Texto Pai do Mario Quintana
Prece aos Orixás de Bará a Oxalá
(Texto adaptado)
Bará
Alupô meu pai! Senhor das encruzilhadas, permita que todo esse axé aqui presente preencha as nossas vidas. Destranca todas as fechaduras, todos os cadeados, tira do caminho tudo o que esteja atrapalhando a nossa caminhada.
Desata todas as amarras, tanto no plano material quanto no plano espiritual.
Alupo!
Ogum
Ogunhê meu pai! Senhor das conquistas e das batalhas! Que a tua espada e teu escudo nos protejam sempre. Que nenhuma demanda chegue a porta da nossa casa, que o senhor tire donosso caminho tudo e todos aqueles que demandarem energia negativa.
Ogunhê!
Oiá
Eparrei minha mãe! Afasta pra longe todos aqueles que nos querem o mal. Senhora dos ventos e das tempestades, que o teu sopro traga a motivação e a coragem minha mãe. Senhora da alegria e do bom viver, traz a perseverança e a bênção de cada novo dia.
Eparrei!
Xangô
Kaô cabecile! Senhor da justiça, permita a nós a percepção do certo e do justo, nos defende das inustiças desse mundo, que a tua balança de a sentença com rigor e que nada escape dos teus olhos meu Pai, mas tenha misericórdia pelas falhas dos seus filhos quando houver arrependimento e uma busca por evolução.
Kaô meu pai!
Odé e Otim
Oquêbamo! Meu pai Odé, minha mãe Otim! Nos dêem o alimento, as riquezas da mata, não deixem que falte o pão de cada dia. Que nunca nos falte a companhia na nossa jornada, que tenha sempre alguém ao nosso lado pra nos acompanhar. Que a vida seja sempre de fartura e abundância.
Oquêbamo! Odé e Otim!
Obá
Exó minha mãe! Senhora da roda, do movimento, do fluxo de energia. Que a sua navalha corte qualquer fofoca, briga ou desavença de nossas vidas. Que o fluxo da vida seja sempre contínuo. Que possamos enxergar a bondade no coração mais duro.
Exó minha mãe!
Ossanha
Eu eu, meu pai! O senhor que conhece o poder das folhas, nos permita alcançar a cura do corpo físico e espiritual. Nos da a força e a vitalidade, o senhor que é um dos médicos do plano espiritual, peço com misericórdia.
Eu eu!
Xapanã
Abau sapata! O senhor que é o médico da espiritualidade, o senhor da vida e da morte, traz o entendimento de que a matéria é uma morada provisória e de transição. Que a sua vassoura varra as más companhias, as doenças e as tristezas.
Abau sapata!
Oxum
Ieieô Oxum! Mãe das águas doces, dos rios, das cachoeiras. Acolhe-nos com tua ternura, nos faz enxergar a vida com a tua doçura. Protetora das crianças e de todos aqueles que necessitam da tua graça. Nos acolhe no teu seio e nos proporciona a paz de espírito e alegria. Ieieô!
Iemanja
Mãe de canto doce, acalanto dos aflitos, tenha piedade de nós! Nos proteja, nos dê o sustento e leve embora toda a dor.
Mãe de todos os orixás, mãe que cuida e zela de seus filhos, a senhora que é a dona do nosso pensamento, nos dê a clareza com a tua luz minha mãe. Odoiá!
Oxalá
Epao babá, senhor da perfeita sabedoria e do bendito amor. Nos proteja das ilusões desse mundo, nós que muitas vezes afogados na ignorância, em sentimentos inferiores, pedimos a tua misericórdia, nos envolve com o teu alá de compaixão, de amor e misericórdia.
Epao babá!
"Arrependimento"
Um belo dia de sol, Sr. Mário, um velho caminhoneiro, chega em casa todo orgulhoso e chama sua esposa para ver o lindo caminhão que comprara depois de longos e árduos 20 anos de trabalho. Era o primeiro que conseguira comprar
depois de tantos anos de sufoco e estrada.
