Tag letícia
Dê
Dê-me mil rosas roubadas
Mas não vai me conquistar
Eu prefiro girassóis
Eles me farão amar.
Quando quer me agradar
Dê-me chocolate quente
Vou saber recompensar
E tratar-te diferente.
Contei-te os meus segredos
Mais profundos e profanos
Tropecei em uns brinquedos
Perdi-me entre meus planos
Saudade do beijo que não vou dar, do abraço que não vou receber, dos teus olhos que não verei se abrirem pela manhã, do teu sorriso que não serei motivo dele, dos ciúmes que você não sentirá, das vezes que não escutarei tu reclamando do tamanho da minha barba, das lágrimas de felicidade que não enxugarei, do teu cabelo dourado que não deitara a cabeça em meu colo, do filho que não carregará meu sobrenome, do olhar sincero que não verei ao ouvir tu dizer que me ama. Saudades de saber que escreverei vários poemas e poesias tendo a ti como minha inspiração e não os lerei por falta de quem mereça ouvir tais belas juras de amor... Saudades até em saber que tive chances de não sentir saudades... E ainda assim, sinto.
O bilhete suicida
Deixei um bilhete na cômoda já vazia
Guardei os retratos e toda lembrança
“Não somos eternos” alguém me dizia
Jaziam temores, amores de criança.
Não mato o corpo, mas a alma serena.
Deixei de sentir aquele torpor
Já não sou a mesma de face pequena
Sofri nas correntes e rios de amor. 
Deixem-me assim, ao ser esquecida.
Digam a todos que apenas sumi
Não quero bancar a suicida
Foi de me despedir que esqueci.
Às vezes nos obrigamos a abdicar do que queremos para manter a harmonia,
mas nessas horas deveríamos ignorar a harmonia e manter o que queremos.
Não me vejo em nenhum manequim de loja, não quero usar os sapatos das vitrines; não escondo o meu rosto em maquiagem e não gamo em galãs de minisséries. 
Eu gosto de beber enquanto leio, de tocar violão sobre as estrelas e de roer as unhas de nervosismo; 
Dançar bêbada em uma festa, de sentir o vento frio chocar-se contra a pele e ver os pelos levemente eriçar. 
Gosto de romance e de filmes legendados, de sentir o gosto de tantas bocas quanto eu puder beijar...
Gosto de discutir sobre politica e questões que só a mim vão interessar. Gosto de cada detalhe da natureza e sinto raiva de quem passa sem notar.
Eu gosto de ver a lua e de sozinha conversar; gosto de sorrir pro mundo e ao ser retribuída, flertar...
Eu sou uma alma de tanta intensidade, que só pede ao mundo um pouco de lealdade, pra que deixe a antiguidade de normalidade e venha me prestigiar.
Eu tenho tendência ao suicídio e amo a vida mais do que o amar, mas eu quero demais do mundo e o correto é me acomodar.
Talvez por isso tantas pessoas, venham a pé me questionar, suas asas foram cortadas, elas têm inveja de me ver voar.
Se não fosse pelo teu cheiro no meu travesseiro, eu conseguiria sentir novas flores. 
Se não fosse a tua voz que insiste em ser minha consciência, eu ocuparia minha mente com outros amores.
Se não fosse a lembrança do teu sorriso quando acordo, eu poderia fotografar outras paisagens.
Se não fossem os teus braços meu porto seguro, eu faria outras viagens. 
Se não fosse a minha música predileta, eu poderia entrar em devaneios.
Se não fosse você a me fazer te esquecer, eu procuraria outros meios.
Se eu pudesse ser a única pessoa a te ver no mundo
Ver-te-ia de mil formas
Para que o teu rosto ficasse eternizado de mil maneiras em minhas memórias.
Medo
Eu tenho medo de sorrir e não ser retribuída 
De abraçar e não ser abraçada
De nas lágrimas ser diluída 
E no peito ser despedaçada. 
Eu tenho medo de dormir e não acordar
De ao abrir os olhos ver escuridão
De não conseguir enxergar
E de entregar meu coração. 
Eu tenho medo de morrer na solidão
De não fazer parte da história
De no final ser mais um borrão
De qualquer lembrança na tua memória.
Eu tentei, te juro que tentei
Implorei para que em cada segundo surgissem motivos
Para não estar mais aflita, não ficar mais aflita,
Te juro que tentei.
