Texto sobre Medo de Mario Quintana

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⁠As redes sociais pluralizam vozes e mobilizam, permitindo denúncias e fiscalização; mas também fragmentam o espaço público em bolhas isoladas e concentram poder em plataformas restritas.

Não provocam diretamente a crise da democracia, mas revelam suas vulnerabilidades institucionais, desigualdades sociais e carência de propostas, desafiando e tensionando o regime liberal.

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⁠Redes sociais também facilitam a mobilização social e pluralizam as vozes políticas.

Permitem a denúncia de abusos e a fiscalização pública de governos e corporações.

São apenas mais um terreno de disputa política — não determinam, sozinhas, o destino da democracia liberal.

O problema não reside apenas na tecnologia, mas na crise das instituições, na desigualdade social e no vazio de projetos políticos.

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⁠É importante notar que, nas plataformas digitais, prevalece uma noção de tempo baseada no imediato. Tudo ocorre no "aqui e agora", em ciclos curtos de atenção e reação. Já a democracia liberal, como a conhecemos, é fundada em processos que exigem tempo: tempo para o debate, para a deliberação, para a construção de consensos. Ou seja, é um sistema ancorado em procedimentos que só fazem sentido se houver disposição para esperar, ponderar e negociar.

Além disso, a subjetividade contemporânea — marcada pela valorização moderna das emoções — coloca o sentir acima do pensar. Assim, toda fala torna-se, antes de tudo, uma afirmação do eu, uma forma de autoafirmação identitária.

As plataformas digitais revelam e criam um tipo de sujeito que é incompatível com o sujeito suposto pela democracia liberal — aquele sujeito capaz de fazer a separação entre dever e desejo, o dever na esfera pública e o desejo na esfera privada. Esse sujeito é quem realiza um tipo de discurso e paixão que permite o processo de mediação dentro do direito e da justiça. Essa capacidade de mediação é fundamental para o funcionamento da democracia liberal, que depende do compromisso racional e do respeito às regras coletivas.

No entanto, a dinâmica das plataformas, ao favorecer a expressão imediata e identitária, tende a diluir essa separação. Estimula a emergência de coletivos que se formam mais por identidade e emoção do que por programas políticos ou acordos institucionais, fragilizando assim o tecido do debate público tradicional. Como consequência, presenciamos o enfraquecimento dos partidos tradicionais e o fortalecimento de formas de organização política mais fragmentadas e baseadas em identidades, que ganham cada vez mais força.

Nesse contexto, a política, que depende de negociação, mediação e compromisso, se fragiliza. Afinal, não se negocia com o eu: ele não aceita ser questionado ou relativizado, pois reivindica validade por si mesmo.

Essa característica das plataformas digitais cria um tipo específico de coletivo: não um coletivo fundado na convivência de diferenças, mas sim um coletivo pela semelhança, pela concordância imediata. É, de certa forma, o oposto do projeto da democracia liberal, que surgiu justamente para estabelecer procedimentos comuns capazes de conter conflitos sectários — como as guerras de religião — e possibilitar que pessoas discordantes pudessem coexistir.

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⁠Vivemos cercados por crises permanentes — de identidade, clima, política, representatividade, coletividade, saúde mental, finanças, ética, cultura, educação...

Todas, de algum modo, precarizam o horizonte, turvam o futuro e enfraquecem nossa capacidade de sonhar sentido, traçar planos e cultivar esperança. Enfrentar essas crises exige mais do que respostas pontuais; exige restaurar a capacidade de imaginar o amanhã e o desejo de construir novos caminhos.

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⁠Do interdito ao espetáculo, plataformas e influenciadores fabricam jargões — “pós-verdade”, “cancelamento”, “lacrar”, “fake news”, “discurso de ódio” — que carregam efeitos políticos, emocionais e geram consensos.

A censura antes visível cede lugar a uma linguagem disfarçada de espontaneidade, difícil de perceber. Ela causa fadiga cognitiva: tudo soa calculado, teatral, performático e politizado.

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⁠Toda queixa carrega um clamor, toda queixa revela um pedido de amor.

Toda queixa disfarça um desejo, todo desejo suplica por amor.

Toda queixa é um grito contido, todo grito é amor não ouvido.

Toda queixa é um gesto velado, todo gesto é amor camuflado.

Toda queixa é um eco tardio, um amor ferido, um vazio.

