Texto Amigos de Luis Fernando Verissimo

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⁠Às vezes, um amigo!
Às vezes encontramos uma pessoa especial para chamar de meu amigo.
Às vezes não.

Alguém que, sem querer, você conta tudo sobre você, seu dia, um sonho.
Às vezes, sem você querer.

Essa pessoa vai te fazer acreditar que o mundo é bem melhor do que parece.
Às vezes, ela vai te fazer viajar para outros mundos.

Uma amizade tão intensa que a distância parecerá apenas uma preguiça preguiçosa de visitá-la.

Às vezes um abraço parece não ser perto o suficiente.
Quando encontrar, ame-a.

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica
E eu sou um mar de sargaço –

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem

LISBON REVISITED (1926)

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!

"Eu não tenho rancores nem ódios. Esses sentimentos pertencem àqueles que têm uma opinião, ou uma profissão, ou um objetivo na vida".
(In Instabilidade - Extraído de "Fernando Pessoa - O livro das citações" - Organizado por José Paulo Cavalcanti Filho - Rio de Janeiro, Record, 2013)

Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,

Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.


Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, 6-1-1923

Metade

Metade de mim que ama
A outra que odeia
Ama as pessoas que estão “longes”
e odeia as que estão “perto”.

Uma metade de mim egoísta
Outra caridosa, com o
coração enorme.

Metade de mim que tem direitos
Outra não tem direito a nada.

Metade de mim revolucionária
A outra também.
Às vezes a gente viaja...
...queremos mudar o mundo.

Metade de mim feliz por viver
Outra metade triste por
não morrer.

Uma metade que luta
A outra também,
mas ambas nem sempre vence.

Metade de mim que eu não
sei o que é
A outra muito
menos ainda.

Metade de mim otimista
que acredita que o mundo possa mudar
Mas a outra pensa que isso não
tem mais jeito.

Uma metade de mim quer
uma coisa
Outra metade de mim quer outra
totalmente diferente.

Vivemos e temos que fazer tudo valer a pena
Mas apenas uma metade minha
acredita nisso,
a outra parece nem
existir.

Para onde vai a minha vida, e quem a leva?
Por que faço eu sempre o que não queria?
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?

O meu destino tem um sentido e tem um jeito,
A minha vida segue uma rota e uma escala
Mas o consciente de mim é o esboço imperfeito
Daquilo que faço e sou: não me iguala

Não me compreendo nem no que, compreeendendo, faço.
Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim.
É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço.
Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.

Quem sou, senhor, na tua treva e no teu fumo?
Além da minha alma, que outra alma há na minha?
Por que me destes o sentimento de um rumo,
Se o rumo que busco não busco, se em mim nada caminha

Senão com um uso não meu dos meus passos, senão
Com um destino escondido de mim nos meus atos?
Para que sou consciente se a consciência é uma ilusão?
Que sou entre quê e os fatos?

Fechai-me os olhos, toldai-me a vista da alma!
Ó ilusões! Se eu nada sei de mim e da vida,
Ao menos eu goze esse nada, sem fé, mas com calma,
Ao menos durma viver, como uma praia esquecida…"

Fernando Pessoa

Abdicação

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho.
Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa — eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

Hoje escuto musicas que me fazem lembrar você.
Mais na verdade nem precisava,porque você é inesquecível.
Isso é só um modo de me sentir próximo de você a todo momento.
Pois é você que eu quero,é a você que eu pertenço,você faz parte da minha rotina.
Dos meus sonhos,dos meus projetos,da minha felicidade.
Hoje eu vivo por você e acredito que um dia você viva por mim.

o sino da minha aldeia

O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Escolhi e fiz escolhas infeliz
Fui feliz e magoei muitos
Estendi e fui entendido
Escondi e fui descoberto
Aconteceu e deixei acontecer
Vivi e fui a vida
Esperei a espera
Me dissera muito e disse mais ainda
Escutei e fui mudo por muito tempo
Mudei e mudaram
É a vida é cheio de coisas parecidas
Com atitudes diferentes
O mesmo que você faz agora não pode fazer depois
Mais você pode ser justo sempre !

‘’E mesmo no silêncio, desejo estar com você, sentir seu cheiro, ouvir sua voz!
E mesmo sabendo que serei punida, eu aguardo a sua volta para poder sorrir.
Queria sentir seus lábios, proteger seus sentimentos, mas não posso mais.
Poderia arrancar sua dor e transferir para mim, e mesmo assim estaria feliz.
Tudo que penso e falo, estão ligados a você, pois um só sentimento nos representa! O amor!’’

Eu poderia percorrer incontáveis quilômetros, bater em centenas de portas, trocar olhares com milhares de pessoas e mesmo assim não encontraria a felicidade;
Porém, tudo que preciso é andar poucos metros, bater em sua porta, olhar apenas no fundo dos seus olhos e encontrar assim o significado da palavra felicidade...

