Sobre a Velhice

O inferno das mulheres é a velhice.

Se a juventude soubesse, se a velhice pudesse.

A juventude é presunçosa, a velhice tímida, porque a primeira quer viver e a segunda já viveu.

Aquilo a que chamo fadiga é a velhice, de que a morte constitui o único repouso.

Na mocidade buscamos as companhias, na velhice evitamo-las: nesta idade conhecemos melhor os homens e as coisas.

O que é trágico na velhice é que a morte é normal. E a sua vantagem também.

Muitas vezes a juventude é repreendida por acreditar que o mundo começa com ela. Mas a velhice acredita ainda mais frequentemente que o mundo termina com ela. O que é pior?

Quem não ama o seu semelhante vive uma vida estéril e prepara um túmulo triste para a sua velhice.

Tememos a velhice, à qual não temos a certeza de poder chegar.

A velhice apenas priva os homens inteligentes das qualidades inúteis à sua sabedoria.

A moda é uma variante oblíqua de se lutar contra a morte. Ora na velhice tal luta é mais problemática. E é por isso que no velho a moda é mais ridícula.

o lutador, na velhice,
conta à sua mulher o combate
que não devia ter perdido

A razão prevalece na velhice porque as paixões também envelhecem.

A velhice, essa época em que se julga a vida e em que os prazeres do orgulho se revelam em toda a sua miséria (...).

Na juventude, pensamos na morte sem a esperar; na velhice, esperamo-la sem nela pensar.

A velhice é um naufrágio.

Um escritor chega à velhice quando suspeita que o artigo que está a escrever já tinha sido escrito por ele no passado.

Pois. Tiveste em jovem a tua ideologia. Mas envelheceste. E a velhice tem já as suas falhas de memória. E uma das maiores falhas de memória é persistires no que te torna já um maníaco.

A mocidade expande-se para conhecer o mundo e os homens, a velhice contrai-se por havê-los conhecido.

Ó raiva! Ó desespero! Ó velhice inimiga!