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⁠Frequentemente, no convívio conjugal, vão surgindo pequenas fissuras que, se não cuidadas, tornam-se abismos. Muitos casais se percebem enredados em rotinas que silenciam afetos e ampliam ressentimentos. É comum que, ao chegar em casa, um dos parceiros busque refúgio nas telas e distrações que anestesiam o cansaço, enquanto o outro se ressente da ausência de diálogo e atenção.

De um lado, há quem se sinta relegado ao segundo plano, como se a presença fosse apenas tolerada, e não desejada. Gestos simples de aproximação — perguntar sobre o dia, trocar carinhos, compartilhar planos — vão se rarefazendo, deixando no ar a sensação de solidão mesmo em companhia. As saídas a dois se tornam exceção, e os momentos de convivência espontânea acabam cedendo espaço à indiferença.

De outro lado, há quem perceba o lar como um espaço tomado por cobranças e comparações. Após um dia de trabalho, alguns sentem que encontram apenas um inventário de críticas e expectativas que não conseguem cumprir. As comparações com outros casais ou modelos de perfeição alimentam sentimentos de inadequação e distanciamento.

Muitas vezes, os mesmos comportamentos criticados se repetem de maneira recíproca, criando um ciclo em que ambos se veem, em diferentes momentos, como vítimas e responsáveis. Não há inocentes absolutos, apenas duas pessoas que carregam frustrações, desejos de serem escutadas e compreendidas, e o receio constante de não encontrar acolhimento.

Para interromper esse movimento, é essencial que cada um possa expor suas percepções com respeito e clareza, sem acusações. Um diálogo paciente, sustentado pelo interesse genuíno de compreender o outro, pode devolver sentido ao vínculo que se fragiliza. Quando a conversa se mostra insuficiente, a busca por apoio profissional, como a terapia de casal, pode oferecer o espaço seguro onde a história comum seja recontada de maneira mais generosa.

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⁠Menos vozes, mais certeza;
mais vozes, mais incerteza.

Menos vozes, mais decisão;
mais vozes, mais indecisão.

Menos vozes, mais atenção;
mais vozes, mais desatenção.

Menos vozes, mais noção;
mais vozes, mais distorção.

Menos vozes, mais solução;
mais vozes, mais discussão.

Menos vozes, mais razão;
mais vozes, mais tensão.

Menos vozes, mais união;
mais vozes, mais divisão.

Menos vozes, mais concentração;
mais vozes, mais distração.

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⁠A cultura humana parece uma tapeçaria viva, nunca pronta.

Convenções e consensos construídos historicamente e socialmente se entrelaçam, se cristalizam e depois se desfiam, em processos constantes de construção, desconstrução e reconstrução.

Nada é absolutamente fixo, porque a realidade muda e nos convida a repensar.

Moral, costumes, leis — tudo parece provisório; tudo é relativizado, nada é absoluto.

Quando pensamos ter tecido um consenso duradouro, ele se transforma nos dedos inquietos de novas gerações e nas várias queixas que alimentam um ciclo sem fim.

A crítica constante é também força criadora, que renova mesmo diante do desgaste. Para uns, esse incessante desfiar é desesperador; para outros, libertador.

Inserida por I004145959

⁠Cultura: consensos tecidos, em teia entrelaçada entre passados e presentes.

Nada é fixo, tudo oscila e se desfaz, moral, ética e lei, fios que se fazem e refazem.

Várias queixas num ciclo sem fim, desfiar constante, dor e alívio, enfim.

Para alguns, pranto, trabalho e desespero, para outros, renasce o sonho verdadeiro.

Inserida por I004145959

⁠Nem natureza fixa, nem construção fluida;

Nem substância rígida, nem folha vazia: semente que varia, DNA que fica, cria e recria;

Nem pura essência, nem pura aparência: é mistura, é experiência, é vivência, é existência.

Somos síntese viva, cultura e biologia,
união dinâmica em constante interação, transformação e evolução.

Inserida por I004145959

⁠O capitalismo tem como vertente principal a propriedade privada e o mercado livre. Apoia-se nas contradições e ambivalências humanas, celebrando o individualismo.

O socialismo, assentado no coletivismo e composto por múltiplas correntes que oscilam entre o ideal igualitário e o controle rígido, ainda busca sua aplicação plena.

Essa abordagem pragmática — focada no real, sem idealizações, lidando com a vida como ela é — fez do capitalismo o sistema predominante globalmente, enquanto o socialismo permanece marcado por utopias e controvérsias.