Acho que nunca pertenci a este lugar, 
Eu sei, as pessoas irão julgar, mas,
As pessoas também não suportam ficar aqui, só não entendem.
Eu tentei, te juro que tentei
Acho  que amo demais a vida,
Acho que não estou bem,
Acho que andar de um lado para o outro não me faz bem,
Acho que  não achei ninguém.
Sei que sou diferente, sei que sempre fui
Sei que, não pertenço a este lugar, 
E talvez a lugar algum,
Almas livres presas,
Só encontram uma solução.
Eu tentei, eu te juro que tentei.
Nunca deixe uma mulher especial não se sentir especial. Ela pode achar que não é especial para você.
Com você, divido a metade da cama e o 
cobertor,divido as minhas histórias os 
meus planos e sonhos, divido os meus 
sorrisos e os meus medos,divido até 
minha vida,só não divido o coração, porque ele já é inteirinho seu ❤️
Uma vida 
Andou por entre os carros
Correu por entre os pássaros
Caiu rente ao cordão 
Partiu um coração. 
Subiu a escada do céu
No céu não viu uma harpa
Da noiva ergueu o véu 
Pediu-a que nunca parta. 
Chorou a partida da esposa
Orou para um gigante
Salvou uma mariposa
Quebrou o retrato da estante. 
Perdeu todo o dinheiro
Por não ter manga para o Ás
Deixou de ser passageiro
Fez guerra para ter paz. 
Cantou o hino nacional 
Elegeu-se rei de uma terra 
Pulou mais um carnaval 
Indagou que nunca erra. 
Errou e foi exilado
De toda e qualquer pequena
Chorou e foi maltratado
De si começou a ter pena. 
Liberto passou a odiar
O gigante e seus descendentes
Viveu apenas para espalhar. 
A descrença para os crentes. 
Morreu e foi enterrado
Numa terra em algum lugar
Da história foi ignorado.
Tardar 
Acalma a alma pequena
E sente, vamos ver o mar.
Curtir a tarde serena
Os gostos e rostos do amar. 
Feche os olhos e veja com o vento
O que transpassa o acariciar
Esqueça-se do tempo
Lembre-se do devagar. 
Não pense no porquê de estar feliz
Apenas deixe-se acalantar
Ouça o que o gesto diz
E de jeito ponha-se a sonhar.
O frio do teu calor
Como um vento sul, frio e vagaroso.
Tomou por antecedência 
Arrepiando, o pesaroso.
Aqueceu sem procedência. 
Deixou-me em calafrios
Sem ter o porquê de fugir
Perdurou mais que outros frios
Mas esquentou e teve de ir. 
Por inverno eu imploro
Ao inverso eu quero gelar
E flocos de neve choro
Na janela a te esperar. 
O frio do teu calor
Em uma época de toda errada
Chegou trazendo torpor
E se foi na madrugada. 
Procuro na chuva e outros carnavais
O que o vento fez de amor
Talvez ande no sul ou em outros litorais
O frio leve e sereno que aqueceu o meu calor.
Todas as pessoas
Todas as gerações
As crenças, a fé.
Todas as orações. 
Todas as vidas
Todas as emoções
Todos os problemas
Todas as resoluções. 
Todos os sorrisos
Todo o amor
Todos os abraços
Todo o calor. 
Todas as noites
Todos os dias
Todas as alegrias. 
Todos os choros
Todas as chuvas
Todos os coros
De adoração. 
Todas as mãos
Todos os laços
Todos os traços.
Todos os todos...
Entre tantos porquês
Dói lembrar-se do teu sorriso...
Dói sentir essa saudade...
Os porquês me corroem, fisgam-me a sanidade.
Delírios com teu beijo faz-se o paraíso.
Entre tantos
Tantos porquês
Como ainda não consegui expulsar-te do coração?
Talvez esse seja o que mais me distrai
Preciso para meus olhos outra direção. 
Preciso que tenha vento para te dizer “	Vai...”.
Vai com o vento menina
Deixe-me aqui no meu sofá
Busque em outros mares a tua sina
Pois cravada em meu céu já está.
Pequeno
Acalme-se pequeno... Venha ver o pôr do sol
Mesmo minha agitada alma
Ali se põe calma
Feito um girassol...
Deite na grama verde, feito teu olhar
E contraste-se com o vento
Do mundo temos todo o tempo
Quanto puder imaginar...
Enlace minha mão na tua
E ao fechar os olhos, deixe-se acariciar.
