Teu Olhar me Tira do Serio

Cerca de 72892 frases e pensamentos: Teu Olhar me Tira do Serio

⁠CRISTAL QUEBRADO (soneto)

Neste versejar estreito e amarrotado
uma saudade, dura, estirada na rede
de verso tedioso, o dia, assim, despede
suspirando com sonho desencantado
e em um canto da imaginação, a sede
de ilusões, desejos, no pesar bordado
delicado tal um copo de cristal lavrado
em que, às vezes, a sofrência excede

é trova com choro, o que muito sente
cada rima, uma rima com uma solidão
bêbedo de dor, que dói n’alma da gente
poética que faz o coração abandonado
deixando o soneto cheio de sensação
nota, e cicatriz de um cristal quebrado.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 junho, 2025, 19’36” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Creio que estou passando pelas fases do luto após o término, imaginei que haveria sofrimento, mas não tamanho. Entretanto, eu devo seguir em frente seja por mim ou por ela, espero conseguir atravessar esse deserto.

Inserida por Rosario

VIRADA

Começa a haver meia noite, memoração
Como se tudo no tilintar das taças finda
Calam-se os corações, os fogos falam
Abraços hão de haver, de haver ainda

E o universo inteiro sozinho...

O meu fadário calado e na berlinda
Do silêncio na inspiração d'um ninho
Ruídos da rua, passos de ida e vinda
E os festejos sussurrando baixinho

E sozinho o universo inteiro...

Felicitações me são dadas do vizinho
Pelo ar ecoam acumulação de cheiro
Então deixo ilusões na taça de vinho
E velo solenemente o meu cativeiro

E inteiro sozinho o universo...

No rés do chão ter esperanças é roteiro
Já o pensamento na saudade disperso
Esperando, escutando, leve e sorrateiro
Qualquer coisa, antes de dormir, averso

Sozinho, solitário não, romeiro...

Vou dormir! Amanhã, dia outro e diverso.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

ADEUS ANO VELHO

Deste que passaram-se horas
Do velho ano
Do ano que já é outrora
Agora recordação, tempo profano
A cada segundo, minuto, hora
Dia após dia, quotidiano
O tempo vai, vai embora
Sorrateiro e ufano
Muito antes, antes de mim
Veloz e insano
Sem parar, até o fim...
No diverso plano
Vida que segue, "Quixotesco" no seu rocim
Adeus velho ano!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

PRA ALÉM DO CERRADO

Para além do barranco do cerrado
Talvez só a estrada, ou um castelo
Talvez nada além dum olhar singelo
Porém, pouco importa, vou levado

Enquanto vou, aos devaneios velo
E os gestos postos no chão arado
Lavro cada sentimento denodado
Não sei e nem pergunto, só prelo

De que adianta querer qual lado
Se o fado é tão diverso no paralelo
E as curvas reveis no discordado

E para aquilo que não vejo, o belo
Sorriso, a mão do amor, ofertado
Assim, refreio passada com flagelo

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DESENCONTRO

Que sorte forasteira é esta
Que caminha sem sentido
Riscando rumo partido
E pouca ventura empresta?
Finge ser o destino, direção
Sussurrando ser boa nova
Se mais parece uma cova
Exílio arquitetado pro coração.

São desencontrados gestos
A nos jogar feridos ao chão,
Criando silêncio na emoção,
Com tais sonhos indigestos,
Que viram amarras pra ilusão,
Solidão nos desejos incertos,
E nos fazem boquiabertos...
Sem ter o amor, ah isto não!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A PORTA

De tábua és construída
ao vento e a poeira corta
marca chegada e partida
viva e morta: sou a porta

Eu abro para quimera
me fecham no temporal
sou tramelada, espera
proteção, da casa ritual

E neste abre e fecha
a escada é o meu chão
lá fora eu vejo pela brecha...
O bem, é a porta do coração.

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 27 de maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE UM AMOR PROIBIDO

Da paixão surgiu o meu eu encantado
Do silêncio, suspiros sem sons ledos
Engasgados como são nossos medos
Onde o inviável está ali aprisionado

Aqui confesso, então, estes segredos
D'alma que vai com o perigo ao lado
Desgovernado sem o tempo marcado
Pávido e, com os sentimentos vedos

Triste o afeto que quer ser enamorado
E se queima em aventurosos folguedos
De ilusão, que não deveria ser desejado

O que é rochedo é o amor proclamado
Tudo passa, é passageiro, só enredos
E este, proibido, é um amor agoniado...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TEMPO EM SONETO

Se tempo é a minha fortuna, quero ir além
Ter quem, no essencial tempo para amar
Tempo nas palavras pra falar com o olhar
Tempo no tempo pra ter tempo, também...

