Soneto da Paixao

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SAUDADE TRISTE

A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste

É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste

Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente

Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste

Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ECOS DA SAUDADE

Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas

Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado

Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas

Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Anos vividos

Da vida, eu fui mais que se está vendo
Da felicidade eu fiz parada e repouso
E nem mais sei se fui tolo ou penoso
Nas trilhas de estar feliz ou sofrendo

Se estou enganado, ou fico glorioso
Não posso medir apenas no sendo
Sou fausto, e da paz eu vou vivendo
Tentando buscar só o bem precioso

Agora que a velhice é um havendo
Nada sei, eu persisto, e pouco ouso
Pois o fado não é claro no referendo

Disso, amei sem ter sido enganoso
Fui além, dum olhar, do só querendo
Na morte, vou do viver ser saudoso

Luciano Spagnol
20/06/2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SABER

Talvez sonho, que de ti eu soubesse
Que no fado no cerrado aqui estaria
Pois na vida o escrito tem o seu dia
E não adianta querer outro na prece

Contudo, o fato é que se envelhece
Um logro, pois envelhecer não devia
Cria-se ausência, e a casa fica vazia
Quando da parceria mais se apetece

E se perde o entusiasmo da alegria
Sozinho, a saudade não nos aquece
A atitude só quer estar na nostalgia

No certo, paga-se o preço, e agradece
São as prendas de se obter a sabedoria
Saber, dá alforria e harmonia nos oferece

Luciano Spagnol
21 de junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ÍNTIMA SOLIDÃO

Árida é a solidão que inspira o cerrado
Tão nostálgica e árdua no meu contentar
A que provém da saudade a me chamar
Em murmúrios, além, do vivido passado

Aquela que se perde no horizonte ao olhar
Que chora no entardecer de céu rubrado
E traz na brisa, a maresia, no seu ventado
A que me faz relembrar, calado à saudosar

Ampla, melancólica, é a solidão no cerrado
Uiva nas planuras em vagidos dum soluçar
Nos pousando vazios no chão cascalhado

Mas, a solidão abafada, que faz lacrimejar
É a que domicilia comigo, no meu sobrado
E que existe íntima e triste no meu trovar

Luciano Spagnol
22 de junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LUAR DO CERRADO

Quando, no cerrado, vem o anoitecer
O seu luar prateia as várzeas quedos
Num silêncio de fúnebres segredos
Numa tal beleza por assim merecer

É o Criador vazando o belo entre os dedos
Enfeitando a noite para não mais esquecer
Ladeando a lua com estrelas a resplandecer
E pondo a prova os nossos sentidos tredos

É tanta intensidade da luz, tátil é o perceber
Que nos faz pequeninos, eternos mancebos
Pasmado, que quase não se pode descrever

A imaginação migra para vários enredos
Numa rutilante e bela experiência no viver
Numa total plenitude e sentimentos ledos...

Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMBIGUIDADE

Uns carregam prata outros trazem ouro
Eu? Nem ouro nem prata, tenho rosas
Umas com espinhos, outras formosas
No meu farnel são um acaso e tesouro

Na oferta é para serem harmoniosas:
Nas dores, as brancas são vertedouro
Na sorte, as negras portam mal agouro
Assim, ornam a vida, tornam prosas

É enredo no amor passado e o vindouro
Aos corações belas poesias primorosas
E nas lágrimas, doce arrimo batedouro

Dotam a emoção, alegres e nervosas
São cores na morte e no nascedouro
Vão em todas as venturas, preciosas

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O AMOR

Fui um dia, mais que um diverso instante
Devaneei e nem se quer por ele eu tinha
Inspiração ou na estrofe qualquer linha
Para mergulhar na poesia emocionante

Por ele sem sequer saber, sofrer eu vinha
Nas estórias de imensa angústia cruciante
E seria envolvido em trama vil e delirante
Na inquieta nuance da desventura minha

Andei correto e fiel sem ser redundante
Me inspirou versos de dia e de noitinha
E mesmo assim, a solidão foi triunfante

No poetar espalhou como erva daninha
Contaminou as rimas, se fez importante
Ah! O amor, tê-lo é tal cigana adivinha

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DOLOROSA VIA

O tempo me fez velho e derreado
Já não respondo aos vários limites
A vida agastada perdeu os convites
Os sonhos de mourejar hão curvado

O corpo na ação perdeu o apetite
E assim vou num choroso estado
De lamúria triste e olhar cansado
Enfraquecido na força sem rebite

E o insistente querer, ainda espera
Da vitalidade, poesia e viva quimera
Para velejar nas nuvens da ventura

Nestes trilhos deixo o carril da sorte
Até que eu baste no portão da morte
E vá estar na paz lúgubre da sepultura

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Parodiando Pe. Antônio Tomás

Inserida por LucianoSpagnol

Amor eterno

No saber, eu quero, és quem eu quero
Não é algum engano, nem do coração
Se é preciso terei calma nesta paixão
E com paciência, assim, eu te espero

Até quando te aguardar? Sem noção!
Pois o meu amor por ti é muito sincero
E quando se sonha, tudo é próspero
E no afeto de verdade, nada é em vão

Se o tempo deixar, se não for austero
Aqui vou estar, irei além de ser razão
Neste ou noutro plano serei só seu

Nesta vida, eu, neste amar te venero
Se houver eternidade, com permissão
Pra poder dizer: amo você! Tudo valeu!

