Sonetos de Saudade
FILOSOFANDO ...
Tudo que sentia no teu olhar era
A sensação total, não foi engano
Pois nesta grata emoção sincera
É sempre lembrança ano pós ano
A vida é assim, na sede de quimera
Conversor no sentimento humano
Pois, se assim não for, aí degenera
E para emoção vira um desengano
Ai do destino se só mal traçasse
Como se a dor tivesse o comando
E mais tristura rolasse pela face...
Mas, felizmente, há contentamento
Nas lágrimas nos olhos, nós dando
Soma, não unicamente o lamento! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/02/2021, 07’47” – Triângulo Mineiro
ASAS ...
O que torna mais jeitoso o céu em nascimento
Do alvor, são os cantos das aves, encantos, são
Os vários do cerrado, a vida em agradecimento
Numa feliz atividade duma povoada palpitação
Ah! quantas vezes deixamos passar o momento
Este, tão repleto de alento e de grata inspiração
Que suscita a magia e a emoção ao sentimento
Dando luz para a quimera, admiração e ovação
Também, o entendimento, o próspero bom dia!
A alegria, afinal, mais um dia nos é dado em cria
A nós mortais, onde os feitos nunca são iguais...
E, asas, assim, então, oferecidas ao sol nascente
Desejando um fado leve e um fardo docemente
Para que se possa ter na ventura o muito mais......
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2021, 05’47” – Triângulo Mineiro
O MANACÁ DA CALÇADA ...
Quando o inverno punha o manacá florido na calçada
A tua dorna tomava a manta das cores branco e rosa
E ficava a exibir, orgulhosa, imponente e tão garbosa
A pureza de menina, vaidade de moça, tão imaculada
E, em julho, com tua flor tal saia rodada, bela e ditosa
Ao vento agitando as suas cores e o sol com sua rajada
Reluzindo de fascínio o imaginário como contos de fada
Bordando aos olhos a tua florada majestosa e formosa
Ora, encantada, no passeio, és dos matizes um tinteiro
De duas cores, pintalgando a sensação de quem passa
Exalando elegância, bons sentidos e fartura no cheiro
E, manso a admirá-la da janela, ela, num ar sedutor
Abana os galhos em um aceno, e tão cheio de graça
Põe a adornar o soneto com um poético esplendor! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2021, 13’33” – Triângulo Mineiro
FAZE DE CONTA ...
Faze de conta que hoje sou um bardo
Que soneta para te expressar o amor
Faze de conta que, nada é tão tardo
Neste puro sentimento, o puro valor
Quero te frechar, serei um felizardo
Se com este arremesso, o êxito for
O caminho, sem que seja um fardo
E, pra nos dois um significado maior
Você está impregnado no meu olhar
Em cada verso que eu possa te dar
É paixão que no coração desponta
Embora saiba que sou arrebatado
Por ti. E sempre estarei enamorado
Para este bardo, não faze de conta! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/02/2021, 17’21” – Triângulo Mineiro
MEU SENTIMENTO ...
Meu sentimento é uma sensação doirada
Luzidio, saciado de afeto e ébrio de humor
Que, no peito rosna uma força enamorada
Que aguça o sonho. Sou dos que manda flor
Meu sentimento é uma quimera encantada
Que, metamorfoseia em lealdade e em amor
Vem vibrar em canções minh’alma extasiada
Inundando de emoções o meu meio interior
Meu sentimento é uma poesia de ternuras
Contendo surpresas magnificas, tão visceral
Que poetizo verso a verso o encantamento
Meu sentimento é firmamento em farturas
Do infinito do coração, uma doçura musical
Ah! meu sentimento tem mais sentimento!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/02/2021, 15’48” – Triângulo Mineiro
ÚLTIMA HOMENAGEM
Este derradeiro soneto te ofereço
Em versos últimos e tão penados
Na rima incerta a dor de adereço
Sufocando os hinos apaixonados
Segui aqui o final de um começo
E os sentimentos tão assustados
E neste cansaço o teu desapreço
Mais as culpas dos meus pecados
Foi um amor, passageiro, pouco
Pois no sonho inventado e louco
Eu e tu caminhamos para o fim
Assim, cada linha um dissabor
E também fica um doce amor
Crer que um dia doou pra mim
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 outubro, 2021 – Araguari, MG
AQUELAS MÃOS
Mãos tão gentis, ternas e apaixonadas
Aquelas mãos que tanto agrado faziam
Tão cheias de doçura e tão aveludadas
Pelo atraente amor que as consumiam
O carinho na doce habilidade, candura
Cursos calmos e de uma delicada linha
E que bem raramente tinham a tristura
Ou um avesso agravo no maneio tinha
Eram mãos que se davam com apego
Ameigando o afeto no seu aconchego
Tanto ao atrito quanto a sorte da vida
As mãos daquela afeição, ó saudade!
