Soneto Amor Impossivel

Cerca de 228329 frases e pensamentos: Soneto Amor Impossivel

Soneto XXIII

Tal qual amador no palco,
Que com seu medo é substituído em sua parte,
Ou algo de feroz com seu excesso de raiva,
Em sua abundância de força, fraqueja internamente;
Assim eu, medroso com falta de confiança, me esqueço de dizer
A cerimônia perfeita do rito amoroso,
E na própria força do meu amor pareço decair,
Sobrecarregado com o peso do próprio poder do meu amor.
Ah, deixa então que os meus livros sejam a eloquência
E mudos presságios do meu peito transbordante;
Que roga por amor e tenta ser recompensado
Mais do que aquela língua que mais já se expressou.
Oh, aprenda a ler o que o amor silente escreveu;
Ouvir com os olhos pertence ao fino senso do amor.

Soneto XVIII

Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza.
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há-de viver meu verso e te dar vida.
(Tradução de Ivo Barroso)

Soneto Inglês nº2

Aceitar o castigo imerecido
não por fraqueza, mas por altivez.
no tormento mais fundo o teu gemido
trocar num grito de ódio a que o fez.
As delícias da carne e pensamento
com que o instinto da espécie nos engana,
sobpor ao generoso sentimento
de uma afeição mais simplesmente humana.
Não tremer de esperança e nem de espanto.
Nada pedir nem desejar senão a coragem
De ser um novo santo. sem fé num mundo além do mundo.
E então morrer sem uma lágrima que a vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M, Estrela da Vida Inteira, Ed. Nova Fronteira

O Meu Soneto

Em atitudes e em ritmos fleumáticos,
Erguendo as mãos em gestos recolhidos,
Todos brocados fúlgidos, hieráticos,
Em ti andam bailando os meus sentidos...

E os meus olhos serenos, enigmáticos
Meninos que na estrada andam perdidos,
Dolorosos, tristíssimos, extáticos,
São letras de poemas nunca lidos...

As magnólias abertas dos meus dedos
São mistérios, são filtros, são enredos
Que pecados d´amor trazem de rastros...

E a minha boca, a rútila manhã,
Na Via Láctea, lírica, pagã,
A rir desfolha as pétalas dos astros!..

-Soneto XLIII -
Quanto mais fecho os olhos melhor vejo;
o dia todo vi coisas vulgares;
mas quando durmo em sonho te revejo;
pondo no escuro luzes estrelares;
tu, cuja sombra faz brilhar as sombras;
pois tanto brilho no negror produzes.
Como podem meus olhos abençoados;
assim te ver brilhar em pleno dia;
quando na noite escura deslumbrados;
dentro de fundo sono eu já te via?
Meu dia é noite quando estás ausente;
e a noite eu vejo o sol se estás presente.

Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível.

Um amor tem que ter um que de impossível,
uma dificuldade que angustia,
uma saudade que mata,
um não sei o que que maltrata,
tem que fazer doer o coração,
- perder o ar e a razão.

Amor, pra ser amor de verdade,
tem que ter sofrimento e sacrifício
Amor, para ser amor de verdade,
tem que ter redenção...

Entre um homem moço e uma mulher bonita, a amizade pura, a amizade intelectual é impossível. O homem e a mulher são, fundamentalmente, irredutivelmente, inimigos. Só se aproximam para se amar - ou para se devorar.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

Álvaro de Campos
PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática. 1944 (imp. 1993). p. 64

Nota: Trecho de poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

...Mais

O Impossível Carinho

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor_
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

Manuel Bandeira
Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira, de Org. Francisco de Assis Barbosa, 1984

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Vinicius de Moraes
Antologia Poética. Rio de Janeiro.1960.

Nota: Trecho de "Soneto de Fidelidade"

...Mais

O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível.

Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo.
Tenho um sorriso confiante que às vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele.
Sou inconstante e talvez imprevisível.
Não gosto de rotina. Eu amo de verdade aqueles para quem eu digo isso e me irrito de forma inexplicável quando não botam fé nas minhas palavras.
Nem sempre coloco em prática aquilo que eu julgo certo.
São poucas as pessoas para quem eu me explico...

Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho
Vivo tranquilo, a liberdade é quem me faz carinho

O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa do modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa.
Até para mim!

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

APROVEITANDO O ENSEJO...

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

O Sobrevivente

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade
CORREIA, Marlene de Castro. Drummond: A Magia Lúcida. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2002

A confissão não é dizer aquilo que Deus não sabe. (Impossível)
A confissão não é reclamar e se lamentar dos erros.
A confissão não é culpar o próximo e apontar o dedo como o culpado.
A confissão é muito mais que isso. É acreditar na bondade de Deus. Isso se chama "graça".

O IMPOSSÍVEL
Diga-me que é difícil
E você verá um sorriso contente pelo desafio em meu rosto
Diga-me que é impossível
E terás um homem obcecado para conseguir o feito
Diga-me que tudo está perdido
E você poderá ver-me dando sangue, batalhando até o último instante
- Só não me diga que não vem comigo
Por que eu simplesmente já não suporto a idéia de viver sem você...