So Enquanto eu Respirar Vou me Lembrar de Voce

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A inércia é o meu ato principal.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

O que muda na mudança,
se tudo em volta é uma dança
no trajeto da esperança,
junto ao que nunca se alcança?

A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável. Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza da imaginação.

Cheiro de cama quente, corpo ardente e perfumado recendente.

Mário de Andrade
ANDRADE, M., Contos Novos, 1947

Se acolho um amigo à minha mesa, peço que se assente e, se é coxo, não peço que comece a dançar.

Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão.

Vinicius de Moraes
Álbum "Como dizia o poeta"

Nota: Trecho da música "Como dizia o poeta"

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Tenho fé no amor, com ele vencerei o impossível.

As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

O seu santo nome

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

Carlos Drummond de Andrade
Andrade, C. D. Corpo, Record, 1984

O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio.

Machado de Assis
Esaú e Jacó (1904).

Nada fixa alguma coisa tão intensamente na memória como o desejo de esquecê-la.

Se tanta pena tenho merecida
Em pago de sofrer tantas durezas,
Provai, Senhora, em mim vossas cruezas,
Que aqui tendes uma alma oferecida.

Nela experimentai, se sois servida,
Desprezos, desfavores e asperezas,
Que mores sofrimentos e firmezas
Sustentarei na guerra desta vida.

Mas contra vosso olhos quais serão?
Forçado é que tudo se lhe renda,
Mas porei por escudo o coração.

Porque, em tão dura e áspera contenda,
É bem que, pois não acho defensão,
Com me meter nas lanças me defenda.

Deixei uma ave me amanhecer.

Quando o mundo abandonar o meu olho.
Quando o meu olho furado de beleza for esquecido pelo mundo.
Que hei de fazer.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Endechas a Bárbara escrava

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.

U~a graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.

O essencial faz a vida valer a pena.

Mário de Andrade

Nota: Trecho de: "O Valioso Tempo dos Maduros"

Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las.

O problema não é inventar.
É ser inventado hora após hora
E nunca ficar pronta
Nossa edição convincente.

A maior felicidade para o ser humano é de poder viver para aquilo pelo qual estaria pronto a morrer.

Não estou vazio, não estou sozinho, pois anda comigo algo indescritível.