Suspiros na sensação, pura felicidade
Que hoje é gesto de dorida despedida...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07/11/2021, 16'58" – Araguari, MG
SABOR DO AMOR
Eu amo amar pelo que é o amor
Pela doce razão simples de estar
Sem me importar se ainda é flor
Ou botão. Nos vale aquele olhar
Eu amo o amor cheio do fazer
Na incerteza vejo o que nos dá
Pureza, ou tanto mais no viver
Sem ter pesar, vivo, o que será
Amar é bom, é doar-se inteiro
Se lambuzar com o seu cheiro
É ter sensação, sentir e confiar
Saber na paixão o que sustenta
Sorrir, se o agrado se apresenta
Amar, amante, amador e perdoar
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 novembro 2021, 19'11" – Araguari, MG
QUERO VIVER ASSIM...
Quero viver assim, numa poesia num arrebol
Inebriado com o canto da cigarra no cerrado
Na encantada tarde e aquele lindo pôr do sol
“Bonachado” sem arrependimento ou pecado
Minha vida é uma prosa e tão cheia de anzol
E, também, venturas, tal o som compassado
De um violino, cantante, da poética em prol
Sou um bardo dum presente e dum passado
Quero viver assim, poeticamente, ter valores
Olhar sedutor, rima a favor, as dadas flores
E que a minha maneira não me deixe ao leu
Sobre o meu fado um sentido e uma canção
Na certeza de que tudo é emoção, sensação
Em um renovo. Solto de sentimento cruel!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 novembro 2021, 15'51" – Araguari, MG
ESTRANHO PÔR DO SOL
Entardeceu enebriado de agruras
Entristeci e me senti sem diretriz
Arrepelei o choro, as desventuras
E tudo o mais que a tristura quis
Amarguei aflitivo naquele jazigo
O céu pardo e tão melancólico
Entenebrou e suspirou comigo
E o sentimento se tornou eólico
Mirei o horizonte tosco do ocaso
E lá distante os sonhos e o acaso
Escoou pelos olhos a infelicidade
Solitário, o pôr do sol num ritual
De um estranho silêncio colossal
Me fez chorar na alma a saudade
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 novembro 2021, 18'55" – Araguari, MG
“Confiteor”
Falar-te de amor que não tive coragem
Ter os gestos de afeição que não te fiz
Por tolice, por detalhe ou por bobagem
Talvez o meu maneio sanasse a cicatriz
E na mesmice duma ilusão, fiz paragem
Na busca desvairada de querer ser feliz
Fui desconexo numa confusa paisagem
E hoje na velhice, no silêncio me perfiz
Tudo passa, tudo fugaz, de breve aspeito
Apaixonado, um amador, é tarde no peito
Se confessar um pecador, de que importa?
Decifre nas entrelinhas duma réu canção
Cada verso, cada rima a minha confissão
Neste falho amor a saudade bate à porta!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 novembro 2021, 10'01" – Araguari, MG
Aládiando
CORAÇÃO CAMARADA
Tu sentes meu coração? Está sensação
Num emaranhado de emoção corada
Em meio a felicidade alva e iluminada
Nesta tarde no cerrado cheio de paixão
Festeja-se a vida por estar enamorada
O ardor que aninha, o amor em alusão
Arfa o peito e os lábios em tentação
Delicias tu, meu amigo, e mais nada
Estou feliz, estou acolhido, e achado
Com um perdurável agrado ao lado...
Que vontade de gritar e de compartir
Ó bando sentimento, caro camarada
Contigo quero uma concórdia velada
Protele está ventura no nosso existir!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 14'07" – Araguari, MG
FELICIDADE
É palavra rimada com sensação inteira
Anda de ventura em ventura no prazer
E quão profundo no sentimento é viver
É aquela razão na sua causa verdadeira
É o sorrir e a doce satisfação parceira
Que contenta a alma da gente pra valer
E no nosso destino nunca é corriqueira
Abraça, acaricia, e faz o coração bater
Felicidade é ser, peculiar e encantada
Complexidade no querer, sensacional
E é, certamente, ao mérito reservada
Basta que o detalhe não seja artificial
Galgar degrau a degrau desta escada
Para a felicidade não nos ser parcial!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 20'20" – Araguari, MG
NOITE DE INSÔNIA
Sob a rútila luz da lua no cerrado
Nesta noite de primavera, e fria
Meu tratear, sentinela acoimado
Provoca, acossa e ao sono arrepia
Pende do pensamento um passado
Memória, sussurros e louca utopia
Tal um desalento nuvioso e velado
É está minha sensação, de ti vazia
Na janela o vento na fresta, ali chia
Um perfume seco irrompe o quarto
E cá, um aperto, me faz companhia
E a tua lembrança não fala, se cala
Para um trovador que o amor sentia
Noite de insônia e a saudade entala!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 novembro 2021, 05'08" – Araguari, MG
SONETO
Prosa d’alma! Compasso e essência!
