Sorriso sem Graca
Lugar de Junho
É melhor não dormirmos
sob o árido labirinto da tristeza.
À nossa frente existe um pórtico
purificado por uma névoa de sons.
Vamos transgredir o limiar do absurdo,
porque encontramos um abrigo musical,
onde ninguém pode separar as nossas bocas
o percurso das águas outonais.
É verde o germe do sol nos nossos olhos
e, sem querer, a sombra de um pretexto
emerge do assombro de nós próprios
como um regresso plural da inocência.
Estamos num lugar de Junho
e qualquer sinal de ausência
pode ser apenas um veleiro
que partiu dos nossos dedos.
Graça Pires
Graça Pires
(Figueira da Foz, 22 de Novembro de 1946)
É uma poeta portuguesa.
É licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Editou o seu primeiro livro em 1988, depois de ter recebido o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro Poemas.
Os anos 80 foram um erro estético. Pensar em alguma coisa de retorno a esta época só pode ser mera carência e memória afetiva da juventude.
Só queria ter você nesse instante,ah amor onde estas que não te encontro,mas estas presente em meus pensamentos...
Passamos a ter uma melhor qualidade de vida emocional quando deixamos de viver encantados com tudo e nos propomos a viver conscientes do todo, a partir daí já estamos prontos para vivermos com uma generosa boa dose de encantamento.
Quando somos jovens entendemos muito da vida. Entendemos tanto, temos tanto saber, e de tal forma profundo e conclusivo, que só na velhice estaremos habilitados a nos arrependermos, muitas vezes até nos envergonhamos, das tantas decisões e comportamentos dotados da sabedoria da mocidade.
Se não quer dividir a própria vida, então não traga para ela pessoas as quais você não tem o direito de descartar, no caso filhos.
Na dúvida sobre a personalidade e a transparência dos sentimentos de alguém? Se relacione com este alguém incorporado de um personagem e a dúvida será sanada.
Inventaram uma felicidade padrão, aquela que é exibida como a cabeça de uma caça, e não perceberam que a felicidade real se mantém com a sua cabeça num corpo, também como um animal que, ainda vivo e livre, não está preso a nenhuma armadilha, corre pela floresta em grupo ou sozinho, com sua fêmea ou com o seu macho, com a sua cria por perto ou já independente correndo por outros caminhos, mas que exercita a liberdade de correr pelas matas sem precisar explicar o que faz nela, que deixa a marca dos seus passos, mas não o registro da sua presença, muito menos se permite ser trofeu social.
Se uma pessoa se ofende quando alguém faz uma crítica genérica, logo sequer cita o seu nome, significa que a sua consciência está puxando-lhe as orelhas.
Alguns de nós somos uns saudosos incorrigíveis, mas fato é que, comparando as épocas, podemos constatar um desprogresso assustador que está desqualificando muita coisa de valor.
Se o que importa é o que vem do coração então as pessoas precisam aprender a aceitar o desprezo recebido e que é ofertado com o mais profundo sentimento.
É muita gente de fé se decepcionando com o seu próximo da mesma fé, penso que seria cômico se não fosse tão trágico.
O passado deve ser visto como uma advertência para que no presente haja gerência e como consequência um futuro de excelência.
A dependência, a falsidade, a oportunismo, a exploração e a vaidade também se disfarçam de bondade. A maldade também pode se disfarçar de amizade, de sorrisos, de caridade, de complacência, solicitude, carência, sofrimento, bom humor, gentileza, de bem querer e até de atenção e respeito.
