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Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Bandeira a Vida Inteira, Editora Alumbramento, Rio de Janeiro, 1986

Há se existisse estação de trem para Pasárgada,
seria uma imensa fila.
Estação sem volta, bilhete só de ida.

⁠Vou-me embora de Pasárgada 
Aqui sou o alvo do rei 
Aqui não sou a mulher que quero
E sei que nunca serei 
Vou-me embora de Pasárgada 
Vou-me embora de Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz
Aqui a vida é dura 
E com a tristeza de tal modo conivente
Que Joana, a (confrangida) de Espanha
Rainha e de astúcia inexistente 
Continua a nos reverberar tristemente 
Sua imagem injustiçada de frágil e inclemente 
E como viverei sem amarras
Andarei de mãos dadas 
Estarei do outro lado 
Do lado de fora do...aquário!
Meu choro não mais será mar
E quando o amor me encontrar 
Poderei enfim sem qualquer temor amar 
Mandarei chamar Robespierre, Danton, Marat
Pois mesmo longe daqui, ainda terei um pequeno assunto a tratar 
E mandem pintar Delacroix 
O sofrer de quem um dia me fez clamar 
Vou-me embora de Pasárgada
Em Pasárgada não tem nada 
Aqui não existe qualquer civilização 
Viver não me é seguro 
E tenho comigo a convicção 
De que a tantos outros também não 
Já não mais temos vontades 
Pois morrem na cidade as prostitutas
Que o capital mandou matar 
A tristeza sempre dura 
Não tem mais jeito 
Se por aqui ficar
Em duas ou três noites acabarei por me matar -Aqui sou o alvo do rei-
Aqui não sou a mulher que quero
E sei que nunca serei 
Vou-me embora de Pasárgada 
Vou-me embora, pois desta tardia alvorada
Vejo que tudo o que me prometera Bandeira
Era uma utopia disfarçada
Vou-me embora, sonho intenso, vou-me embora, raio vivido

ENCRUZILHADA

Da vida estou na encruzilhada.
Fico a me perguntar: quem sou?
- e vendo que o que sou é nada,
queria saber onde meu sonho ficou.

Como encontrá-lo?... Onde errei?
Será que escolhi a estrada errada?
De onde vim, o que sonhei, já nem sei!
- De não o saber, fico sozinha e calada.

Se pudesse ao menos atingir este lugar
onde a gente sonha ser muito feliz enfim,
na Pasárgada de Bandeira tentar chegar!

E dos meus sonhos fico triste a relembrar
vendo que a almejada felicidade existe sim,
- apenas não a colocamos onde deveria estar!

®Verluci Almeida
140606

Inserida por VERLUCI

"Fabula do maltrapilho Rei"
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Logo pensei
isso é real ?
não sei
será que sou pobre ?
talvez
mas me sinto nobre
um Rei
depois de alguns goles
Quando no Nirvana faço agir
como em pasárgada
causo furor poético
de forma desordenada
não ligo
juro que não ligo !
se me olhas como trapo
magro, feio e sujo
nas calçadas de seu mundo
entorpecido me transporto
sem pedir licença a ninguém
pois em meu mundo sou rei
na hora em que me convém
e quando me vêem apagado
e balançarem as cabeças pra o lado
saibam que estou em meu mundo
onde Mansa Musa 1°
me toma dinheiro emprestado.

Inserida por AlexMiranda

⁠Sonhos de menino

Quando criança, no Vale do Mucuri
sonhei ser um extraordinário poeta.
Queria contar o lirismo em versos e prosa,
sonhava mergulhar na essência de uma pétala,
triunfar no néctar da solidariedade humana,
queria descrever a beleza exuberante das águas
que sobem e descem,
sob acordes de uma bela ária
riscando os ares da Praça Tiradentes,
na minha amada Teófilo Otoni,
acreditar na transcendental força do amor,
mergulhar visceralmente no azul do mar,
desfrutar do belo colorido do arrebol,
da magia da praia de Boa Viagem,
desfilar na estonteante beleza
de Itapuã, Praia da Costa, Ipanema
Senti o calor humano em Nova Viçosa, no belo Prado
A beleza singular de Mucuri e Caravelas
do encanto lunar nas noites primaveris,
queria fazer jorrar o sangue da liberdade,
destilar estilhaços de sentimentos,
com lhaneza, afeto, leveza,
colimava mirar o céu de estrelas,
arrancar pedaços de nuvens,
narrar em poesia as belezas de Floripa,
antes e depois da ponte da Luz,
ser estimulante da promoção da paz,
difundir o humanismo entre os povos
descrever a luxúria da Lagoa da Pampulha,
Sonhava com o Ibituruna e com a Ilha dos Araújos
Sonhava conhecer a incrível Salamanca
O design profuso de Milão
Passear na orla da Lagoa Santa
Apreciar a lindeza de Boa Esperança
queria ter a chave do perdão,
ter fé no homem, fé na vida,
apreciar os meninos correndo sem medo,
nas ruas e avenidas do eterno Bela Vista
amar a inocência dos animais.
Admirar com deleite o Alto do Iracema
O tempo se esvaiu e o menino cresceu
Da grandeza e regozijo de Mucuri
Ao deleite de Topázio, branco, azul, imperial
Amando uma pasárgada imaginária
O sonho passou subitamente
Os versos vieram juncados de amor
Com baunilhas e manacás-da-serra
Sonhou ser poeta, nasceu o poeta

⁠Tempo de Primavera

Hoje, amanheceu diferente
Tudo era diferente, mesmo!
A brisa tocava em meu rosto 
Uma suavidade inexplicável
O vento assoprava mais forte 
Imponente
As folhas das árvores frondosas 
Estilhaçavam e se espalhavam 
No firmamento belo e encantador 
No Alto do calmo Iracema
Mais parecia a pasárgada dos meus sonhos pueris 
E logo percebi que algo tocava, exuberante e transcendente 
Minha visão e espírito de poeta 
Afinal...
Algo me despertou que é tempo de 
Primavera.

Minha Alucinação

Agora não. Em outro momento, outra hora, outro dia; dia de intensa agonia, revoada de emoções, instante agonizante, desgraça em sintonia.

Fujo e rogo no dia a dia; me refugio na filosofia e pergunto amiúde à Alma Mater: “O que é a teogonia?”
Sem entender seu significado, cambaleio desnorteado. Caio, grito, choro, vou a nocaute outra vez.

Volvendo à caminhada, me surpreendo: Eu encontrei minha Pasárgada! Meu Deus, que alento!
Tempo bom já foi passado e à Bandeira, meu amigo do rei, eu agradeço, mas já chegou certo tempo em que muito provavelmente já dizes: “Certo, perdeste o senso”.
E eu vos direi, no entanto: “Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não, eu canto”.
Eu canto novamente: para entender a mim - falso, louco, demente – e a teogonia que venha a ser contraparente, terás que, como Bilac, ouvir estrelas.

Inserida por Jose_HamiltonBezerra

Já pensei em desistir
do caminho que tracei,
mudar o rumo e seguir
para Pasárgada, onde conheço o rei

Inserida por neusamarilda

⁠"CÉU"TIAGUENSE
Bem assim como "amar é"
Em um vai e volta cíclico
É preciso estar de pé
Santiaguense é o seu gentílico
Alguém sabe como é
Esse "céu" torrão que é célico
A Pasárgada em sapé!

Inserida por alfredo_bochi_brum