aquece os que entendem o valor do renascer.
E cada asa que se abre é verso,
cada chama que sobe é poema,
cada grito silencioso é hino à literatura do infinito.
Ela não teme o escuro,
pois dentro dela mora a luz de mil estrelas,
e no triângulo entre céu, terra e coração,
o impossível se curva diante da vontade de ser.
O amor sereno não grita nem sufoca; ele apenas é.
Manifesta-se no olhar que acolhe, no silêncio que conforta e na presença que sustenta.
É a escolha da paz em vez da ansiedade, do respeito em vez da posse, do cuidado em vez da cobrança.
Um amor que floresce no equilíbrio entre liberdade e entrega. Princesa Nádia
O Jardim dos SonhosEsquecidos
No silêncio da noite que se move lentamente,
a vida aparece como uma esperança tênue,
cada estrela é um mistério pendurado no céu imenso,
um segredo que ninguém ainda decifrou.
O vento conta histórias que parecem esquecidas,
sonhos que se formam nas horas silenciosas,
em cada suspiro nasce algo novo,
e cada olhar contempla a vastidão sem fim.
No centro de um jardim que existe só na imaginação,
flores abrem-se sem pressa,
entre as folhas há silêncio e algo oculto,
uma vida que persiste, mesmo quando ninguém observa.
A lua ilumina sem exigir atenção,
desenha caminhos que talvez jamais possamos seguir,
o tempo parece hesitar,
como se parasse para escutar algo profundo.
As raízes mergulham fundo na terra,
buscam sustento e uma espécie de calma,
cada pétala é um convite para sentir,
transformar aquilo que pesa em algo leve.
Neste jardim, o vento não canta, apenas existe,
e o mundo parece se desfazer em emoções dispersas,
tu tentas tocar o que não pode ser segurado,
descobrir o que está além do que conseguimos entender.
Deixa a luz atravessar mesmo a escuridão,
revelando caminhos que não são claros ou certeiros,
porque há um tipo de magia no ato de sonhar,
e uma vida que só se revela quando se entrega ao amor.
Essa é uma tentativa de abraço,
feito com palavras misturadas a sentimentos,
para alcançar a parte leve dentro de ti,
e iluminar um caminho que muitas vezes está escondido.
Silêncio, grito preso, choro preso, silêncio.
Tranca, cadeado, cofre. Onde está a dor? Em qual lugar desse corpo vazio se esconde?
Onde está o sangue, o calor? Por que as veias estão vazias?
A pressão enlouquece ao mesmo tempo que anestesia. A mente engana, sai em desvaneio e de repente foca no ponto, e aí, aí vagueia de novo em um ciclo sem fim...
Só um buraco, oco, vazio.
As cores se foram, o cinza chegou.
Me tornei um dia comum, nublado, sem sol, mas também sem chuva, sem calor ou vento.
Só nublado, cinza, eterno.
O ponto de virada dramático
O eco do vazio preenche cada espaço. Não há nada. Não há sequer a dor, apenas a ausência. O sangue e o calor se foram, e a memória de quando estavam lá é o único fardo que o vazio não consegue apagar. A lembrança de um tempo colorido, de uma pulsação, é a tortura final, o sussurro de uma mentira que a mente insiste em reviver antes de se calar.
A tranca se dissolve, não por quebra, mas por corrosão. O cadeado enferruja até virar pó, porque não há mais nada a ser protegido. O cofre se abre, revelando nada além do ar rarefeito.
O cinza não é uma espera, é a resposta final. A mente já não vagueia, ela flutua, um grão de poeira insignificante em um espaço infinito e desprovido de qualquer coisa. E o drama maior é a constatação de que não há drama. Não há tragédia, não há reviravolta. Apenas o nada, perfeito, completo e eterno, que se instalou e a memória do que existiuecoa para sempre no que restou de minha vida.
a.c.g.c
Pratique o silêncio regularmente.
Faça terapias, pratique yoga com frequência. Realize práticas ou participe de experiências que promovam um olhar mais profundo para suas questões internas, seus pensamentos e suas emoções.
Só acolhendo com amor nossas dores, carências e traumas é que conseguimos olhar verdadeiramente para a vida.
Como fazer é fácil, existem inúmeras formas de praticar a auto-observação e o autoestudo. Observe o que mais faz sentido para o momento que está vivendo.
O difícil é fazer disso um hábito, pois nem sempre é fácil olhar para dentro de nós aquilo que está gritando para ser visto.
Mas te garanto que vale a pena.
