Sinto falta do meu Passado
a noite caiu depressa e as tuas mãos dançam sobre o meu corpo suavemente...temo que partas ao raiar do dia...
apercebo-me que o meu tempo é de nostalgia, a vida é um salto enorme se os degraus estiverem ausentes...anda o tempo a recolher-se e saudade na linha tangente do meu olhar...
já o meu chão estremece, um longo medo me adentra...as estrelas andam cegas e eu despida de ilusão sem memória nem coração.
já foi primavera no meu jardim, já brilhou o astro-rei... agora na sua ausência uma infinita paciência, e a saudade a perfumar, o lento colapso deste caminhar...
no fundo negro da memória, as palavras alumiam a escuridão... alimentam-se do meu sonho, e tocam-me a alma...
nasci no seio da natureza e ainda é minha ventura andar dela saudosa, é meu livro de encantamento, minha fonte de inspiração na doçura que exala...
a infinda noite sobe arrebatadoramente, o dia foge do meu olhar, o amor que floriu ardente perde-se na imensidade do luar que a terra beija, e enfeitiça o coração que o deseja... abrem os lírios é manhã,o mundo a abrir-se em nós, e de novo o sonho não consente sentirmo-nos sós...amar é estar em flor!
a natureza abre-se ao meu assombro, afasto-me da gente que passa, volto ao sossego do meu pensamento, às vezes converto-me noutro ser, o meu corpo é um mar e na corrente os meus sonhos embarcam, o tempo é abolido, e eu prossigo na luz da quimera confiada num milagre...de repente quando a turbulência aflora, caio na realidade, ficam sem luz as paisagens do meu olhar...interrompe-se o vôo ardente do meu sonhar...
não, não tomei outro caminho, nem outro barco, nem outro rio...sigo a voz que talha o meu silêncio.
com o passar de folha, apagou-se metade do meu sonho, já a memória se esquece da antiga disciplina, comovidas as flores na jarra, afirmam que estou delirando... e deixam um aroma fresco ao alvor, em minha almofada... a memória é pois um cântaro cheio de saudade, resgato o sonho, e lá volta a brisa com a claridade da infância...nessa hora sonho com o tanger do sino, cujo som mágico consigo ainda recordar, e o rio, éden da minha infância, águas cristalinas espelham o céu e nas margens crescem flores como meninas joviais...meu sonho continua à sorte, e vai jogando o jogo da vida e da morte...o tempo cega-me, mas as estrelas avivam-me os sentidos e a lua escuta o meu coração, solidária dá-me a mão e o sonho continua...
quando imploro à mente pelas recordações, chega-se a mim a alma da saudade que preenche o meu vazio...num gesto de bondade
desempoeiro as memórias para matar o tempo, antes que ele me mate a mim ou me olhe como se fosse meu dono...
há dias em que cantam cotovias nos meus olhos e voam soltas sobre as searas do meu coração...o vôo é a lembrança, o canto é a saudade...
este meu voltar atrás, a olhar o florir dos cardos, ouvir a música nos prados quando não anoiteceu ainda, faz com que as lágrimas me visitem, e me deixe a pensar entre a saudade e a solidão...
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