A partir daquele dia, finalmente, seria seu próprio patrão.
Ao chegar à porta de sua casa, encontra seu filhinho de 6 anos
martelando, alegremente, a lataria do reluzente caminhão.
Irado e aos berros pergunta o que o filho estava fazendo: e sem hesitar, completamente fora de si martela, impiedosamente, as mãos da criança que se põe a chorar, desesperadamente, sem entender o que estava acontecendo.
A mulher do caminhoneiro corre em socorro, mas pouco pode fazer.
Chorando junto ao filho, consegue trazer o marido a realidade e juntos levam o garoto ao hospital para cuidar dos ferimentos provocados.
Passadas várias horas de cirurgia o médico, desconsolado e bastante abatido, chama os pais e informa que as dilacerações foram de tão grande extensão, que todos os dedos da criança tiveram que ser amputados.
Porém, o menino era forte e resistira bem ao ato cirúrgico
devendo, os pais, aguardá-lo no quarto.
Ao acordar, o menino ainda sonolento esboçou um sorriso e disse ao pai.
Papai, me desculpe... Eu só queria consertar seu caminhão,
como você ensinou-me outro dia. Não fique bravo comigo!
O pai, enternecido e profundamente arrependido, deu um forte abraço no filho e disse: que aquilo não tinha mais importância.
Não estava bravo e sim arrependido de ter sido tão duro com ele, e que a lataria do caminhão não tinha estragado.
Então o garoto com os olhos radiantes perguntou!
Quer dizer que não está mais bravo comigo?
É claro que não! respondeu o pai, ao que o menino pergunta!
Se estou perdoado papai, quando meus dedinhos vão nascer de novo?
Nos momentos de raiva cega, machucamos as pessoas que mais amamos, e muitas vezes não podemos "sarar" as feridas que deixamos.
Nos momentos de raiva, tente parar e pensar em suas atitudes,
a fim de evitar que os danos sejam irreversíveis.
Não há nada pior que o arrependimento e a culpa tardia.
Pense nisso!
"Amar é superar-se." (Oscar Wilde)
"Amar é mudar a alma de casa." (Mario Quintana)
"Amar é comprazer-se na perfeição." (José de Alencar)
"Amar é receber um vislumbre do céu." (Karen Sunde)
"Amar é saborear nos braços de um ente querido a porção de céu que Deus depôs na carne." (Victor Hugo)
"Amar é ser levado a ter prazer na perfeição, no bem, ou na felicidade do objeto amado." (Gottfried Wilhelm Leibniz)
"Amar é admirar com o coração; admirar é amar com o espírito."
(Théophile Gautier)
"Amar é descobrirmos a nossa riqueza fora de nós."
(Émile-Auguste Chartier, "Alain")
"Amar é uma necessidade do coração; fazer amor é uma ocupação do espírito." (Nicolas Chamfort)
"Amar é humano; e nos acontece pela força dos deuses." (Plauto)
"Amar, é ver-se como um outro ser nos vê, é estar apaixonado pela nossa imagem deformada e sublimada." (Graham Greene)
"Amarmo-nos é lutar constantemente contra milhares de forças ocultas que brotam de nós mesmos ou do mundo." (Jean Anouilh)
"Amar é uma mistura de alegria e medo; de paz por um lado e ameaça de guerra pelo outro. É pensar que a felicidade tem nome e endereço. É temer não estar à altura. É sofrer tanto quanto querer." (Bruno Campel)
"Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, e uma traição a nós próprios." (Fernando Pessoa)
"Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade."
(Gottfried Wilhelm Leibniz)
"Amar bem é amar loucamente." (André Suarès)
"Amar é fazer pacto com a dor." (Julie de Lespinasse)
"Amar é ser estúpidos juntos." (Paul Valéry)
"Amar é metade de crer." (Victor Hugo)
"Amar é também agir." (Saint-John Perse)
Culpo minha pobre e velha mãe e meu magro e triste pai, por me jogarem na vida e ousadamente me colocarem o nome de Raul. Eis-me!