Convido-te a esperar a lua
E mais tarde, quem sabe a jantar...
Arco-íris 
O vento me toca, diz que vai chover. 
A brisa se choca, medo de se perder.
Os pássaros correm, fogem pra não molhar. 
A gente se espanta, a pressa faz não olhar. 
A chuva nos tranca faz franca buscar abrigo
O cabelo molha e agora: “Se alguém me ver?”
A gente destranca, percebe não ter perigo.
Se molha e implora, dilúvio acontecer. 
O sol vem surgindo, quase que deprimido.
A chuva estanca e ao vento os algodões. 
As gotas e os raios trazem o colorido
Aplausos ao “íris” e suas emoções.
Sentei-me no cordão e fiquei a observar as flores
Vez ou outra uma abelha vinha buscar um pouco de doce
De repente uma moça arranca uma flor
Bem me quer, mau me quer e ela logo está no chão.
As pessoas pisam em suas pétalas sem nem notar 
Sequer percebem a beleza que está sob seus pés
Elas ficam tão mais bonitas sem serem arrancadas. – Pensei. 
Caminhei até uma floricultura
Observei os apaixonados presenteando suas amadas
Margaridas, rosas, violetas... 
Um dia elas murcharão e as pessoas sequer lembrarão 
Mas talvez se alguém as plantasse em um quintal qualquer
Deixasse num canto para embelezar
Pra que eu parasse pra fotografar
Um dia ela sairia em uma revista
Milhões de pessoas se emocionariam. 
Observei a floricultura uma última vez 
Caminhei a largos passos e pensei:
Seriam tão mais bonitas se não fossem arrancadas!
Eu conto piadas se quiser sorrir
Eu viro abrigo se a chuva cair
Eu molho os cabelos se quiser correr
E vivo contigo se quiser viver...
Eu planto uma árvore se quiser maçãs
Eu seguro o sol se quiser manhãs
Escrevo uma música se quiser dançar
Eu arrumo asas se quiser voar.
Não me solta, fica aqui comigo, já te fiz de abrigo pro meu coração.
Não tem volta, tá aí o perigo, não sei se consigo perder tua paixão. 
Eu te vejo, descendo a ladeira, saindo do banco que a gente sentou.
E me esqueço de olhar as estrelas pra te ver partindo pra onde ficou. 
Me seguro nas flores inteiras e nas brincadeiras que a gente brincou
Me desabo na poça d’água, na foto rasgada que a gente tirou. 
Só te peço, fica aqui comigo, pelo infinito ou até o fim.
Ou por pena, pra me ver serena, para me acalmar, fica perto de mim.
Não me esquece na tua penteadeira junto da revista que a gente posou
Me aquece naquela geleira que a solidão me transformou. 
Não me solta, fica aqui comigo, já te fiz de abrigo pro meu coração.
Senta, calma, eu vou contar uma história.
São flashes falhos que se estancam na memória
Uma menina que transbordava amor
E um amor que respirava solidão. 
Um dia ambos se esbarraram no caminho
Devagarinho, os flagras de uma paixão. 
Moraram juntos numa velha quitinete 
Encontrada num jornal como manchete
Fruto de liquidação. 
Viveram dias no torpor do paraíso
Nas madrugadas se livraram do juízo.
De transbordar o amor foi se evaporando
E os dois pararam de tentar se confortar
Um dia ela sussurrou considerando:
“Se a gente separa, com quem a arara, vai ficar?”
Então soltaram a arara aos quatro ventos
Se separaram e tornaram a caminhar. 
E caminhando novamente sob a lua
Um esbarrão na chuva que molhara a rua
Foi transbordando novamente o coração
Daquela gente que vivia de paixão
Destranca a tranca que tranca teu peito
Dá um jeito de se reorientar
Admita que nada é perfeito 
E depois de tudo feito, comece a gargalhar. 
Gargalhe pro tempo, pro vento e pra quem quiser mudar
O teu jeito de se apaixonar.
Pela vida, pela rua, pela chuva, 
Pela gente que de repente vem urgente
Aqueles olhos que transpassam o instigante
Do faz de conta que se entende por viver. 
A gente corre apressado pelo vento 
E se esquece de olhar todo o passar
Passar de tempo, de rostos, de apresso.
A mudança de endereço, que isso tudo vai gerar.
Então, destranca a tranca e encosta.
Daqui a pouco a hora certa vai chegar.
 
 
