Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
As coisas ruins são superadas, e lembradas com alívio, já as boas, não percebemos na hora e depois temos saudades delas.
Suas palavras são jogadas pra cima ao vento. Mais tarde, se forem boas, plainam como folhas de outono, caem suave e não machucam ninguém . Se forem ruins, caem direto na sua cabeça.
(…)O que sobrou posso contar nos dedos, antes eu mal conseguia fechar as gavetas tão abarrotadas de coisas, pessoas, lembranças…
Os alertas são necessários enquanto não aprendemos a evitar certos enganos. O mal só exite para nos levar ao bem.
É certo que, quanto mais rude é o trabalho em que te consomes, em nome do amor, mais ele te exalta. Quanto mais te dás, mais cresces.
O amor mendigado é como morfina; alivia temporariamente a dor, mas não a trata. O efeito de alivio, euforia e bem estar passam rápidos e logo você precisará mendigar doses cada vez mais fortes para aliviar seu vazio.
No reino da anarquia, o príncipe regente manda construir; o príncipe ambicioso manda demolir; e o rei fica calado.
Amar não é prender nem ter domínio sobre alguém, mas consiste em fazer livre a quem se ama e se quer bem.
Sei que é de praxe o suicida invocar grandes razões, e se possível belas, para justificar seu gesto tresloucado. Se eu quisesse, certamente poderia encontrar uma dúzia (de razões) capaz de justificar não apenas o meu suicídio como o suicídio de toda a humanidade, no dias que correm como em todos os tempos.
