Texto de Autor Desconhecido
SONS SEM GAIOLAS
Ali, naquele galho retorcido
Repousam pássaros
Em ninhos ornamentados
Pequenas flautas com asas
Por si, são embelezados
Pelo torpor da existência
Ali, átrios e ventrículos se contorcem
O som tem insônia
O eco toca campainhas em hiatos
Sem perturbar nenhum átomo
E, a melodia mais bonita, foi cantada
Com saudade
Se conseguir ouvir
Diga-me que SIMbemol
Um par de asas
Um par de orelhas
Batem com muita fugacidade
Para ouvir a tua voz
O teu sorriso é um piano completo
Cada tecla me desafina
Me retoca o batom
Sei que meu pássaro logo passará
Esteja isento de ingressos
Ingressa-te livremente
No paraíso dos meus sons
Onde não há serpente
Nem maçãs
Só há pássaros vermelhos
Que passam nos meus lábios
E entram em espelhos
Espanto os corvos bons
Não me deixe em pausas
Contorça-me em teus tons
CHEIRO SEM NEXO
Quando chove em minha casa
Telha exala as horas
Eu não sei que horas são
Em espelhos de janela
Ladro ao primeiro vento que vier
A chinela emborcada
Desde que deitei
Testou minha fé
Ninguém sabe a oração
Se amanhã eu parir só rimas
Minhas metáforas
Adestradas pela vergonha na cara
Virão abraçar as tuas silhuetas
E na mesma cena e palco
Saberá que o equilíbrio ensaboado
Escorregou do meu meu corpo
E foi parar no ralo
Pelos logradouros que passou
Deixou o rastro
Não promete retornar.
Ai, que cheiro que deixou...!
CAIXA DE FÓSFORO
Pobre deu que sou de calores
Fervor, cama, leito e aconchego
Fui me atear nesse mundo de dois vértices
Sem saber
Que pro meu fogo
Gente desse bioma
Se esquiva
Pobre de quem não é febril
Perde a fé e o brio
De se inflamar nesses meus braços
Sem saber
Que nessa caixa de fósforo
Nem espirro
Eu posso dar
BEM-ME-QUER(O)
De todos os pesares
O mais leve é saber
Que equilibro soluço e canto
Enquanto despenteio flores
bem-me-quer, mal-me-quer
bem-me-quer, mal-me-quer
De todos os panos
Torço e contorço os fios
Para que escorram em minha pálpebra
Encantos de mais uma história
bem-me-quer, mal-me-quer
bem-me-quer, mal-me-quer
Como posso despentear flores
Se em minhas palmas
Cheia de mapas desertos
Eu tenho é dente-de-leão?
bem-me-quer, mal-me-quer
bem-me-quer, mal-me-quer
Se bem me queres
Mal consegues saber
Que bem lhe peço
Ao orixá que tu tanto rogas
Que lhe perdoe
Por ser mais pedra
Do que mar
bem-me-quer, mal-me-quer
bem-me-quer, mal-me-quer
E as minhas pétalas
Que caem tanto quanto os teus fios
Mordem os endereços de nossos abraços
Desertando panos e lençóis de algodão
E as pedras são as mesmas
Ainda que vento só sopre o nunca e nucas
Só se basta o que foi bastante
Seguro em minhas aspas e grito:
bem-lhe-queira, bem-me-quero
bem-me-queira, bem-lhe-quero
[DESAPONTADO]
.O mundo acabará da luz que emana dos rios e mares que, juntos, se fazem represa dentro de lâmpadas. Muitas. Lâmpadas, muito acima da nuca, próximas ao nunca, leva ao útero a luz. Luz que amarela o caminho das minhas reticências, das ciências. Eis a minha fria preferência aos pontos finais. Pontos finais são amarrados, feito laço bonito, pelos dedos mais bonitos que jamais vi. Bonitos dedos entrelaçados, perfumados por alcalinos terrosos como se, estes, tivessem bonito cheiro. Cheiro veste todo o corpo de agulha e carne, carne fluida de sangue cor dos fins de tardes. Do céu cai chuvas e chaves – e nenhuma de fenda – que pra eu apertar o balé dos meus parafusos que dançam livres e soltos no eixo do desleixo da minha cabeça. Cabeça, cesto fundo para guardar os nexos sujos, todos carcomidos de repetição, sem nenhuma palavra nova, pois – tal como as lâmpadas – na minha cabeça o mundo acaba em luz – e não em pontos finais.
