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Nós estamos normalmente mais assustados do que machucados, e sofremos mais na imaginação do que na realidade.
Enquanto o mundo ocidental padece sob o ruidoso fenómeno Dunning-Kruger, o mundo oriental vem serpeteando silenciosamente sob o Síndrome do Impostor.
Se disserem que você não é ninguém, considere o fato de que tendemos a projetar nos outros o que somos (ou não conseguimos ser).
Às vezes você quer as coisas muito rápido
mas
como na natureza
há um tempo certo para que tudo aconteça.
As pessoas dizem que Deus não aceita o que na verdade elas é que não aceitam. E as pessoas culpam a Deus por suas próprias escolhas, ainda que a escolha tenha sido deixar de escolher.
Logo após assistir a um vídeo de dez minutos sobre física quântica, ele já tinha certeza: Einstein exagerava.
Era um dom, dizia — o dom da compreensão instantânea. Um parágrafo lido bastava para corrigir livros inteiros. Uma thread no Twitter e já desmentia um doutorado. Um tutorial no YouTube e se sentia capacitado para opinar sobre geopolítica, economia e, com mais ênfase, sobre qualquer jogo online.
Curiosamente, quanto mais ele aprendia, menos certezas tinha. Quando resolveu ler um livro inteiro, teve dúvidas. No segundo, começou a questionar suas primeiras convicções. No terceiro, percebeu que havia um oceano de coisas que não sabia sequer nomear.
Mas a essa altura, a confiança já havia murchado. Os discursos categóricos deram lugar a perguntas. O tom seguro, à cautela. Agora, antes de dar uma opinião, ele escuta. Antes de apontar erros, consulta. Antes de afirmar, pensa.
E descobriu que esse é o verdadeiro sinal de inteligência: perceber o quanto ainda se ignora.
Porque o ignorante absoluto, ao menos, sabe que está perdido. Mas o perigo mora no meio do caminho — naquele estágio em que se sabe pouco, mas se acredita saber tudo. É ali que nasce o especialista de WhatsApp, o gênio do grupo de jogo, o sábio de primeira aula.
Efeito Dunning-Kruger - Felipe Menegate Nascimento