Texto de Carlos Drumond de Andrade - Antiguidades

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“ Uma certa noite um VAGALUME sobrevoava a mata e de repente foi puxado e agarrado por uma cobra gigante, daí o vagalume falou pra cobra: “que isso cobra? Pq você me pegou ? Eu não faço parte da sua cadeia alimentar !” A cobra respondeu: “sua luz própria me incomoda!”
Moral da história: A inveja nem sempre vem de pessoas fracas , mas vem de pessoas que podem ter tudo e bem mais que você , menos a sua luz!

Inserida por barbosa_silva

⁠COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠"Ah, quer saber se Deus está perto ou longe de você? Aproxime-se das crianças e as observe!
Estão alegres, felizes, sorridentes? Deus está perto de você!
Estão tristes, infelizes, chorosas? Deus está longe de você!
Pois, se há prova maior da presença Dele que o sorriso de uma criança, preciso conhecer!"

Inserida por carlos_dourado

⁠Das Grandezas
Gosto do tamanho de algumas coisas.
O voo de uma borboleta ao entardecer.
O pouso do pássaro num raio de sol.
Teus pequenos passos dançando na terra.
Uma gota despindo-se numa flor.
Aquela brisa que umedeceu teu beijo.
O olhar que perpetrou a sombra.
A última cantiga deixada na noite.
Em não me querendo modesto, a deslumbrar dimensões,
Não faço apologia da métrica ínfima.
Meço-me pelo sentir desterrado.
O que me segue, cabe em meu sonhar a andar.
Minha sensação de grandeza se emaranha de singelezas.
Como a memória da água, por entre rios, a retornar a nascente.
Como quando nos sabemos finitos, refazendo-nos começos.
E se é tão grande, como os olhos que se traduzem no peito.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Da casa
Morei numa casa,
Feita de cal, madeira e planta.
Tinha facho de velas,
E raios numa porta debruçados.
Minha mãe nos ensinava,
A fazer um pão chamado sonho.
Por vezes tínhamos que fermentar com mais vigor.
Mas por fervor ou insistência, crescia.
Nessa casa se contavam estórias.
Como a luz que ficou presa na sombra,
Até que o vento a libertasse.
Ou da lagoa que desaguava no mar,
Porque ele por ela estava encantado.
Tinha uma que ninguém entendia.
Revelar-se-ia mais tarde na travessia.
Era de uma voz que somente se ouvia,
No agudo silenciar, tomado na profundeza.
A casa inda lá continua.
Minha mãe ajuntou-se noutro tempo.
Só agora, enxertado de silenciamentos, aquela voz ecoa.
Abre-se na boca do menino que se avizinhou da saudade.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠A menina que dançava
Falaram-me de uma menina,
Que enquanto descobria seu ritmo,
Pensava-se menos leve,
Que o ar que a circundava.
Seu corpo feitio de brisa,
Se deslizando compenetrado,
Já mostrava que havia canto,
Mesmo quando não escutavam.
Parece-me que seu cabelo,
Poderia ser azul esverdeado,
Como se fosse coreografia de raios,
Se estendendo em sua face.
Como a desconheço, dar-lhe-ei o nome Eduarda,
Aquela que guardou nos pés,
A dança como abrigo,
E se foi envolvendo de ritmos,
Pungidos de existência.
Assim lhe surgiram os duetos,
Com seus deleites sonoros,
E também o estrondar de tambores,
Sucedendo sinfonias.
A esperança lhe chegou,
Como um bale compassado,
Mantendo firmes os braços,
Olhando para o alto, a seguir na direção.
As vezes até parece,
Que nem sequer percebia,
Que viver também se aprende de dança,
Que o tempo faz emergir.
Dança-se no silêncio da alegria.
Na tristeza acalentada.
Descobrem-se em distintos momentos,
Cenários convertidos de linguagens.
Na há movimento sem emoção,
Pulsar alheio, sem sonoridade.
Se dança com pó no rosto,
Com o brilho de enfeites costurados.
Mal sabe essa menina, que um dia lhe contarão,
Que estava a dançar com dor e graça,
Feita melodia de passos,
A poesia dançante da vida.
Carlos Daniel Dojja
In Poema para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Chá com os Poetas e a Moça Bonita
Quando ainda não vinha a noite,
Camões adentrou sobressaltado.
Tinha visto na Caravela,
O mar inteiro lamuriar-se.
Deixavam, pois, como aferira,
restos de tudo a enturvar as águas.
Logo em frente estava Quintana,
