Separação
O homem não tem um corpo separado da alma. Aquilo que chamamos de corpo é a parte da alma que se distingue pelos seus cinco sentidos.
Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.
Entender o que deve ser feito é fácil. Levantar da cadeira e fazer... isso é o que separa quem meramente deseja de quem realiza desejos.
O conceito de inimigo não é completamente certo e claro, a não ser que o inimigo esteja separado de nós por uma barreira de fogo.
Nada é menos do que o momento presente, se entendermos por isso o indizível instante que separa o passado do futuro.
Recém-separados que logo se envolvem em novos relacionamentos alegando que ainda tem muito amor para dar, deveriam começar dando a si mesmos.
SEPARADOS PELO SILÊNCIO...
Ela estava distante
E eu não quis incomodar
Viramos e dormimos sem um boa noite dar
No escuro do quarto, tentei me aproximar
E ela se esquivou sem deixar eu encostar
Não sabia como prosseguir e nem o que falar
Então apenas chorei baixinho para não lhe acordar
No dia seguinte eu percebi
A cama estava fria mesmo com ela ali
Apenas me levantei e sai
Seria injusto ficar aonde já não existia amor para mim.
"Estamos juntos, porém vivemos separados. Cada um em sua rotina, no seu mundinho fútil regado a escolhas banais. Compartilhamos a mesma morada, tendo sempre o mesmo lar de dormida, entretanto, cada um na sua individualidade, em seus ares alaridos, seus arroubos bauburdiosos. O grande problema do homem como um todo é dilapidar as coisas que jamais deveriam ser colocadas em segundo plano, engodando a quem merece as mais sutis e amorosas palavras, fugaz ilusão! Esses dândis são em grande maioria por natureza os piores fleumáticos, verdadeiros ignóbeis insensíveis ao sentimento alheio, à dor do outro, outro esse que cultivou por décadas a estabilidade de uma casa projetada pelo melhor arquiteto, dedicando sempre o melhor, mesmo que este fosse o pior de alguém.
A vida é um mar de surpresas, onde a desconhecemos a cada dia, mediante tantas mudanças repentinas; onde em um momento há a estabilidade de um rio, depois a irrupção de um oceano em fúria, vida essa que nos coloca nas mais cômicas situações e nos mais hilariantes pesares, permanecendo incólume e iludindo-os a ponto de confortar-se em sua inocente ignorância.
O colorido perde a cor, o divertido perde a graça, o adorável incomoda, e o belo dessa vez encalha!”