A LUTA
"Vá em paz, meu velho pai, que Deus lhe espera com a paciência que, os dias de calor, pouco lhe deram. O teu nome - forte, em todos ecos da pronuncia - agora é clamado pelos nossas bocas ressecadas. Os nossos dias prosseguirão nos leitos dos rios que fluem, e rolam frouxos, em cada crivo das tuas rugas. As nossa diária luta marcial já nos prepara aos lutos e relutâncias. Vá, meu pai, que o que é teu vai romper as gerações famigeradas. Nunca hei de me dar ao hiato, pois teu timbre treme todo meu corpo. Respeitável seja a tua ida - que, agora, vem para sempre."
AS ÂNCORAS VOAM
"Passa um navio, na minha avenida, navalhando - em garatujas - todo o piso que se estende. Navega sem levantar poeira, mas se anuncia em buzinadas de timbre marítimo, tão alto que, quem grita, só se ver por lágrimas. Nele, que nunca lhe disse antes, agora embarca o único que sabe bem dos meus segredos. No entanto, se o segredo vai embora, já não há de se existir. As âncoras voam, lá vai o meu peso se partir. E se, desse remorso, ainda houver motricidade, que seja para que o meu navio só naufrague quando chegar ao céu."
PEDRAS NA VESÍCULA
"Eram tantos os suplícios para que cessassem o arremessar das pedras, eram tantos...Muitos! Tantos tontos ouvirão ecos sem economias. Pedros, pardos e perdidos. Perdidos entre pedras. Tantas pedras prediletas, com valoração, seixos com matizes. Eram tontos os que buscavam a pedra sem peso. Pedras não são como penas. Pena de vida, não há morte pior. Tantas pedras amorfas formam desfiladeiros íngremes, subidas delgadas, caminhos de campos calvos e calminhos cavam. A pena dos pássaros está na liberdade. Tantas pedras mofadas, sem uso, formam desafios íngremes, subidas às degoladas, pedras na vesícula, pedras atiradas."
PRAXE
tenho textos arquivados
roupas que vou dar sem usar
raiva bruta de barata
boletos à espera
moeda atrás de baixo do sofá
faço de livro enfeite
gosto de medo livre
o travesseiro era de minha mãe
a mania de asseio é minha
já deixei planta morrer de sede
queimei boca quando tive pressa
ponho açúcar em café
amanhã trabalho com tinta
y hoje rezo com muita
fé
QUEM TE MANDOU
Das frestas que enrugam paredes (umas quatro)
às quinas - linhas da minha testa...
Penso-lhe: há tempos sinto
Y lunações é donde mais
me entrego
que saudade de tu é gênio que vibro
mo' d'Oxalá
guiar
Preto meu,
malandral lhe vista y benza
paz
pro nosso
amor
passar
IDADES NOVAS
"A busca de novidade não pode ser tão somente movida pela predisposição a algo novo. Sobretudo, também é inovação a maneira como entendemos nossas fugas diante do que temos, repensar vivências superficiais, tal como lidamos com a dispersão de nossos sentidos. Aplicada neste contexto, não tem a ver com inércia. Mais tem a ver com a velocidade que aplicamos aos nossos carros invisíveis de desejos vazios. Para além, veja que reciclagem - tal como posta a palavra - nos dá autonomia para reinvenção de ciclos, ora nossa capacidade cognitiva se amplie conforme damos mais sensopercepção para si y para outros. E, em direta citação, repensemos que "se está em tédio consigo mesmo, pode ser sinal de má companhia".