Luciano Spagnol
29/06/2016, 10'22"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Mutação

Retratar o cerrado em vão eu cismo
Pois dele tento pintar o que se sente
Nem sempre sobra vestígio contente
Hão de surgir outros sem ser egoísmo

Porém eu, triste, cá tento ser presente
E o mínimo prazer me é eufemismo
Tentando me convencer no ceticismo
Que sopra desventura a mim somente

Sinto um misto de um cruel racionalismo
Também, pesares de um pesar diferente
E a solidão que sinto, não é radicalismo

Se ter saudade do mar não é prudente
Me condenam. Aqui tento mecanismo
Pra ficar no cerrado com olhar ardente

Luciano Spagnol
01/07/2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Mas os poetas medíocres são encantadores. Quanto piores os versos, tanto mais pitoresco é o poeta. O simplesmente fato de haver publicado um livro de sonetos de segunda ordem torna um homem absolutamente irresistível. Ele vive a poesia que não soube escrever. Os outros escrevem a poesia que não conseguem concretizar.
(O retrato de Dorian Gray)

Inserida por Filigranas

Eu alcancei, me preparei e esperei
Me pareceu que nada seria difícil
Mas na verdade é diferente do que pensei
Os dias passaram na velocidade de um míssil

Foi onde eu nasci, cresci e amadureci
Pessoas que eu amo todas aqui estão
A verdade é que eu nunca quis ter que sair daqui
Mas quando chegou não havia melhor solução

Um dia a gente cresce e pensa que envelheceu
Mas quando olhamos e vemos no que deu
Vimos que na verdade a gente nunca cresceu

Hoje é o dia que de nossa casa vou mudar
Desculpa, mamãe, desculpa, papai, a minha vontade nunca foi ter que lhes deixar
Mas quero que saibam que vou sempre vos amar.

Inserida por jose_vinicius

O Pouco qu'eu outrora tivesse
Deleitado em seus braços, chorava
Lembrando o quão importante era
Contente, mas sozinho estava

Querias simplesmente saber o porque
Dos teus lábios secos, sem mais cor
Sem amor, sem sabor
Sem o brilho que ali reinava

Teu suspiro cansado e sofrido
Refletia o arder da pouca alma que lhe restava
Apenas esperando a hora
Em que as estrelas sussurem seu nome pela última vez

Inserida por ALLION

APENAS POETA

O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante

Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente

As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante

A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMAR DO VERBO AMOR

Amar do verbo amor, como enunciar?
Amor é complemento ao sentimento
Que acompanha o substantivo alento
Instinto sublimado do ser e do estar

Muito se pode nas flexões dele ligar
Só ter no verbo um desejo sedento
E um coração capaz de ter portento
Onde dele não se tem como olvidar

Não se une amor sem ter o elemento
Amar, é no presente ao se conjugar
Mais que perfeito n'alma, tal alimento

De tudo o amor também é o vigorar
Transitivo direto no encantamento
Que só saberá quem dele enluarar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AS LÁGRIMAS DA ALMA


Ontem despertei de madrugada
Com as lágrimas caindo dentro de mim
Era a minh’alma que em meu corpo chorava calada
Porque meu Deus eu tenho de sofrer tanto assim?

Quando eu despertei perplexo e sem saber de nada
Com uma tristeza maciça e sem fim
Senti a minha alma vazia e abandonada
Debruçando-se numa mesa de marfim

Ás vezes saio a esmo contemplando o vago
E deparo-me contigo tentando acender as chamas que apago
Sem razões para sorri peço socorro imploro...

Pois as tristes lágrimas que choro
Continuam perturbando a minha calma
Continuam inundando a minha alma.

Inserida por JailsonSantos

Ela

O amor sofre de amor,
eu sofro dela.
O amor sofre de dor,
dor da espera.
Chaguei a amar o amor,
mas deixei de amá-lo por ela.
O amor no fogo não queima,
eu queimo de amores por ela.
O amor não tem rosto
como o rosto dela.
O amor e o vento se amaram
e eu amei o vento nos cabelos dela.
Dizem que o amor é tudo,
mas eu encontro tudo no olhar dela.
Dizem que deus é amor,
mas só encontro amor nos braços dela.
O amo não pode me dar
o que eu recebo dos lábios dela.
O amor permeia todo o universo,
eu me satisfaço do riso dela.
No juízo final, dirão: Nós vivemos por Cristo!
No juízo final, direi: Eu vivi por ela.

Inserida por DavidEliom

CLAUSTRO

No silêncio do claustro solitário
Do vazio acerado desta morada
Numa vastidão da noite calada
Sombria aflição urde o cenário

Nele vagueio, e levo vergastada
Da tristura, desfiada num rosário
De lágrimas, sem um destinatário
Em cinzas de uma época passada

Na cíclica ladainha do fado vário
Aí, rezada em oração desfilada
Os ás da solidão do proprietário

E pelo claustro, a lacuna é criada
Em saudades, ausente no sacrário
Silenciado em uma muda fachada

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PRA ALÉM DO CERRADO

Para além do barranco do cerrado
Talvez só a estrada, ou um castelo
Talvez nada além dum olhar singelo
Porém, pouco importa, vou levado

Enquanto vou, aos devaneios velo
E os gestos postos no chão arado
Lavro cada sentimento denodado
Não sei e nem pergunto, só prelo

De que adianta querer qual lado
Se o fado é tão diverso no paralelo
E as curvas reveis no discordado

E para aquilo que não vejo, o belo
Sorriso, a mão do amor, ofertado
Assim, refreio passada com flagelo

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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