Culpo ao meu próprio escárnio de repetir três vezes o mesmo erro, se é que qualquer um desses três tenham a mesma lucidez dilacerante do que é a dor do absurdo do ser.
Nada é mais que um nada mergulhado no oceano de uma dor de chibata chamada Deus! Que este tenha o meu perdão.
Só peço que um raio de amor venha do espaço, e blind as três para que a escuridão da santa divina ignorância lhes vedem a visão do apocalipse, amém!
Morte do Leiteiro
Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.
Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
Sons que confortam
Eram quatro horas da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os três em casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de doze anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: “Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio.”
Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou.
E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.
Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo, e que o embarque será feito dentro de poucos minutos.
O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.
O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante.
O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está quentinho na sua cama.
Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim.
O toque to interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho.
O sinal da hora do recreio.
A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.
O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos.
O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.
E, em tempos de irritantes vuvuzelas, o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
CORAÇÃO CIVIL
Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Vou sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal
Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder ?
Viva a preguiça viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia
Eu vou levando a vida, eu vou viver bem melhor
doido prá ver o meu sonho teimoso um dia se realizar
E Eu viver bem melhor
Eu oro, Pai, neste momento, para que o Senhor,
com a força do Espírito Santo, venha tocar,
neste irmão, nesta irmã, que está triste,
e que de tão amargurado, não se aceita,
e por não se aceitar, não consegue se amar,
e já não se cuida mais, por sentir-se só e
desamparado...
Pai querido, toca na alma
ferida, no trauma mais profundo naquele
lugar que só o Senhor sabe onde dói mais,
remove essa "casca" que recobre a ferida mais
dolorosa, e seca de vez essa marca que
ainda sangra.
Toca, Pai, toca no coração ressecado,
angustiado, de quem já não acredita mais
em si mesmo. Que perdeu as forças de tanto
chorar, que foi abandonado(a) sem motivos,
que foi vítima de injustiça, que não sabe
a quem recorrer.
Tu, Senhor, é juiz soberano, julga essa causa então,
devolve a esse irmão, a essa irmã, a alegria,
a esperança, o ressurgir do desejo de cuidar-se.
A capacidade de admirar-se e perceber,
que dentro de cada um de nós,
brilha uma chama maior que qualquer dor,
a chama da tua mão, a chama da criação,
a chama do amor.
Então, eu oro agora, pelos que querem te
encontrar, pelos que te buscam e não acham,
pelos que tateiam no escuro da mágoa,
os que vagam de hospital em hospital,
sem achar a doença que os consome,
inunda-os agora com o Teu Santo remédio,
o teu poderoso amor.
Assim, saia curado neste dia, todo aquele,
que mesmo não vendo, perceba,
que mesmo não se achando merecedor, sinta,
que a Tua maior grandeza está em reconhecer,
em cada um de nós, mesmo os maiores devedores,
uma chama única, um brilho,
que somos amados como o único filho.
Eu oro, então, para que agora, o elo seja refeito,
a ligação restabelecida, e em cada um, brilhe a tua luz,
refletindo na face, o doce sorriso do amado Jesus.
Briga de energia
.
Por que você espera tanto dos outros? Por que dá tanta importância para o que eles dizem? Não ligue. As pessoas fecham a cara hoje e, amanhã, abrem.
Toda vez que você recebe uma ofensa, o ofensor se sente vitorioso. Toda vez que você rejeita uma ofensa, a energia volta para a pessoa que a ofendeu. Ela sofre o impacto da própia energia, se arrepende do que fez e, então, muda.
A única maneira de se defender nesse mundo é não aceitar nenhum desaforo. A pessoa fez desaforo? Não estou nem ligando. Me fez mal? Pode fazer. Me quis mal? Pode querer. Assim, a gente vai deixando todo o mal lá fora, não aceita nada e não entra nada. O que acontece?
