Soneto 12
SONETO SEM SONO
Tarde da noite. Ao meu leito me abrigo
Meu Deus! E está insônia! Que conversa
Morde-me o pensamento, e tão perversa
Numa flameja que acorda, tal um castigo
Meia noite. E o silêncio também versa
Tento fechar o ferrolho, e não consigo
Da espertina. E assim impaciente sigo
Olho pro teto, numa quietude inversa
Esforços faço, remexo, me envieso
Disperso, nada! O sono se concreta
E o meu fastio já se encontra farto
Pego no devaneio, e o olhar ali reteso
Arregalado, e nesta apertura secreta
Fico ancorado neste túrbido quarto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/08/2020 – Triângulo Mineiro
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
Soneto do eterno pranto...
Teu desamor fez-se em mim eterno pranto
E a dor na alma fez morada em minha vida
De minha boca emudeceu de vez o canto
E a tristeza fez-se dor em minha lida
A dor que sinto, dói de mais forte em meu peito
Machuca a alma me abre fundo uma ferida
O mal presságio agora é o meu preceito
O teu sorriso foi um dia minha guarida
O teu carinho era a coisa mais perfeita
Mas se desfez e deixou triste o meu viver
Logo você que fora minha flor eleita
Fez a minh'alma e o meu peito em mim doer
Não sei porque tu me fizeste tal desfeita
Negou-me o amor fez minha vida padecer.
Nunca compreendi seu soneto incompleto,
entre tantas fontes no universo sois intensa.
entre as lagrimas mortas na imensidão.
Soneto do dia 7
Hora canta
Hora dança
Hora chora
Hora brinca
A hora passa
O tempo passa
Um tempo termina
Outro tempo inicia
A cada intervalo uma era inicia
A cada era espera alegria
Um desejo de felicidade que não termina
Pensa que a canseira é tristeza
Logo percebe que não é uma menina
Suas alegrias se iniciaram e que se lembre nesse dia
SONETO MALFERIDO
Foste a quimera maior da minha vida
ou talvez a irreal... Evidente e ausente
contigo o amor foi no ter vorazmente
contigo, também, a alma foi repartida
Partiste, e a trova não mais te ouvida:
arde-me a inspiração, lota o presente
no cerrado agoniado fica o sol poete
num amargor da memória malferida
Amor extremo, minha perda e ganho
penitência e regozijo, dor sussurrante
um anacoreta de sentimento estranho
Sinto-me vazio, e na noite te escuto
delirante anseio, sentir sem tamanho
na vastidão do suspiro de um minuto...
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 08 de dezembro, 2019
SONETO EM CONFISSÃO
És do meu viver, o romantismo belo
Cobiçado desejo, a todo tempo, jura
Que desperta uma doce tal ternura
Onde a emoção e a paixão: - velo!
Amo-te assim, no olhar de candura
Da minh’alma, num desejo singelo
O clangor do querer mais que belo
O agridoce da saudade, a doçura!
Amo o teu viço amante, o teu cheiro
De brisa numa nublada madrugada
Amo-te no teu singular, por inteiro
A voz do âmago, ao ouvir: “te amo!”
Que o destino trouxe a sua chegada
E no coração, amor, assim te chamo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/12/2019, 05’30” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO PERDIDO
Eis-me aqui no silêncio do cerrado
Longe de mim mesmo, na dúvida
Extraviado na incerteza da partida
Sem amparo, com o olhar calado
A solidão me assiste, tão doída
Pouco me ouve, pouco civilizado
Tão tumultuado, vazio, nublado
São rostos sem nenhuma torcida
Dá-me clareza de que não existo
Numa transparência de ser misto
No amor e dor no mesmo coração
Como um roteiro no imprevisto
Sem saber como se livrar disto
Velo por aqui sentado no chão...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Soneto Adrielense.
Digas quem tu és?
Tu que andas displicente!
Olhos famintos, lábios sedentos...
Com ar de inocente.
Que almejas da vida moça? Diga-me!
De onde tu vens?
Sabes o que este reles mortal resta saber?
É para onde tu vais.
Fotografia em preto – branco
A pele clara, lábios atros apetecíveis.
Cabelos castanhos...
– E que este encanto se encerre!
A Deus peço vendo estes – Olhos ávidos...
Quem és a Dona destes? Adriele.
SONETO DA SAUDADE
Sinto saudade do beijo
Mas, jamais beijei
Sinto saudade do abraço
Mas, jamais abracei
Sinto saudade do olhar
Ah! Esse sim eu olhei
Muitos abraços e beijos
Naqueles olhos eu encontrei
O beijo é doce, como o mel da cana
O abraço é quente, como o sol de verão
A saudade é fria, como a solidão
O olhar possui a imensidão do oceano
Abraços e beijos são o meu desejo
E a saudade? Continua fria, como a solidão.
