Sinto me So no meio de Tanta Gente

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O céu, o chão. Nunca vejo o meio. Qual a razão de ser o meio termo. Na minha mão, guardo o meu destino. Eu abro e vou.

Eu só sei que não quero viver uma vida dedilhada. Cansei de pensar demais e os erros meus não são iguais aos erros que deixei pra trás. E aqueles velhos medos não assustam mais.

Meus passos vão, firmes no caminho, em direção ao que não foi escrito. Intuição, sopra em meu ouvido. Escuto e vou.

O garoto do pandeiro

No meio de pessoas ensebadas e poças nojentas de cerveja e mijo, ele surgiu com seu pandeirinho. O mundo cheio de motivos para ir embora congelou naqueles olhos verdes melancólicos e ao mesmo tempo despretensiosos. A festa ganhou sentido e por alguma razão minha vida também.
Foram três ou quatro anos de um amor que beirava a obsessão: eu andava pelas ruas e achava que todo mundo era ele. Cheguei ao ponto de um dia me olhar no espelho e também achar que era ele. Fiquei louca de pedra mesmo.
Não comia, não dormia, não ria, não tinha a menor idéia do que fazer da vida.
Tentei terapia, ioga, curso de artes plásticas, budismo, cartomante, centro espírita… Nada adiantava. Eu não conseguia encontrar uma razão para viver ou um alento para sobreviver. A única coisa que eu fazia era chorar o dia todo porque o tal do garoto perfeito não queria saber de mim.
Até hoje, amigos da época da faculdade ainda me encontram e perguntam “E fulano?”. Eu apenas sorrio e respondo incerta: “Passou, coisa de quando eu era criança”. Depois fico um pouco envergonhada em lembrar o quanto eu enchia o saco de todo mundo com a minha monotemática – eu basicamente não falava de outra coisa.
Toda vez que tinha um trabalho pra fazer na faculdade, minha inspiração era a cidade natal dele, ou alguma banda que ele gostava muito, a etimologia do seu nome, a rua onde ele morava, a pinta do lado esquerdo do seu rosto…
Eu lia o que ele lia, escutava o que ele escutava, ia aonde ele ia, torcia pelo mesmo time e cheguei até a me apaixonar pelas mulheres que ele paquerava. Eu gostava tanto dele que acabei virando ele, mas não me perguntem o que isso quer dizer.
Foi o maior amor que já senti na vida. Lembro até hoje de uma sensação muito absurda da época: todas as vezes que o metrô parava na estação próxima ao cortiço em que ele morava, eu sentia uma bola de fogo tão grande no peito que eu pedia a Deus: “Não me deixe morrer antes de vê-lo só mais uma vez”.
A república onde ele e mais 200 estudantes comunistas da USP dormiam ficava no beco mais escuro da Avenida São João. As paredes eram forradas de imagens do Lênin, Che, Fidel, Lula (os tempos mudaram mesmo…) e uma ou outra atriz pornô. A trilha musical para minhas inesquecíveis tardes de amor começava quase sempre com a letra “c”: muito Chico, variando um pouco para Cazuza, Caetano ou Cartola.
A emoção de estar ali com ele era tão forte que eu sempre ia embora antes da hora com medo de vomitar ou explodir. Minha boca secava, entortava, eu só falava burrices. Era um horror e ao mesmo tempo a glória.
A história terminou junto com a faculdade. Ele sumiu no mundo e eu cai na vida. Tive dezenas de namorados, aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão boba e perdida teria sido fatal.
Dez anos depois recebo uma ligação estranha, a mesma voz de sempre, as mesmas lacunas que eu, sempre nervosa, nunca soube preencher. A bola de fogo ainda estava dentro de mim, minhas pernas ainda podiam fraquejar, minha boca ainda secava, eu ainda guardava em mim os restos corajosos e puros do primeiro, e sempre maior, amor.
Cortei o cabelo, comprei roupa nova, fui o caminho inteiro me dizendo “Agora você é uma mulher, comporte-se como tal” e rezando a Deus para que ao menos dessa vez me ajudasse a controlar o queixo que sempre tremia.
Cheguei primeiro, estalei os dedos, mordi a boca, suspirei, fechei os olhos. De repente ele estava lá. Olhei bem, olhei de novo, olhei mais uma vez… Não… o que tinham feito do meu amor? O que tinham feito do meu demônio, da minha morte, da minha vida, da minha essência, dos meus valores, das minhas verdades?
Ele se sentou ao meu lado com olhos verdes apagados e limitados, comentou que retardatariamente ainda tocava seu pandeirinho e acreditava no PT. Sua camisa era brega, seu cheiro era oleoso e seu papo era digno de descontrole dos queixos realmente, pois dava muito sono.
Nos beijamos e nada, nenhuma disparada no coração, nenhuma dobrada involuntária nos joelhos, nada de estrelas, sininhos, fogos e cores vibrantes. O garoto perfeito dos olhos verdes perfeitos e das músicas perfeitas era agora apenas o garoto desinteressante do pandeiro. Como eu pude quase morrer pelo garoto do pandeiro?
Voltei pra casa amando e odiando o tempo. Amando porque o tempo havia passado, odiando porque o tempo havia passado.

