Somos Passaros de uma Asamario Quintana
Enquanto a dor, a perda, a violência, a tragédia for a mola da mudança de postura de uma sociedade seremos uma espécie fadada aos caos. Enquanto a hipocrisia, a omissão, o egoísmo for a chave mestra da sobrevivência individual sem comprometer a paz de espírito dos seus praticantes estaremos fadados a entregar nossa alma ao divino como forma de mascarar os nossos verdadeiros sentimentos para sobrevivermos ao submundo da existência.
A condução de uma sociedade, através da sensibilização emocional, é conveniente para algumas instituições e organismos governamentais por ser mais fácil a adesão, em massa, de parceiros cujo o coração não permite que eles sofram qualquer interferência da razão, bem como o apoio desta massa para a defesa das suas ilicitudes e covardias macaradas de benefícios para os seus subalternos sociais e simpatizantes, pois muitas destas instituições e organismos não desejam o raciocínio óbvio, sobre as suas ações, dos seus seguidores, uma vez que se o fizesse seus soldados defensores desertariam por uma questão de decência.
Sem a hipocrisia não formaríamos uma sociedade e teríamos apenas indivíduos compartilhando o mesmo espaço.
Viver de desafios é muito bom, é estimulante e enriquecedor o problema é quando temos uma vida, única e exclusivamente, pautada neles, porém não saímos do lugar, não crescemos, não prosperamos, não usufruímos de nenhum benefício ou aprendizado que um desafio possa proporcionar e ainda ficamos satisfeitos por nos mantermos socialmente confortáveis na autopromoção que fazemos através de um marketing de inovação da nossa vida que não retrata a condição real de estarmos sendo desafiados, apenas muda o status da vaidade que a pronúncia e o sentido da palavra injetam no nosso emocional após soar aos ouvidos alheios, bem como da aparência que a ideia de mudança que a palavra "desafio" promove mesmo não transformando obsolutamente nada na vida da gente, o desafiado.
O brasileiro tem uma vocação absurda para sentir pena, mas para o sentimento de justiça ele depende de alguns fatores, porque a justiça só não basta já que ele tem que demonstar-se sensível às causas, bem como encaixar o seu dom piedoso no cenário que exige apenas justiça esquecendo que para esta existir é preciso caber o "justo" no contexto, sentido que a piedade muitas vezes o faz abrir mão da justiça.
Quando uma pessoa não tem a intenção de honrar uma dívida, atribuir defeitos ao credor pode ser conveniente e útil para que ela possa justificar a pendência moral para o resto da vida.
O limite tem uma natureza cruel e bipolar pelo fato dele ser tão necessário e precavido quanto equivocado e mesquinho.
As palavras podem ser um instrumento de rompimento quando numa união uma das partes prefere apenas falar enquanto a outra opta por se expressar. Ou quando uma prefere não ouvir enquanto a outra aposta na comunicação. E também no caso de uma parte não saber calar enquanto a outra dialoga no plano do silêncio.
Pior do que perder a memória política é perder córnea intelectual, uma vez que a falta desta incapacita o indivíduo no exercício da visão de futuro.
Passamos a ter uma melhor qualidade de vida emocional quando deixamos de viver encantados com tudo e nos propomos a viver conscientes do todo, a partir daí já estamos prontos para vivermos com uma generosa boa dose de encantamento.
Inventaram uma felicidade padrão, aquela que é exibida como a cabeça de uma caça, e não perceberam que a felicidade real se mantém com a sua cabeça num corpo, também como um animal que, ainda vivo e livre, não está preso a nenhuma armadilha, corre pela floresta em grupo ou sozinho, com sua fêmea ou com o seu macho, com a sua cria por perto ou já independente correndo por outros caminhos, mas que exercita a liberdade de correr pelas matas sem precisar explicar o que faz nela, que deixa a marca dos seus passos, mas não o registro da sua presença, muito menos se permite ser trofeu social.
Se uma pessoa se ofende quando alguém faz uma crítica genérica, logo sequer cita o seu nome, significa que a sua consciência está puxando-lhe as orelhas.
O passado deve ser visto como uma advertência para que no presente haja gerência e como consequência um futuro de excelência.
Protestar é diferente de anarquizar. Porém uma sociedade moderna, que mantém uma alma primitiva não sabe diferenciar uma coisa da outra. Para protestar deve haver um mínimo de conhecimento e coerência, como a maioria não desenvolveu essas habilidades, quando pressionados, recorrem ao vandalismo
A construção de um mundo sem preconceito começa na educação base de uma criança. Podemos não chegar a viver nele, mas não estamos impedidos de colocar um tijolinho nesta edificação que poderá abrigar as futuras gerações num ambiente com mais respeito. Não somos obrigados a concordar e a aderir as novas nuances sociais, mas nos cabe evitar que o irreversível se torne objeto de guerra.
Uma criança adotada pode não sair de uma barriga conhecida, mas entra de coração na vida de desconhecidos.