Inserida por I004145959

⁠Mesmo com vozes de diferentes minorias, existe um pensamento dominante, e quem foge dele é frequentemente silenciado — o que contradiz a própria ideia de diversidade como liberdade de divergir.

Diversidade não é só incluir corpos ou identidades; é sobretudo garantir essa liberdade, a pluralidade de pensamentos.

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⁠De fato, há uma convergência do capitalismo contemporâneo com pautas identitárias — especialmente quando essas pautas podem ser convertidas em imagem, marketing, consumo ou pertencimento a nichos.
Essa aderência, por vezes, não se dá por convicção ética, mas por oportunidade de mercado.

Ao mesmo tempo, observa-se uma divergência crescente do mesmo sistema em relação a ideias tradicionalmente associadas à ordem, à autoridade ou a papéis fixos — como os antigos ideais de masculinidade: o homem provedor, alfa, patriarcal, racional, contido.

Essas figuras, antes exaltadas pela publicidade e pela cultura de massa, passaram a ser vistas como símbolos de atraso ou opressão, sendo descartadas ou ridicularizadas nos novos discursos dominantes.

Trocam-se extremos sem espaço para síntese. Sai a rigidez do passado, entra a fluidez do presente — mas o radicalismo persiste, apenas com outra roupagem.

Em vez de integrar valores, seguimos substituindo um polo por outro, como se a sensatez fosse sempre sacrificada em nome da agenda do momento.

Inserida por I004145959

⁠Como podemos solucionar o problema do uso excessivo do internetês e mitigar seus impactos na escrita formal?

Ao abolir vogais e acentuação, essa prática tem comprometido a clareza do pensamento, prejudicado a ortografia, dificultado a compreensão de textos complexos e resultando em um vocabulário empobrecido, afetando negativamente, principalmente, os jovens em formação escolar.

Inserida por I004145959

O remorso é sentimento destruidor. Não edifica, senão quando o que se crê culpado, resolva se redimir.
Por isso, não alimente remorsos, por orgulho ou qualquer outro sentimento semelhante.
Confesse seu erro, quando ele ocorra. E parta para o acerto. Você não é infalível.
Aprenda a pedir desculpas, a admitir seus equívocos, para que não aninhe remorsos na alma.
O remorso somente é positivo quando tem o poder de lhe fazer reerguer e não sucumbir.
Todos os que seguimos pelos caminhos humanos podemos tropeçar.
O importante é que aprendamos a nos recuperar, soerguer-nos, elevarmo-nos para os planos de luz da alma em paz.

Filha da Natureza

Sou filha do Vento, do Mar, das Estrelas, da Lua…
Sou filha da Natureza, amante do Sol…
Levando a Luz no âmago de minha alma…
Sou filha da Deusa…
Levando todas as suas faces em mim…
Sou mística…
Sou mulher…
Sou bruxa…
Eu faço a vida se tornar mágica…
Sou filha da Terra, da Água, do Fogo, do Ar…
Sinto a energia da Vida fazendo parte da minha essência…
E assim…
Sou eu…
Somos nós…

Datilografia

Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Formo o projeto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tic-tac estalado das máquinas de escrever.

Que náusea da vida!
Que abjeção esta regularidade!
Que sono este ser assim!

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavalarias
(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes passagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do sul, opulentos de verdes.

Outrora...

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tic-tac estalado das máquinas de escrever.

Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes.
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra não vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer.
Neste momento, pela náusea, vivo só na outra...

Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinístro,
Se, desmeditando, escuto,
Ergue a voz o tic-tac estalado das máquinas de escrever.

Diálogo entre o médico e Margaret Thatcher:
Médico:
- O que voce sente?
Thatcher:
- O que eu teho que Sentir?
OS pensamentos se tornam palavras,
As pessoas Não Pensam mais elas sentem.
Como se sente? Não me sinto cofortável (...)
Um dos maiores problemas da nossa era é porque somos governados por quem mais liga para sentimentos
do que para pensamentos e ideias.
OS pensamentos se tornam palavras
Cuidado com seus pensamentos, pois eles tornam-se palavras.
Cuidado com as palavras, pois elas tornam-se ações.
Cuidado com as ações, pois elas tornam-se hábitos.
Cuidado com os hábitos, pois eles tornam-se a tua personalidade.
Cuidado com a tua personalidade, pois ela torna-se o teu destino.
Nós nos tornamos, O que nós pensamos.