A energia volta para a pessoa. E, dai a pouco, ela vai se sentir culpada. Então, se arrepende do que fez e vai pedir desculpas. Mas se a pessoa é rude e indelicada e a gente se magoa com aquilo, guarda aquela energia, ela se sente vitoriosa. Na verdade, ela não está querendo ofender, mas exercer seu poder de se
sentir superior. Olha para você como inferior a ela, porque você se põe de inferior.
E por que você se sente inferior? Porque você é uma lata de lixo que pega toda a porcaria que os outros mandam. Leva a sério tudo quanto é desaforo, tudo quanto é besteira. Mas se você não pega, dá de ombros e diz:
- É a pessoa que está criando essa energia ruim de antipatia e não vou pegar. Vai ter que engolir o que ela mesma está criando.
Aí, minha filha, tudo muda. Estou ensinando como se defender da briga de energia, do jogo do poder. Se você ganhar, tem que ser mais forte que o outro. Senão, você vai perder...
O pobre de mim
.
Quanta gente sofre sem necesidade. Sabe qual o maior problema do pobre de mim? Quando você diz:
- Sou coitado. Eu não tenho poder, eu não tenho jeito, eu não tenho, eu não tenho...
Você fecha interiormente as portas dos recursos que estão no inconsciente e que deveriam emergir nesse momento. Em vez de dar força e trazer para fora o poder, a criação, a cura, a solução, você acaba fechando e ficando naquela posição miserável, dando cada vez mais passagem para aquilo que o está atormentando, que está lhe fazendo mal.
A gente tem que parar com esse vício. Você já viu alguém com pobre de mim resolver algum problema, sair de uma situação feia para outra melhor? Eu nunca ví. Mas a gente se acha no direito de dizer:
- Ah, porque coitado de mim, só eu faço tudo, só eu sou assim...
Cai no pobre demim, que é a mesma coisa que o desespero. Tem gente que gosta de ficar desesperada. Qualquer coisa faz escândalo.
Há pessoas que agem sem pensar e sem observar a vida. Estão errando e estão fechando os olhos. E, quando se vêem num beco sem saida, fazem escândalo com se isso fosse consertar a vida delas. Mas como a vida é eterna, se mate ou não, tudo continua, até para pior.
Por que você não vira uma pessoa inteligente de uma hora para a outra? Use sua inteligência que Deus lhe deu. Diga:
- Que desespero que nada! Nada merece tanta atenção assim. Nada merece estragar as coisas da minha vida. Se uma coisa não está bem, o resto pode estar. Eu não sou o coitado. Sou uma fonte de poder e de conhecimento. Tudo dá muito certo na minha vida. Tudo está a meu favor. Está tudo bom - eu grito. Aí vai ficando bom mesmo, porque a gente puxa as forças positivas.
O SILÊNCIO
O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo
Como um filme que houvesse perdido de repente o som.
Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a boca
[num aquário
Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas dos
[estádios...
Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos carnavais
Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo trottoir.
Ás vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no seu
[palanque,
Obrigado a ficar olhando
Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
Oh! decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro...
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Para quê pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Quem ama inventa
Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revoo sobre a ramaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressureições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante.
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!
A CAIXA DE PANDORA
Conta a mitologia grega que Pandora foi criada pelos deuses do Olimpo sob a ordens de Zeus. Pandora teria sido a primeira mulher, surgida como punição aos homens por sua ousadia em roubar aos céus o segredo do fogo.
A vingança de Zeus contra a humanidade veio em forma de uma linda donzela. Pandora, a que possui todos os dons, recebeu uma caixa onde guardou os presentes recebidos de cada um dos deuses do Olimpo.
Afrodite deu-lhe a beleza, Hermes o dom da fala, Apolo, a música. Mas além dos dons, a caixa de Pandora recebeu também uma série de malefícios.
A história é longa, mas importa saber que Pandora abriu sua caixa e a humanidade passou a conhecer não só as bondades, como os males que até hoje nos assolam: mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte. Os presentes saltaram de forma tão violenta da caixa que Pandora teve medo, e a fechou antes que a última delas escapasse: a esperança.