Soneto de cassação
Teje cassado, Cunha
Não és mais deputado
Não é mais tu que acunha
Acabou-se teu reinado
O que outrora propunha
Tudo bem articulado
Te traz uma nova alcunha
De deputado cassado
Sei que não pressupunha
Junto com o bloco aliado
Que a política que impunha
Naquela trama que propunha
Ia acabar esmagado
Como um piolho na unha
BORBOLETA (soneto)
À flor de lobeira do cerrado, azulada
Voa a borboleta erradia lentamente
De asas tal multicor do sol poente
Num dueto de um balé na estrada
É tão imponente e é tão refulgente
No horizonte rubro, em uma toada
Que hipnotiza o ver e mais nada
Doidejando o encanto da gente
Só a flor, o que importa, a ela atada
Somente! E ao seu redor indiferente
Onde ali, a vida se faz multiplicada
Neste valsar vaporoso e inocente
Do diverso do cerrado camarada
Borboleta em voo, é o belo ingente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
VOEJAR (soneto)
Como deve ser bom voar, no céu planar
Asas ao vento no cerrado, solto ao léu
Tal periquitos, e sobre corcel no tropel
Fechar os olhos e sentir o paladar do ar
Ir acima dos buritis, ipês, num carrocel
Resvalar nas estrelas, na nuvem pairar
Revoar como as aves, e assim delirar
Em quimeras, qual estórias de cordel
Deve ser uma rara sensação ímpar
Pros sem asas uma falta bem cruel
Que só na ilusão, possível esvoaçar
Só queria voar! Ter asas de papel
Poder ao sonho de Ícaro ocupar
E com ele então: voejar... voejar!...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
FRIO (soneto)
Arrefece o cerrado dentro do frio
E cada bafejo é o frio no caixilho
Da ventana, escorrendo no ladrilho
Mais frio, n'alma causando arrepio
Me encolho neste frio chorrilho
Que ascende o inverno em feitio
Ouvindo em anexo um assobio
Do vento, eriçando até o fundilho
E lá fora é frio que atulha o vazio
Cá dentro o gelado em trocadilho
Em coro com o friasco tão bravio
Sinto chiar na vidraça num gatilho
De frio, sombrio este tal tão vadio
Aquentado com o chá e sequilho
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
EXALTAÇÃO AO CERRADO (soneto)
Retorcido, bem se sabe. Mas encantador
nos seus planaltos, berço extraordinário
desabrocham ipês, pequis no seu cenário
de um chão cascalhado e forrado de flor
E neste imenso entrançado, e tão vário
a vida luta com garra, resistência e ardor
tal como gladiador, ou um guará solitário
o cerrado é aos olhos ato transformador
Nada o impede que seja do belo apogeu
se o belo no encanto o encanto acendeu
e fascina, do dessemelhante embaixador
Deus o pôs, de um nobre a um plebeu
riscando o horizonte com a luz e breu
em uma quimera de paixão e de amor!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
EXORTAÇÃO (soneto)
Devaneia, poeta! Sonhar sossega a mente
entorpece o sentimento perverso do ser
a poesia mais que ideal do sublime viver
trazendo o profundo da alma vorazmente
Sonha, poeta! Assim terás mais que ter
no infinito, sendo tudo indefinidamente
exortando a vida, num amor semente
onde o prazer é mais que querer valer
Olvida tudo, fugaz é o tempo da gente
tão rápido quanto outrora foi o nascer
que agora o passado se faz presente
Se o fado pouco ou nada pode trazer
leva tu, e não seja na ilusão indigente
pois existir no sonho sonhado é vencer
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SILÊNCIO DAS MADRUGADAS (soneto)
Ainda muita expressão não me avieste
As achatei nas lástimas e tão guardadas
Ações que pelo vento foram dispersadas
E na imensidão do cerrado se fez agreste
Tenho em mim sílabas em vão esperadas
Se devaneio é porque o sonho me veste
E frases trêmulas vão pelo espaço celeste
Enredando o destino com outras paradas
Foi quando o fado me fez centro oeste
Na busca das tão molestadas bofetadas
Das chagas, que a dor ornou com cipreste
Assim, eu, ainda tenho palavras caladas
Nas angústias do coração... tão cafajeste!
Que insistem no silêncio das madrugadas
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
- À Mesa -
soneto
Na Solidão da mesa dos meus sonhos
há um hoje tão diferente que pensei viver,
ausência de ternura, d'olhares risonhos,
só há amargura e desejo de morrer!
Há mesa do que sou não há nada do que fui
e a quietude do nada que acontece é fria,
da dor à melancolia, tudo me possui,
tantas vezes que o disseste e eu não via!
Agora é tarde! Não me tenho nem a ti!
E o que tenho afinal não vale nada
porque afinal do teu amor me perdi.
Estou sentado à mesa com a solidão
e na penumbra dos meus olhos consagrada
vou bebendo do meu próprio coração ...
O MEU POETAR (soneto)
Eu poeto porque sou prosa
Brindado no redigir o brado
Trilhando os trilhos do fado
De poesia e alma amorosa
Poeto como quem é atado
Aos versos. Sede preciosa
Se suspiros, arte dolorosa
Que imergem do eu calado
Poeto com a voz corajosa
Do amor à vida, indomado
Sem amarras, força curiosa
Canto os devaneios, alado
Tal o perfume de uma rosa
O poeta mineiro do cerrado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
BIOGRAFIA DOS MEUS VERSOS (soneto)
Estes meus versos simplistas versados
Que aprenderam a poetar pelo cerrado
Choram, riem, entre o trovar suspirado
Suspiram e pelas rimas são moldados
Os meus versos que um dia tão calado
Voam sujeitos feitos apalavrares alados
Desenhando talhos, pouco rebuscados
Mas que do coração quer ser consolado
São versos adolescentes, e apavorados
Que tentam o encanto pra ser encantado
Tão contentes e, leves pra serem levados
Estes meus versos, no vário devaneado
Tantas outras vezes no peito silenciados
Agora vão, encenados no palco do fado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
SONETO INTRÍNSECO
Vestido de branco, és tu dançarino,
Um sorriso sutil,
A meia luz no salão,
Me leva em teus braços em rodopios,
Meus pensamentos voam,
Cabaré improvisado, pecaminoso,
Perfume afrodisíaco me embriaga,
Meu olhar de bolero te deixa enfeitiçado,
Sublime é a dança,
Saia rodada, livre movimento,
Cheia de segredos, não tente desvendar,
Teu olhar incrédulo, serpente veneno,
Explode de desejo,
Então, te enganas, só te quero na dança, dançar e rodar...
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