Sou So um Palhaco

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Eu acredito no amor. Não como uma salvação.
Mas como um prêmio de quem consegue se achar.
E se conhecer.

Um grão de ouro é capaz de dourar uma grande superfície, mas não tão grande como um grão de sabedoria.

Oásis

“O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar.”
(Saint-Exupéry)
Há dias em que nada parece dar certo,
já acordamos sem saber direito porque levantar,
a luta entre o nosso querer e o dever é enorme,
a fé se perde no desânimo, a dor se espalha,
e viver é como subir uma montanha com pouco ar,
cada passo é um peso, cada dia uma luta.

Ouve alma querida:
mesmo no deserto mais terrível existem oásis,
lugares onde as árvores crescem frondosas,
onde a água tão rara é abundante,
e os homens podem se refazer da longa jornada.
Por que na nossa vida seria diferente?

Não se fixe no problema, existem mil portas,
mil caminhos para buscar, mil lugares para conhecer,
milhares de pessoas para “reconhecer”,
novos amigos, novo amor, novos sabores,
descobrir “oásis”, novos poços, eis a sua missão,
sair da tristeza e da decepção e enfrentar o caminho.

Vem, vamos juntos nessa estrada,
que pode parecer deserta e seca,
mas logo ali, logo a frente,
um oásis te espera, para fazer uma festa,
transformar a sua vida em um jardim,
onde a mais bela flor, ainda é você.

Coloque um ponto final em todas vírgulas que te incomodam.

E se um dia eu cansar, você me pediria uma nova chance? E se um dia eu for embora, você me pediria pra ficar? E se um dia eu disser que não, você me faria mudar de ideia?

O mundo no qual cada um vive depende da maneira de concebê-lo, que varia, por conseguinte, segundo a diversidade das mentes.

Hora de jogar fora o que não valeu, mas também de trancar as lições em um pote fechado para se olhar de vez em quando, de modo que você não corra o risco de repetir de ano novamente. De dizer adeus aos pensamentos que não valem um sorriso, pois só o que é bonito merece ser guardado. De jogar fora as chaves que te prendiam naquele cômodo tão apertado chamado passado e se soltar... há uma vida linda ali fora que só espera você estar inteiro para dar a partida e (re)começar.

Eis o homem sentado à mesa
Diante da folha branca.
Um longo, longo caminho,
Da vida para a palavra.
Decantação, purificação
Para chegar ao pássaro.

O homem que está à mesa
Atravessou muitos desertos
Virou do avesso a certeza
Naufragou nos mares do sul.

Entre ditongo e ditongo
Para chegar ao pássaro
Tu próprio terás de ser
Cada vez mais substantivo.

Irás de sílaba em sílaba
Ferido por sete espadas
Diante da folha branca
Serás fome e serás sede
Como o homem que está à mesa,

O homem tão despojado
Que a si mesmo se transforma
No pássaro que busca a forma.

Este é tempo do homem
perdido na multidão
Como ser desintegrado
Na folha branca da cidade.

Tempo do homem sentado
À mesa da solidão.

Há palavras como asas,
outras mais como raízes

O pássaro voa por dentro
Do homem sentado à mesa.
Vai de fonema em fonema
Sobre as cordas dos sentidos.

Se vires o homem que passa
Como se fosse no ar
Já sabes: é o homem que está
Diante da folha branca.

Às vezes levanta vôo
Para outro espaço, outro azul
E deixa dentro das sílabas
Um rastro como de sul.

Quando recordas,
Quando a tristeza
toca demais as cordas do coração

Quando um ritmo começa
Dentro das palavras,

Um sapateado inconfundível
(Malagueña, malagueña!)
E a folha branca é uma Espanha
Para cantar, para dançar
Para morrer entre sol e sombra
Às cinco em sangue...

Então verás chegar
O homem sentado à mesa
Às cinco en sombra de la tarde
Malagueña, Malagueña!
Diante da folha branca
Como por terras de Espanha.

Nos descampados deste tempo
Nos aeroportos auto-estradas
Nos anúncios sob as pontes
Talvez no marco geodésico

No fumo do lixo ardendo
No cheiro do alcatrão
Nos dejectos de lata e plástico
Nos jornais amarrotados
Nas barracas sobre a encosta
Na estrutura de betão
Sobre o gasóleo e a tristeza
Sobre a grande poluição
Onde nem folha ou erva cresce

Seco, duro, estéril tempo
Diante da folha branca
Da solidão suburbana
Onde a multidão se perde
Entre tristeza e tristeza

Às vezes um coração:
Talvez um pássaro verde
Ou talvez só a canção
Do homem sentado à mesa

O homem que está à mesa
Tem qualquer coisa que escapa
Qualquer coisa que o faz ser
Ausente quando presente

Às vezes como de mar
Às vezes como de sul

Um certo modo de olhar
Como atravessando as coisas
Um certo jeito de quem
Está sempre para partir.

