Sou o Brilho dos seus Olhos ao me Olhar
GORJETA
Eu sou aquele que no amor é perdido
eu sou o que no fado me falta aporte
sou esse da desdita, e nesta tal sorte
sou a contramão, a solidão desmedida
A sombra no meio fio da cara vida
e que no devaneio perdeu o norte
que fica no vagar num choro forte
rascunhando a chaga tão dolorida
Sou aquele que no silêncio habita
Sou pôr do sol sumido, desprovido
Sou aquele que na ilusão orbita
Sou talvez o ideal de alguma dita
Quiçá a que o rumo me é devido
Quem sabe uma gorjeta merecida
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/10/2020, 16’19” – Triângulo Mineiro
GRATIDÃO ...
Te sou grato, no que a mim foi a cura
O alento que foste à emoção, poesia!
Encheste a solidão de cor e de doçura
E com poética a sensação que falecia
De choro e lamento lacrimejava o dia
O horizonte do cerrado era só lonjura
O desejo desventura então pressentia
E tu poesia: me trouxe a boa ternura!
Tenho gratidão, nada toda a vida dura
Do teu tempo a qualidade é a melodia
Se boa ou ruim, o que vale é a leitura
Então, vou agradecer a casta fidelidade
Das prosas nas tristuras que eu recebia
No falto, assim, pra mim, trovaste piedade! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/02/2021, 05’55” – Triângulo Mineiro
FAZE DE CONTA ...
Faze de conta que hoje sou um bardo
Que soneta para te expressar o amor
Faze de conta que, nada é tão tardo
Neste puro sentimento, o puro valor
Quero te frechar, serei um felizardo
Se com este arremesso, o êxito for
O caminho, sem que seja um fardo
E, pra nos dois um significado maior
Você está impregnado no meu olhar
Em cada verso que eu possa te dar
É paixão que no coração desponta
Embora saiba que sou arrebatado
Por ti. E sempre estarei enamorado
Para este bardo, não faze de conta! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2021, 17’21” – Triângulo Mineiro
PERMUTA ...
Se peço a tristura que saudade
não seja de um sentimento ardil
dizes que sou ingênuo e infantil
sem a realidade e sem maldade
De onde vem está barbaridade
se a boa lembrança não é hostil
quando a recordação nos é sutil
sensação leve, e com suavidade
...do amor. Há o tal mal que chora
roga, solidão que suspira e, assim
empapado em agonia, vem a fora
Esse dói, corroí, mas é por apuro
e neste reviver escuro, em mim:
acontece um desejar mais puro!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/04/2021, 14’19” – Araguari, MG
NARRATIVA DE AMOR ...
Ventura que tenho, tendo o que celebrar
Brado, ardo em emoção, e sou um zelo
Vou aos céus, e me ponho a aconchegar
No abraço, sem que eu possa contê-lo
Feliz, e leve vai o pensamento pelo ar
Solta-me o coração, livre, sem detê-lo
Na vida, sensação, no amor e no olhar
Apenas um momento de um donzelo
Festejo a mim mesmo, estou amando
Suspiro sem boca ter, sem visão vejo
É a paixão que lateja e que apavora!
Ora, como é bom este sentir brando
Quero a vida, e vida, mais, eu desejo
Eis o grau em que estou, e vou afora!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/04/2021, 05'45" – Araguari, MG
[...] Não sou isto ou aquilo! Sou...
Todavia, tento fazer de toda hora
Brandura, esquecendo o outrora
E do dia a dia um agradável voo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de agosto de 2020 - Araguari, MG
SOU RÉU DE POESIA
Sou réu de poesia! Confesso a minha sina
Porém não me penalizo desse ditado fado
Sublime, o poetar é também feita contina
Jeito tão mais gostoso e tão quão amado
Por certo o que nos redime, nos faz alado
Arte! A quem quer ter a poética inquilina
Eu cedo, e está fortuna, assim, me defina
Se eu portar, por acaso, e for um sorteado
E nesta ação, tão incrível, embora fique
Meu poetizar espalhado em mil pedaços
Eu rogo que a inspiração tenha o clique
Sou réu de poesia, mas também indefeso
Na criação, da geração e dos teus passos
Assim mesmo, da prosa quero ser preso!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22/08/2021, 05’58’ - Araguari, MG
DESLIZE
Eu da saudade sou quem chora
Da ausência, ilusão, desencanto
Se eu caminho na solidão agora
São motivos de trovar em pranto
A saudade é dor, volúpia ardente
Viva sensação, um remorso vão
Dá-me emoção amarga e quente
Injetada gota a gota no coração
E nessa saudade tão fria e feroz
Da tua privação, a aflição corre
Rimando versos tristes e tão sós
Vivo a suspirar como quem morre
E a lamentar se assim vale a pena
Essa saudade do amor de te amar
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22/08/2021, 15’18’ - Araguari, MG
SONETO DOMADO
Sou um soneto túrbido no sentimento
Suspiro a todo o momento, duro verso
Perdido em sensações, tão controverso
Hora no agrado, hora emoção ao vento
Ter a poética em um acordo, como tento
Porém, o meu cântico no acaso é imerso
Dói-me tanto por este valer tão disperso
E mesmo em lágrimas, o prazer invento
Um soneto alanceado, mas imutável
Sigo em frente, sou insistente, afável
Sempre a buscar e estar apaixonado
Persisto, sonho com um estímulo certo
Hei de deparar com o oásis no deserto
E, então, ser aquele soneto domado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 junho, 2022, 11´11” – Araguari, MG
PENAR (soneto)
De outras sei que já não sou a ti importância
Tu, querendo menos do que o querer parece
Tu, amando pouco do que o amor quisesse
E entre lágrimas e preces... a dura distância
De modo que a paixão perdeu a fragrância
O olhar sem o desejo... a melancolia tece
Um coração frio, como se nos polos tivesse
Certo, amor, já é outra a real circunstância
Então, da minha atenção um vazio fazes...
