Tempo Devagar
Vocês esperam uma intervenção divina, mas não sabem que o tempo agora está contra vocês. Vocês se perdem no meio de tanto medo de não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender. Vocês são vermes, pensam que são reis.
Só quero ir indo junto com as coisas, ir sendo junto com elas, ao mesmo tempo, até um lugar que não sei onde fica, e que você até pode chamar de morte, mas eu chamo apenas de porto.
Me enfiei em casa e não saí. Um desgosto. Leio o tempo todo. Sento no jardim. Ouço música. Tento escrever, mas não sei se quero ou se preciso, e não consigo. Umas carências.
“O pensamento é o território mais protegido do mundo, e ao mesmo tempo o mais livre. Só nós sabemos o que se passa por nossa mente. O pensamento não exige ortografia, pronúncia, sensatez. O pensamento não tem fronteiras, lógica, advogado de defesa ou carrasco. O pensamento é zona franca, terra de ninguém, um lugar onde sempre há vaga. O pensamento é o único lugar onde ainda estamos seguros, é onde nossa loucura é permitida e onde todos os nossos atos são inocentes.”
SONETO 3
Mira no espelho e descreve o rosto que vês;
Agora é o tempo em que a face deve mudar,
Cujos reparos não tenhas logo renovado,
Terás enganado o mundo, à revelia de tua mãe.
Onde está a bela, cujo ventre não semeado
Desdenha o cultivo de teus cuidados?
Ou de quem será a tumba de um ser tão cioso
De seu amor-próprio para negar a posteridade?
És o espelho de tua mãe, e tua semelhança
Recorda os adoráveis dias de sua primavera;
Então, pela tua idade, poderás ver,
Apesar das rugas, o teu tempo áureo;
Mas se vives para não seres lembrado,
Jamais te cases, e tua imagem fenecerá contigo.
Dar um tempo. Férias. Tomar fôlego. Reorganizar as ideias. Era tudo o que eu precisava para continuar. Sabe o que é isso? Eu, minhas amigas, biquínis e um caderninho. No apartamento em que nós estávamos, sempre alguma delas gritava da porta: Pegou o boné? Alguém achou meu óculos? Vai fazer frio? Fê, pegou seu caderninho? E assim eu saía. Com cangas, blusas de frio, protetor solar e o tal caderninho. (Tenho sempre um caderninho na bolsa, aonde quer que eu vá). Hoje - já em casa e de volta ao trabalho - meu caderninho está assim: cheio de areia e palavras. Meu coração está leve, mesmo sabendo que a realidade está na ponta do meu nariz e - amigas! - é chegada a hora de ira à luta! De novo. O lado não tão bom disso tudo é o desassossego de descobrir coisas sobre nós mesmas que a gente insiste em não enxergar. A parte boa é que - sei lá - existe parte boa? Brincadeira! Sempre existe. E eu não posso me dar por vencida com um bronzeado desses. Não agora. Não hoje. Mesmo tendo lido aquela frase do livro da Maitê Proença que me fez chorar. Não de tristeza. Chorei porque sou burra mesmo. Se tivesse lido esta frase antes (Aonde você estava, Maitê??), talvez eu tivesse sofrido menos. Por ele. Aquele que foi o amor da minha vida. Que talvez ainda seja. Que sempre será. Mas a tal frase que me puxou o tapete foi simples como tudo o que eu gosto: "não quero o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida". Entendeu? Decorou? Lindo isso. Lindo e triste. Maitê sabia. Soube antes de mim. Bem antes. Esperta essa garota. Tão linda, atriz e sublime com seu olhar verde-esmeralda - Maitê Proença - nossa Dona Beja, também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que consigo agora abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora. Eu digo: agora. Houve uma mudança de planos. E eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas. Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Vejo minha lista - anotada com um coração bic no meu caderninho-de-bolsa: coisas que preciso fazer antes dos 35 anos. Sinto uma alegria infantil. Está tudo ali. Meus desejos. Meus maiores sonhos. Minha obsessão por um laptop. Minha vontade de escrever um livro. Ter um filho. Fazer mil cursos. Aprender coisas novas. Conhecer lugares. Pessoas. Me conhecer mais. Me descobri um pouquinho e parece que foi tanto! Porque agora muitas coisas fazem sentido. Minhas palavras. Tudo o que quero ser e criar. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri. Ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!