O homem sentado à mesa
Não está sentado: caminha
Navega por sobre os mares
Ou por dentro de si mesmo.

Vem de longe para longe
Do passado para agora
De agora para amanhã
Está no avesso da hora!

Solta o pássaro, não pára,
Tem outro espaço, outro azul
Às vezes como de mar
Às vezes como de azul

E não se tem a certeza se está do lado de cá
Ou se está do outro lado, deste lado onde não está.
Mesmo se sentado à mesa
Não é possível detê-lo
O homem que tem um pássaro
É sempre um homem que passa.

Tem qualquer coisa que nem se sabe
O quê nem de quem

É talvez um mais além
Algo que sobe e que voa
Entre o Aqui e o Ali
Algo que não se perdoa
Ao homem quando ele tem
Um pássaro dentro de si...

Há um tocador a tocar
As harpas de cada sílaba

Diante da folha branca
Tudo é guitarra e surpresa.

Escutai o pássaro e o canto
Do homem sentado à mesa!

POR UM SORRISO TEU

Eu esperaria a eternidade por você
Se eu tivesse ao menos um sorriso teu
Mas quis a vida trazer-me outros sorrisos
E o amor em outros braços
Para compensar meu desejo por teus beijos
Para compensar a falta de teu abraço
E aliviar o desencontro de nossos passos
Num destino tão solitário
Que era o meu

Sigo agora acompanhado
Feliz e sinceramente apaixonado
Mas isso ainda não muda o fato
De que sinto saudade de tudo o que sonhei contigo
E de que eu esperaria a eternidade
Se eu tivesse ao menos
Um sorriso teu

Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

São estes os preceitos do direito:viver honestamente,não ofender os demais e dar a cada um o que lhe pertence.

Esta vida é um hospital onde cada doente está possuído pelo desejo de mudar de leito. Este gostaria de sofrer em frente a um aparelho de calefação, aquele outro crê que se curaria em frente à uma janela. Parece-me que estarei sempre bem lá onde não estou, e essa questão de mudança é um assunto que discuto sem cessar com minha alma.“Diga-me, minha alma, pobre alma resfriada, que pensarias de morar em Lisboa? Lá deve fazer calor e tu te regozijarias como um lagarto. Essa cidade fica à beira-mar, diz-se que foi construída com mármore e que o povo tem um tal ódio por vegetais que arranca todas as árvores. Eis uma paisagem segundo teu gosto; uma paisagem com a luz , o mineral e o líquido para refleti-los!” Minha alma não responde.

( ... ) Estaria morta a minha alma?
“Chegaste a este ponto de entorpecimento que não te alegras senão com teu próprio mal. Se é assim, fujamos, então, para os países que são as analogias da morte. Já sei o que devemos fazer, pobre alma! Nós faremos nossas malas para Tornéo. Iremos mais longe ainda, ao extremo fim do Báltico, ainda mais longe da vida, se é possível; nos instalaremos no pólo. Lá o sol não roça senão obliquamente a terra, e as lentes alternativas da luz e da noite suprimem a variedade e aumentam a monotonia, essa metade do nada. Lá nós poderemos tomar longos banhos de trevas, enquanto que para nos divertir as auroras boreais nos enviarão, de vez em quando, seus fachos róseos, como reflexos de fogos de artifício do inferno!” Enfim, minha alma explodiu e sabiamente gritou para mim: “Não importa onde! Não importa onde! Desde que seja fora desse mundo!”

Se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração.

Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir…
Que se sonhasse a chorar…

Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca… um lamento…

Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte

Despedaçar esses laços!…
…É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços

Vontade de te esmurrar, te dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro imaginando você me vendo. E tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença. Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado, hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui? Porque eu ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu – sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Caio Fernando Abreu
Pequenas epifanias. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

Nota: Trecho da crônica Sugestões para atravessar agosto, publicada originalmente no jornal "O Estado de S. Paulo", em 6 de agosto de 1999.

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Se você ensinar algo a um homem, ele nunca vai aprender.

Cada um tem que inventar sua resposta. Dar sentido a sua vida. A vida, em si, não tem sentido. Cada um tem que construir o seu sentido. E vai sofrer para encontrar.

Amor (...) é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor verdadeiro, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Atualidade do ovo e da galinha (II).

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Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser completamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.

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