Sonhe como se Fosse Viver
A morte tentou colocar uma pedra no sepulcro de Lázaro, para que Lázaro fosse esquecido;
Mas depois de quatro dias, JESUS chamou Lázaro para fora, e cheirava mal,
O Senhor trouxe a vida, onde já não tinha vida.
Relendo um pedaço de vida
Escrito qual fosse
Endereçado aos Céus
Redigido em dourado
Uma longa descrição de nada
De frase em frase
O sentido das coisas muda
Depois de alguns pontos finais
Na mesma linha, ainda tentava
Enquanto a ideia era a mesma
O mesmo fôlego, depois da virgula
Um aposto
Reticências
A vida seguindo entre aspas
Navegava
Dígrafos e interjeições
Transmutanto em novas
As mesmas sempre velhas sensações
Esperanças em letras maiúsculas
O parágrafo insistente
Uma pausa a cada nova esclamação
O sinal que interroga
Uma praga que rogam
Bem querer descrito
Um mal feito
O antônimo de tudo
Transformando agora em nada
O que parecia
Tão bonito no princípio
Quem leu
Pouco soube interpretar
Lentamente
Sem sentido
Eis que surge
O último ponto final
Se fecha o livro
Livre pra prosseguir
O verbo é viver sem destino
Despedida; substantivo feminino
Sem sínteses
Nem parêntesis.
Edson Ricardo Paiva
De vez em quando eu escuto
O som dos silêncios falando entre si
Talvez, se fosse assim
Desde o começo
Hoje, não seria esse o preço
Se a gente soubesse viver
Sorriria o sorriso que nos cabe
Hoje eu ouvi do silêncio
Que nem sorrir a gente sabe.
Edson Ricardo Paiva.
Qual seria a graça dessa vida
Se fosse feita eternamente de certezas
E a gente tivesse a receita
E conhecesse o momento exato
da morte, do erro
e de encontrar o grande amor
Que um dia há de perder.
A mesa posta na hora certa
A resposta sempre positiva
Nenhum curativo ou corte do dedo
Aquela pessoa que deixou saudade
Ao morrer na infância da gente
Ainda está viva
O alívio imediato
Ausência do medo
Comida que a gente gosta
No prato de porcelana
O segredo da vida pintado
No óleo sobre tela
Pendurado na nossa parede
No gancho a rede
Lençóis de algodão egípcio
Seria muito bom no início
Mas que graça tem isso pra nós?
Se gente aprende muito mais
Devido ao amor fingido
A dúvida da falsa amizade
Na pergunta sem resposta
Presença muda
Olhar evasivo
A lágrima que ficou
A tristeza que invade
Chuva no final de tarde
Justamente
Quando era hora de voltar pra casa
Faz parar um pouco e lembrar
Que ninguém te espera
Me diz a graça que tem essa vida
A ser sempre um circo de feras
O pote de ouro
Dinheiro contado
Dois Sóis a brilhar de dia
A estrela
que havia na madrugada
Se apaga pra eternidade
A menor distância
Entre a dúvida
e a suposta verdade
O rosto escondido atrás das mãos
Toda a certeza que existiu na vida
A frágil alegria
Chega um dia em que nada é igual
Não passa de cristal que se quebrou
Qual seria a graça dessa espera
Se um dia
A gente não chegasse à conclusão
Que a própria vida em si
Não passou de mera ilusão?
Edson Ricardo Paiva
Como se fosse uma mente
Que pensa, mas não pensa
Um vento que trouxe
A saudade pequena
Pena que seja assim
Tão imensa
Pena que seja em mim
Apesar de tudo
E mesmo que esteja distante
Estarei sempre em você
Se você se lembrar
De qualquer lugar onde for
Me levar sempre junto
Se ausente eu estiver
Em minha mente você vai estar.
