Texto eu Amo meu Namorado
Se Deus me permitisse
e prometesse ser atendido
eu lhE dirigiria hoje
um único pedido:
Pediria somente que somasse
os dias que ainda me restam
E dividisse ou doasse
Entre as pessoas que ainda precisam
ver prolongados seus dias
Neste mundo
E que depois me recolhesse
Agora, neste segundo
A outro lugar, aonde eu sentisse
Necessária a minha presença
Pois eu ando
tão cansado desta vida
Cansei-me
e meu cansaço ultrapassa
as ilusões desmedidas.
escondidas sob imensas
cortinas de fumaça
Te peço hoje, Meu Pai
Escute teu filho
e se eu merecer
Por favor
Faça.
Assim como as pedras
Não podem ser chamadas
de cidade
Minhas palavras eu sei
Que não dizem nada
Meus pés não fazem a estrada
Minha alma
há muito desenganada
já sabe que asas
Não significam liberdade
Palavras no alto da montanha
Ecoam
Há muito eu estou lá
gritando à toa
Saber escrever
Em linha reta
Não faz, nunca fez
e nem fará jamais
de mim um poeta
Silêncio e nem dinheiro
trazem paz
A luz do Sol
não faz o dia
Tentar achar a paz perdida
Não traz mais
Harmonia
em minha vida.
Outrora em minha vida
Anjos reais eu via
Outros tempos
Tempos melhores
Eu ria, nem ligava
Sabia que estariam
sempre ali
De tudo que se esquece
enquanto a gente cresce
esqueci de sorrir para a vida
hoje não os vejo mais
talvez tenham eles me esquecido
Fim de tarde
O Sol de vermelho tinge o Céu
Meu rosto arde
Não de calor
é só saudade
Queria apoiar-me nos joelhos
e pedir um só sorriso
Sôfrego que fui da vida
Deixei-a passar, despercebida
Não há mais valsas
Nem mesmo fados
Acabou-se a melodia desta vida
Há apenas dias que correm
Esperanças que se perdem
Sonhos dos quais a gente
acaba sempre desistindo
Mas ainda tenho uma certeza
De algum lugar eles me olham
E estão rindo das lágrimas
que molham meus dedos trôpegos
Pois sabem qua há sempre
a parte amarga que vivemos
No silêncio da noite
falam comigo, ainda
e pedem que eu persista
pois um dia tudo finda
E a Estrada novamente
Será larga e linda
E eles vão me levar
pra escorregar num papelão
por sobre um barranco gramado
Nos jardins da casa de Deus.
Quanto mais, em minha vida
Eu procurei descobrir
O valor, o sentido e também
Uma forma de viver sob a Luz
Tanto mais eu descobri
Que não decido meu destino
Há uma força maior
Muito superior a mim e a tudo
E então, simplesmente me leva
Me serve de escudo
Me afasta das trevas
Mas me fez viver a vida toda
sob a cruz
Cruzou meu destino
Com pessoas
A quem eu não queria conhecer
Fez-me cruzar
Com projéteis ogivais
de ponta em cruz
Levou-me a cruzamentos
sem saída
apenas para ver me decidir
e conduzir-me novamente
a caminho de outra cruz
A Cruz que carreguei
Se chama vida
Lugar de pouca Luz
Se fui feliz
Este não era meu destino
Não nesta vida
Aonde já se encontrava
escrita e decidida
Espero ao menos
Que algo tenha valido
Nesta escura busca
Aonde me parece
Ter sido apenas eu
A entender o sentido
da Cruz que Deus me deu.
Você olha pro Céu
de vez eu quando
e a claridade
a vista ofusca
há coisas que a Luz oculta
e depois nem vai saber
Se foi rápida ou lenta
essa busca
Senta-se em frente
a um pedaço de papel
não sabe se desenha
ou escreve
viver
simplesmente tornou-se
uma espécie
de doença sem cura
Uma empreitada sem ganho
Uma janela onde se olha
e a paisagem é muito escura
Não há mais
porque prosseguir
na infinda procura
pela alegria sem tamanho
que sabes não existir
assim como a busca
Pelo lugar
onde nascem os sonhos
levou-te então a encontrar
apenas e tão somente
O ponto
Aonde morre a esperança
Você olha para o Céu
e descobre simplesmente
haver chegado finalmente
ao dia
Em que novamente
nasce o Sol
Porém
Não nasce alegria.