Pandora tornou-se, assim, a provedora natural dos talentos divinos e dos males da humanidade.
Como nos conta a tradição judaico-cristã, Eva no Paraíso teria tido o mesmo papel. O que só comprova que a figura da mulher aparece sempre como a grande responsável pela desgraça do gênero humano. Eu vejo de maneira distinta. Como Eva no Paraíso, Pandora distribuiu aos homens as duas faces da realidade, tão contrárias quanto complementares. Coube a todos a escolha.
O mágico desta lenda está no papel desempenhado pela esperança. Crescemos e vivemos sob o jugo masculino. Todas as formas de poder são exercidas há séculos por homens, que com liberdade preferiram escolher os piores caminhos para atingir objetivos duvidosos.
O mundo está devastado. Na caixa de Pandora ainda resta a última bondade não destruída por nosso egoísmo e ambição. Uma maneira lúdica de nos mostrar o caminho da redenção. A esperança é um dom feminino. Ainda há tempo para aprender a lição.
(Fonte: Voz Corrente- Alexandre Pelegi em 11 de Abril de 08)
Sou não sendo
Sou solitária...
Mas não tenho exatamente solidão.
Todos me conhecem...
Mas não conhecem meu coração.
Posso ser forte...
Mas só possuo fraqueza.
E a única coisa que me circunda...
É a irremediável tristeza.
Sou carente...
Mesmo tendo carinho.
Não sei por que, mas me sinto como...
Filhote de pássaro esquecido no ninho.
Sei o que é certo...
Mais persisto no errado.
A verdade e que já estou acostumada...
Com o mundo amargo.
Sou triste...
Mas sei fazer os que me cercam sorrir.
Só que eles não sabem transmitir alegria para mim.
Sou corajosa...
Apesar de ter medo que descubram...
Que a coragem é o meu grande segredo.
Sou muitas vezes a decepção, que sempre...
Surpreende.
Sou também professora...
Que só ensina, nunca aprende.
Sou para muitos a felicidade...
Enquanto vivo de sofrimento.
Já invadi a intimidade de muitos...
E não conseguiram invadir meus sentimentos.
Por ser o que não sou...
Sou não sendo.
Porque vivo...
"Uma vida que não deveria estar vivendo."
Parece um sonho
Parece um sonho que ela tenha morrido!
diziam todos... Sua viva imagem,
tinha carne!... E ouvia-se, na aragem,
passar o frêmito do seu vestido...
E era como se ela houvesse partido
e logo fosse regressar de viagem...
- até que em nosso coração dorido
a Dor cravava o seu punhal selvagem!
Mas tua imagem, nosso amor, é agora
menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...
Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a gente diz, então:
Parece um sonho que ela tenha vivido!
Que a força que rege seu ser não se enfraqueça diante dos problemas.
Que os sonhos não alcançados sirvam de estímulos na realização de outros.
Que as dificuldades encontradas fortaleçam sua fé.
Que seu sorriso alimente sua alma quando os dias amanhecerem cinzas.
Que sua paz, equilíbrio e serenidade tornem seu caminho cada vez mais florido e feliz.
O Sorriso
"Nada custa, mas acrescenta muito.
Enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores.
Dura apenas um segundo, mas muitas vezes a memória o guarda para sempre.
Traz a felicidade ao lar.
Alimenta a boa vontade entre as pessoas.
É a senha dos amigos.
Serve de incentivo para o desanimado, de alegria para o triste, de repouso para o fatigado.
Contra o mau humor, é o maior antídoto da natureza.
É o maior e melhor cartão de visitas.
Acalma os nervos e estimula a circulação em todo o rosto.
Promove harmonia em todo o nosso organismo.
Enfim, dá brilho aos olhos e simpatia ao caráter.
Então, SORRIA!..."
Jardim interior
Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.
Pequeno poema didático
O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.
A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconsequente conversa.
Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas…
E todos os encontros são adeuses!