Edson Ricardo Paiva
Se fosse apenas
O lançar um olhar ao mundo
Mas tem sempre alguma coisa a mais
Uma espécie de indiferença velada
A pergunta que germina da resposta
Quantificada na imensa quantidade
das eternas reticências
Que cada um de nós a guarda
Em silêncio profundo
Que diz que não vai dizer mais nada
Pois o mal não vem daquilo que faz mal
Ele só reage de maneira diferente
de gente pra gente, quaisquer sejam elas
Eternizando a alguma coisa
Que não encaixava e não cabia
e sabia que estava lá
Igualando desiguais, tem sempre algo mais
No invisível voo da Quimera
Flutuando em seu mais baixo nível
Te aguardando, sem demonstrar jamais
Que mais e mais ela te espera
O que conta é o que tivemos desde sempre
Escondido e sem fazer ruído
Em algum lugar dentro de nós mesmos
E que a gente morre
Sem nunca saber o que era.
Edson Ricardo Paiva.
Se a gente fosse olhar direito
O que podia ser tão simples
Complicado, carregado de defeitos
Pode ser que sem querer
a gente compre
O que há muito
Deus já tinha dado
Parece
Que olhando do Céu
Esse pedaço esquecido
O tempo do verbo
Ficou no passado
E por menos que se divida
No final da tarde
É madrugada
Nada mais
Além de espaço
O vácuo Indescritível
Um sinal de igualdade
Um papel amassado
À esquerda o passado
Do lado direito o moderno
Qual se fosse o resultado
de tudo que a vida trouxe
Mas por menos que a gente divida
O produto final é nada
Na mente da gente
Um inferno e um Céu
Um tempo presente
Eternamente passageiro
Transitório
Inclusive o mundo inteiro
Até mesmo o papel
e a conta que estava errada
Na regra de três
Muito simples
A linha torta
Três retas
O passado retratado
Era quadrado
Fica sempre mais difícil
Quando o simples, complicado
Colocando distante o bem perto
Escrevendo o errado
Por seus próprios méritos
O tempo presente
No momento seguinte
Pretérito.
Edson Ricardo Paiva.
Essa noite tudo que eu queria era te encontrar ainda que fosse somente para conversar,saber como você está,ainda que corte meu coração e encha meus olhos dagúa,ainda que eu não se molhe quero pelo menos ver a chuva e sentir a sua fresca...
E seu fosse uma estrada que te indicasse uma direção, um caminho será que assim você me seguiria?
E se você estivesse caída e eu fosse uma mão estranha estendida será que você exitaria em pega-la?
E quem sabe seu eu fosse um bom conselho que saiu da boca de quem todos á julgam mal,será que assim mesmo você confiaria?
E se eu viesse a ti como sempre errante e vesse em meus olhos arrependimento,concederia assim seu valioso perdão?
E se como sempre eu tivesse medo,por acaso me abraçaria e me diria que tudo iria ficar bem?...
Quando for amar alguém
Se for possível, afaste-se e não ame
Se fosse possível escolher a quem se ama
Eu te aconselharia
A amar a quem vem até você
E não a quem te chama
A quem te apreciasse e fizesse elogios
Pois amar é dividir a vida
E formar parcerias
É ter alguém em quem se confia
E com que se pode contar
Pois, pra colocar pedras em teu caminho
Já bastam teus oponentes
Amar é dividir
e querer ver sempre contente
jamais o oposto
Ser amado é ganhar um abraço
Quando chegar 8 de agosto
Agora, quando quiseres
Matar um gigante
E desfazer o amor maior que existe
Basta seguir a dica
E seguir a vida adiante
Te asseguro
Não há nada que resista
E não há nome pro que fica
Eu juro que nunca pensei
Que tanta coisa assim fosse mudar
O que um dia foi tão bom
Hoje, é lembrança vulgar
Passado o tempo
Eu nada concluo
Concluo que não há nada a concluir
A vida não é um voo
Não é uma viagem
Não é uma paisagem
Talvez seja isso tudo
Somente miragem
Semeamos sonhos
Só isso
A realidade não tem compromisso comigo
Ou eu com ela
Ainda bem
Creio que ninguém queira neste momento
Estar no meu lugar
E nem mesmo junto a mim
Prossigo assim
Sozinho e calado
Espero a noite chegar
E ainda tenho medo do escuro
Tenho medo do futuro
Remotos tempos bons passados
Pra passar que foi tão duro
Por não haver conclusão
Percebo mesmo assim
Está tudo interligado
Nada ao longe, tudo perto
Aqueles lindos e imensos jardins
Não existiriam
Se não existissem os desertos
Portanto, continuo vivendo
E vendo a vida passar
sem se lembrar de mim
E esta é a luz,
que apesar de quase ninguém ver
A tudo clareia
Tem gente que é flor, é primavera, é cor
Eu sou somente frio e calor
Sou solidão, eu sou areia.