vindo de longe no vagão de um trem,
a confabular com uma andorinha,
que em frase pausada silabava:
- No ar há tanta fumaça,
que nem se pode mais voar sozinha.
Enquanto se aguardava o Mia
a descrever Um Rio Chamado Tempo,
perceberam Shakespeare acomodar-se,
frente ao sol que já não se via,
proclamando sem muito assombro:
- Falta humano no divino, mais virtude no humano.
O saber não deve destruir a vida,
feito punhal a ferir o coração dos homens.
Escutaram-se ruídos vários, ao ouvir-se o abrir de portas.
Era Pessoa com Ricardo junto com os demais heterônimos.
Todos apóstolos frente ao pão, resolveram recitar Drummond,
que bem se diga, já havia previamente antecipado:
- Saí cedo de Itabira, vou embora para Pasárgada.
Quem sabe acho Bandeira, coberto num trono de palavras.
Neste instante chegou Vinícius e sua elegante diplomacia.
Asseverou solenemente. Trouxe-lhes taças e o vinho.
Não lhes privei do chá inglês, mas devem considerar com atenção.
Melhor é sorver o sentir com um espumante entre as mãos.
Já não se sabia mais as horas. O ar estava em cantoria.
A moça junto à janela que as primeiras letras fazia,
das palavras guardava afeto para se doar em cada livro.
Foi dela a sugestão que cada um deixasse de si, apenas um verso transcrito.
Eu, mero assistente, por obra de atrevimento, também fiz provocação.
Por que não escrever os poemas em simples folhas de pipas.
Soltaríamos as Pandorgas em cada um dos cantos do mundo.
E poderiam as mesmas se irem a procurar um novo dia.
Prontamente Camões assinalou:
"...Da alma e de quanto tiver,
quero que me despojeis,
contanto que me deixeis,
os olhos para vos ver.."
Em seguida chegou-se Mia a sentenciar num repente:
"... Deixo a paciência dos rios,
mas não levo,
mapa nem bússola,
porque andei sempre,
sobre meus pés,
e doeu-me às vezes viver.
Hei de inventar,
um verso que vos faça justiça".
Quintana com seu sotaque ergueu-se com voz doce e macia, a reverberar clarividente:
" ... Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia,
para nos dar a eternidade inteira..."
Vinicius após servir o vinho, pediu um aparte.
Moça com perfume de flor, por favor, escreva para mim:
"... A coisa mais bonita,
que há no mundo,
é viver cada segundo,
como se não fosse o fim..."
Alberto, ao lado de Pessoa, também se pronunciou:
"...Mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena,
sei que a vida vale a pena,
quando a alma não é pequena.."
Já se adentrava a noite alta e as pandorgas versos partiam.
Foi quando fitei a moça que de olhos gris se vestia.
Então clamei a ela, antes que também se retirasse:
Agora que a lua cheia chegou,
como teus olhos em ternura,
borda-me entre o céu e a tua boca,
numa indelével tecitura.
A moça nada me disse, repousou na minha face.
Por ali ficamos embebidos de poetamento,
como se por um breve instante,
tivéssemos tocado o infinito.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas Para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Carta para Mia Couto
Prezado Mia Couto,
recebi uma mensagem de Shakespeare,
dizendo que o amor é pouco,
contrapondo-se a Pessoa
para quem o amor pode ser vário.
Decidi falar com Einstein que como sempre relativizou,
disse que o amor é uma órbita, que gira em torno de nós.
Quando estava te escrevendo Vinicius me chegou,
disse olha, a vida tem jeito, só se morre e nasce de amor.
Então em Moçambique, se a carta o Atlântico cruzar,
diga ao Carlos como se fala, o amor não deve tardar.
Se estiver ocupado, tratando algum assunto com Camões,
peça-lhe que envie transcrito em poucas e simples linhas,
- O amor é um contentamento descontente,
é dor que a gente se sente, que se desatina sem doer.
Quando eu receber a resposta, prontamente lhe confirmo,
atestando a Drummond, que o amor é um estar em ser,
num ser mais que profundo.
Eu ficarei orgulhoso de receber a explicação,
já que me vivo a Quintanar de amar,
o amor em sua extensão.
Até resgatei um modesto conceito,
desses que se declara numa ciranda de amigos,
- o amor, é tão somente, o infindo sopro, se fazendo vida.
Carlos Daniel Dojja

