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Que reste a poesia depois do caos,
depois do juízo final,
depois do final do amor,
depois que o amor se for,
quando nada mais restar,
depois que tudo se acabar,
que seja a poesia imortal.
FESTIM
Não tem salmão
atum azul
Gadus morhua
na santa ceia
deste poeta
esfomeado e patife
que chegue aos pés
do meu filé de sereia
que disfarçado em sardinha
trago contrabandeado
do doce mar do Recife.
Recife, quando olho me encanta.
Desde as pontes às calçadas.
Tuas lindas praças movimentadas.
Com teus versos me pulsando.
Quando um fumo de cigarro.
Um conhaque despejado.
Já não se sabe ao certo.
De quem foi o intelecto.
Que herdou á ti ô meu lar.
Não quero apenas estar em teus braços, quero estar em sua vida. Não quero apenas os teus beijos como bocas sem sentido misturadas uma na outra num desejo louco e incontrolável, nos perder e nos sufocar neste instinto animal louco que nos devora. Não quero saciar apenas o prazer do momento. Quero que você me entenda e leia nos meus lábios as palavras que eu não sei dizer. Quero que conheça o meu intimo, algo que o exterior não revela, algo que o prazer não satisfaz. Quero o teu sentimento. Quero te entender. Tocar no fundo do seu coração. Quero você perto de mim. Quero sentir o que sente. Estar sintonizado em você. Não só pelo corpo que nos aproxima, e sim pelo coração que nos une e nos torna um só. Amo-te minha estrela guia, minha luz, minha amada iluminada e bela como o sol do Recife.
Reflexos
Assisto ao espelho as marcas de histórias vividas e escritas em meu rosto.
Uma obra do tempo que em traços profundos, imperfeitos, eu descrevo.
De cada momento, minutos, segundos, alegrias e tristezas que invento.
E a tal me reinvento, meus ressentimentos e queixas descarto, prescrevo.
Meu espírito fosco debruça-se em meus olhos sofridos, cansados, vermelhos.
refletem os desgostos remoídos e engolidos em noites a claro, sem alento.
Assisto ao espelho as marcas de histórias vividas e escritas em meu rosto
Uma obra do tempo que em traços profundos, imperfeitos, eu descrevo.
Minha história reescrevo nas linhas de versos dispersos, adversos e tortos
Eis meu universo, transverso em minh'alma, ao mundo desnudo, exposto.
E em meu mundo aposto consciência em viver o altruísmo e sem o apego.
É chegado o tempo de colher sossego, aferir a balança, medidas e pesos.
Assisto ao espelho as marcas de histórias vividas e escritas em meu rosto.
Beto Acioli
07/11/2013
Construir
Despertar pra vida remir os sonhos remissos com desvelo;
Banir o ócio, tecer o fio, reencontrando a ponta do novelo;
Projetar-se com zelo, acordar cedo ao raiar da alvorada;
Dar ao oposto um gelo, seguir avante afora a estrada.
Ir adiante, sempre confiante sem ignorar o retrovisor;
Alicerçar-se nas experiências tidas das quais já vivenciou;
Tirar proveito e lições das quedas, tropeços e decepções;
Ter apreço a lida, ter da vida, urgente, uma nova visão.
Erguer paredes, abrir portas, janelas, construir os sonhos;
Arregaçar as mangas, por a mão na massa, na argamassa;
Bater o nível, prumo, linha, quarto, sala e cozinha em esquadro.
Cobrir a casa, proteger a vida, construindo um alto telhado;
Eis a guarida pra família e o regaço para quando já cansado;
Valeu o suor que foi à massa e aos tijolos dessa casa misturados!
Beto Acioli
10/11/2013
Sem dó
Eu não tenho Dó
Se tu vens de Ré
E te entregas pra Mi
Na cama ou (so)Fá
Me deixando afim, quente como o Sol
Remexendo assim, pra cá e pra Lá
Sem ter dó de Si
Sem de mim ter Dó.
Beto Acioli
09/11/2013
O mormaço da hipocrisia
De Recife à Olinda
Só se ver alagamentos
E o povo, em lamento
Diz que vai tomar medida
Contra esse homicida
Que é o governo local
Mas logo perdem a moral
Quando vem as eleições
Vendem o voto pra ladrões
Repetirem tudo igual
(Jefferson Moraes)
Olinda, Pernambuco
01/05/2014
RAZÃO DOS MAIS FORTES
Corações partidos
Fazem guerra,
Corações vazios
Lutam elas.
Fiz aniversário
Na cadeia.
Mãe, o teu cuidado
É uma cela.
O canto dos malditos
Me interessa.
Há algo de faminto
Na favela
No sonho que percorre
Minhas veias
E no sorriso triste
De Isabela.
