Texto eu Amo meu Namorado

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Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob’s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo.

Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer. Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? (…)E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam. Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido cheio de rendas e babados, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.

Eu nasci amalgamada com a solidão deste exato instante e que se prolonga tanto, e tão funda é, que já não é minha solidão mas a Solidão de Deus. Alcancei afinal o momento em que nada existe. Nem um carinho de mim para mim: a solidão é esta a do deserto. O vento como companhia. Ah mas que frio escuro está fazendo. Cubro-me com a melancolia suave, e balanço-me daqui para lá, daqui para lá, daqui para lá. Assim. É! É assim mesmo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronto pro primeiro capítulo.

E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já tô rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada… E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.

Só que muitas vezes eu preciso de cuidado e atenção e não sei pedir. Sei lá, acho que a pessoa tem que se dar conta. Não dá pra querer que o outro perceba o que você quer ou precisa, sei disso. Mas prefiro não falar nem pedir, por isso simplesmente deixo. Então, vejo que a pessoa não se deu conta e isso me emputece. Errado? Sim. Mas não acerto sempre, nem quase sempre, nem nunca. Eu vivo errando, afinal, a gente está aqui pra isso, não é? Para errar, fazer certo, buscar o que nem sabemos direito.

Chega. Mas eu quero me dar de bandeja pra você. Mas não. Depois eu demoro semanas pra me levantar porque fui intensa e vivi um dia. Não agüento mais nada disso. Por isso, dessa vez, eu não vou gostar de você. Tchau. Chega de fazer tudo errado. A minha vontade é te ligar, pra contar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E me declarar. Falar palavras lindas, frases perfeitas, poéticas, sensíveis. Mas não!

Eu não quero te mudar, apenas quero segurar a tua mão e te ajudar a ir mais longe. E se nós errarmos o caminho, tudo bem. Nem sempre a vida é feita de passos certos. Há muito tropeço por vir, nós sabemos, mas o que importa é estarmos juntos. O que importa é querer permanecer. Não apenas ser, mas estar. Estar com força, com gana, com crença no amanhã.

Nada de se culpar agora. Não te culpa. Não me culpa. A gente não tem culpa. Eu e você fizemos o certo. Ou o que parecia ser o certo naquela hora. Depois, bem depois, vem o tempo e nos mostra a verdade como se fosse um passo de dança. Suave, intenso, inteiro. Ele vem e mostra. E aí a gente olha para trás e pergunta: por que não agi diferente? Porque você não tinha o conhecimento que tem hoje. Não tinha a maturidade deste momento. Não te culpa. Não me culpa. A gente não tem culpa.

Minha alma humana é a única forma possível de eu não me chocar desastrosamente com a minha organização física, tão máquina perfeita que é. Minha alma humana é, aliás, também o único modo como me é dado aceitar sem desatino a alma geral do mundo. A engrenagem não pode nem por um segundo falhar.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Engrenagem.

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É curioso, a alegria não é um sentimento nem uma atmosfera de vida nada criadora. Eu só sei criar na dor e na tristeza, mesmo que as coisas que resultem sejam alegres. Não me considero uma pessoa negativa, quer dizer, eu não deprimo o ser humano. É por isso que acho que estou vivendo num movimento de equilibrio infecundo do qual estou tentando me libertar. O paradigma máximo para mim seria: a calma no seio da paixão. Mas realmente não sei se é um ideal humanamente atingível.

Tudo que eu andava fazendo e sendo, eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir.

Ainda é cedo e eu preciso de amor. Só um pouquinho de amor. Não posso dormir sem paz no coração. Ele não mora muito longe da cama que não era cama e a cada passo esfolo mais e mais meu esmalte vermelho. Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automático e eu ganhe um único sorriso verdadeiro. Não foi só o muque que ficou mais duro, mas minha autopiedade também aprendeu a ser menos molenga. Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor.

Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maçãs eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você me pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me traírem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo o que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes (...)

Sabe, eu me pergunto até que ponto você é aquilo que eu vejo em você ou apenas aquilo que eu quero ver em você. Eu queria saber até que ponto você não é apenas uma projeção daquilo que eu sinto, e se é assim, até quando eu conseguirei ver em você todas essas coisas que me fascinam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas.

Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca…

Fernanda Mello

Nota: Trecho de um texto de Fernanda Mello.

Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido – e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou.

Eu tenho alguém que me faz rir de um jeito louco, que me faz andar descabelada na rua, que me acorda domingo às sete da manhã com um sorriso lindo e que me faz esquecer de brigar. Eu tenho alguém que se importa com o que sinto, que se preocupa com o que penso e que me diz o que as outras pessoas têm medo, a verdade. Eu tenho um alguém que xinga por mim e se for preciso bate, que ama comigo e me apoia mesmo quando sabe que não vai dar certo, ela acredita que vou aprender. Eu tenho alguém que sabe seduzir e me faz rir vendo idiotices tão cotidianas, que me ensina que certos temperos não combinam, na comida e na vida, que me apresentou meu amor, um amor que eu não era capaz de sentir. Tenho alguém que sente ciúmes, mas que sabe que ela me têm também. Tenho alguém que é único pra mim, que é meu anjo, não por escolha, mas por se tornar, por vida e não vai ser qualquer coisa que vai nos separar, porque eu tenho alguém por quem vale a pena lutar, por quem vale a pena viver, por quem eu descobri que o amanhã pode ser melhor, se você estiver disposto a viver.

Vacilando com o pensamento do preço, eu me perguntei se teria tomado outro caminho, se Edward não tivesse ido embora. Se eu não soubesse como era viver sem ele. Aquele conhecimento era uma parte muito profunda de mim, e eu não conseguiria imaginar como me sentiria sem ela. "Ele é como uma droga pra você, Bella." A voz dele ainda era gentil, nem um pouco crítica. "Eu vejo que você não consegue viver sem ele agora. É tarde demais. Mas eu teria sido mais saudável pra você. Não uma droga; eu teria sido o ar, o sol". O canto da minha boca virou pra cima em um meio sorriso saudoso. "Eu costumava pensar em você desse jeito, sabe. Como o sol. Meu sol particular. Você equilibrava bem as nuvens pra mim". Ele suspirou. "Das nuvens eu posso cuidar. Mas eu não posso lutar contra um eclipse".