Porém, que este tempo traga um lugar
Que se possa no tempo confiar a alguém
Tempo ao tempo que esperança contém
Criando tempo no meu vário caminhar

Se tempo é tudo que tenho, me convém
Aprecia-lo com tempo, assim, respeitar
Cada tempo que o tempo no fado detém

Então, no tempo eu ter afeto sem desdém
E cada detalhe do tempo, o bem embalar
Sem objeções e ofensas ao tempo... Amém!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONATA DE OUTONO

Versos de folhas caídas
Circuito de vida, na vida
Folhas mortas, já vencidas
Num balé de vinda e ida

Vão ao chão, são paridas
Trilha de ilusão descida
Na melancolia, ouvidas
Numa inevitável corrida

Do fado, no seu instante
Duma outrora agonizante
Em apelos da mocidade

De tão veloz, e vai avante
No seu horizonte gigante
Os outonos e a saudade...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2018, 13 de março
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O artista não morre se transforma em fração do infinito...
- Maestro Guilherme Vaz

POR AQUI PASSOU UM LOBO SOLITÁRIO

Quatro da tarde
O pranto indígena em prece
A dor açoita. O vento arde
O silêncio cresce, sem meça
Do choroso canto à parte...
Junta-se o coração em pedaços
Em sentidos lamentos à la carte
Gemidos partidos, sublinhados em traços
Do travador, mestre, da saudade em encarte.
“Por aqui passou um lobo solitário.”
Não foi mais um, foi um! Foi arte!
... foi vário.
“Ele está em todos lugares e em lugar nenhum.”

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
ao primo Guilherme Vaz.

Inserida por LucianoSpagnol

Tem quem venha
e tudo tenha
os que passam e tudo passa
neste passado, caçador e caça
os que deixam marca
e o não marcado, embarca
pra não mais, os sem valia
também tem, ainda bem
são os que ficam na poesia...

© Luciano Spagnol
15/05/2016
Cerrado goiano
Poeta mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

NO CHÃO DA PARAÍBA (Tereza Norma)

De volta ao seu chão, nordestino
Pés, nos pés da sua Paraíba
Neste regresso, és sol matutino
Reencontro, onde o orgulho arriba

Nos braços e nos abraços, oxente
Cada traço riscando o seu cristalino
Es destino, em um destino resistente
Distante, e ainda daí. Oh, menino!

Apesar da aparência de estradeira
Tal onipotente é o amor Divino
Assim, também, és forte videira
Na fado um espírito peregrino

Tua terra, do Nordeste, Norma Tereza
Resvala nas lembranças hospedeira
D’Alma, porém nesta tal correnteza
Jorra a tua saudade verdadeira...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2018, maio.
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Silêncio, falas da solidão.

Inserida por LucianoSpagnol

Aos mestres com carinho...

Aquele que transmite o que aprendeu
Aprende ensinando, ensina o caminho
Nossa reverência ao sábio no apogeu
Da dedicação, os que redigem a educação
Sacerdote da instrução, das letras, do liceu
Gratidão eterna aos formadores de cidadãos.

Inserida por LucianoSpagnol

A NOITE

Oh! jornada negra! O silêncio debruçado
Lá fora... um raio rasgando o céu, espia
A minha alma, teimosa, cheia de porfia
Fria, chuva que cai, molhando o cerrado

No horizonte desfalece a luz do fim do dia
No céu tenebrosa, a lua, e o quarto calado
E só, trevoso e largo, o trovão estardalhado
Troando a solidão da chuvosa noite vazia

Devassa... oh! jornada escura de loucura
Que estardalhaça no peito suspiro fundo
E excarcera o medo sem qualquer ternura

Pobre umbroso de arrelia, e moribundo
O sono, pávido e prostrado de amargura
A noite, chuvosa, faz-se lento o segundo.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 25 de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Amor, infusão de almas...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

Poesia é a lágrima do poeta, e o balsamo do leitor...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

As inspirações são sempre latentes... Basta abrir a porta da alma de uma forma ou outra para fluir sentimentos escritos...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

RONDA SILENCIOSA

Solidão cerrada, aquietada, escura
Afora a janela, o cerrado tão calado
Na imensidade do céu não fulgura
Um só brado, um ermo imaculado

Cá dentro, a mudez flébil murmura
E a melancolia no vento é fustigado
Escoriando a alma, áspera candura
Em um rasgar do silêncio denodado

Ecoa surdamente sôfrega bofetada
De escora frouxa, completamente
Aflando ali a apertura tão abafada

E, a letargia, assim, vorazmente
Faz tácitos claustros de morada
Em ronda silenciosa, lentamente

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

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