MANDACARU DE SAUDADE
Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu
Mandacaru
Saudade tua
Espinheira bonita
Nunca vi o dia acabar
Mandacaru
Valhe-me toda a fé y riso
Valei-me, Oxossi
Ele é de Odoyá
Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu
Mandacaru
Teus braços se alevantam
Pr'algo (plural) tão divino
Pacto ou cacto
Se aceitei: bem sei
Fiquei torpe contigo
Quando eu der flor
Volte pra me
Cheirar
O JANE-IRO-
Teus dedos
dedos de figo, topázio y malagueña
verão,
carnaval em jardins
O Corcovado em teu dorso
o arqueiro cavalga na Lapa
- arcos de íris -
circunflexos, vossos gemidos são preces
Epa babá! quara (o sol) em tuas asas
voltei outro,
toquei harpa em teus fios
tenho fiapos das mangas
da tua flora-blusa de chita
só Guanabara já sabia
meu nado contigo: sincroniza o sismo
podem mar y rio
ser simbióticos
quando dançam
com
liberdades
de
rimar
MARÉ ALCALINA
Calma
Calmaria
Teu cangote: camomila
Com a alma
Calefação, ar rarefeito
Maracujá cuja calma
Há
Levezas de Maria (calmaria)
Cafunés de minha mãe
Cachoeira em meu dorso
Água, chá, abraço ou sopro
Y na fobia - ou roer de unhas
Qu'eu me embrase
Na azia de baleias
A maré alcalina
Toca meu barco -
Odoyá, em teu mar
me
receba
FOSSE LIGEIRO
Tu
Presente duma vida
Que vive há dias em
Nublados que me quaram
Embrião de cambaxirras
Eco alto que se ouve em futuro
Passado ligeiro
Passou, por mim, engomado
Vestido em minha roupa
Façamos tranças
De nossos pêlos eriçados
Contato com contato
Envaidecidos (ego sem dolo)
Em leões lunares:
Pois há beleza nesse
nosso
(a)temporalizar
O jovem sabe que está esperando, mas não se sabe o que no fundo ele espera, alguma coisa que livre sua vida da rotina ou da mediocridade.
O que ele precisa saber, é que aquilo que ele espera, só pode ser encontrado, dentro dele.
É a capacidade de criar e enfrentar situações novas nada mais do que isso.
E nisso se resume a juventude no decorrer da vida inteira...
Voce é minha praia
Minha agua de coco minha prata
Nos dois junto cinema cult uma musica de frank sinatra
Amor de psicopata
Se a morte nao me achar seu amor me mata
Veneno amargo com uma sensação adocicada
Podia tocar aquela da vanessa da mata
Funk ou balada
Minha ostentação nao é te amar como magnata
Tudo isso é falso nao acha
E todas as minhas tristezas se acabam com sua risada
To do teu lado quando ta bem ou quando ta chata
Pra mim é sempre a mesma o amor só aumenta
E todo esse sentimento se for fogo nao apaga com agua
Se for agua nao evapora com fogo
Se a gente ta no ar é acima das nuvens num limpo ceu de estrelas
É normal que vc ajude o comércio de um amigo, compre coisas, produtos, trabalho de um conhecido, de preferência para quem vc conhece para ajudar, para conhecer, para indicar...
E é verdade tbm, que na sua vez, será tudo ao contrário, não te apoiarão nem lhe darão preferência.
É ninguém é obrigado a nada, por isso o mundo gira como gira.
Empatia, só no dicionário 😑
O Tempo, meus amigos, o Tempo está roubando coisas de mim. Tamanha veemência e desatino, me lembram muito bem que, anos atrás, não era assim. O Tempo tem me ultrapassado, descompassado, fingido não se passar por mim. Decidi ter uma conversa com o Tempo para atarmos uma relação agradável e pedir mais uma vez que ele não me deixe apenas no passado.
Eu perguntei:
- Ríspido, o que tens contra mim?
O Tempo me respondeu:
- Estou farto de ser descuidado e ser usado como desculpa, fingindo que não me tem. Estou cansado de ser perdido em horas em vão. Estou cansado de ser perdido! Se você não tem tempo, tenha tempo para mim.
O Tempo, meus amigos, o tempo está roubando coisa de mim. Nesse nosso relacionamento, já dei adeus ao fôlego, às lágrimas, aos agouros; tamanha veemência e desatino, lembro-me muito bem, ainda não teve fim.
A Flor do Amor
Eu te trouxe a Flor do Amor.
É presente.
É simples.
É singela homenagem.
Lembrança.
O que seja, contanto que seja
recebida por teu coração
como fluido, excelente
doador de novas energias
e forças do Bem!
Recebe esta flor que vem
do céu. Transparente, bela.
Presente de um coração
que se preocupa contigo
e que está sempre ao teu lado
te indicando o caminho do Bem!
Quer saber quem sou?
Me chamo Amigo.
Anjo de Guarda do teu coração,
que conhece a fundo todas as tuas manias, segredos, baboseiras,
infantilidades, rompantes de generosidade.
Sou quem se preocupa
quando erras, e te mostra
pacientemente, o caminho de volta,
o refazer das coisas
no momento apropriado.
E a flor que te trago é a Flor da Amizade.
Surgida no coração que ama como te amo , como se ama a um filho ou filha.
Como se ama um amigo querido
com o qual me preocupo
e procuro auxiliar.
Recebe então, amigo do peito,
a flor que tem jeito de flor do coração,
pois encontrará dentro dela
um perfume diferente,
um cheirinho de amizade
que encantará teu coração!