Eu queria só saber
Caminhar corretamente pela vida
E que a vida fosse um pouco mais
Que uma mera superfície plana
Eu queria poder superar
Todas as limitações
A que está submetida
A minha humilde condição humana
e todas as fraquezas nela inseridas
Eu queria conhecer e saber lidar
Com a força existente em mim
Antes do fim desta vida
Eu queria viver o tempo que ainda tenho
Vivendo o Sonho de Conhecer a Deus
O Deus que existe nos meus sonhos
E que às vezes me permite saber
Que é sim, possível voar
Pois Ele já me presenteou algumas vezes
com essa sensação incrível
e me ensinou que o tempo
Apesar de impiedoso e inexorável
É necessário pra que a gente aprenda
a remover a venda que existe
nos olhos humanos, e é
inerente à Condição Humana
Eu não digo o tempo mundano
Que faz compreender
as horas e as semanas
Existe outro tempo, além deste plano
Um tempo que vem de Deus
Que tem me ajudado a tentar compreender
Que cada pedra
Que eu, com respeito, carreguei
e cada dor que um dia me derrubou
Agora se traduzem
numa espécie de compreensão
Que de mim se assenhora
E me faz saber de onde eu vim
E que as dores que eu senti
eram sim, necessárias
Pra que eu não passasse pela vida
e a visse desaguar um dia
Num Oceano de incompreeensão
e a tivesse vivido como um reles pária
Carregando sensações imaginárias
Eu já compreendi que Outra Coisa existe
Porém ainda não sei o quê preciso fazer
e a maneira correta de pedir e receber
Tudo isso às vezes me faz sentir
Um pouco triste ao fim do dia
Quando se aproxima a hora de ir dormir
Um dia
todo mundo queria
Que um dia
Todo mundo fosse feliz
e assim estaria
tudo pronto e acabado
Mas o que ninguém sabia
é que esse dia
talvez já tivesse chegado
Mas todo mundo
estava muito ocupado
Sonhando
ou vivendo o sonho errado
e assim
mais um dia foi passando
enquanto todo mundo procurava
aquilo que mais queria
e estava ali
o tempo todo.
Mas todo mundo, ao mesmo tempo
Estava olhando pro outro lado
Se eu fosse a vida
me pediria desculpas
me pagaria um sorvete
e me levava pra passear
de carona, na sua garupa.
Se eu fosse a vida
talvez não me tratasse assim
e até sorrisse pra mim
quando fosse de manhã.
Me convenceria a abandonar
algumas dessas ideias malsãs
Essa vida bem que podia
me dar uma trégua
e não fazer assim.
Compreender
que talvez tenha sido ela
que começou essa briga
e me dava
um sopro a mais de vida.
Se eu fosse essa vida
me sentaria ao meu lado
um pouquinho só.
Daria uma pausa nessa briga vã
E que a gente nem se lembra
qual foi mesmo a sua causa..
Me dava um abraço
estreitaria nossos laços
aliviava um pouco esse cansaço.
No frio e solidão dessa madrugada
conversava um pouco
e muito a gente ria.
E quando amanhecesse o dia
eu diria adeus a ela
e com a alma um tanto leve
pra outra vida eu partiria.