SONHOS DE MENINA

Sorriso que anima
Aquece qualquer coração
Sonhos de menina
Buscados com determinação

Curte a vida
Como quem dança uma valsa
Apesar das feridas
Que seu medo realça

Mas num belo olhar
Traz a vontade de conquistar o mundo
E o desejo de se entregar
A um amor fiel e profundo

O guardador de rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Seja você a mudança

Hoje eu compreendo perfeitamente os erros que cometi. Olho bem fundo para dentro de mim e me pergunto: Por que eu fiz isso?
Nós só pensamos em nossos atos depois deles terem tomados proporções catastróficas. Uma vida não paga outra vida. Um sofrimento não se paga causando dor aos outros.
Pare e repense. Não haja por impulso. Pois, tudo o que você fizer irá gerar uma severa consequência. Antes de brigar, defenda-se. Antes de soltar o verbo, repense. Nada vale machucar alguém, pois ele certamente tem alguém que o espera voltar.
Uma vida não paga outra vida. Não é este o sentido da vida. Matar ou morrer e, sim, viver e aprender.
Cada pessoa tem seu próprio caminho a seguir. Muitos dos nossos são parecidos. Podemos nos ajudar. Não pense somente em você! Dê uma chance para os outros se explicarem. Argumente também sua defesa quando você estiver sendo acusado.
Hoje eu compreendo perfeitamente o erro que eu cometi e, por isso, não quero que você cometa o mesmo. Não queira ser igual a ninguém. Nem fazer o que os outros fazem. Você não precisa copiar ninguém para chegar aonde você quer. Tenha seus próprios objetivos. Trace suas próprias metas e as siga! Ponha em sua cabeça que a vida não será algo fácil. Que nada ela te dará de mão beijada. Lembre-se que o que vem fácil vai fácil. Esta é a lei da vida.
Pense em quantas vidas poderiam ser salvas com um pequeno gesto seu. Quantos sorrisos poderiam brotar de rostos tristes se você tivesse um tempo para eles. Quantas pessoas seriam saciadas se você divide-se o que tem de sobra.
Você pode fazer a diferença na vida de alguém. Estou certo que para isso você não precisará matar ninguém. Quando você deseja uma coisa de todo o seu coração não há como ela não dar certo! Acreditar em si mesmo é o primeiro passo para ser bem sucedido.
Vamos lá não é tão difícil assim mudar. Um pouco aqui... Um pouco ali... E você verá uma grande transformação. Seja o motivo de um sorriso. O conforto de um abraço. Ofereça sua presença a quem dela necessita. Uma o útil ao agradável.
Seja você a mudança... O motivo da mudança de alguém... Seja o exemplo a ser seguido.

Quero num dia de outono,
contar as folhas que caem do ipê,
Quero nas manhãs de inverno,
aconchegar-me ao teu abraço confortante.
Quero numa tarde de primavera,
contemplar o voo da borboleta.
Quero no verão de nossas vidas,
viajar rumo ao brilho do sol,
abrasando nossos corações e inebriando nossas paixões.

E que fresco e feliz horror o de não haver ali ninguém! Nem
nós, que por ali íamos, ali estávamos. . . Porque nós não éramos
ninguém. Nem mesmo éramos coisa alguma.. . Não tínhamos
vida que a morte precisasse para matar. Éramos tão tênues e
rasteirinhos que o vento do decorrer nos deixara inúteis e a hora
passava por nós acariciando-nos como uma brisa pelo cimo de
uma palmeira.
Não tínhamos época nem propósito. Toda a finalidade das
coisas e dos seres ficara-nos à porta daquele paraíso de ausência.
Imobilizar-se, para nos sentir senti-la, a alma rugosa dos
troncos, a alma estendida das folhas, a alma núbil das flores, a
alma vergada dos frutos. . .
E assim nós morremos a nossa vida, tão atentos separadamente
a morrê-la que não reparamos que éramos um só, que cada
um de nós era uma ilusão do outro, e cada um, dentro de si, o
mero eco do seu próprio ser. . .
Zumbe uma mosca, incerta e mínima. . .
Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos, que
enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto...
Nosso quarto? Nosso de que dois, se eu estou sozinho? Não sei.
Tudo se funde e só fica, fingindo, uma realidade-bruma em que
a minha incerteza soçobra e o meu compreender-me, embalado
de ópios, adormece. . .
A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora.
. . Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida,
as achas dos nossos sonhos.. .
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque
cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque
traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque
se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos. . .
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil
hirto da nossa Imperfeição. . .

Eu desisto de procurar, procurar por alguém que não me mereça, que não mereça ao menos o meu respeito !
Já sofri muito por amor, agora quero ser Livre e Feliz.
Viver Feliz, cansei de subir um degrau e cair dois, cansei de te procurar e não te achar.
Agora será diferente, eu estarei aqui esperando por você !
Deus, ele te colocará em meu caminho.
Mas, isso tudo no tempo dele, não adianta querer fazer o contrário.
Quando tiver de ser, será !

A pálida luz da manhã de Inverno,

A pálida luz da manhã de Inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem uma esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem um vazio sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

Fernando Pessoa
Livro Poesias Inéditas (1919-1930)

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