Ontem eu comecei
a cultivar um jardim
Um roçado
Ou algo assim
Plantei verdades
das mais diversas
variedades
Nasceu discórdia
em formato de pimenta
A terra onde plantei
Não era boa
As pessoas se alimentam
de ilusão
Verdade dá indigestão
E hoje de manhã
Plantei meias-verdades
Qual não foi minha surpresa
Ao ver que ao final da tarde
Havia brotado tristeza
Com cheiro de hortelã
Mas o formato
daquilo que nasceu
Tinha assim,
Uma certa beleza
Que nem sempre
A gente enxerga na franqueza
As pessoas não gostam muito
do sabor da sinceridade
Preferem viver à toa
Uma vida vã
Pra amanhã
Já deixei aqui separado
Vou plantar
Um monte de mentiras
Com sementes
da pior qualidade
que encontrei
Vai nascer felicidade
Com aroma de canela
e sabor acentuado
de Glória vermelha
As abelhas virão ajudar
E então vai dar
Favos
Com gostinho de ilusão
Daqueles que a gente
tanto quer
e sonha
Um dia mastigar no pão
O triste pão da vergonha.
Talvez seja verdade
Que eu e você sejamos
Apenas mais um
Apenas um, num Mundo cego
Ou, quem sabe
Eu não chegue nem ao menos
A Ser Um
Antes, Metade
Mesmo assim
Eu não me entrego
Pois eu sou Um
do qual se pode, realmente
Extrair tão somente a verdade
Não sou uma gota d'água na chuva
Uma areia na praia
Ou mais um Inseto na Terra
Eu sou mais uma Estrela
A brilhar no Infinito
Eu sou um Astro no Universo
E, mesmo que você
Pense o Inverso
Meus Versos são Escritos
Para ser lidos por Deus
E Ele Lê, tenho Certeza
Talvez, por isso
Você não enxergue a Beleza
Neles contida
É preciso saber
Enxergar muito além
das coisas que vão e vem
É preciso ver a Luz
Na Luz contida,
Que apesar de proeminente
Tem sempre o poder
de permanecer escondida
Para aqueles, cujos olhos
Só aprenderam a ver
As coisas
que vemos em vida.
Siga eu um dia, finalmente
Para o infinito
Para muito além das Estrelas
Para muito além do pensamento
Siga eu um dia, alegremente
Para algum lugar
Que Deus tenha me destinado
Longe deste confinamento
Onde me encontro
Há muito, qual desarvorado aprendiz
Que não leve recordação
De nenhum bem
Ou qualquer mal
Que fiz ou tenha feito
Siga eu numa noite chuvosa
Ou alguma manhã tardia
E aos que permanecerem
Que eu deixe a alegria
De saber que eu vou em paz
Mas que não permita Deus
Que eu vá
Sem antes ter certeza
De que as sementes por mim espalhadas
Farão deste Mundo
Em lugar melhor
Que aquele que um dia encontrei
Senão
Que eu não deixe nada.
Eu queria escrever um poema simples
Que falasse um pouquinho só
De coisas que a gente, normalmente
Tem deixado sempre de lado
Eu queria dizer coisas
Que te fizessem perceber
Ou que talvez me acordassem
E fizessem olhar
Pro ar
Pro Mar
Olhar para o Céu
Parar de olhar somente
Para as coisas que definitivamente
Não valem
Por mais que, de repente
Me calem
E que mais tarde
Olhando direito
Não convencem
Muito menos
Impressionam
Pois, na verdade
Nada me impressiona tanto
Quanto os raios do Sol
A fugir por detrás das nuvens
Irradiando Luz prateada
Eu queria só saber
Por que é que não consigo
Te convencer
Por que é que você
Olha, ouve... diz que pensa
Faz cara de paisagem
Mas nunca, porém
Entende nada
Continua vivendo ensimesmada
Parada, julgando o que não viu
Chorando o que não sentiu e nem viveu
Por que é que eu não consigo
Num simples poema simples
Fazer-te entender
As coisas que digo?
Faz um tempo que
eu não sei o que é chorar
Não por falta de motivo ou dor
Vejo estrelas prateadas
Vejo o Céu azul
Que filtradas na tristeza das retinas
de meus olhos
fazem tudo parecer tão incolor
E eu não ligo
Meu amigo
Faz um tempo que eu queria
Transformar
toda esta dor
em gotas lacrimais
que eu as derramasse
por caminhos
Onde não haverei de retornar jamais
Não consigo
A saudade conseguiu fazer
de meu coração
Seu abrigo
E ele agora
encontra-se
Fechado
Até pra mim
Eu desaprendi
ou simplesmente
não notei
que nunca consegui
abrir meu coração
pra libertar
esta tristeza
que nem sei se sinto em vão
tento então,
te dizer
isso que eu digo
Meu amigo.
