Tenho um ser que Mora dentro de Mim

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— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

(Morte e Vida Severina - Introdução)

A ambição que mora em cada indivíduo é o elemento motor de toda a sua conduta.

Em cada pessoa mora uma inocência própria.

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.

Carlos Drummond de Andrade
"Avesso das Coisas. Aforismos". Editora Record. 2.ª Edição. 1990

Como as plantas, a amizade não deve ser muito nem pouco regada.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.

O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinicius de Moraes
Livro de sonetos

A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos.

Querer ser livre é também querer livres os outros.

É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio..

Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são.

É possível amar e não ser feliz, é possível ser feliz e não amar, mas amar e simultaneamente ser feliz, isso seria milagre.

O bom marido nunca deve ser o primeiro a adormecer à noite, nem o último a acordar pela manhã.

Ser homem é ser responsável. É sentir que colabora na construção do mundo.

Os homens inteligentes não podem ser bons maridos, pela simples razão de que não se casam.

A minha liberdade não deve procurar captar o ser, mas desvendá-lo.

Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são verdadeiramente infinitos.

A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas.

Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser.

É uma perfeição absoluta, como que divina, o sabermos desfrutar lealmente do nosso ser.