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Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Ao Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo, 
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
SONETO ANTIGO
Responder a perguntas não respondo. 
Perguntas impossíveis não pergunto. 
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.
Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.
O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando. 
Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.
Deixar antigos amores de lado nunca foi uma tarefa fácil. Passamos por isso inúmeras vezes e, ainda assim, continuamos a amar.
Se preocupem menos pela autodefesa, quando, em pequenas esferas, conseguimos enxergar o que somos em manipulações…
Uma vez estabelecido, o caos já se encontra e nem os mais estratégicos que o cercam têm domínio sobre ele. Todos precisam de oxigênio, água potável, alimento que também está entre o antídoto, que tomamos como remédio da luz solar. O que foi citado é um aspecto da realidade; não um mistério a ser decifrado, mas uma vivência vivida em seu próprio mapa, com limites definidos. A partir da delimitação de um carretel, nada estará ao nosso alcance que já não faça parte deste cenário, uma linha que inicia com um ponto e finaliza com o término de um nó, restando apenas a criatividade em reiniciá-lo. Tudo estava integrado antes mesmo de se descobrir qualquer parte da sua origem e assim o repetir. A presença velada do enigma persiste, fechada, oscilando entre a integridade dos seus pensamentos e o efeito que eles têm em você, mesmo que não sejam seus.
Quem és tu? Todos são observados e identificados constantemente pela acusação, sem considerar a inocência. No entanto, mesmo sem concordarmos com certos contextos, já estamos marcados como parte integrante, independentemente da distância. A atitude de falsa segurança na estabilidade ainda reverbera na existência, indiferente ao que se espalha nas mídias ou qualquer ferramenta tecnológica, necessária para saber o que você é quanto em espécie, produzindo um caminho reto, para após normalizar a desumanidade.
🌟O caos está na taça pronta, que não é o fim, onde a ordem preenche para que ambos se tornem inteiros.☀️ A nossa escolha os mantém vazios, o que causa uma depressão, 🕳️para  nos olharmos como reflexo e acessar um novo portal, chamado o reencontro.
Se há dois testamentos, o antigo e o novo, conviria instituir
um terceiro, para acabar com as contradições entre eles.
( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)
Antes se admirava
o que a natureza criava
não tinha coisa mais bela
os campos cheios de flores
e gente com muito amores
e uma vida singela!
De Toda Que Passou Na Minha Vida, Você, Foi A Que Eu Mais Amei,Nosso Defeitos Nos Separou,Mas Você Continua Sendo A Pessoa Mais Importante Da Minha Vida.
Carta para um amigo...
Olá, eu estou bem, tenho passado por alguns problemas, mas nada de grave. Não estou aqui para falar sobre mim, estou aqui para falar de algo mais grave que é a minha saudade, estou aqui para saber como você está. Faz tempo que não dá notícias, peço desculpa por demorar tanto para dar notícias minhas. Sabe, eu odeio ficar sem saber como você está, mas eu espero que a tua ausência não seja por algum motivo grave. Mesmo que for, saiba que estou aqui para o que você precisar. Estava lembrando de como a gente era ligado, sinto falta dessa nossa conexão, parece até de irmãos. Bem, não quero prolongar muito para não ficar sentimental demais. Mas, quando ler essa mensagem, por favor, liga para mim. Estou com saudades, amigo.
ARTIFICIAL
Nesse mundo tão vazio de toques na pele
Cheio de toques na tela
Olhares rasos
Conversas secas
Onde não há mais lugar para cartas escritas a mão 
Nem se conhece o cheiro do amigo 
Nesse mundo sem conversas na calçada 
Onde não se olha mais o céu 
Não se conta mais estrelas
E os pirilampos são apenas recordações
Temo que a primavera nos dê flores de plástico.
ANOS 70.
Nesse tempo meu amigo
não se assaltava ninguém
andava livre sem perigo
era tranquilo o vai e vem
quase não tinha mendigo
o ladrão tinha o castigo
e a polícia ganhava bem.
Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jure falso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. / Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; / nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. / Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. / Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além disso, vem do Maligno.