As coisas são assim:
Você pode passar uma vida
Qual fosse existência perdida
Indo procurar bem longe
Alguém que muito lhe foge
Faz previsão de viagem
Bota provisão no alforge
Gasta muitos pares de botas
E outras mais, sobressalentes
E sai a escalar Montanhas
Dormir ao relento
Enfrentar chuva e vento
Contente
Numa procura tamanha
Que talvez nunca termine
Ou acabe em desesperança
Por não encontrar
Aquilo que não enxergaste
No teu ponto de partida
O Par de olhos
que tanto procuraste
Atravessaram a vida, lindos e tristes
Pedindo-te que voltasse
Querendo enxergar você
Como se fosse
Um poema onde nada rima
Algo além do limite
Um dia sem Sol
Quando termina
A gente permite que Ele se vá
E chega a hora da despedida
Há coisas na vida
Que parece começarem pelo fim
E vai correndo ao avesso
desde o começo
Não se encaixa...desafina
Quando o coração se permite
Permanecer eternamente
Qual coração de criança
dança e ri
Com a canção desafinada
E sem querer saber de nada
Segue rindo da cara da sorte
Pois não há corte
Que não cicatrize
diante de uma boa risada
Ria sempre de volta pra vida
Não há tristeza que suporte
Um sorriso insistente
de sorte
Que um dia
A tristeza acaba rindo com você
E tudo acaba em alegria
Parece que em certas tardes
O tempo passa
Um pouco mais devagar
Como se fosse
Uma tarde escolhida
Pra que a gente
Olhasse nuvens antes de chover
Contasse ondas do Mar
Imaginasse Estrelas distantes
Pensasse na vida
Conscientes
de que elas estão realmente lá
E depois olhasse
pras paredes que nos rodeiam
E, de alguma maneira
Tivesse em mente
Que por mais que se conte
Olhe e imagine
Aquilo que conhece
Algo vem e nos fala
Que se realmente quisermos
Pode ser que não seja tarde
e ainda pode acontecer
Que tudo aquilo
Que ontem parecia
Impossível e distante
de repente
Nos alcance
e nos toque
E faça
Que a sua mente troque
A maneira de ver
e de sentir
e de contar
e de querer
Aquilo que era impossível
e veja
Que talvez até nem seja
Pois, com certeza
Não é
Todos os olhos do mundo
Pode ter a vida
Todos eles voltados pra você
Talvez, se assim fosse
e isso acontecesse
O que será que você veria
Será que haveria tempo
de olhar ao redor?
Todas as pernas pode ter a vida
Com todos os caminhos
Que se pode seguir
Pra onde será que você iria
Se apenas duas delas
Fossem suas
E lhe fosse permitido partir.
Pois
Pra todas as direções
Pode soprar o vento
E todos os sonhos
Se pode viver
Lentamente
Qual movimento do ar, que viaja
invisível e constantemente
e passa, neste exato momento
em frente à sua janela
Desde que haja
Onde ir
E saiba, mesmo que vagamente
O que será
Que deseja
Buscar, encontrar e conhecer
Então
Basta ter somente
Vontade
e um sonho em mente
desde que a coragem
Não esteja morta
Todas as portas deste mundo
Eterna ou momentaneamente
Poderão se abrir
de verdade
Pra você
Tudo depende exatamente
do tamanho do seu querer
Edson Ricardo Paiva
Hoje
Pensei que fosse
por acidente
Pois encontrei-me comigo
Achei que era sorte
Pois era aquele lado de mim
Que era amigo
E que eu nem percebia
Que tinha deixado saudade
Mas como o acaso inexiste
Cheguei a sentir-me um tanto triste
Quando percebi
Que ele esteve sempre aqui
E era eu
Que tinha me afastado
De mim mesmo
Acontece
Que isso acontece
Muito mais do que se pensa
Mas o tempo passa depressa
E um dia, de repente
A gente deixa de perceber
Que existe sim, diferença
Entre viver somente
E viver
E querer estar comigo
Gostar de mim
Assim, do jeito que eu era
Imperfeito, assim como sou ainda
Porém um tanto mais vivido
Pois, não existe
Ninguém neste mundo
Mais indicado que eu
E esse meu lado que gosta de mim
Pra poder me aconselhar
Nas horas que pensar em ficar triste
E agora
Vou estar comigo
Até o fim
Só não sei por que foi que eu permiti
Que a vida toda
Não tenha sido assim.
Edson Ricardo Paiva.
