Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
Mil velas podem ser inflamadas, sem dúvida alguma, e a vida da lâmpada-mãe permanece sem efervescência. Mil velas podem de uma única derivar, a vida de nenhuma delas por isso irá minar.
A verdade que em tal gesto reside é que o talento, ao doar, se multiplica. Não é posse egoísta, mas um chamado a conduzir. Não significa que você tem algo, mas sim, que pode doar algo, oferecer corações. Mil velas podem irradiar luz, mas será que o mundo deseja o que tem a oferecer para existir? No coração dos outros, encontramos o enigma, serão eles receptivos a este fogo ardente?
A luz que compartilhamos em nosso caminho ressoa. O talento é a centelha, mas são as almas do mundo que decidem se a vela acesa em nós, em sua escuridão, será a escolha.
As estrelas, testemunhas silenciosas, piscam como lágrimas no firmamento, e o coração, em sua solitude profunda, sussurra segredos ao vento noturno, onde o silêncio é mais denso que o abismo, e a alma se perde em sua própria escuridão.
Nas ruas desertas, os passos ecoam, como memórias perdidas em um livro antigo, e o olhar solitário busca nos rostos anônimos a promessa de um encontro que nunca virá.
O mundo, um palco de sombras e ilusões, nos afasta uns dos outros, como náufragos solitários. E o desejo de conexão se transforma em saudade, uma ânsia inextinguível por algo que não sabemos nomear. Na promessa de um amanhã que nunca envelhece, apenas um refúgio contra a indiferença do universo.
*O coração que ama e não é amado*
Sofre, geme e chora
O coração que ama e não é amado
Vive sozinho e amargurado
Abandonado pelo seu amor, peregrino e sofredor
Sentindo sempre uma grande dor.
Dor que só é aliviada com uma linda canção
Canção que vai ao íntimo do coração
Tirando toda a tristeza
Trazendo de volta a beleza
E a paz a este pobre coração.
Coração que um dia já sofreu
E que bastante viveu
Amando e não sendo amado
Sofrendo e sendo humilhado
Vivendo como o culpado de viver nesta solidão.
Mas o verdadeiro culpado
Foi aquele amor do passado
Este sim, deveria ser condenado e maltratado
Por quem tanto ele humilhou
E também maltratou
Para saber como é doloroso
Sofrer por um grande amor.
Peço a paz e o silêncio
A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento.
Peço a paz
e meus pulsos
traçam na chuva
um rosto e um pão.
Peço a paz
silenciosamente
a paz, a madrugada
em cada ovo aberto
aos passos leves da morte.
A paz peço, a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara, a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol.
Peço a paz e o silêncio.
E a chuva fria cai, cai longamente,
Cheia de perfume das folhas lustrosas,
Cheia de éter, vaporosa,
Cheia de céu...
E a chuva fria cai,
cai docemente.
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