Eu tive um pensamento
Um sonho ou algo assim
Lá num canto da cabeça
Eu achei por um momento
Que nesta Estrada
Estrada que não tem fim
A gente precisa, sim
Caminhar para algum lado
Lado certo ou lado errado
Sempre juntos
Porém, separados
Pensamento talvez
Arcaico
Pouco preciso
Precioso
Pensamento talvez
divino, talvez laico
Que surge às vezes
intensos
Às vezes brando
Sempre surgem
Ou surgem de vez em quando
Eu tive um pensamento
Num cantinho da cabeça
Ou sonhei
Com a intensidade da alma
Alma que não se acalma
Alma singela
Que me diz coisas tão belas
Alma grande, talvez miuda
Alma tudo
Exceto muda.
Eu preciso ir buscar uma planta
Que alguns até chamam de flor
Entre tantas outras existentes
Sei que é esta e somente esta
Que agradará o meu amor
Vai fazê-la me olhar com carinho
E querer ficar perto de mim
E gostar de mim pra sempre
Como um dia prometeu
E apesar de eu gostar muito dela
Esqueceu-se quem sou eu
Porém, esta planta delicada
Chama-se dente-de-leão
Quando aberta o vento a carrega
E a espalha pra Terra do Adeus
Mas ela ainda está em botão
Isso me dá algum tempo, então
E eu preciso chegar até ela
Caminhando devagar
Sentindo paz no coração
Eu sei que acabou de brotar
Num lugar inquietante
Um pouco mais longe de além
Mais além do ponto mais distante
Que eu posso enxergar
Quando eu olho do Mirante
Esta flor está lá me esperando
Sei que eu vou chegar lá
Não sei quando
Tenho pressa, pois sei que nasceu
Lá na Terra dos ventos uivantes
E peço ao vento por favor
Tenha calma, me espera chegar
Não carregue este presente
Que eu agora estou indo buscar
Pra ofertar ao meu amor.
Eu tento ser preciso
nas coisas que digo
Procuro ser bem claro
Passo a passo
nas coisas que faço
Evito dizer o que não devo
nas coisas que escrevo
Parece que vai ser fácil
mas sempre
Após perceber um novo fracasso
constato não ter sido nada disso
É preciso encontrar
Quem queira me ver de verdade
E escave um pouco
Com mais profundidade
Pois alí há de encontrar
Aquilo que não soube
Ou nunca pretendeu
Compreender
Por muito tempo naveguei perdido
Me esqueci como se esquiva da tristeza
Pode ser que eu nunca tenha aprendido
Na solidão enxergava beleza
Não havia uma Estrela-Guia
Não tinha Mastro que suportasse tais procelas
Não havia rastros dos quais eu me orgulhasse
Não achava aonde me orientar, por mais que procurasse
Assim a minha vida foi passando
Não há como viver mais do que um dia
Não existe maneira de resumir
Aquilo que nascemos pra viver
Durante uma vida inteira
Ouvia de vez em quando
As asas de um anjo que me rodeava
Não sei se era amigo ou se só sentia dó
Mas era o único que nunca me esquecia
Sua companhia fez a vida não ser assim
Tão só.
Ontem
Escondido atrás das cortinas
Eu observava a Lua
Escondida atrás das nuvens
Que também me observava
Eu a olhava apaixonado
Quando, de repente
Ela
Que possuia o infinito
e podia olhar o Universo sem fim
Achou bonito olhar pra mim
Olhava-me timidamente
Acreditando-se escondida
Atrás das nuvens transparentes
E ria de mim
Que através de uma atmosfera tão fina
Me via também escondido
Protegido pela cortina
Que sumia à luz do luar
Foi sumindo também
a timidez da gente
Com coragem eu abri a janela
As nuves se afastaram
Era a Lua que também
Abria as cortinas dela
E então nos encaramos
Conversando abertamente
Ignorando a distância
Que nem de longe
Afasta a gente
A Lua ligou o rádio
E ouvindo a canção do vento
Dançamos, então
Mentalmente
Ela me garantiu
Que hoje à noite
Eu posso esperar
E Ela estará lá novamente
Me disse que, se eu viesse
Eu a deixaria muito,
Muito contente
No frio e silêncio da madrugada
Não há e nem há de haver
Mais nada
Além da nossa conversa
Que o vento não leva
Muito menos o tempo dispersa
Eu pedi a Deus
Um pouco de alegria
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
A alegria de vislumbrar um pouco o Céu
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
Uma maneira de dizer aquilo que eu queria
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
Que minha vida não fosse perdida
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
Asas para voar
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
Olhos com visão além do alcance
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus Sabedoria
E Deus deu-me uma folha de papel
Eu pedi a Deus
Que após minha partida
Todo Mundo procurasse entender a vida
Que vivi aqui um dia
E Deus deu-me uma folha de papel
Pra eu poder escrever poesia
Bom dia, Bento
Eu hoje orei por ti
Senti tua benção
Que veio junto ao vento
Tua Luz luziu
junto ao meu leito
Janelas fechadas, ainda
Pensei então
em teus preceitos
Naquele perfeito
Momento de Paz
Agradeci a Deus
a tua ordem
Neste primeiro
Momento do dia
Antes que os pássaros
acordem
Antes que o malho
do martelo
Coloque mais calos
nas mãos
deste teu
singelo operário
Antes que os trens
iniciem a jornada
pelos trilhos
Em
Mais um dia de trabalho
Neste momento
Tão
Lento e sonolento
te peço
São Bento
Abençoa
Teus filhos.