Livro ancestral 
Em tua rija fronte e em tua encanecida lauda,
hão estrilos tênues de tinta e traça,
em tuas ditosas orações meu intelecto embaraça
toda a cerne de requintes à palavra rebuscada 
Às lufas, sutis folhas reverberam
ao recinto taciturno desta umbral
face da biblioteca de década ancestral,
e onde os clássicos, todos olvidaram 
Seria anacrônico um emprego adjetivo
a sujeitar a obra anátema nalgum subjetivo
poema em prosa, que aos leigos é massivo,
mas que para simplório julgo, mais avivo
Ao que lhe tange como relíquia,
não há cédula ou metal que com que se pague;
e sem que o gesto atroz lhe rasgue
obsessivo pela falta, que há tempos traz a míngua 
Gabriel Silva Corrêa Lima
A vida de Fusqueiro! 
- Sonhar em ter um Split "daqueles com vidrinho dividido atrás" 
- Comprar seu primeiro Fusca, o mais barato que seu dinheiro puder comprar, nem que esteja todo podre e com documento todo enrolado.
- Começar a "restaurar" e o Funileiro te enrolar por 2 anos ou mais.
- Levar no mecânico para dar uma reguladinha, pagar caro e sair com o carro pior do que chegou.
- Ficar bravo e trocar de mecânico.
- Ir em um mecânico conhecido na cidade, pagar mais caro ainda...e o carro continuar uma merda.
- Conversar com um mecânico velho, fedendo a sovaco, e todo sujo de graxa, e ele resolver o problema do teu carro em 5 minutos "me da quinze real, só pra não dizer que não te cobrei nada" 
- Tentar aprender a fazer sozinho as coisas no carro.
- Desmontar alguma coisa e nunca mais conseguir montar
- Passar horas e horas procurando um problema que no fim vai ser a coisa mais improvável e besta que jamais passaria pela sua cabeça. (escapou o fio da bobina) 
- Não se importar pelo Fusca ser 1300, afinal "1.3 é bem mais potente que essas merdas de plástico 1.0 moderno"
- Descobrir na prática que o 1300 é equivalente a potência de um moedor de cana.
- Gastar uma fortuna pra deixar o boxer mais forte.
- Descobrir que o que você gastou foi pro lixo e não valeu de nada porque não colocou câmbio longo.
- Comprar um motor 1600 dupla carburação e um câmbio do SP2.
- Agora está com uma pegada boa, mas não tem freio.
- Coloca freio a disco.
- Pronto, agora não tem mais o que incomodar.
- Vai acelerar com um Opalão no semáforo e quebra o cabo da embreagem.
-Troca o cabo da embreagem e quebra o pivô.
- Vai trocar o pivô quebrado e descobre que o resto da suspensão está uma merda.
- Vai fazer a suspensão e já aproveita para encurtar, colocar catraca e manga deslocada, 2 meses sem salário.
- Agora os amortecedores estão ruins, porque ainda são originais do carro e tem uns 40 anos.
- Coloca amortecedores novos. 
- Fazer as contas e perceber que 60% do seu salário está sendo gasto com peças para o carro. 
- 20% estão sendo gastos em combustível, e os outros 20% guardados para comprar outra desgraça dessa...
- Levar esporro da mãe, e/ou da namorada/esposa, porque tem muitas peças jogadas pela casa.
- Comprar outro Fusca sem terminar o primeiro e já pensando em comprar uma Kombi, e nesse caminho se aparecer algum derivado (Variant, TL, Karman Ghia) há de se pensar no caso, se o amigo parcelar em suaves prestações então está feita a merda...
- Descobrir alguns meses depois que o pesadelo começou novamente...
- Perceber que agora f@#%*...a doença já está no sangue e que por mais que tente largar você continua rodeado por amigos que fez enquanto corria por aí atrás de peças, e que também gostam dessas "sucatas", e por mais que queira, jamais vai conseguir sair dessa "Vida de Fusqueiro".
Preste-lhe culto, honre o seu nome e a sua memória, porque os antepassados estão à nossa frente, e devemos colocar os nossos passos nos seus passos.
 
 