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Poema Nascimentos
Lembro-me do último dia em que nasci,
e de outros nascimentos.
Talvez tenha sido servo de Nefertiti,
Cônsul dileto da Imperatriz.
Togado professor no Kansas.
Eremita numa caverna desabitada no Sul.
Quantas vezes me viveu, este jeito de existir?
Fui conselheiro de Napoleão.
Astrônomo inglês a velejar no céu.
Ou será que sou apenas,
quem te encontrou vestida de ramos,
numa manjedoura em Belém.
Não me sei bem as idades.
Vivo de sentir memória.
Vivo de viver no que cabe.
Lembro quando corrias atrás do Tiranossauro.
Quando pisaram na Lua e viram teu rosto estampado.
Assim nos fundamos de uns outros em nós.
Nos cingimos de tantas vozes que coabitam.
Como não ter me impregnando daquilo que pressenti,
Quando lia o livro da vida que um dia passou por mim.
Carlos Daniel Dojja

Inserida por carlosdanieldojja

⁠MULHER

Há muito me disseram.
Havia o infinito sem o verbo,
O tempo sem escala, o vapor das estrelas se esvaindo.
A água sem memória tocando a pedra no silêncio.

Então o criador dos seres percebeu,
Que era preciso pés para infiltrar a terra,
Olhos para criar mundos do sentir ver,
Ventres para parir humanidade.

Foi quando o vento rugiu na criação,
Tocando a beleza inominada das coisas.
Um eco em sua profundidade retumbou,
E tudo então se tornou partilha,
Na celebração humana de cada voz.

Contam que desde então nasceu a mulher:

Para restaurar afetos,

Semear liberdade,

Pulsar igualdade.

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Dúvida do ar

Duvido do ar,
que não circula,
por entre paredes.

O ar calmo, passivo,
não se tornará brisa,
tão pouco vento em rotação.

O ar reprimido,
deixará as paredes ruírem,
tornarem-se velhas casas,
com ervas crescidas no jardim.

Tenho receio deste ar,
que nos mantem sobrevividos,
mas que não nos permite,
experimentar a existência.

Inserida por carlosdanieldojja

⁠"....Fiz até uma promessa, que vivo a suplicar.

Quando minha hora chegar,


Esperem a noite alta e me joguem inteiro no mar.

Vou virar mistura de lama, coberto de calcário, envolto de sal,


Para nascer como pedra, estendido a beira mar.

Então, nem queira saber, que alegria será,


Eu me vivendo banhado de ondas, a relembrar,

Toda a vida que viceja, quando se descobre um olhar...."


Fragmento Poema O QUE JOÃO ME CONTOU
- Em homenagem a João que já virou Pedra no Mar do Sul

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Indagação

E se todas as matas tombarem.
Todas as águas turvarem-se de fel e cinzas.
Todas as nuvens perderem o céu.
Se a terra for pisada pelo fogo,
E a lua, o sol, o vento, não mais encontrarem os homens.
Quando não mais amanhecer a natureza da vida,
Qual o dia que ficará, para os que perderam a memória do mundo?