Uma vez
Quando eu era criança
Uma das mães
Que a vida deu
Me contou
Que a vida cansa
E
Que não seria mansa a minha
Mas
Que era a missão
Que alguém escolheu
A ausência de mansidão
Que o tempo trouxe
Não deu-me tempo
de parar para pensar
Em muita arte
Que fiz ou
Queria ter feito
Mas nunca permitiu
Que se afastasse
A lembrança do Rosário
Que desfiou
Aquela Mãe
de nome doce
Que nunca afastou-se
de verdade
E eu a vejo às vezes, ainda
Quando abro os olhos pela manhã
Isso permite
Que eu suporte a saudade
De minha velha Mãe Maria
E aquela expressão, tão linda!
De me olhar
Como quem olha a um filho
Que nunca haveria de pisar
Um tapete vermelho
Eu queria apenas vislumbrar
As lágrimas
Que ela previu naqueles dias
Sentado em seu colo quente
Não calculei mágoas tão frias
Hoje sei
Que caminhei por boa parte
Sei também
Que não foram mais sombrias
Devido àquela doce companhia
Que me fez e faz ainda
Minha doce e amada Avó Maria
Que cedo assim
partiu para o Mundo
Porém,
nunca apartou-se de mim.
Eu não compreendo o que se passa
Quando percebo
que pequenas coisas que me emocionam
Para a imensa maioria
Não tem e nunca terão
A mínima importância
A chuva durante uma tarde de verão
A nova versão de uma canção antiga
Uma pequena vitória
de qualquer pessoa amiga
O mendigo que sorri para você
Agradecendo a graça dividida
A tristeza inexplicável que eu sinto
Quando termino de ler um bom livro
A insustentável sensação
de ser e não ser livre
A vontade de saber voar
Contrastando com o medo de altura
A doçura do sorriso
daquela pessoa desconhecida
Que posou despercebida
Numa foto antiga da família
A saudade de amigos ausentes
O gosto de pitanga
Que a memória gustativa
Traz à boca
Eu posso sentí-las nos dentes
As plantinhas que nasciam
Nos cantos dos jardins
Nas escolas da minha infância
Incríveis coisas invisíveis
Que enxergava e ainda enxergo
Não é possível que os demais
estejam cegos
Acabou-se o mês de janeiro
As contas que eu paguei dão a impressâo
Que já passou-se um ano inteiro
Em fevereiro acabam-se as férias
Fizeram o mês com menos dias
Que alegria!
Para aumentar a miséria
O brasileiro, sem rodeios
Tratou de colocar um carnaval alí no meio
Em pouco tempo chega março
Em menos tempo o correio traz as contas
Eu me embaraço e vou pagando
passo a passo
Passa-se o mês e a gente nem viu
Já é abril
Que já começa com mentira
de um jeito ou de outro
todo mundo se vira
Só eu que me atrapalho
Ainda bem que já é maio
Comemoramos o trabalho e as noivas
Que no final
São a mesma coisa
Chega junho e a gente nem viu
Simbora fazer fogueira
Comemorar a colheita do milho
Meu filho
Estamos em julho
Que desgosto!
Tem hidrofobia em agosto
Passam-se setembro, outubro e novembro
de janeiro?
Nem me lembro
Mês que vem já é dezembro
E assim a vida vai passando:
Praia, carnaval, quentão
fome, miséria, corrupção
violência, ignorância
Um dia a vida acaba mesmo;
pra quê dar tanta importância ?