Silencioso, e tão repleto de entretanto
Que nas linhas da afeição só tolas frases
Já não mais ouves o poetar em pranto
Nem mais voga a dor que assim trazes
Essa, dor doída que no peito dói tanto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Luciano, quem você é?
Sou um gajo que de ilusão me trajo.
Do século passado
como um sonhador, ajo
Trago comigo o chão do cerrado
entre currais e fogão de lenha
longe do presente e do passado
perto do devaneio, sem resenha
numa quimera que aqui eu caibo...
Cá chorei, ri, tive vario saibo
do fado!
E neste mundo diverso
adentro do sertão
nasci em fevereiro, do universo
sou das águas, da criação
e na razão, um tanto disperso...
Tive asas na inspiração
Confesso!
E no possível, muita emoção.
Aos anseios pouca meta
padeço a uma geração
quase nada me completa
quase tudo a minha admiração
sou planalto numa reta
porém, altos e baixos na imensidão
coração ferido pela seta...
Pelo menos penso
na minha opinião
se não, ah! sou intenso
eterno na paixão
e nos versos, denso.
Um poeta? amador... sei não!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de março de 2020 – Cerrado goiano
paráfrase Cora Coralina
AMOR ABSOLUTO
Amor, latejo em ti, no teu desejo, por onde
For! e sou carícia, e suspiros, e doce poesia
E, em afagos, ao teu mimo o meu responde
E no agrado, agrada mais e mais a cada dia
Dos teus beijos, o prazer nos lábios ponde
Do teu olhar, o delicado perfume contagia
Do carinho, nos teus abraços me esconde
De ti, - eclodo em encantamento e alegria
Vivo, uivo em teu gozo, e em tua emoção
No sentimento, és portento a todo minuto
E eu, ao dispor, e tu sendo a minha razão
Tu estás no meu pensamento e te escuto
Em cada lembrança, flor do meu coração
E essa paixão no peito é de amor absoluto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/03/2026, 22'18" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
IDENTIDADE (soneto)
Não sou assim nem assado, sou!
É o que tenho no fado, por agora
E, às vezes, tão poético vou afora
Que eu nem chego a ser.… estou!
Não sou isto ou aquilo! Eu vou!
Todavia, tento fazer de toda hora
Brandura, esquecendo o outrora
E das dúvidas um agradável voo...
Se acabou, passou, o que importa
Quero abrir no estro outra porta
E assim, então, eu decorro vendo...
A vida, que é curta, na sua temporada
Tento de estar igual em cada morada
E, ao poeta os devaneios pra ir sendo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020, 09’34” – Cerrado goiano
Obrigado
Pelos dons oferecidos, poeto
(o meu poetar é no cerrado)
Pela inspiração sou inquieto
Obrigado!
Pelos devaneios, as venturas
Em sua formosura e pecado
Pelos versos com aventuras
Obrigado!
Pelo afeto com suas rimas
Horas más, as sem agrado
Também, pelas com estimas
Obrigado!
Pelo ipê no sertão em flor
Nos versos não ter faltado
Ó singelo trovas de amor
Obrigado!
E tu, que és alento constante
No estro o desejo acordado
Ai! sempre do sonho diante
Poesia.... Obrigado! Obrigado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 07’50” - Cerrado goiano
Paráfrase Pedro Homem de Melo
Tudo o que me comprometo a fazer é um currículo vivo de quem eu sou. Assim, meus passos sempre serão um rastro inquestionável do que, para mim, significa sucesso.