A TORRE SEM DEGRAUS

No térreo se arrastam possuidores de ciosas recoisificadas.
No 1.° andar vivem depositários de pequenas convicções, mirando-as, remirando-as com lentes de contato.
No 2.° andar vivem negadores de pequenas convicções, pequeninos eles mesmos.
No 3.° andar - tlás tlás - a noite cria morcegos.
No 4.°, no 7.°, vivem amorosos sem amor, desamorando.
No 5.°, alguém semeou de pregos dentes de feras vacos de espelho a pista encerada para o baile de debutantes de 1848.
No 6.°, rumina-se política na certeza-esperança de que a ordem precisa mudar deve mudar há de mudar, contanto que não se mova um alfinete para isso.
No 8.°, ao abandono, 255 cartas registradas não abertas selam o mistério da expedição dizimada por índios Anfika.
No 9.°, cochilam filósofos observados por apoftegmas que não chegam a conclusão plausível.
Mo 10.°, o rei instala seu gabinete secreto e esconde a coroa de crisógrasos na terrina.
No 11.°, moram (namoram?) virgens contidas em cinto de castidades.
No 12.°, o aquário de peixes fosforecentes ilumina do teto a poltrona de um cego de nascença.
Atenção, 13.°. Do 24.° baixará às 23h um pelotão para ocupar-te e flitar a bomba suja, de que te dizes depositário.
No 15.°, o último leitor de Dante, o último de Cervantes, o último de Musil, o último do Diário Oficial dizem adeus à palavra impressa.
No 16.°, agricultores protestam contra a fusão de sementes que faz nascerem cereais invertidos e o milho produzir crianças.
No 17.°, preparam-se orações de sapiência, tratados internacionais, bulas de antibióticos.
Não se sabe o que aconteceu ao 18.°, suprimido da Torre.
No 19.° profetas do Antigo Testamento conferem profecias no computador analógico.
No 20.°, Cacex Otan Emfa Joc Juc Fronap FBI Usaid Cafesp Alalc Eximbanc trocam de letras, viram Xfp, Jjs, IxxU e que sei mais.
Mo 22;°, banqueiros incineram duplicatas vencidas, e das cinzas nascem novas duplicatas.
NO 23.°, celebra-se o rito do boi manso, que de tão manso ganhou biograifa e auréola.
No 24.°, vide 13.°.
No 25.°, que fazes tu, morcego do 3.°? que fazes tu, miss adormecida na passarela?
No 26.°., nossas sombras despregadas dos corpos passseiam devagar, cumprimentando-se.
O 27.° é uma clínica de nervosos dirigida por general-médico reformado, e em que aos sábados todos se curam para adoecer de novo na segunda-feira.
Do 28.° saem boatos de revolução e cruzam com outros de contra-revolução.
Impróprio a qualquer uso que não seja o prazer, o 29.° foi declarado inabitável.
Excesso de lotação no 30.°: moradores só podem usar um olho, uma perna, meias palavras.
No 31.°, a Lei afia seu arsenal de espadas inofensivas, e magistrados cobrem-se com cinzas de ovelhas sacrificadas.
No 32.°, a Guerra dos 100 Anos continua objeto de análise acuradíssima.
No 33.°, um homem pede pra ser crucificado e não lhe prestam atenção.
No 34.°, um ladrão sem ter o que roubar rouba o seu próprio relógio.
No 35.°, queixam-se da monotonia deste poema e esquecem-se da monotonia da Torre e das queixas.
Um mosquito é, no 36.°, único sobrevivente do que foi outrora residência movimentada com jantares óperas pavões.
No 37.°, a canção

Filorela amarlina
lousileno i flanura
meleglírio omoldana
plunigiário olanin.

No 38.°, o parlamento sem voz, admitido por todos os regimes, exercita-se na mímica de orações.
No 39.°, a celebração ecumênica dos anjos da luz e dos anjos da treva, sob a presidência de um meirinho surdo.
No 40.°, só há uma porta uma porta uma porta.
Que se abre para o 41.°, deixando passar esqueletos algemados e coduzidos por fiscais do Imposto de Consciência.
No 42.°, goteiras formam um lago onde bóiam ninféias, e ninfetas executam bailados quentes.
No 43.°, no 44.°, no... continua indefinidamente).

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