Muitos dizem que as respostas estão em olhar para dentro de nós mesmos.
Mas como fazer isso?
Afinal, nem sempre é fácil lidar com aquilo dentro de nós que está pedindo para ser visto.
23/05/2021 10h39
Karina Megiato
Nós, filhos do silêncio emocional, crescemos com a alma ferida antes mesmo de entender o que era o amor.
Aprendemos que chorar não muda nada, que o colo não vem, que o abraço esperado não chega.
E então nos tornamos mestres em esconder a dor — empurrando-a para o canto mais escuro do peito, onde ninguém ousa tocar.
A falta de afeto se torna um buraco que tenta ser preenchido de qualquer forma.
Transformamos o corpo em linguagem, o desejo em refúgio, e o toque em anestesia.
A sexualização vira um disfarce bonito para um desespero mudo.
Ser desejado é, por um instante, sentir-se acolhido — mesmo que seja mentira, mesmo que doa depois.
Mas o tempo revela o engano.
Na vida adulta, o espelho devolve o rosto de quem tentou ser tudo, menos ele mesmo.
Percebemos que moldamos nossos caminhos para caber no amor do outro, para sermos vistos, aceitos, amados — e que, no fim, seguimos sozinhos.
O afeto negado na infância cria adultos que sangram por dentro e sorriem por fora.
Carregamos a morte simbólica daquilo que poderia ter sido: o eu verdadeiro, o amor simples, o pertencimento.
E então, quando a vida perde o sentido, resta apenas o entendimento.
Não o perdão, não a paz — mas a consciência de quem nos tornamos.
E talvez, dentro desse reconhecimento amargo, exista o primeiro passo da cura
No templo do tempo
No silêncio antigo da tarde, dois olhares se cruzam sem pressa, são ecos de promessas caladas, amores que o mundo não confessa. O espaço é sagrado, suspenso, onde o toque é mais que pecado. Ali, o tempo curva-se manso ao reencontro tão desejado.
São mãos que se lembram do gesto, são vozes que tremem no ar. E o proibido, por um instante, parece enfim se libertar. Há um perfume de saudade pairando entre os corpos imóveis, como se o tempo, em reverência, parasse para ouvir seus nomes.
Os olhos dizem o que os lábios temem, e o coração, inquieto, reconhece o caminho antigo. Não há culpa, só memória, um amor que não se apaga, apenas se abriga no abrigo do tempo.
E quando o sol se despede, tingindo de ouro o instante, fica no ar a certeza: o que é verdadeiro, mesmo oculto, sempre encontra um jeito de voltar.
Poesia: Segunda-feira de Silêncio
E de repente, do nada,
as mensagens se desfazem no ar.
Sumiram sem aviso, sem adeus,
levando memórias que custei a guardar.
Foram-se nossas conversas profundas,
as risadas bobas de madrugada,
os desabafos, as confissões cruas,
as palavras que curavam a alma cansada.
Ali estavam pessoas que já se foram,
vozes que hoje vivem só na saudade.
Cada linha era um pedaço de vida,
um retrato antigo da nossa verdade.
Tantos anos jogados no vazio,
como folhas ao vento de agosto.
E agora, o peito é um quarto escuro,
onde só resta o eco do que foi exposto.
Que dor, que tristeza me toma,
numa segunda-feira qualquer, sem sinal.
E tudo parece tão banal…
Mas pra mim, foi um final.
Só restam lembranças na mente,
teimosas, frágeis, quase ausentes.
Mas são elas que me mantêm de pé,
quando o passado insiste em dizer:
"Ainda estou aqui, mesmo que ninguém mais me leia."
Inspiração ...
O silêncio da manhã se desdobra, sem pressa.
A névoa se ergue sobre o campo úmido, um véu branco
que se desfaz ao primeiro toque de luz.
O olhar se detém na textura da casca antiga:
rugas de tempo e resiliência.
Cada fissura guarda uma estação,
uma tempestade vencida.
A seiva que sobe é a persistência invisível da vida.
O café esfria na xícara
maas a mente desperta
As ideias não chegam como raios,
mas como marés suaves
Vêm do fundo, trazendo pequenos detritos,
até que surge a clareza.
Há beleza no inacabado:
no rascunho, no instante entre intenção e gesto.
Respirar fundo,
Afrouxar o controle.
A inspiração não é evento,
é estado de escuta.
É notar o que quase ninguém vê
o som de uma chave girando,
o azul preciso de um céu de inverno,
o cheiro de chuva tocando a terra seca.
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