Não precisa procurar no meio da multidão, coisas acontecem quando você desiste de procura-lás, posso me aproximar sem invadir seu espaço, mas posso me aproximar tanto que seja impossivel de não o invadir. Não há como garantir que não possa me esforçar em ser interessante sendo que o que eu quero é ser o melhor que você merece.

INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA
Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas.

Não quero ficar entre aspas, como uma citação famosa.
Quero estar entre asas, como a liberdade mais gostosa.

Não ache que uma noite específica mudará sua vida, seus planos. Sua vida precisa de muitas e muitas noites para mudar de rumo, para trocar de planos. A decisão é um estalo, claro, que acontece cedo ou tarde na vida, no rumo, nos planos de cada um. Mas nenhum estalo nasce do nada, nenhum rumo parte para o nada, nenhuma vida acontece por nada: são dias e dias e dias e dias de tentativas e erros e fracassos e esgotamentos. Não vai ser hoje que você vai abraçar todo mundo que ama, realizar todos os sonhos do mundo. Não vai ser hoje que você vai dizer todos os seus silêncios, silenciar todas suas ofensas. Não vai ser hoje que você vai idolatrar todos os seus inimigos, culpar todos os seus amigos. Não vai ser hoje que você vai se despedir de todos os seus amores, de todas as suas imbecilidades. Por enquanto, viva uma noite de cada vez, uma loucura de cada vez, um perdão de cada vez, uma vez de cada vez. Não vai ser hoje que você vai mudar o seu mundo. Ele já está mudando desde que você se permitiu chorar nas mãos da parteira. Agora, parta para a vida com a certeza de que uma noite específica não mudará sua vida, seus planos, seus rumos. Repito: não vai ser hoje que você vai mudar o seu mundo. Ele está mudando o tempo todo desde ontem. Ele mudará o tempo todo até amanhã.

[amanhã quem sabe; antônio]

Os que não se entregam totalmente em uma relação por medo do término são os mesmos que odeiam domingo porque amanhã é segunda.

Não posso afogar meus demônios, eles sabem nadar.

Aposto o dobro que você vai levar uma vida inteira pra perceber que viveu pela metade.

Preferi pensar em você como se fosse inalcançável. Como as estrelas do cinema, mudo, antigo. O cinema de hoje não tem nenhum apego. As divas são todas iguais: produzidas, facilmente recicláveis. A beleza natural morreu. Mas você sobrevive. É atemporal. É bonita agora, brilharia nos anos 70 dedilhando o solo de Stairway To Heaven em uma guitarra imaginária, teria um charme único na década de 20 lendo as notícias sobre as consequências da Primeira Guerra, e seria sem dúvida a mais bela descoberta do Renascimento, no século XV, ou daqui a 100 anos, (na lua?), onde ainda nem sequer existe padrão estético para defini-la. Preferi pensar em você como se fosse inalcançável; só assim posso me distanciar sem doer de qualquer coração em qualquer época, em qualquer tempo, sem qualquer medo. O esquecimento forçado e a lembrança calejada também são atemporais.