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Às vezes tudo que precisamos é só uma demonstração de carinho ,afeto .
Uma demora em responder uma mensagem, de alguém pode machucar essa pessoa, tem pessoas que até olham ,mas menospreza deixa pra depois aquela mensagem,que foi enviada com carinho.
Nunca menospreze uma mensagem enviada com amor , mesmo que seja um simples "bom dia filha" tudo na vida é passageiro o mundo gira então valorize as pessoas, porque amanhã pode ser o último dela ou o seu ,hoje vivemos dias sombrios então valorize a vida de amor , carinho
"O amanhã pode ser o último"

Inserida por luiz_ramos_2


Sempre gostei de estar rodeados de amigos,
Muitas vezes troquei parentes por amigos,
Achando que eles eram mais importantes,
E na verdade são, pois sem amigos a vida perde o sentido.
Com o decorrer do tempo, as coisas vão mudando.
E aqueles que pareciam ser verdadeiros amigos,
Já não são mais aqueles de outrora, apesar de continuarmos amigos.
Criticas, incompreensões, desaforos, gozações inconsequentes
Passam a fazer parte do cotidiano.
Plenamente respeitável. A vida é uma constante mutação,
Ela é dinâmica!!! De alguma forma as pessoas mudam.
O tempo nos ensinam coisas que até então não se passava pela cabeça.
Neste diapasão, comunico aos meus “ verdadeiros” amigos que,
Ainda serei seu amigo, não vou esquecê-los,
Mas já estou velho demais para suportar incompreensões.
Vou seguir meu caminho do jeito que sou
Não quero perder a amizade com ninguém
Mas não serei como sempre fui,
Não serei um colega ou companheiro,
Continuarei amigo.
Vamos seguir o caminho normal da vida.
Se um dia cruzarmos, seremos ,como sempre, amigos
Mas cada um na sua, sem resquícios de inimizade.
Continuaremos amigos, por caminhos diferentes.

Inserida por jose_c_salles

⁠QUANDO TE SONHO

Quando me aposso da noite do sonho,
Os pés do mar correm em ondas,
E querem se aformosear em teus passos.
Tornam-se seixos encravados em tua espera.

Na terra os braços do vento te acariciam.
Matizam-se de cores para ornar teu ventre.
Tua boca me incita,
Ao não desver o querer imaginado.

Não desperto. Cubro-me de ousadia.
Continuo te inventando,
Antes que desenleie o dia da saudade,
Entre uma e outra possível eternidade.

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Quanto tempo nós ainda temos?
Não há como saber!
Não dá mais tempo pra fazermos tudo o que queremos, mas ainda dá pra ouvirmos uma música, lermos um livro, deitar um no colo do outro, olhar nos olhos, sorrir, contar umas histórias.
Ainda dá tempo de cultivar umas plantas, elaborar uma refeição, priorizar o essencial.
Aos que tiverem sorte, ainda dá tempo de amar.

⁠Já foste rainha de meu castelo de sonhos, enquanto isso, para ti, fui apenas teu bobo da corte!

Oh, não lembra-te, daquilo que já foi teu lanfranhudo entre príncipes?

Hoje, sou oposto de piada, a mutável beleza pitoresca.

E se meu brunir ainda for suave para ti, não se engane, pois, tenho olhos ferozes, de um leão.

Inserida por antoniocarlospinto

⁠Oh Sol, cuja a beleza não mais resplandece para os olhos desse desnobre!

Diga-me, onde está meu astro reluzente? Aquele que aquecia o meu coração gelado e descontente?

Para onde foi aquela que envergonhava suas irmãs estrelas cintilantes, e os astros da mais alva manhã?

De cuja a presença fugia o teu satélite chamado lua, tão opaco e fosco diante do fulgor dela.

Onde está a minha soberana, aquela que iluminava os meus sonhos todos os dias?

Aquela moça rutilante que esbanjava gliter e púrpurina entre os as constelações do meu olhar?

Sim, aonde andará a rainha do meu castelo de fantasia, se tudo que vejo é tristeza em meu reino, porque levaste minha alegria!

Inserida por antoniocarlospinto

⁠Que meus olhos estejam fadados ao gelo e não mais brilhe o sol para mim, depois de sua partida.

E assim, não mais vivo, mas sobrevivo a mim mesmo, entre noites e pesadelos.

Oh, amada minha, estrela substituta das manhãs, cujo o calor aquecia-me o coração, hoje, sem ti, não há sonhos além de frio!

Inserida por antoniocarlospinto

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