Crescer é utilizar melhor o tempo que resta. Cansei de amores de meia página. Amizades com meia dúzia de letras não me satisfazem mais. Com o passar do tempo, a gente quer sossego e tranquilidade que rodopia. Alguém que nos acolha, que nos traga um sorriso gratuito, que dê um abraço que deixa sem ar, que o abraço sem ar seja mudo e que tenha a seguinte legenda “olha, eu estou aqui bem aqui pertinho de você, não fica com medo não”.
Continuamos a desperdiçar tanto tempo e energia como os que eram necessários antes da invenção das máquinas; nisto fomos idiotas, mas não há motivo para que continuemos a ser.
Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.
Entre Sensações e Cansaços
Diria que a vida é feita de sensações,
que entrelaçam muitas emoções,
das quais não se vê tantas menções.
O que se faz quando todas as palavras
já parecem repetidas?
Já não sei...
Mas sigo a escrever,
mesmo sem sentir que algo irá permanecer.
Gosto de imaginar o cantarolar dos pássaros
que me cercam no desconhecido —
o lugar onde, mais do que reconhecido,
encontro meu verdadeiro eu.
Ali, já não preciso fugir.
Ali, não preciso me inserir.
Pertencimento…
uma falsa convicção criada por aqueles
que mal sabem de si mesmos.
Afinal, onde pertencer,
senão ao próprio ser?
Estou tão cansado,
até um pouco frustrado…
Já não sei o que é me sentir fechado.
Nem tenho mais o desejo de ser encontrado.
Acho que a maturidade
é menos sobre a seriedade
e mais sobre o quanto você se expõe —
por dentro, por fora,
sem precisar de terno,
mas com verdade no interno.
Dia ensolarado
Amor, pra mim, é algo sem cor.
Um sentimento que te rouba tudo, sem pudor.
Faz nascer em mim o mais agonizante ardor,
aquele calor que nada deve-te,
apenas por não te precaver de tanto.
E eu… eu nem tenho palavras.
Como descrever essa sensação
que me rouba o coração?
Às vezes, sinto-me tão elevado
que deixo de olhar as nuvens de baixo —
estou entre elas, envolto, perdido.
Ah, sensação desgastante…
Não consigo não temer
toda essa falta de controle.
Só queria poder deitar em braços
que nunca, nunca me soltassem.
Estrelas
A noite chega devagar
Lentamente ela caminha
Sobre o campo das estrelas
Toda noite ela brilha
Esse brilho tão intenso
Como a terra e o mar
No reflexo dessa lua
Me encantei com seu olhar
Desejando sua boca
Meu amor vem mim amar
Uma história não deve ser apressada, tem-se de compor devagarinho, é que nem bordado, deve obedecer a um risco.
Nada é tão nosso quanto o nossos sonhos!!! Sonhe baixo, sonhe alto, mas sonhe, sonhe devagar, apreciando cada detalhe! Proteção e cura!
Meu leitor ideal é um leitor vagaroso, que lê em pequenos e lentos goles. O mundo não pode ser descoberto numa leitura rápida.
O caminho é o mesmo
E os passos diferentes
Uns caminham devagar
outros apressadamente
o caminho tem vida
na terra batida
Hora encontro
Hora partida
É melhor coxear pelo caminho do que avançar a grandes passos fora dele. Porque quem coxeia pelo caminho, embora avance devagar, aproxima-se da meta, enquanto que quem segue fora dele quanto mais corre mais se afasta.
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