“Se você estiver ocupado demais para me ligar, eu vou entender. Se você não tiver tempo para me mandar mensagens, eu vou entender. Se você tiver fazendo algo mais importante e não puder me ver, eu vou entender. Se você fingir que não está nem ai pros meus sentimentos e continuar me ignorando, eu vou entender. Se você continuar desperdiçando seu tempo de vida com coisas fúteis, eu vou entender. Mas se eu parar de te procurar, aí é a sua vez de me entender.”

Amor é acontecimento: é o que sobra depois de todo esquecimento. Queria que ele coubesse no que eu vejo em você. Queria que ele soubesse que eu acredito em você. E que você sorrisse todas as manhãs como se quisesse me encontrar todas as noites; e à tardinha também. Dizer que me ama ao som de Jorge Ben, jurar que me quer ao ler Baudelaire. E não só risse para afastar o desespero. E não sorrisse para fingir que o amor te alegra. E não sumisse por temer o que te espera. E assumisse que o que já fomos, já era. E na mesmice dos nossos desencontros, eu me encontro completamente indiferente ao que você sente… Em vão… Em vão… Em vão… Pra onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?

[um retrato em medo e pranto; antônio]

Gandhi disse que tudo o que você fizer na vida será insignificante, mas é muito importante que você faça, porque ninguém mais o fará. Como quando alguém entra em sua vida e uma parte de você diz “você não está nada preparado para isso”. Mas a outra parte diz “faça ela sua para sempre”…

você me é tão inútil quanto o ar.

Há tanto você não fica atento a tudo o que lhe é tanto.

Como não querer que a gente se dilua se até esse sol é de lua?

O amor há de vencer, vem ser amada.

o que a solidão me deu,
só você pode me tirar.

O poeta é um tremendo filho da lua.

Torne o amor
fácil
antes que
ele se torne
fóssil.

"Vê se me esquece" é tão contraditório:
Se te vejo,
não te esqueço.

Amor, mesmo em atraso ainda está dentro do prazo.

Eu acredito no impossível, sim. Algumas coisas eu não consegui alcançar: algumas não, muitas! E não acho isso ruim, não. É bonito saber que nem tudo está ao nosso alcance, que nem tudo será nosso quando a gente desejar. Isso deixa a humildade sempre educada e evita que o seu ego cresça mais do que você.

Nem tudo está acabado.
Se o barco está parado,
podemos ir a nado
(para o nada?)

Toda alma almeja atracar em um corpo seguro.

Destino é uma soma de acasos. Quando você some, por acaso, eu acredito em destino.

Ele, no lugar errado.
Ela, na hora errada.
Eles deram tão certo.

se preciso for:
fique.

Eu me acosturei com você.

contrarie-me, mas não seja contra o meu riso.

quando você fala de saudade,
eu não sei do que você está
faltando.

eu não sou amargo
é que a vida, às vezes,
rouba a nossa doçura.

Algumas dores precisam ser deixadas para lá-
-grimas.

a saudade só deveria bater em retirada.

primeiro, o encanto;
depois, o desencanto;
por fim, cada um pro seu canto.

Um dia, a liberdade será tamanha que abriremos as nossas asas sem ferir ninguém.

pouco
contato
contanto
muita
saudade

Preciso te encontrar, preciso olhar nos seus olhos ao me ver, quero saber como você reagirá... Tento te esquecer mas é inútil pois a cada passo lembro de ti!

Pensamentos de um jovem que ama estudar

Tem dias que a tristeza vem que nem um trem
Eu fico sem forças que nem um neném

Aguentar não é nada fácil
Aturar não é nada fácil
Amar não é nada fácil

A gente fica sem chão durante um tempão
É muito o ditado: "sem tempo, irmão"
Dar a devida atenção? Não
Na maioria das vezes é não

Não sei se tá valendo a pena estudar
Existem muitas pessoas sem estudos que chegaram lá
Será que eu vou amar acabar?
Ou será que nunca acabará? Sei lá

Pode ser que eu nunca saiba
Pois o dia de amanhã é uma cilada.

Aqueles que não sabem amar pela metade, morrem sufocados em amores incompletos

"Por mais que sinta uma apatia eclodindo dentro do meu peito nunca consigo de fato parar de me importar..."

É incrível quando as pessoas tem uma conexão tão forte que apenas o olhar já te diz tudo⁠

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes
Antologia Poética. Rio de Janeiro.1960

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