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No declive do tempo os anos correm...
E o tempo esmaga tudo...
Ai, ai de mim enquanto caminho...
São inúteis as palavras destes versos...
Nada entenderás...
Só quero o que me é devido...
Com licença, quero passar,
Tenho pressa de viver...
Não tenho tempo a perder...
Nesses dias que embranquecem meus cabelos…
Ferido de silêncio duro e violento...
Com um beijo me despeço...
Eu andava à sua procura quando ainda não existias...
Sinto...
Sem planejar nenhum destino...
Que é preciso partir...
Os nossos sonhos uniram-se
talvez muito tarde...
Anda a bruma a fazer-me medo...
Não há luar,
Não há estrelas...
Já não sei mais o quero...
Já não sei o que vejo...
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sandro Paschoal Nogueira
O que dizem as vozes da cultura perante a violência? O violento é tão cultural quanto o dócil e, nesse entrelaçamento estrutural, o que sobra? Aceitar a violência?
Ao virar a outra face para o outro bater, como recomenda nosso mestre Jesus Cristo, força o violento, a usar sua mão mais fraca.
Ah, o clássico dilema do "amor cego" e suas consequências inesperadas. É curioso como a ideia de proteger pode, na prática, mais parecer um ato de sabotagem camuflado de carinho. Se negligenciar quem você ama parece confortável agora, ótimo, siga em frente! Só lembre-se de não terceirizar as suas desculpas, trazendo coadjuvantes para essa novela dramática, com a desculpa de "eu só estava tentando proteger".
Se passar pano para os erros do seu filho é uma forma de amor, eu pergunto: qual é o limite desse carinho? Até onde vai essa "proteção" que, de tão generosa, ensina que não há consequência alguma? Afinal, criar um pequeno tirano com o aval de mãe ou pai é um projeto que precisa de comprometimento.
O que talvez passe despercebido é que a realidade é uma daquelas professoras implacáveis que, uma hora ou outra, cobra a lição. E, spoiler: essa conta chega. Hoje é pano, amanhã talvez seja lençol, mas, em algum momento, será impossível ignorar o desarranjo.
Então, a escolha é sua. Mas reflita: é um investimento no amor ou na construção de um futuro potencialmente caótico? Se estamos falando de amor verdadeiro, não seria educar, puxar a orelha e, quem sabe, evitar um futuro de má índole? Afinal, amar é ensinar. E a vida, no fim das contas, vai ensinar de qualquer forma — talvez com menos carinho e mais brutalidade.
Ah, claro, porque é sempre muito mais divertido deixar o tempo fazer o trabalho sujo, né? Para quê sermos pais "severos" nas conversas quando podemos sentar, cruzar os braços e assistir nossos filhos terem aquela encantadora "severidade" com o próprio destino mais tarde?
Brincadeiras à parte, se a conversa parece dura agora, imagine o drama se ela nunca acontecer! A verdade é que uma boa dose de papo reto, mesmo que seja severo, é muito mais eficaz do que esperar que a vida bata com mais força. E, olha, a vida não tem o menor pudor em ser rude, sem contar que ela cobra juros.
Então, sim, gastar uns minutos sendo "o chato" que insiste na responsabilidade, no respeito, na noção básica de que ações têm consequências pode até parecer árduo. Mas, pelo menos, estaremos poupando nossos filhos de um futuro onde o destino — sem o menor senso de humor — decide cobrar a fatura de uma vez só. Melhor a gente endurecer o verbo agora do que vê-los endurecer a realidade depois.
Para combater o violento é quase impossível não se tornar violento também. Esse paradoxo que deve ser compreendido. A violência é justificável tão somente se for empregada como instrumento de defesa e preservacão da vida humana. Não há diálogo com quem só quer monólogo. Com violento, só a violência gera compreensão.