A voz duma sensação não esquecida
Despertar da recordação adormecida
Versos rimados em sua boa cadência
Literário, ilusório, atroz ou clemente
Feliz na presença, triste na ausência
A emoção palpita a cada existência
Canção que recita o evento da gente
Tu fazes da saudade a rima singular
E da felicidade, agrado, um doce lar
Traduz a menúcia da vida a seduzir
Em ti, cada um pedaço, cada instante
Em um todo, encantador e sussurante
Tu soneto, poética que se faz sentir!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 de novembro, 2021 – Araguari, MG
SAUDOSISMO
Do modo em que se vive tão diferente
A emoção em um sentir a todos iguais
Em que o afeto palpita e pouco sente
E a corte, e respeito não se veem mais
E tudo se ressalta num tolo egoísmo
Onde a arrogância corrói tal a traça
E o pudor se acha a beira do abismo
Vai-se o amor em nuvens de fumaça
Hoje que, do poético, a boa sedução
Não se percebe mais numa sensação
É o fugaz olhar e o volúvel presente
E eu, cá ando num espectador à parte
Resguardado na paixão da clássica arte
Doo, prezo e agrado como antigamente
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22, novembro, 2021, 13’24” – Araguari, MG
Aládiando
BUCÓLICO OCASO
No fim da tarde bucólico em despedida
Cá no cerrado, o sol num agrado enorme
E o coração em ritmo rápido e uniforme
Em um prazer meu e, encanto desta vida
Me embriago com o horizonte planiforme
Belo, rubro em uma exuberância colorida
Declina o sol em sua tão poética acolhida
Alheio no apego avilto o desdém disforme
Luzidio ocaso, variegado, e tão ardente
Onde a surpresa e admiração é presente
Num rompante de fascínio, de felicidade
O fim de tarde silente e tão inteiramente
De estrelas desmedidas num céu poente
Sedução e suspiros misturado a saudade...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23, novembro, 2021, 18’49” – Araguari, MG
MAIÚSCULO LUGAR
Eu amo o cerrado pelo que é o cerrado
Pelo fascínio na razão ao lhe conhecer
Sem importar se árido é o teu cercado
Se és diversificado e gigante no haver
Eu amo o cerrado, a tua dura natureza
O teu pôr do sol que a beleza proverá
Canto a canto tuas flores, bela certeza
Buritis, pequis, no planalto encontrará
O cerado é agrado, é só saber amá-lo
Ipês floridos, na seca, um doce regalo
E quem o conhece quer sempre voltar
É apreciar, dum cinza ao pó magenta
E nas chuvas o verde então apresenta
O cerrado Brasileiro, maiúsculo lugar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021 – Araguari, MG
PORTA-VOZ
Cada naco do fado de que eu vivi
Resumido, desvairado e disperso
Suspirei, chorei, contentei e senti
E tudo o mais sussurado no verso
Amei, dos não amores sobrevivi
Em um trovar poético e diverso
Alguns com exatidão os escrevi
Amoroso, na imaginação imerso
Tudo passa, fugaz e tão fecundo
Poesia é vida e vive eternamente
E não é minúscula e ou teoremas
Tende. Intui. No inspirado segundo
Em cada sensação ali está presente
Deixo de porta-voz, os meus poemas
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021, 20’07” – Araguari, MG
BEM SEM PREÇO
Depois que te perdi, só depois, amor singular
Notei que fracassei com um bem sem preço
Sentimento profundo, vida, um ímpar amar
E, se existi equivalente imitante, desconheço
Caricia ardente e casta, tão uma, confesso!
E agora em uma saudade cortante e doída
Dum olhar nostálgico, e sem um endereço
Eu carrego a recordação, vaidosa e sofrida
Depois que ide, só depois, pobre o coração
Suspira tão triste, em uma constante tortura
Num remorso que invada a minha emoção
De não ter junto a ti, quando contigo estavas
A conformidade onusta de carinho e ternura
Hoje, cá a chorar, aquele amor que me davas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25, novembro, 2021, – nas Gerais...
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